A generalidade dos autores de manuais escolares vinculados à filosofia analítica considera que os argumentos indutivos admitem graus de verosimilhança e que os argumentos dedutivos não possuem verosimilhança.
Ouçamos J.Neves Vicente (o negrito é nosso):
«Vimos já que os argumentos dedutivos ou são válidos ou são inválidos. Não há meio termo. Os argumentos indutivos, esses sim, é que admitem graus: podem ser mais ou menos fortes, mais ou menos verosímeis, mais ou menos prováveis.» (J.Neves Vicente, «Razão e Diálogo», manual de Filosofia do 11º ano, Porto Editora, Porto, pag 26).
É um erro. Há argumentos dedutivos que não são categoricamente verdadeiros ou falsos, isto é, que possuem versomilhança como, por exemplo, o seguinte:
«Talvez existam deuses geradores de mundos. Talvez o nosso mundo tenha sido gerado por um ou vários deuses».
Este é um argumento dedutivo, composto por juízos indefinidos, problemáticos, que possui grau de verosimilhança, é mais ou menos forte, mais ou menos fraco. A dedução pode ter lugar com juízos problemáticos, começados por «talvez», «é possível», «é provável», etc.
A generalidade dos pensadores da analítica não sabe distinguir, com precisão, a dedução da indução. Nunca pensaram, a fundo, na questão. E depois mergulham em paralogismos como o da citação de J.Neves Vicente, aliás repetida em muitos outros manuais.
(Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
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