A lenda do Santo Graal, um objecto mágico do imaginário cristão da Idade Média, está ainda hoje viva no inconsciente colectivo. Em filmes como «Excalibur» e «Indiana Jones e a Grande Cruzada», o Graal aparece em forma de cálice de metal ou de madeira e os seus maravilhosos poderes são desvelados, uma vez que teria sido o cálice que recolheu o sangue de Jesus Cristo no Calvário e que José de Arimateia teria levado para Inglaterra. Em " O Código da Vinci" de Dan Brown, o Graal seria o corpo feminino arquetípico, o corpo de Maria Madalena, esposa de Cristo numa visão gnóstica, que repousaria no túmulo sob a pirâmide do Museu do Louvre, em Paris (note-se a semelhança entre as palavras Louvre e L´Oeuvre, em português a Obra, o trabalho alquímico referente ou conducente ao Graal, à Pedra Filosofal).
Sobre o Graal, escreveu Évola:
«Nos diferentes textos, o Graal é apresentado essencialmente sob três formas:
1) Como um objecto imaterial, munido de movimento próprio, de natureza indefinida e enigmática ("não era de madeira, nem de qualquer tipo de metal, nem de pedra, chifre ou osso").
2) Como uma pedra - "pedra celeste" e "pedra de luz".
3) Como uma taça ou recipiente ou bandeja, muitas vezes de ouro, e, eventualmente, ornamentado com pedras preciosas. Tanto nesta forma como na precedente, quase constantemente quem leva o Graal são mulheres (outro elemento completamente estranho a todo o ritual cristão; ao contrário, nele não aparecem sacerdotes). (Julius Evola, "O Mistério do Graal", Editora Pensamento, Brasil, 9ª edição, 1995, pág 63).
O Graal seria, segundo a tradição, uma pedra saída do céu (lapis ex coelis), levada para a Terra por grande número de anjos. Évola escreve:
«Para Wolfram, trata-se dos anjos que foram condenados a descer à Terra a fim de manter-se neutros no momento da tentativa de Lúcifer. Guardado por eles, o Graal não perdeu as suas virtudes. Em seguida passou para a guarda de uma estirpe de cavaleiros, designados do alto. Esta tradição modifica-se no Wartburgkrieg da seguinte maneira: uma pedra se soltou da coroa de Lúcifer quando este foi atingido pelo arcanjo Miguel. Trata-se da pedra dos eleitos, que caiu do céu, e foi encontrada por Parsifal depois de ter sido recolhida por Titurel, que é justamente o primeiro representante da dinastia do Graal. O Graal seria então essa pedra luciferina. Segundo outros, a pedra que caiu na Terra teria sido uma esmeralda que ornamentava a própria testa de Lúcifer. Foi transformada em forma de taça por um anjo fiel e, assim surgiu o Graal, doado a Adão no "Paraíso terrestre", até ao momento de sua expulsão daquele lugar. Seth, filho de Adão, conseguiu reencontrar durante algum tempo o paraíso terrestre, e dali trouxe consigo o Graal. Parece, enfim, na opinião de outros, que o Graal foi colocado em relação com uma fortaleza cátara dos Pirinéus, Montségur, que as armadas de Lúcifer teriam tomado de assalto para obter o Graal de volta e encaixá-lo novamente na coroa do seu príncipe, de onde havia caído no momento da repressão de sua tentativa. Mas o Graal teria sido salvo, naquela oportunidade, por cavaleiros que o esconderam no interior de uma montanha.»
(Julius Evola, "O Mistério do Graal", Editora Pensamento, Brasil, 9ª edição, 1995, pág 70; o destaque a bold é colocado por mim).
Os poderes atribuídos ao Graal - iluminação plena como se do Sol se tratasse, cura instantânea de doenças em que o visse ou tocasse ou, pelo contrário, cegueira ou paralisia ou morte sobretudo se o visionário fosse de coração impuro - não são inverosímeis se pensarmos nos efeitos energéticos dos OVNI sobre certas pessoas e nos avanços que a tecnologia terrestre irá ter.
AS VEIAS DO DRAGÃO
Ligado ao Graal, está a figura mítica do Dragão. O culto do Dragão ou culto da serpente alada é pagão, pré-cristão, e estava patente nos monumentos megalíticos, nas linhas geográficas que os ligam entre si. A constelação do Dragão é composta de doze estrelas e é a oitava maior das 88 constelações do céu. A sua forma inspirou o mapa geográfico ligando entre si templos e centros de poder das religiões pré-cristãs. Escreveu Ernesto Barón:
«Muitos dos antigos lugares míticos britânicos relacionam-se com linhas rectas ou Alinhamentos-lei que estão vinculados à imagem de um Dragão-Serpente.»
«Segundo alguns escritores, e nós estamos em afinidade de pensamentos e estudos com eles, este conhecimento harmónico entre o Cosmo e a Terra foi no mundo antigo a base de muitas religiões. Afirma-se que não só na antiga China, mas também na Grã-Bretanha, França, Alemanha e outros países, os homens superiores escolheram como lugares sagrados aqueles ligados directamente a uma força energética terrestre, a ciência do Geon.»
«Os antigos lugares megalíticos, círculos de pedras, túmulos, menires, dólmenes, actuavam como condutores dessa energia oculta e as Linhas-lei transportavam essa força por uma complexa e gigantesca rede.»
«A Geomancia descobriu que a imagem do Dragão está relacionada com certos alinhamentos semelhantes a Feng-Shui e Lung-Mei, chamados "Sendas do Dragão" (Ernesto Barón, A Mensagem Cósmica Arturiana, Centro de Estudos de Antropologia Gnóstica, páginas 103-104).
Nisto está presente o princípio hermético de que tudo se relaciona e de que o microcosmos (Terra com os seus túneis internos e linhas de força) é o espelho do macrocosmos (Céu com as suas constelações). Princípio incompreensível para os filósofos analíticos e para quase todos os materialistas, demasiado limitados, em nome da "lógica" do visível, na compreensão do universo.
AVALON OU THULE, A ILHA GIRATÓRIA
Um dos componentes essenciais do mito do Graal e da Távola Redonda, a organização iniciática do rei Artur que no século VI reunia doze cavaleiros em torno de uma mesa redonda e a cada um atribuía a missão de governar parte do mundo, é a mítica ilha de Avalon ou Thule. Esta, uma ilha de cristal no meio do oceano, seria o centro do mundo e situar-se-ia no pólo norte da Terra. Como era uma ilha giratória, sempre em movimento, faria rodar o eixo do mundo. Aí viveriam os hiperbóreos, antecessores dos actuais humanos mas mais evoluídos do que estes porque dotados de poderes intelectuais superiores. Tais como a visão directa do invisível, da quarta dimensão, possível através do «Terceiro Olho» correspondente à glândula pineal. Não havia grandes superfícies geladas no polo terrestre porque o eixo da Terra estaria vertical e não inclinado face à eclíptica e os polos receberiam a radiação solar de forma mais equilibrada do que hoje. Escreve Evola:
« O centro hiperbóreo, entre suas inúmeras denominações, que passaram a ser aplicadas inclusive ao centro atlântico, teve a de Thule, a de Ilha Branca ou do Esplendor (...) de Terra do Sol ou "Terra de Apolo", de Avalon. Lembranças concordantes em todas as tradições indo-europeias falam do desaparecimento desta sede, que se tornou mítica, em relação a um congelamento ou a um dilúvio.»
(Julius Evola, "O Mistério do Graal", Editora Pensamento, Brasil, 9ª edição, 1995, pág 25).
«Vimos que entre os lugares onde se desenvolvem as provas dos cavaleiros do Graal aparecem em primeira linha a "Ilha" e o "Castelo". (...) Mordrain alcança a ilha rochosa situada lá onde se efectua a verdadeira travessia para a Babilónia, a Escócia e a Islândia" e onde começaram as suas provas, raptado que foi pelo Espírito Santo.» (Julius Evola, ibid, pág 99)
Esta ilha de Avalon seria a sede do Santo Graal. Estaria, na era cristã, na Quarta Dimensão, seria invisível e seria apenas alcançável por uma viagem espiritual ( a famosa viagem «astral» de que os ocultistas falam e que praticamos ao dormir, saindo do nosso corpo físico imobilizado na cama). Outras sedes foram designadas para o Santo Graal: o castelo de Montségur, na posse dos cátaros até Março de 1244; a montanha de Montserrat, em Barcelona; a catedral de Valencia...
O REI PESCADOR
Em correlação com a ilha de cristal e as águas há no mito do Graal a referência ao Rei Pescador. Conta-se que Alexandre o Grande teria encontrado num peixe gigantesco uma pedra luminosa que durante a noite emitia uma poderosa luz. De novo as águas e o seu permanente habitante, o peixe, são o lugar de onde emerge o objecto ou a ilha mágica. Os evangelhos referem que Jesus Cristo convenceu Simão Pedro e os seus irmãos pescadores a segui-lo dizendo que faria deles «pescadores de homens». Na saga do Graal todos os que não receberam o alimento espiritual que é a contemplação da luz do Graal são alimentados com peixe que Alano pescou, lembrando o milagre evangélico da multiplicação dos pães e dos peixes. Escreve Evola:
« Por outro lado, parece-nos aqui oportuno fazer uma distinção: por mais que os efeitos do Graal e do peixe sejam equivalentes, o peixe aparece como um complemento do Graal; ele integra a sua eficácia com relação a um determinado grupo de cavaleiros não alimentados pelo primeiro.(...) (Julius Evola, ibid, pág 97).
«A explicação, encontrada em Chrestian de Troyes, é a de que o rei do Graal, exactamente por ter sido ferido, não tem outra ocupação e alegria possível, além de pescar.» (...) Detalhe significativo, no Perceval Il Gallois, o anzol com que ele pesca é de ouro e tanto neste texto como em Wolfram, o pescador é também aquele que indica a Parsifal o caminho para o castelo do Graal, assumindo a figura do rei doente.» (Julius Evola, ibid, pag 98)
«O rei pescador é o dominador que decaiu e tenta reativar a mesma tradição primitiva, a herança hiperbórea. E isso só se alcançará com a chegada do herói que conhecerá o Graal... » (Julius Evola, ibid, pag 99)
O CAVALEIRO ENTERRADO VIVO
Outro tema da saga do Santo Graal é o do cavaleiro em morte aparente, muitas vezes identificado com o próprio Demónio que procura evitar que Parsifal, um dos cavaleiros da Távola Redonda, atinja o castelo do Graal e reconstrua a espada que se quebrou em combate com Partinial.
«À corte do rei Artur, para onde Parsifal volta, chega uma embarcação trazida por um cisne, com um esquife que ninguém consegue abrir. Parsifal afinal abre-o e nele encontra um cavaleiro morto, que ele terá de vingar. Tomada tal decisão ocorre, entre outras coisas, o seguinte episódio: Parsifal abre uma sepultura na qual está encerrado um homem vivo. Este, porém, tenta fechar o próprio Parsifal na tumba, e após uma breve luta Parsifal consegue pô-lo em fuga. Depois disso, Parsifal alcança o castelo fatídico e, enfim, consegue soldar definitiva e integralmente a espada.» (Julius Evola, ibid, pág 93).
É interessante referir o simbolismo do cisne, ligado a Apolo, deus hiperbóreo da Idade do Ouro. Nietzschze, na sua particular interpretação, subverte em certa medida o carácter que a tradição iniciática, em que se inclui Evola, atribuiu a Apolo, quando este é classificado por Nietzsche como deus da racionalidade, da medida, da ordem, princípio da individuação, o mesmo Nietzsche que colocan Diónisos como deus da vontade de poder irracional, da paixão, do super-homem aristocrático. Evola era, sem dúvida, mais culto que Nietzsche. O aristocrata italiano, aliado do fascismo, falecido em 1974, escreveu com maior riqueza de ideias do que o filósofo alemão, falecido em 1900, que inspirou Hitler.
A DAMA DO LAGO
Do filme «Excalibur» e de romances sobre a Távola Redonda extraiu o grande público a imagem da Dama do Lago - uma mulher, mágica, que vive dentro das águas de um lago e cujo braço se ergue acima do nível da água para entregar a espada Excalibur ao rei Artur ou para a recolher no interior das águas. Escreveu Ernesto Barón sobre a entrega do conhecimento ao rei Artur, processo em que o mago Merlin tem um papel fundamental:
«Todo este saber foi preparado pela Dama do Lago, por aquele Ser Celestial ligado às Águas da Vida, ao Amor e à Transmutação, esse Lago-IAO que nos oferece o poder e o mando da criação.»
«Não negamos, pelo contrário, afirmamos que existe íntima relação entre a Dama do Lago e a representação de Stella Maris, a Estrela do Mar, a Virgem do Mar, aquela manifestação do nosso Ser de que tanto falaram os Cavaleiros Medievais.»
« A mulher sagrada entrega-nos as armas para a dura luta contra os nossos defeitos psicológicos. Ela, através da transmutação das águas em energia criadora, conduz-nos à libertação suprema.»
« A história conta que quando o rei Artur foi hipnotizado e vencido pelas tentações do mal, o raio da justiça, a língua do Dragão castigou-o, perdendo assim seus poderes. Foi quando a pobreza e a fome chegaram a seu povo.»
« Só o Santo Graal e sua esposa Genebra tinham o poder suficiente para devolver-lhe o que perdeu. Então, foi-lhe entregue novamente a espada mas desta vez pela representação humana de Stella Maris, sua Rainha, já que só ela guardava e tinha a capacidade de oferecer.»
« A história mais confusa que clara e bastante distorcida fala-nos de Lancelot do Lago. Ele é o guerreiro mais próximo do rei Artur. No entanto, para consegui-lo tem que enfrentar seu soberano e dono num ponto internediário, na ponte que liga duas terras diferentes: a humana, de Lancelot-Manas, a divina, de Artur-Chesed.» (Ernesto Barón, A Mensagem Cósmica Arturiana, páginas 188-189).
Esclareçamos que, na simbologia gnóstica, o homem é composto de vários planos para além do corpo físico visível: Atman é o Espírito Superior, divino, masculino, polo positivo, equivalente ao rei-sacerdote Artur, o pontífice ou construtor de pontes entre os mundos terreno e divino, Budhi é a Alma Superior feminino, polo negativo, equivalente a Guinivere, a rainha esposa de Artur, e Manas a Alma Humana, o neutro, equivalente a Lancelot do Lago que, supostamente, cometeria adultério com Guinivere. Aqui se espelha a noção de Deus Uno e Trino própria do cristianismo católico e protestante: o Pai, o Espírito Santo (A Mãe) e o Filho.
AS DUAS ESPADAS E A PERGUNTA
Um tema recorrente das lendas sobre o Graal é o do cavaleiro das Duas Espadas. A duplicação é uma determinação ontológica: aparência - essência, mundo sensível-mundo inteligível, virilidade material- virilidade espiritual, etc. Os cavaleiros Templários eram representados na forma de dois cavaleiros na garupa do mesmo cavalo e isso constituiu uma «prova» para os inquisidores da Igreja Católica Romana de que os Templários praticavam a sodomia, a homossexualidade, quando os seus votos eram de castidade e pobreza. Porém, essa imagem merece outras interpretações: os dois cavaleiros são duas potências residentes em cada indivíduo, como por exemplo, o valor político-militar e o valor espiritual, etc. Note-se que a famosa Cruz de Caravaca, cidade espanhol que possuía um enclave templário, é formada por dois eixos horizontais, um sobre o outro, que cruzam o eixo vertical. Escreveu Evola:
«A insuficiência da força heróica, não no sentido técnico específico já indicado deste termo mas no sentido comum, exprime-se também no motivo da dupla espada. A primeira espada, aquela que Parsifal carrega naturalmente consigo, ou que conquistou em suas aventuras premilitares, corresponde às virtudes puramente guerreiras devidamente vividas. A segunda, em Wolfram, Parsifal consegue obtê-la somente no castelo do Graal, como aquele do qual todos esperam que "faça a pergunta". Enfim, é aquela mesma que o rei vivo apenas aparentemente, no Diu Crône, transmite a Galvão antes de desaparecer, no sentido de passar a ela a sua própria função; e é a espada que no Grand St. Graal Celidoine diz estimar como o próprio Graal». ( Julius Evola, O Mistério do Graal, pág. 111).
A pergunta é exactamente a que o cavaleiro eleito faz ao rei doente ou em morte aparente no castelo: «Onde está o Graal? De onde veio o Graal?» . Tem um valor iniciático algo similar, no plano formal, à pergunta que o mestre da loja maçónica faz ao neófito: «Que buscas?» . «A luz» -- responderá este. Mas, como sublinhou Evola, o ideal maçónico é contrário ao ideal do Santo Graal da cavalaria feudal, uma vez que a maçonaria contemporânea se baseia num ideal de liberdade, igualdade e fraternidade universal e na democracia de massas individualista, laica, ao passo que os gibelinos da Ordem do Templo defendiam o sacro império universal em que o imperador incarnava a divindade e lançava legitimamente a guerra santa, sem se submeter à igreja católica romana ou a outra baseada numa espiritualidade feminina, lunar, contemplativo-ascética.
A ÁRVORE SECA
Que significa a Árvore Seca, referida em histórias do Graal? Parece exprimir o império decadente, dividido por lutas intestinas, império sob a influência da igreja de Roma, a «loba» ou «prostituta» no pensamento do poeta Dante. A Árvore Seca reflorescerá, transformar-se-á em águia quando surgir, em todo o esplendor, o rei do Graal, o imperador. Évola escreve:
«E o tema complementar, de um reino devastado ou que se tornou estéril e aguarda a restauração, encontra o seu equivalente no tema da Árvore Seca». (Evola, ibid, pag 40).
«Em Dante, a Árvore assume igualmente o duplo significado de Árvore do Conhecimento e de "Paraíso Terrestre" (por sua referência a Adão) e de Árvore do Império (por sua referência à Águia); no geral indica portanto o império que se justifica em função da tradição primitiva. A Árvore de Dante é, antes de mais, a Arbre Sec...» (Evola, ibid, pág. 49).
A POMBA BRANCA
O simbolismo da pomba branca é, entre outros, a indicação do Espírito Santo. Na lenda que envolve a tomada do castelo cátaro de Montsegur, na Ocitânia, em Março de 1244, no momento em que os «exércitos de Lúcifer», isto é, os militares da igreja católica romana, cercavam as muralhas com o objectivo de passar a fio de espada todos os homens, mulheres e crianças cátaros, uma pomba branca (o Espírito Santo) abriu com o bico o monte Thabor e Esclarmonde de Foix, a castelã cátara, atirou para dentro da montanha sagrada o cálice do Santo Graal. Os cruzados da Igreja queimaram vivos todos os cátaros. Esclarmonde subiu ao cimo do Thabor e transformou-se em pomba branca e voou em direção às montanhas da Ásia, instalando-se no Paraíso Terrestre.
Evola escreveu referindo-se a um livro do rosa-cruciano Andreae:
«Em segundo lugar, fala-se de uma fonte, junto da qual está um Leão, que, de repente, se apossa de uma Espada nua e a quebra, acalmando-se somente quando uma pomba lhe entrega um ramo de oliveira, que ele devora.» (Julius Evola, ibid, pág 160).
A CRUCIFIXÃO APARENTE DE JESUS
Segundo o Evangelho Gnóstico de Pedro, encontrado na biblioteca de Nag Hammadi, Jesus não foi crucificado mas sim substituído por um escravo no suplício da cruz ficando Jesus a observar do alto de uma árvore:
«Aquele que vocês viram na árvore, feliz e rindo, esse é o Jesus vivo. Mas este, em cujas mãos e pés puseram pregos, é apenas a sua carne, que é o ente substituto sendo envergonhado, criado à sua imagem. Olhe para ele e para mim». (Jesus narrador)
Mas então, se os Templários não acreditavam na Crucifixão de um deus ou de um homem divino chamado Jesus, não visualizavam o Graal como o cálice que albergou o sangue de Cristo. O Graal poderia, contudo, ser uma pedra ou cálice com poderes sobrenaturais. Não admira que os Templários cuspissem e pisassem o crucifixo, símbolo da derrota, inaceitável para os cavaleiros-monges.
«O cavaleiro que aspirava às hierarquias internas da Ordem devia pisotear e passar por cima do Crucifixo. Ordenavam-lhe que «não acreditasse no Crucifixo, mas sim no Senhor que está no Paraíso"; ensinavam-lhe que Jesus havia sido um falso profeta, não uma figura divina" (Jules Evola, O Mistério do Graal, pág. 134).
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