Egoísmo e altruísmo distingem Inferno de Céu, segundo o taoísmo, a filosofia chinesa da dialética Yang (luz, calor, fogo, vermelho) Yin (escuridão, frio, água, azul).
«Uma parábola chinesa descreve os cenários do céu e do inferno exactamente da mesma maneira: cada um deles é um enorme banquete, com pratos deliciosos em enormes mesas redondas, e todos os comensais recebem pauzinhos com um metro e meio de comprimento. No banquete do inferno, as pessoas debatem-se para conseguir manipular esses utensílios tão desajeitados, a frustração leva-os a desistir e morrem de fome. No céu, toda a gente serve a pessoa que se encontra na sua frente, do outro lado da rua, pelo que todos enchem a barriga. Os que seguem o Tao alcançam muito maiores realizações por intermédio do serviço prestado com amor.»
Chungliang Al Huang e Jerry Lynch, «O Tau da Sabedoria», Círculo de Leitores, página 113).
Lillian Too, nascida na Malásia, grande especialista em Feng Shui - à letra vento-água, ou seja, arte e filosofia chinesa de utilizar as direções geográficas, as cores, a disposição das casas e ruas de modo a propiciar boas energias na vida das pessoas- entende que roupa esburacada dá azar. É a lei da analogia: buracos na roupa geram buracos na carteira ou nas relações sociais, na conta bancária ou na habitação. Escreveu:
«Uma das piores coisas que se podem fazer o nosso feng shui é usar roupas sujas e amachucadas. Vestir-se com jeans cheios de buracos ou adoptar o estilo de roupa desbotada pode fazer com que se pareça com a geração mais nova mas os chineses antiquados como eu não olharão de todo com bons olhos este tipo de vestuário. Porquê? Simplesmente porque dá imenso azar. Vista-se como uma pessoa arruinada - e brevemente se transformará nisso mesmo!»
«Vestir-se assim atrai a pobreza e vibrações do azar, que frequentemente se traduzem no tipo mais grave de infortúnio». (...)
«Mas os mestres do feng shui também me avisaram para não pendurar vestuário e outras peças de roupa na corda depois de escurecer. Mas as suas razões são mais convincentes. Explicam este tabu em termos de as roupas absorverem as excessivas energias yin da noite. O mesmo se aplica aos lençóis e cobertores».
Yin na cosmologia taoísta significa escuridão, lua, frio, negro, azul escuro, inverno, feminilidade, baixo, e Yang significa luz, sol, calor, vermelho, laranja, branco, verão, masculinidade, alto.
(Lillian Too, Guia prático Feng Shui, 168 formas para alcançar o sucesso, Didática Editora, pág. 103).
Um teste de filosofia não necessita de conter questões de escolha múltipla que, em muitos casos, simplificam erradamente o pensamento.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA C
4 de Dezembro de 2020.
Professor: Francisco Queiroz
I
“.O não agir é ética da filosofia taoista. O Princípio da correspondência Macrocosmo-Microcosmo manifesta-se na arquitetura e na geometria sagrada dos templários, na astrologia e no do-in, entre outras áreas, usando o raciocínio de analogia. A retórica engloba as falácias, ad hominem, depois de por causa de,, ad ignorantiam”. O princípio do terceiro excluído baseia-se na dualidade.”
1)Explique, concretamente este texto.
2)Construa um silogismo condicional modo ponens e um silogismo condicional modo tollens tendo como primeira premissa a frase:
«Se estiver sozinho no meio da planície retiro a máscara»
3) Relacione, justificando;
A) Os oito pontos cardeais e colaterais, as oito áreas de vida em uma casa, os quatro animais da tradição chinesa do Feng Shui e o Yang e o Yin.
B) Mundo dos Arquétipos em Platão e Mundo Celeste em Aristóteles.
C) Nous e uma determinada classe social na pólis, segundo Platão.
D) Indução amplificante e dedução.
CORREÇÃO DO TESTE COTADO MAXIMAMENTE PARA 20 VALORES
O não agir é o conceito fundamental da ética (doutrina do bem e do mal no comportamento humano) e como dizia Lao Tse: «Aquele que se dedica ao Tao vai diminuindo sempre até chegar ao não agir e pelo não agir nada há que se não faça». Não agir é: não lançar guerras nem novas indústrias e urbanizações, não viver uma vida frenética de bares e discotecas, não cursar estudos universitários, não fazer carrera política, levar a vida simples de um camponês que cava a sua horta ou de um filósofo contemplativo que passeia em planícies ou montanhas silenciosas e ecológicas.(VALE DOIS VALORES). O princípio da correspondência microcosmo-macrocosmo das antigas filosofias estipula que «o que está em baixo é como o que está em cima, o microcosmo ou pequeno universo é o espelho do macrocosmo ou grande universo».Isto manifesta-se na astrologia, por exemplo: Júpiter em 9º do signo de Sagitário em 25 de Abril de 1983 (Sagitário é parte do céu, macrocosmo) causou a vitória eleitoral do PS de Mário Soares (microcosmo, Portugal). Também se manifesta na construção dos castelos templários em que a planta das muralhas (microcosmos) reproduz o desenho de constelações no céu (macrocosmos). Manifesta.se ainda no Do-In ou acupunctura digital em que, por exemplo, apertando e desapertando a cabeça do dedo mínimo da mão na zona da unha d (microcosmo) estimula um meridiano que liga ao coração (macrocosmo) e salva este de infartos do miocárdio. Isto tudo se baseia no raciocínio de analogia, uma inferência que estabelece semelhanças de forma entre duas entidades ou fenómenos muito diferentes entre si como, por exemplo, «o homem é como uma árvote, os ramos equivalem aos braços, o tronco de madeira ao peito e pernas, logo deve manter-se erecto como a árvore»(VALE TRÊS VALORES). A retórica ou arte de argumentar para convencer um auditório ou um só interlocutor inclui as falácias que são erros ou vícios de raciocínio: a falácia ad hominem, ou seja, um argumento em que se faz um ataque pessoal (exemplo: «João teve a melhor nota de todas na prova de exame de candidatura a presidente do banco, mas João é judeu, logo não pode ser presidente do banco»); a falácia depois de por causa de, que atribui uma relação de causa-efeito a dois fenómenos acidentalmente vizinhos entre si (exemplo: há uma semana usei gravata verde e horas depois perdi a carteira, ontem voltei a usar gravata verde e caí da moto, logo usar gravata verde dá-me azar); a falácia ad ignorantiam que consiste em invocando a ignorância de um dado facto inferir a "verdade" do facto contrário (exemplo: não se provou que Deus existe, logo Deus não existe). (VALE TRÊS VALORES). O princípio do terceiro excluído baeia-se na dualidade . dois princípios, dois campos opostos - pois só afirma dois caminhos possíveis no plano lógica. um ente ou qualidade ou é do grupo A ou do grupo não A, excluindo a terceira hipótese (VALE UM VALOR).
2) Silogismo condicional Modus Ponens:
«Se estiver sozinho na planície retiro a máscara.
«Estou sozinho na planície.
«Logo, retiro máscara».
Silogismo condicional Modus Tollens:
«Se estiver sozinho na planície retiro a máscara.
«Não retiro a máscara.
«Logo, não estou sozinho na planície». (VALE UM VALOR).
3-A) O Feng Shui divide a casa em oito áreas geográficas e a cada uma delas corresponde uma área de vida, uma cor e um ponto cardeal ou colateral. É uma aplicação do taoísmo, filosofia mística e prática que sustenta que em tudo há uma oscilação ente duas energias, o Yang e o Yin. Yang é masculino, som, alto, luz, verão, expansão, fogo, vermelho, Yin é feminino, silêncio, baixo, escuridão, inverno, contração, terra, água, azul escuro ou negro,
PONTO CARDEAL NORTE:. é o Velho Yin, corresponde ao Norte, à Meia Noite, à Água, ao Inverno, à tartaruga negra, animal que favorece o emprego e os amigos que o possibiltam, às cores negra e azul escura. Atrás da parte norte da xasa não deve haver um rio ou um lago porque a água instabiliza mas sim uma colina, ou prédio alto ou montanha.
PONTO CARDEAL SUL:. é o Velho Yang , corresponde ao Sul, ao Meio Dia, ào Fogo, ao Verão, à Fénix ou Ave que levanta voo, animal que favorece a fama às cores vermelha. Se a porta da casa é virada a sul deve ter diante de si uma praça ou uma planície sem edifícios altos ou postes que enviam energias opressivas. Neste caso, podem usar-se espelhos sobre a porta ou no telhado para devolver as más vibrações.
PONTO CARDEAL ESTE. é o Jovem Yang , corresponde ao Este às Seis da Manhã, à Madeira, ao Verão, ao Dragão Verde, animal que tutela o crescimento, a saúde, a família, à cor verde. Do lado Este da casa pode haver árvores ou colinas que dão apoio ao ambiente.
PONTO CARDEAL OESTE:. é o Jovem Yin , corresponde ao Oeste, às Seis da Tarde, ao Metal, ào Fogo, ao Verão, ao Tigre Branco, animal imprevisível que favorece a criatividade, a liberdade individual, os filhos, às cores branca e prateada. Do lado Oeste da casa não deve haver montanhas ou edifícios altos. Se houver, usam-se espelhos refletores.
PONTO COLATERAL NOROESTE: representa os antepassados, as proteções espirituais. A cor é o cinza. É o lugar para colocar um pequeno altar.
PONTO COLATERAL NORDESTE representa o estudo, a investigação científica teórica. A cor é o azul. Lugar para colocar a mesa de estudo.
PONTO COLATERAL SUDESTE representa dinheiro e saúde. A cor é púrpura.
PONTO COLATERAL SUDOESTE representa amor, casamento. A cor é o rosa. (VALE 3 VALORES).
3-B) O Mundo dos Arquétipos em Platão é invisível, transcendente ao céu visível e compõe-se de modelos eternos e perfeitos como os Arquétipos de Bem, Belo, Esfera, Cone, Homem, Mulher, Número, Justo, etc. O Mundo Celeste em Aristóteles é visível e composto de 54 esferas de cristal, 7 das quais possuem incrustado um planeta, e as outras 47 possuem incrustadas constelações de estrelas. As 54 esferas giram em torno de um centro fixo, a Terra, porque estrelas e planetas desejam alcançar Deus, o pensamento puro e imóvel exterior ao cosmos (VALE DOIS VALORES).
3-C) O Nous é a inteligência superior que capta as Essências ou Arquétipos e permite elaborar leis justas. Corresponde, na pólis, à classe dos filósofos reis ou arcontes principais que, sendo homens e mulheres de superior inteligência, fazem as leis e governam a cidade, não possuem prata nem ouro e vivem numa casa comum, fazendo troca de casais para não saber quem é o pai de cada filho em concreto (VALE DOIS VALORES).
3-D) A indução amplificante é uma inferência que a partir de alguns exemplos empíricos diretos generaliza de forma infalível. Exemplo: «Vimos que em cem vezes que um relâmpago se formou no céu segundos depois se ouviu um trovão, logo induzimos que os relâmpagos celestes são sempre seguidos de trovões. A dedução é de certo modo inversa, é uma inferência que parte de uma premissa geral e por uma extensão ou redução lógica chega a uma conclusão geral ou particular. Exemplo: Os alentejanos gostam de gaspacho, Mariana é alentejana, logo Mariana gosta de gaspacho. (VALE DOIS VALORES)
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Nota- O autor deste blog está disponível para ir a escolas e universidades dar conferências filosóficas ou participar em debates.
© (Copyright to Francisco Limpo de Faria Queiroz)
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Andrés Ortiz-Osés (Tardienta, Huesca, Aragón,1943) talvez o melhor filósofo espanhol vivo, cuja hermenêutica simbólica apresenta tonalidades junguianos, desenvolveu o conceito de coimplicação. Escreveu:
«Toda a mitologia trata de coimplicar as diferentes realidades e não de resolvê-las analiticamente: daí o carácter de trama quase novelesca, relatante ou interactiva do texto mitológico, cuja textura ou urdidura confere aferência e coesão a toda a referência e coerência. Por ele os símbolos da mitologia não são meros signos ou representações de ideias ou conceitos, mas autênticos tótens de implicação: poderíamos definir o símbolo como a noção hindu-budista de rasa em Java, cujo significado se corresponde com o latino sensus como significação afectiva ou razão cordial (onde o coração aparece como co/razão da nossa razão). Hermann Hesse pôde escrever a esse respeito que "o que amamos é só um símbolo" - um símbolo redefinido pelo amor dos contrários e a sutura cultural que estabelece na nossa fissura natural, cuja brecha (hiato, cisão) define o animal humano. Com efeito, como diz C. Geertz, a cultura estabelece-se no vazio que se dá no homem entre o corpo (natural) e o que temos de fazer (culturalmente) , assim pois entre o ser (aberto) e o dever ser (compleição). Ora bem, a cultura é tanto ou mais implicação que explicação, afeção que controlo, estados de alma que estados de ánimo: só assim a razão simbólica enquanto razão relacional logra reconhecer ou aparentar (cognoscere) o irreconhecível para a razão pura/puritana. Um tal reconhecimento do irracional ou irracionalizado pela razão pura, não evita decerto o mal e o sofrimento radical, mas torna-o maleável e sofrível ao nomeá-lo, encaixá-lo e anexá-lo ao Sentido».
(Diccionario interdisciplinar de Hermenéutica, dirigido por A.Ortiz-Osés y P.Lanceros, Universidad de Deusto, Bilbao, 2006, pag.382; o destaque a negrito é posto por nós).
Neste texto afirma-se que há uma fissura na natureza humana - por exemplo, o homem bom que de repente se torna mau, homicida - que é suturada ou cosida com "fio" pela cultura - por exemplo, o respeito pela religião aos dez mandamentos como o «Não matarás», «Não cobiçarás a mulher do próximo». A cultura é mais coimplicação - ligação de dois fenómenos sem vínculo marcadamente racional, como por exemplo, à meia noite de 31 de Dezembro abrir as janelas de casa «para fazer sair o ano velho» ou na noite de 23 para 24 de Junho sair ao campo a «colher plantas mágicas»- do que explicação racional.
O que é a coimplicação? É a junção de contrários ou de colaterais ou a geração mútua de contrários. A filosofia oriental do taoísmo e o seu símbolo gráfico - um círculo dividido em duas partes por uma linha em S - baseia-se em coimplicações: em todo o Yang (Sol, Calor, Metade Vermelha do Círculo) há um pouco de Yin (Lua, Frio, Escuridão, pequeno círculo ou bolha na Metade Vermelha); em todo o Yin (Lua, Frio, Metade Azul do Círculo) há um pouco de Yang (Sol, Calor, Luz pequeno círculo ou bolha na Metade Azul).
O amor de Deus a todas as criaturas coimplica a justiça divina, o envio ao ao inferno ou ao purgatório das almas que morreram em pecado mortal ou com penas temporais a expiar. A disciplina do clero católico obrigado à castidade coimplica a pedofilia e a homossexualidade: o bem gera o mal e viceversa. Onde existem os maiores santos existem, por necessidade (coimplicação) os maiores criminosos. O alto coimplica o baixo e viceversa.
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© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Eis um teste de filosofia do 10º ano que explora a rubrica «Os grandes temas da filosofia».
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA A
20 de Outubro de 2016. Professor: Francisco Queiroz
I
“Poderá classificar-se a teoria de Platão como um dogmatismo crítico, de teor metafísico e ético. O modo de pensar e viver dos filósofos-reis, na Polis ideal de Platão, opunha-se, pelo menos aparentemente, ao ceticismo, pragmatismo e ao subjetivismo propagado pelos sofistas.”
1)Explique, concretamente este texto.
2)Relacione, justificando
A) Yang, Yin e Tao no taoísmo
B) Mundo do Mesmo ou Inteligível, Mundo do Semelhante e demiurgo em Platão.
C) Unidade da essência e multiplicidade das aparências empíricas nas teorias cosmológicas de Heráclito de Éfeso e Anaxágoras.
D).Ascese em Platão e as teses de que «filosofar é aprender a morrer» e «o corpo é o cárcere da alma.
1) Dogmatismo crítico é toda a teoria que assenta em certezas construídas com a ajuda de dúvidas, do ceticismo, uma teoria que exigiu reflexões profundas. As teorias científicas em geral são dogmatismos críticos: afirmar que o número atómico do hidrogénio é 1 e o do oxigénio 8 exigiu experiências e cálculos matemáticos, são dogmas que passaram o crivo da crítica. O dogmatismo de Platão é metafísico, trata do invisível e inaudível, na medida em que postula que há um mundo de modelos perfeitos, imóveis e eternos (Bem, Belo, Justo, Sábio, Cubo, Esfera, Homem, Mulher, etc) acima do céu visível. É crítico porque sustenta teses que exigem muita reflexão como, por exemplo, «o tempo é a imagem móvel da eternidade», «conhecer é recordar». É ético porque fala dos modelos eternos do Bem e do Justo. (VALE QUATRO VALORES). Os filósofos-reis ou arcontes, na pólis de Platão, eram homens e mulheres, dotados de alta virtude intelectual e moral, que faziam as leis e governavam a cidade. Não podiam ter prata nem ouro nem privilegiarem os seus filhos, por isso viviam em comum e faziam troca de casais, de modo a não saber quem era o pai de cada criança. Ao inspirarem-se nos arquétipos do Mundo Inteligível rejeitavam o ceticismo, doutrina que duvida de tudo, incluindo o mundo dos Arquétipos, o pragmatismo, doutrina que diz que a verdade se limita ao mundo empírico e prático, devendo pôr-se de parte os princípios metafísicos mais ou menos impossíveis de serem postos em prática e o subjectivismo, doutrina que afirma que a verdade não é objetiva, varia de pessoa a pessoa. Estas doutrinas eram comuns entre os sofistas, filósofos do período antropológico da Grécia antiga, em regra professores, advogados, juristas e políticos que ensinavam retórica e cobravam dinheiro (VALE QUATRO VALORES).
2) A) O Tao é a mãe do universo, algo de obscuro e silencioso que circula por toda a parte e é o modelo do céu e divide-se em duas ondas formando uma sinusoidal: o Yang (alto, calor, dilatação, verão, som, sol, vermelho, movimento, exterior) e o Yin (baixo, frio, contração, inverno, silêncio, lua, azul, imobilidade, interior). A sucessão dos dias e das noites, do trabalho e do repouso, das sementeiras e colheitas, representa o ritmo yang-yin, faz parte do Tao do universo. (VALE TRÊS VALORES).
2) B) Mundo Inteligível (kosmos noéthos) é o mundo dos Arquétipos ou modelos eternos de Bem, Belo, Justo, Sábio, Números, Homem, Mulher, etc, acima do céu visível. É incriado. Mundo do Semelhante (kosmos homóios) é o mundo do céu visível, do tempo e das operações matemáticas, composto pelo Sol e astros incorruptíveis em movimento. O demiurgo é o deus operário que fez o Mundo do Semelhante e o mundo do Outro ou Sensível, este último feito de corpos físicos corruptíveis (pedras, árvores, rios, planícies, animais, etc) tomando como modelo os arquétipos de Astro, Árvore, Montanha, Rio, etc. (VALE TRÊS VALORES)
2)C) Na teoria de Heráclito, há uma essência una (unidade da essência) em todas as coisas: o fogo. As árvores, as pedras, os animais, a terra, etc.,- ou seja as múltiplas aparências empíricas, as coisas que vemos e tocamos - são fogo condensado, arrefecido, às vezes liquidificado ou sublimado. Na teoria de Anaxágoras, um mesmo objecto visível, macroscópico - exemplo uma cenoura- é composto de milhares de princípios ou formas minúsculas da mesma natureza,chamados princípios homeoméricos, - a cenoura é composta de milhares de pequeníssimas cenouras invisíveis. Um mesmo princípio homemomérico - a essência fígado humano, por exemplo - pode estar presente microscopicamento na multiplicidade das cenouras, e das beringelas, que são aparências empíricas ou objectos visíveis que, ingeridas, fortalecem o fígado humano.(VALE TRÊS VALORES)
2) D) A ascese é a ascensão da parte superior da alma humana, o Nous, ao Mundo Inteligível, enquanto está ligada ao corpo humano vivo. Há vários métodos de ascese: filosofia, porque esta nos ensina a morrer para os bens materiais e a fama («Que importa passares a vida a acumular ouro se ao morrer deixas tudo? Pensa, filosofa sobre a rapidez da vida»); matemática, porque se baseia na contemplação dos Arquétipos de Números Um, Dois, Três, Quatro Cinco, etc, e de Cubo, Esfera, Cone, etc; música, na medida em que nos eleva espiritualmente, não se trata de qualquer tipo de música; ginástica, em particular o ioga; jejum, na medida em que domina a gula e outras paixões do corpo. (TRÊS VALORES)
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Eis um teste de filosofia do 1º período que se insere nas linhas abertas do programa de filosofia do 10º ano de escolaridade em Portugal.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA C
18 de Outubro de 2016. Professor: Francisco Queiroz
I
“Heráclito era panteísta mas Platão defendia um teísmo. A filosofia comporta metafísica, ética, estética e epistemologia. A racionalidade dos filósofos reduz a uma unidade ou a uma dualidade a multiplicidade das aparências empíricas.”
1)Explique, concretamente este texto.
2) Relacione, justificando:
A) Yang, Yin e Tao no taoísmo.
B) Epithymia em Platão e corpo como cárcere da alma.
C) Demiurgo, Arquétipo e teoria da participação, em Platão.
D) Subjectivismo e ideologia.
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES
1) Heráclito era panteísta, isto é, defendia que os deuses não existem acima e fora da natureza biofísica mas fundem-se com esta,estão dentro desta. Declarou: «Deus é a abundância e a fome, o dia e a a noite, o Inverno e o Verão; embora assuma múltiplas formas, à semelhança do fogo que, aspergido por aromas, toma o nome dos perfumes que exala». Platão era teísta, isto é, sustentava que Deus ou arquétipo do Bem estava fora da natureza física, num mundo inteligível, acima do céu visível e que um deus inferior, o demiurgo, desceu à matéria moldando nesta cópias das formas dos arquétipos de Árvore, Cavalo, Montanha, Homem, etc, criando assim o Mundo Sensível (Kósmos Asthetos) (VALE TRÊS VALORES). A filosofia ou arte de pensar racionalmente e especulativamente a vida, o mundo, o homem e as divindades comporta metafísica, isto é, especulação sobre o suprafísico e o infrafísico, o mundo incognoscível do «além» ou da psique humana, ética, isto é, doutrina do bem e do mal, do justo e do injusto na ação humana, estética, isto é, doutrina do belo e do feio, epistemologia, isto é, interrogação e reflexão sobre as ciências (ex: será que as vacinas previnem as doenças ou infectam o corpo?) (VALE TRÊS VALORES). A racionalidade, isto é, o pensamento lógico dos filósofos reduz a uma unidade, a uma só essência, as muitas aparências das coisas, os milhões de objectos físicos - é o caso da filosofia de Tales que diz que a água, uma única essência, é o constituinte de tudo, árvores, pedras, terra, animais, etc - ou a uma dualidade,isto é, a dois princípios opostos - é o caso da ontologia de Platão em que a dualidade engloba os arquétipos do Mundo Inteligível e a matéria caótica do Sensível (VALE TRÊS VALORES).
2) A) O Tao é a mãe do universo, algo de obscuro e silencioso que circula por toda a parte e é o modelo do céu e divide-se em duas ondas formando uma sinusoidal: o Yang (alto, calor, dilatação, verão, som, sol, vermelho, movimento, exterior) e o Yin (baixo, frio, contração, inverno, silêncio, lua, azul, imobilidade, interior). A sucessão dos dias e das noites, do trabalho e do repouso das sementeiras e colheitas, representa o ritmo yang-yin, faz parte do Tao do universo. (VALE TRÊS VALORES)
2)B) Epithymia ou concupiscência é, segundo Platão, a parte inferior da alma que contém os prazeres da carne (comer, beber, possuir propriedades agrícolas, ouro e prata) e acaba por prender o Nous ou parte superior da alma que aspira a subir ao Inteligível. Assim o corpo, a epithymia, com o peso das suas paixões materiais aprisiona a alma espiritual (VALE TRÊS VALORES).
2)C) Arquétipo é um modelo de perfeição - há os arquétipos de Bem, Belo, Justo, Número Um, Número Dois, Triângulo, Cubo, Cone, Esfera, Homem, Mulher, Árvore, etc- imóvel, espiritual e eterno, num mundo acima do céu, que serve de modelo ao deus operário ou demiurgo na construção do mundo Sensível inferior. Este desce à matéria caótica e molda nela formas semelhantes às de cada arquétipo. Assim os cavalos físicos, as montanhas físicas participam ou imitam os arquétipos de cavalos e montanhas. (VALE TRÊS VALORES).
2)D) Subjectivismo é a teoria que afirma que a verdade varia de pessoa a pessoa, é íntima, subjectiva. Ideologia é uma doutrina, um conjunto de ideias e valores, característicos de uma dada classe ou grupo social - exemplos: o liberalismo, o fascismo, o comunismo, o judaísmo, o islamismo - que, podendo ser objectivos, isto é, professados por milhões de pessoas, implicam escolhas subjectivas (VALE DOIS VALORES).
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Eis um teste de filosofia centrado no tema religião, opção escolhida pelos alunos da turma.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA A
24 de Maio de 2016. Professor: Francisco Queiroz.
I
«O rito é a reactualização do mito que se refere à transcendência. O realismo crítico não se liga necessariamente ao espiritualismo ou ao materialismo”.
1) Explique estes pensamentos.
2)Faça corresponder a cada um dos cinco elementos da filosofia chinesa do Feng Shui e do taoísmo, o respectivo ponto cardeal, animal, campo de vida (profissão, casamento, etc), cor, sentido humano (audição, visão, etc.), estação do ano, hora do dia, percentagem de yang (jovem, velho) e de yin, e aplique a lei da contradição principal a esse conjunto
.3)Relacione, justificando:
A) Dharmas, eu e impermanência, no budismo.
B) Ser fora de si, alienação e panteísmo, na doutrina de Hegel sobre a ideia absoluta.
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES
1) O rito é um conjunto de gestos e cerimónias (exemplo: a missa dos católicos, o passar as contas de um rosário entre as mãos dos budistas) que visam reacender os mitos sagrados do princípio do mundo, isto é, as cenas lendárias dos deuses, anjos, demónios ou antepassados de uma tribo ou povo. O partir do pão (rito) na missa católica evoca ou põe na ordem do dia a morte de Cristo na cruz (mito). Transcendência é estar fora de ou além de e neste contexto mito da transcendência significa o mito que fala de seres sobrenaturais, em regra deuses que criam o mundo ou nele intervêm. (VALE TRÊS VALORES). O realismo crítico é a teoria que afirma que há um mundo material anterior às mentes humanas e independente destas que o captam de maneira distorcida. O realismo crítico em Descartes consiste em postular o seguinte: há um mundo de matéria exterior às mentes humanas, feito só de qualidades primárias, objetivas, isto é, forma, tamanho, número, movimento. As cores, os cheiros, os sons, sabores, o quente e o frio só existem no interior da minha mente, do organismo do sujeito, pois resultam de movimentos vibratórios de partículas exteriores já que o mundo exterior é apenas composto de formas, movimentos e tamanhos. Ora esta teoria é compatível com o materialismo, doutrina que afirma que a matéria é o princípio eterno do mundo, que Deus e deuses não existem nem almas no «Além», e que o espírito é uma forma subtil de matéria. É também compatível com a maioria das formas de espiritualismo, doutrina que afirma que o espírito (Deus, deuses, espíritos humanos) é eterno ou criador do universo de matéria e que esta deriva do espírito. (VALE QUATRO VALORES)
2) Os cinco elementos da filosofia chinesa do taoísmo são: madeira, fogo, terra, metal e água. As correspondências de cada um são:
MADEIRA. Este. Dragão verde. Crescimento, família. Cor verde. Visão. Nascer do sol. Jovem Yang.
FOGO. Sul. Fénix. Fama. Fala. Verão. meio dia, velho Yang (máximo Yang ou máxima luz e calor).
TERRA. Sudoeste (ou Centro, segundo algumas interpretações). Serpente. Cor: amarelo. Fim do verão. Casamento, amores. Sabor. Meio da tarde. Igual proporção de Yang e Yin.
METAL. Oeste. Tigre branco. A criatividade, os filhos. O olfato. Outono. Cor branca. Pôr do sol. Jovem yin (algum frio e humidade).
ÁGUA. Norte. Tartaruga negra. A profissão, os negócios. Audição. Inverno. Meia noite, velho Yi ( máximo Yin ou máxima escuridão e frio).
A lei da contradição principal diz que um sistema de múltiplas contradições pode ser reduzido a uma só, organizando-as em dois blocos, podendo haver uma ou outra contradição na zona neutra. Assim podemos, por exemplo, colocar de um lado o bloco Yang (Madeira/primavera ; Fogo/Verão) e do outro lado o bloco Yin (Metal/ Outono, Água/Inverno), ficando na zona neutra a Terra/Fim do Verão na qual Yang e Yin se equilibram. Há outras maneiras de estruturar a contradição principal. (VALE SEIS VALORES)
3) A) Dharma em sentido geral significa Lei da Natureza. Dharmas em sentido particular são as qualidades físicas, psíquicas e intelectuais que, por assim dizer, flutuam no cosmos como átomos, sem sujeito, e se juntam para formar o eu mutável, a personalidade de uma pessoa. Assim a cor dos olhos, a forma do rosto e do corpo, as sensações de prazer e dor, os impulsos sentimentais, a consciência são dharmas que formam o eu em mudança ou impermanência de cada um: quem fica cego perdeu o dharma da visão, quem fica em coma perdeu o dharma da consciência. O eu é impermanente, na verdade nem existe, porque os dharmas que o formam mudam a cada instante, embora haja um eu superior, o Atmã, destituído de dharmas e imortal. (VALE QUATRO VALORES)
3-B) O ser fora de si é a segunda fase da ideia absoluta: Deus, que era ser em si, pensamento puro, alienou-se em matéria física, isto é, separou-se de si mesmo enquanto espírito pensante, transformou-se em espaço, tempo, em astros, montanhas, rios, plantas e animais. Isto é panteísmo, doutrina que afirma que a natureza biofísica é divina: o sol e a lua são olhos de Deus, os mares são a linfa de Deus, erc. (VALE TRÊS VALORES).
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Os conteúdos deste teste de filosofia referentes a alquimia, cabala e princípio das correspondências macrocosmos-microcosmos integram-se na rubrica «Os grandes temas da filosofia» e são relativos a uma visita de estudo ao centro histórico de Sevilha em que se fará hermenêutica de monumentos antigos e seus pormenores artísticos.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA B
4 de Fevereiro de 2016. Professor: Francisco Queiroz.
I
“A filosofia da alquimia sustenta a divisa «solve e coagula» e a existência de três princípios/ substâncias do universo material. O templo cristão na idade média foi construído segundo o princípio das correspondências microcosmo-macrocosmo. O não agir do taoísmo exige não só a percepção empírica mas também o conceito empírico e a intuição inteligível".
1) Explique, concretamente este texto.
2) Relacione, justificando:
A) Seis esferas da árvore cabalística das Sefirós, as respectivas qualidades, cores e planetas associados a cada uma, e a planta do templo cristão medieval.
B) As quatro fases do processo alquímico e respectivas aves, por um lado, realismo e idealismo, por outro lado
C)Agir por dever e agir em conformidade com o dever em Kant e três partes da alma na teoria de Platão
D) Máxima e imperativo categórico em Kant e o princípio moral do utilitarismo em Stuart Mill.
3) O que é e para que serve a filosofia? Tem o direito de gerar metafísica? É dogmática? É céptica? É objetiva? É subjetiva?
Disserte sobre isto (mínimo: 7 linhas).
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES
1) A filosofia da alquimia, doutrina esotérica, hermética que sustenta o processo da Grande Obra ou criação laboratorial da pedra filosofal que concederia a imortalidade ao homem, dotando-o de um corpo astral desmaterializado como o mítico Adão Kadmon (metade homem e metade mulher), defende que há três princípios/ substâncias originárias do universo, o enxofre ou homem vermelho (princípio masculino), sólido, o mercúrio filosófico ou mulher branca (princípio feminino), volátil, e o sal, neutro. A divisa «solve e coagula» significa dissolver o enxofre, sólido, e coagular o mercúrio líquido ou gasoso que se esparge pelas esferas celestes de forma a obter o equilíbrio e a pedra filosofal, ou lapis vermelho (VALE TRÊS VALORES). O princípio das correspondências microcosmo-microcosmo da filosofia hermética sustenta que o que está em baixo é como o que está em cima, há uma analogia entre o microcosmo ou pequeno universo e o macrocosmo ou grande universo. Assim, o templo cristão da idade média obedeceu a essa lei: o macrocosmos seria um corpo gigantesco de Cristo de braços abertos que atravessaria o universo inteiro e o templo a construir seria um macrocosmos que imitaria, em forma de cruz, esse corpo macrocósmicos. A abside do templo, orientada a Este, ponto cardeal onde nasce o Sol (Cristo é o Sol espiritual) equivale à cabeça, o transepto aos braços abertos, o altar ao coração, as naves ao tronco e pernas de Cristo. (VALE DOIS VALORES) O não agir do taoísmo, isto é, o quietismo ético, doutrina que incita a ser contemplativo, a levar a vida simples de um camponês ou de um artesão e a desprezar a política, as expedições militares e as guerras, os grandes negócios e títulos universitários, exige a percepção empírica, isto é, ver tocar, saborear coisas e situações, o conceito empírico, isto é, a ideia extraída de percepções sensoriais (exemplo: o conceito empírico de guerra é abstraído das percepções de casas destruídas por bombas, corpos ensanguentados nas ruas, disparos ou espadeiradas contra pessoas). Exige também a intuição inteligível isto é um flash ou iluminação metafísica (exemplo: a intuição de que a maior virtude é seguir o Tao, o ritmo natural dos dias e das noites, etc). (VALE TRÊS VALORES)
2) A) A árvore das Sefirós (Esferas) é o diagrama do universo, segundo a Cabala (ensinamento secreto) judaica, uma «heresia» do judaísmo como religião de massas. Essa árvore de 10 esferas, que são 10 qualidades manifestas de Deus, é composta de um hexágono em cima, um triângulo debaixo deste e um ponto isolado no fundo. Podemos aplicar este diagrama à planta em cruz da catedral cristã fazendo coincidir Kéther, a primeira Sefiró, com a abside do templo, Binan e Guevurah com a extremidade esquerda do transepto, Hockman e Chesed com a extremidade direita do transpeto, Tiferet com o altar no pilar central.
KÉTHER (Coroa)
Planeta: Úrano
Esfera nº 1
Cor : Indefinida
BINAH: CHOCKMAH
Esfera nº 2 Esfera nº 3
Inteligência Sabedoria
Feminina Masculina
Saturno Neptuno
Cor Negra Cor iridescente
GUEVURAH CHESED
Esfera nº 5 Esfera nº 4
Justiça Misericórdia
Marte Júpiter
Cor: Vermelho Cor Azul
THIPHERET
Esfera nº 6.
Beleza.
Sol
Cor: amarelo ouro.
(VALE TRÊS VALORES)
B) As quatro fases da Grande Obra Alquímica que visa produzir o elixir da longa vida ou pedra filosofal em laboratório são: nigredo, ou fase negra, da putrefação da matéria transformada no laboratório a que corresponde o corvo; albedo, ou fase branca de separação das impurezas, a ave é o cisne; citredo, ou fase multicolor, de alguma dominancia do amarelo limão, a ave é o pavão; rubedo, ou fase vermelha na qual se dá a produção da pedra filosofal cuja ave é a fénix. O realismo é a corrente ontológica que sustenta que a matéria existe em si mesma fora dos espíritos humanos. Parece corresponder à realidade dos processos alquímicos, com as retortas, o atanor (forno), etc. O idealismo é a corrente ontológica que diz que o universo de matéria não passa de um conjunto de ideias ou percepções empíricas dentro da imensa mente de um ou vários indivíduos humanos.A alquimia tanto pode ser encarada de um ponto de vista realista (exemplo: o atanor ou forno do alquimista é real, está ali, etc) como do ponto de vista idealista ontológico (exemplo: o mundo material e o laboratório não passam de um sonho). (VALE TRÊS VALORES).
2-C) Agir por dever, na doutrina de Kant, é universalizar a sua máxima ou princípio subjetivo, agir de acordo com o imperativo categórico que cada um gera no seu eu racional: trata cada ser humano como um fim em si mesmo, alguém digno de respeito, e nunca como um meio para chegares a fins egoístas. Isto liga-se ao Nous ou parte superior, racional, da alma humana, em Platão, que contempla os arquétipos e dirige os filósofos.reis que vivem colectivamente, sem ouro nem prata, numa casa do Estado e fazem as leis. Também se liga ao Tumus ou parte intermédia da alma que representa o valor militar dos guerreiros, auxiliares dos filósofos-reis.
Agir em conformidade com o dever é cumprir a lei do Estado por medo de ser punido e liga-se à parte inferior da alma humana, a epythimia ou concupiscência, sede dos prazeres egoístas de enriquecer materialmente com ouro e prata, comer requintadamente, desfrutar vida luxuosa, etc. " (VALE DOIS VALORES).
2-D- O imperativo categórico ou verdadeira lei moral postula: «Age como se quisesses que a tua ação fosse uma lei universal da natureza». Resulta da universalização da máxima, da aplicação equitativa do princípio subjectivo moral de cada um ou máxima. Exemplo: se a minha máxima é «Combato a vacinação obrigatória porque as vacinas infectam o organismo» o meu imperativo categórico será «Vou difundir a ideia de que a vacinação é nociva e não me vacinarei nem as minhas filhas, quaiquer que sejam as sanções contra mim.» O princípio moral de Stuart Mill é, em cada situação, promover a felicidade da maioria das pessoas, mesmo sacrificando a minoria. Em regra, isto opõ-se ao imperativo categórico de Kant que é absolutamente equitativo e trata por igual todos os indivíduos. (VALE DOIS VALORES).
3) A filosofia é uma interpretação livre ou o conjunto das interpretações livres do mundo, dotadas de variáveis graus de especulação (teorização de assuntos difíceis ou impossíveis de demonstrar objectivamente). Naturalmente, gera metafísica, isto é, doutrina sobre os entes e fenómenos invisíveis e imperceptíveis, imaginários ou reais do universo (deuses, reencarnação, buracos negros do universo, ) e sobre as causas primeiras da vida e o sentido desta. A filosofia é dogmática, assenta em certezas, e simultaneamente é cética, instala-se na dúvida. É ao mesmo tempo objectiva (exemplo: os três mundos em Platão são objectivos no sentido em que podem ser compreendidos por toda a gente) e subjectiva na medida em que cada pessoa tem uma filosofia própria diferente das outras pessoas. (VALE DOIS VALORES).
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Eis um teste de filosofia numa perspectiva que ultrapassa o modelo de testes dos manuais escolares da chamada «filosofia analítica» que se limita quase só à análise lógica da linguagem e à ética, ignorando quase todos os grandes problemas da ontologia e da metafísica.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA B
10 de Dezembro de 2015.
Professor: Francisco Queiroz
I
“Os movimentos dos corpos no mundo sublunar e no mundo celeste, em Aristóteles, são teleológicos e Deus segundo o mesmo filósofo, é o acto puro (energeia), não tem potência (dynamis). Lao Tse, filósofo do taoísmo, entendia a dualidade Yang-Yin e escreveu que «aquele que se dedica ao Tao vai diminuindo sempre até chegar ao não agir e pelo não agir nada há que se não faça.»
1)Explique, concretamente este texto.
2)Mostre as diferenças entre determinismo com livre-arbítrio («moderado»), determinismo sem livre-arbítrio («radical»), indeterminismo (biofísico) com livre-arbítrio e fatalismo.
3)Defina radicalidade filosófica, explanando os quatro passos gnosiológicos do racionalismo de Descartes desde a dúvida absoluta.ou hiperbólica até à certeza do mundo exterior.
4)Relacione, justificando;
A) Percepção empírica, conceito e juízo.
B) Esfera dos valores espirituais e esfera dos valores vitais e sentimentais na teoria de Max Scheler.
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA UM MÁXIMO DE 20 VALORES
1) Segundo Aristóteles, o mundo sublunar era composto de quatro esferas concêntricas - Terra, Água, Ar e Fogo - e os corpos existentes neste mundo são dotados de movimentos teleológicos, isto é, com finalidades (télos significa finalidade) inteligentes: os corpos movem-se no sentido de regressar à origem, à esfera do seu constituinte principal (exemplo: a pedra largada no ar cai porque deseja regressar ao seu lugar de origem, a mãe Terra). No mundo celeste, de 54 esferas de cristal, incorruptíveis, estas giram porque a finalidade dos planetas e estrelas incrustados nelas é atingir Deus, o motor imóvel, espírito puro, que se encontra fora do universo e não criou este. Deus é acto puro, isto é, realidade presente, não tem potência, isto é, capacidade de mudar e vir a ser algo diferente, porque é perfeito em absoluto, não carece de aperfeiçoamento. (ESTA PRIMEIRA PARTE VALE TRÊS VALORES). O taoísmo preconiza que a Mãe do Universo é o Tao, um ritmo sinusoidal do universo que se compõe de duas ondas (dualismo), Yang ( alto, avanço do mar, expansão, luz do dia, fogo, verão) e Yin (baixo, recuo do mar, contração, escuridão da noite, água, inverno) Lao Tse entendia por não agir o levar a vida sem ambições políticas, económicas, profissionais de renome, isto é, dedicar-se a trabalhos agrícolas de autosubsistência, contemplar o céu e o curso das estações do ano, ficar quieto em sua casa, Por isso aquele que se dedica ao Tao ou ritmo ondulatório do universo vai diminuindo em notoriedade pública já que não vai à universidade nem frequenta altos negócios nem os círculos políticos influentes. Através desse não agir, isto é, quietismo, ele consegue tudo: saúde, paz, alegria no trabalho, reflexão filosófica. (VALE TRÊS VALORES)
2) Determinismo com livre-arbítrio (vulgo: determinismo moderado) é a teoria segundo a qual, na natureza, as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos e o homem dispõe de liberdade racional de escolha (livre-arbítrio). Exemplo: um homem decide, racionalmente, atirar-se do alto de um avião em páraquedas, sabendo que se sujeita ao determinismo na lei da gravidade, que o faz cair para a Terra. Determinismo sem livre-arbítrio (vulgo: determinismo radical) é a teoria segundo a qual, na natureza, as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos e o homem não dispõe de liberdade racional de escolha (livre-arbítrio). Exemplo: movido por uma força irracional, sem liberdade de escolha, um homem atira-se do alto de um arranha-céus, sujeitando-se determinismo na lei da gravidade, que o faz cair para a Terra e morrer esmagado. Indeterminismo com livre-arbítrio é a teoria segundo a qual, na natureza, as mesmas causas não produzem sempre os mesmos efeitos e o homem não dispõe de liberdade racional de escolha (livre-arbítrio). Exemplo: beber água nem sempre faz funcionar os rins, às vezes paralisa-os (indeterminismo) e um grupo de pessoas ingere água por motivo de uma sede abrasadora, por decisão livre e meditada. Fatalismo é a teoria segundo a qual tudo na vida está predestinado e os homens não dispõem de livre-arbítrio nem existe o acaso. (VALE TRÊS VALORES).
.2) A radicalidade filosófica consiste no poder de a filosofia ir à raíz dos problemas, destruindo certezas do senso comum e inventando hipóteses e teses incomuns, especulativas. Os quatro passos do raciocínio de Descartes são pautados pelo racionalismo, doutrina que afirma que a verdade procede do raciocínio, das ideias da razão e não dos sentidos, racionalismo esse que é uma forma de radicalidade filosófica:
1º Dúvida hiperbólica ou Cepticismo Absoluto( «Uma vez que quando sonho tudo me parece real, como se estivesse acordado, e afinal os sentidos me enganam, duvido da existência do mundo, das verdades da ciência, de Deus e até de mim mesmo »).
2º Idealismo solipsista («No meio deste oceano de dúvidas, atinjo uma certeza fundamental: «Penso, logo existo» como mente, ainda que o meu corpo e todo o resto do mundo sejam falsos»).
3º Idealismo não solipsista («Se penso tem de haver alguém mais perfeito que eu que me deu a perfeição do pensar, logo Deus existe).
4º Realismo crítico («Se Deus existe, não consentirá que eu me engane em tudo o que vejo, sinto e ouço, logo o mundo de matéria, feito só de qualidades primárias, objetivas, isto é, de figuras, tamanhos, números, movimentos, existe fora de mim»). Realismo crítico é a teoria gnosiológica segundo a qual há um mundo de matéria exterior ao espírito humano e este não capta esse mundo como é. Descartes, realista crítico, sustentava que as qualidades secundárias, subjectivas, isto é, as cores, os cheiros, os sons, sabores, o quente e o frio só existem no interior da mente, do organismo do sujeito, pois resultam de movimentos vibratórios exteriores e que o mundo exterior é apenas composto de formas, movimentos e tamanhos e uma matéria indeterminada. (VALE CINCO VALORES).
4-A) A percepção empírica é um conjunto organizado de sensações visuais, tácteis, olfativas, térmicas, sonoras, etc. Exemplo: vejo e cheiro esta rosa vermelha. O conceito é a ideia de uma qualidade ou coisa ou classe de coisas, obtida geralmente por comparação e abstração de percepções empíricas similares. Exemplo: vejo várias rosas, fecho os olhos, e formo, no intelecto, a imagem abstrata de uma rosa vermelha. O juízo é uma afirmação ou negação, ligando dois ou mais conceitos através de uma forma verbal. Exemplo: A rosa é vermelha.
4. B) A esfera dos valores espirituais, na concepção de Scheler, engloba os valores estéticos (belo e feio), éticos ( bom e mau, justo e injusto), jurídicos (legal, ilegal; justo, injusto), filosóficos (verdade e erro) científicos (verdade e erro por referência, isto é, na experiência, no pragmatismo). Há valor de coisa - por exemplo, o quadro Mona Lisa de Leonardo da Vinci - valor de função - no exemplo olhar o quadro, apreciar o sorriso de Mona Lisa - e valor de estado - no exemplo: a felicidade resultante dessa contemplação visual.
A esfera ou modalidade dos valores vitais e sentimentais engloba os valores anímicos: o nobre e o vulgar, o amor e o ódio, o ciúme e a indiferença, o sentimento de juventude e o sentimento de velhice, o sentimento de vitória e o sentimento de derrota, a coragem e a cobardia.
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Eis um teste de filosofia do 11º ano de escolaridade em Portugal, evitando as perguntas de escolha múltipla em que o aluno coloca um X na hipótese que supõe estar certa e fica dispensado de explanar as suas ideias num corpo discursivo coerente.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B
11 de Março de 2015. Professor: Francisco Queiroz
“
.”.A ciência é a nossa religião. O que sucede no seu interior é a Boa Nova (Evangelho). O que sucede extramuros de ela são idiotices pagãs… A força motriz (das ciências actuais, originadas no século XVII) foi o nascimento de novas classes que se tinham visto excluídas do campo do conhecimento e que converteram a dita exclusão em proveito próprio, afirmando que o conhecimento era o que elas possuíam, e não o dos seus adversários. Uma vez mais esta ideia foi aceite por todos, nas artes, na ciência, na religião, até ao ponto de que hoje temos uma religião sem ontologia, uma arte sem conteúdos, e uma ciência sem sentido». (Paul Feyerabend, Diálogo sobre o método).
1) Explique estes pensamentos de Feyerabend, integrando a noção de IDEOLOGIA .
2) Explique, como, segundo a gnosiologia de Kant, se formam o fenómeno GALO, o conceito empírico de GALO.
3)Relacione, justificando:
A) Categorias e antinomias da razão em Kant e conjecturas em Popper.
B) Inteligência do homem primitivo do mito, inteligência do cientista do século XX, métodos da ciência, na perspectiva do anarquismo epistemológico em Paul Feyerabend.
C) Dualismo Yang-Yin, quatro forças fundamentais da natureza, realismo/idealismo não solipsista.
CORRECÇÃO DO TESTE ESCRITO (COTADO PARA 20 VALORES)
1)«A ciência é a nossa religião» significa que a mentalidade científica actual é dogmática como a teologia, acreditando em dogmas que não podem ser postos em causa, como por exemplo, « O Big Bang deu-se há 15 000 milhões de anos e foi o começo do universo», «as vacinas conferem imunidade», «os astros não comandam o comportamento humano». Os cientistas de hoje são os bispos e papas da nova religião da ciência. As ciências actuais nasceram com o emergir da burguesia industrial e financeira actual e por isso estão impregnadas de ideologia - sistema de ideias e valores de uma classe social- neste caso, a burguesia. A ciência e a tecnologia do automóvel como veículo de transporte individual ou familiar insere-se na ideologia individualista da burguesia: «Enriquece, compra um carro próprio, viaja livremente».
Que significa dizer que hoje temos uma religião sem ontologia? Significa que temos um conjunto de ritos cujo simbolismo profundo já perdemos, em cuja filosofia original já não penetramos. Por exemplo, ignoramos que o facto de a pia de baptismo de antigas igrejas e catedrais ser octogonal é porque o oito significava a oitava esfera que, em alguma gnose, era a esfera de Sofia, a Virgem Maria do cristianismo, a Stela Maris representada na rosa dos ventos ou estrela de oito pontas que orientava os navegantes (as almas) perdidos . Constroem-se hoje igrejas com uma arquitectura moderna ignorando o número de oiro (1,618), número mágico de proporção entre o comprimento e a largura e a altura de um compartimento. Que significa dizer que hoje impera uma arte sem conteúdos? Significa, por exemplo, que uma tela branca salpicada de pontos vermelhos é um quadro sem conteúdo, um significante sem significado. Que significa dizer que há uma ciência sem sentido? Significa, por exemplo, que há uma medicina que não percebe o sentido da febre - acção de autodefesa do organismo, expulsando as toxinas através do suor ou de urinas escuras - e manda reprimir os sintomas, tomando anti piréticos. (VALE QUATRO VALORES).
2) Segundo a gnoseologia de Kant, o fenómeno galo forma-se na sensibilidade, no espaço exterior ao meu corpo físico, do seguinte modo: de '«fora» da sensibilidade, os númenos afectam esta fazendo nascer nela um caos de matéria (exemplo: madeira, ferro, areia, etc, em um magma) que as duas formas a priori da sensibilidade, o espaço (com figuras geométricas) e o tempo (com a duração, a sucessão e a simultaneidade) moldam, fazendo nascer uma ou mais fenómenos de galos. O entendimento, com as categorias de unidade, pluralidade, necessidade, confere consistência ao fenómeno galo. Não existe númeno galo, galo é fenómeno na sua totalidade.
O conceito de galo forma-se no entendimento, faculdade que pensa mas não sente, do seguinte modo: a imaginação, situada entre a sensibilidade e o entendimento, transporta desde aquela a este as imagens de galo e as categorias do entendimento de pluralidade e unidade recebem as diversas imagens e transformam-na numa só imagem abstracta, o conceito empírico de galo. (VALE QUATRO VALORES)
3)A) As categorias ou conceitos puros são estruturas a priori do entendimento como por exemplo: unidade, pluralidade, necessidade-contingência. A razão, segundo Kant,dado que não se apoia em factos empíricos, e se aventura no desconhecido, especulando, gera a antinomia - as afirmações contrárias entre si - «O mundo teve um princípio, o mundo nunca principiou» sem conseguir chegar a uma conclusão. Ora ambas estas coisas se conjugam com a teoria de Popper segundo a qual as teses das ciências empíricas são conjecturas, isto é suposições, sujeitas à falsificabilidade e revisibilidade: a categoria de realidade entrou na formulação da conjectura «O número atómico do enxofre é dezasseis»; estando a conjectura marcada pelo cepticismo, ela condiz, por exemplo, com a antinomia «o mundo é eterno, o mundo não é eterno» (QUATRO VALORES).
3) B) A inteligência do homo sapiens primitivo do mito é holística: ligado à natureza, percebendo o bater do relógio cósmico, o primitivo escuta o silêncio e rejeita uma civilização de tecnologia avançada em que milhares de automóveis atravessam a cada minuto as ruas de uma cidade, os túneis e viadutos, fazendo ruído e poluindo o ar com gases. A medicina natural do primitivo, com a utilização de plantas curativas que purificam o sangue e qualquer orgão do corpo, e reflectida ainda na medicina dos séculos XVII-XIX que usava métodos tradicionais como medir as pulsações, ou utilizar as sanguessugas para chuparem sangue das pessoas e reduzir osa riscos de AVC, opõe-se de certo modo à medicina actual, cheia de análises, biópsias e radiografias que Feyerabend classifica como «estupidez». A inteligência do cientista do século XX é, para Feyerabend, fragmentária, de um racionalismo deficiente porque não apreende a realidade como um todo físico e metafísico. Para Feyerabend, a dança da chuva feita por povos indígenas do México funciona desde que feita invocando os deuses com sinceridade e com o ritualismo apropriado mas para o cientista universitário actual é «mera estupidez», «crença anticientífica».
Feyerabend diz que há múltiplos métodos válidos, incluindo os das ciências tradicionais que deveriam entrar as universidades e ter tanto estatuto como as tecnociências que lá estão instaladas: a cura pelos cristais, a cura pelas pirâmides, a fitoterapia, o feng shui, a acupunctura, a astrologia, etc, são tão ou mais importantes que os raios laser, as cirurgias, as análises laboratoriais. Isto é o anarquismo epistemológico, a ausência de doutrinas-chefes: todas estão ao mesmo nível de poder social, não há um conjunto de ciências «superiores» que excluem as outras rotulando-as de «atrasadas, anticentíficas, perigosas» e absorvem os financiamentos estatais e privados. (VALE QUATRO VALORES).
3-C) O dualismo Yang Yin, segundo o taoísmo, é a luta de contrários que constitui a estrutura da vida e do universo: Yang é luz, calor, movimento, verão, fluxo da onda, dia, expansão, som, masculino; Yin é escuridão, frio, repouso, inverno, refluxo da onda, noite, contração, silêncio, feminino. O electromagnetismo, uma das quatro forças fundamentais da natureza, - as outras são a gravidade, a força fraca e a força fraca - comportando a luz, os raios X e o microondas, é yang porque expande, projecta longe as partículas ao passo que a gravidade é yin, porque atrai, puxa para dentro. A força nuclear forte que agrega protões e neutrões é yin, mantém o núcleo coeso, ao passo que a força nuclear fraca é yang visto que desintegra o núcleo produzindo radioactividade . O realismo é a teoria que sustenta que há um mundo de matéria fora das mentes humanas e pode ser considerado espacialmente yang porque está fora. O idealismo não solipsista é a teoria que sustenta que apenas existem muitas mentes humanas e cada uma delas inventa um mundo material irreal dentro dela e pode ser considerado yin porque a matéria está dentro da mente. (VALE QUATRO VALORES).
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