Segunda-feira, 11 de Setembro de 2017
O sublime moral para Schopenhauer

 

A noção de sublime como algo grandioso que reduz cada indivíduo que o experimenta a um ser insignificante é comum a Kant (Königsberg, 23 de Abril de 1724; Königsberg, 12 de Fevereiro de 1804) e ao seu discípulo Schopenhauer (Danzig, 22 de Fevereiro de 1788- Frankfurt, 21 de Setembro de 1860), ambos idealistas, filósofos que reduzem o mundo material a um conjunto de percepções e conceitos empíricos irreais por si mesmos.

 

Kant identificou três categorias do sublime: o sublime magnífico (exemplo: um palácio de paredes revestidas a oiro e pedras preciosas); o sublime nobre (exemplo: uma catedral gótica vazia de decorações, simples e espiritual); o sublime terrível (exemplo: rios de lava escorrendo de um vulcão, a visão do inferno povoado de demónios e almas humanas a arder como em 13 de Julho de 1917 a Virgem Maria terá, supostamente, dado aos 3 pastorinhos de Fátima). Escreveu Schopenhauer:

 

«Muitos dos objectos da nossa intuição provocam o sentimento do sublime, pelo facto de que, por causa da sua grande extensão, da sua grande antiguidade, da sua longa duração, nós sentimo-nos, perante eles, reduzidos a nada e absorvemo-nos apesar de tudo no gozo de os contemplar: a esta categoria pertencem as montanhas muito altas, as pirâmides do Egipto, as ruínas colossais da antiguidade.»

 

«A nossa teoria do sublime aplica-se igualmente ao domínio moral, particularmente àquilo que se chama um carácter sublime. Aqui, ainda, o sublime resulta do facto de a vontade não se deixar atingir de modo nenhum pelos objectos que parecem destinados a abalá-la, mas pelo contrário, o conhecimento conserva sempre a supremacia. Um homem com tal carácter considerará, portanto, os homens de uma maneira objectiva, sem ter em conta as relações que eles podem ter com a sua própria vontade; ele notará, por exemplo, os seus vícios, mesmo o ódio e a injustiça em relação a si, sem ser por isso tentado a detestá-los por sua vez; verá a felicidade deles sem a conceber com inveja; reconhecerá as suas boas qualidades, sem, contudo, querer entrar mais na sua intimidade; perceberá a beleza das mulheres, mas não as desejará. » (Arthur Schopenhauer,O mundo como vontade e representação, Editora Rés, pp 270-271, o bold é posto por nós).

 

Isto corresponde, pelo menos aparentemente, ao estado de ataraxia (ausência de paixões de amor ou ódio, de ressentimentos e desejos de vingança e de poder sobre os outros) dos antigos filósofos gregos estóicos e epicuristas.

 

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Sábado, 2 de Junho de 2012
Teste de Filosofia do 10º ano de escolaridade (3º período)

 

Eis um teste de filosofia para o 10º ano da escolaridade em Portugal para o terceiro período lectivo, inspirado no princípio da substancialidade inteligente dos conteúdos: deve dar-se aos alunos múltiplos conteúdos filosóficos, definições claras, ricas e precisas, porque o filosofar não se alimenta do vazio e da vagueza, e deve-se pedir aos alunos que relacionem esses conteúdos.

 

A grande maioria dos professores de filosofia em Portugal, subsidiária dos clichés da lógica proposicional e de obtusos autores de manuais da linha filosófica "analítica", poderia ensinar muito melhor os seus alunos se pensasse em profundidade, dominasse os conceitos substanciais e ampliasse o horizonte de conteúdos a leccionar. Por exemplo, quantos professores sabem distinguir realismo crítico de realismo natural, em gnosiologia? Poucos...Por isso, expor com clareza conteúdos (exemplos: vitalismo, mecanicismo, leis da dialética, teoria dos três mundos em Platão, teorias aristotélicas da forma e da matéria, do acto e da potência, das quatro causas de um ente, estoicismo de Marco Aurélio, taoísmo, hegelianismo) é muito mais importante do que dar regras ou formas vazias (tabelas de verdade, derivações, etc) porque os conteúdos encerram ideias, teses substanciais e só isso permite o pensamento autêntico.

Vejamos o teste, centrado na Dimensão Estética:

 

Escola Secundária Diogo de Gouveia com 3º Ciclo, Beja

 

 

TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA A

 

  Maio de 2012.            Professor: Francisco Queiroz   

 

I

 

“O carácter heterocósmico da obra de arte liga-se ao facto de esta ser símbolo. A teoria da cor em Hegel exprime o realismo crítico deste e nessa teoria  o azul e o vermelho desempenham funções diferentes na pintura medieval e renascentista. Objectivismo estético não implica necessariamente realismo estético. Kant postulou três modalidades do sublime, que se distingue do belo

 

 

 

1) Explique, concretamente, cada uma destas frases.

 

                                                        II

 

2) Relacione, justificando:

 

 

A) As três fases da ideia absoluta em Hegel e a lei da tríade.

 

B) Artes não plásticas e catarse.

 

C) Cubismo e teoria cosmológica de Pitágoras de Samos.

 

D) Forma e conteúdo na obra de arte, segundo Hegel, e racionalismo/ empirismo.

 

E) Teoria da forma e da matéria-prima universal (hylé), em Aristóteles, e leis do salto qualitativo e dos dois aspectos da contradição.

 

 

III

 

 

 

3)Disserte livremente, a partir do seguinte tema e abordando as seguintes questões e outras que entender:

 

 

 

«A arte. Há obras de arte sem conteúdo? Haverá arte sem arquétipos? É preferível a arte pela arte ou a arte ideológica?  É a razão ou os sentidos ou outra instância a fonte do sentimento estético? A arte é filosófica ou anti-filosófica?

 

  

 

CORREÇÃO DO TESTE (COTADO PARA UM TOTAL DE 20 VALORES)

 

1) O carácter heterocósmico ( hetero significa outro, em grego, e cosmos é um universo ordenado) da obra de arte significa que esta é um mundo à parte da natureza biofísica e ao mesmo tempo um símbolo, isto é, um sinal gráfico-visual, auditivo, etc, de uma realidade ausente, metafísica ou não. Assim, por exemplo, o quadro de Salvador Dali com os relógios dobrados ou derretidos é um outro cosmos, na tela, e simboliza ou representa o passar do tempo de uma maneira diferente ou qualquer outra ideia. (nota: estas frases valem um total de 2 valores). A teoria da cor em Hegel sustenta que a luz é incolor e que a cor nasce da incidência da luz sobre as diferentes escuridades da matéria. Isso já constitui realismo crítico, isto é, doutrina de que há um mundo de matéria fora das nossas mentes que estas não captam tal como é. Realismo crítico em Hegel é também este sustentar que o céu é negro, de dia, embora pareça azul claro devido à dispersão da luz solar ao entrar na atmosfera. O azul é a cor maternal nos quadros renascentistas - a Virgem Maria segurando o menino Jesus, tem manto azul - o vermelho a cor viril da realeza - a Virgem Maria como rainha do céu tem manto vermelho. (nota: estas frases valem um total de 2 valores). Objectivismo estético é a doutrina segundo a qual os valores de belo e feio são os mesmos para todas ou quase todas as pessoas a respeito de cada caso, quer esses valores existam só nas mentes (irrealismo estético) ou no mundo exterior físico (realismo estético) ou mundo exterior arquetípico ( realismo estético platónico).  (nota: estas frases valem um total de 2 valores). Para Kant, o sublime, isto é, o grandioso espiritual, como a filosofia e o masculino, distingue-se do belo, isto é, o pequeno, adornado e perfeito do ponto de vista visual, como a arte da cerâmica e o feminino. O subline divide-se em três modalidades: o sublime nobre, grandioso e simples, como a planície alentejana, ou o mar azul imenso e calmo; o sublime terrível, grandioso e criador de medo ou horror, como um quadro do Inferno do catolicismo ou um precipício imenso à beira do qual estamos; o sublime magnífico, grandioso e repleto de riquezas materiais, adornos, como a basílica de São Pedro e as igrejas barrocas cheias de talha dourada, pratas, mármores raros, etc. (nota: estas frases valem um total de 2 valores; no seu todo, a interpretação do texto da pergunta I vale 8 valores).

 

2) A) As três fases da ideia absoluta em Hegel são: a fase lógica ou do ser em si, que é a ideia absoluta ou Deus antes de criar o universo, o espaço e o tempo ( é a tese da tríade); a fase da natureza ou do ser fora de si, que é a da ideia absoluta alenada em natureza biofísica, Deus transformado em astros, montanhas, árvores, rios, animais, etc, sem reflectir ( é a antítese ou negação da primeira fase); a fase da humanidade ou do ser para si em que a ideia absoluta encarna em homens e sociedades que, ao longo dos séculos se vão espiritualizando grau a grau, através das formas de estado, da arte, da religião e da filosofia (é a síntese ou negação da negação que resume as duas anteriores; neste caso, a humanidade incorpora o espírito da primeira fase e a matéria corporal da segunda). A lei da tríade sustenta que o desenvolvimento se baseia em tese-antítese- síntese ( a resposta vale 2 valores).

 

2) B) As artes não plásticas são aquelas que não se plasmam ou fixam na matéria: música, cinema, poesia, dança, teatro. Em todas estas há a catarsis ou purificação da alma, do espectador e do artista: ao ver uma cena comovente num filme ou no teatro, vêm lágrimas aos olhos de muitos espectadores e isso é catarse; ao ouvir uma música rock ou pop, a pessoa balança o corpo, salta, dança e faz catarse ao libertar emoções. ( vale um valor

 

2) C) O cubismo é uma corrente artística, de inícios do século XX, que transfigura a realidade natural reduzindo-a a figuras geométricas, nomeadamente a cubos, paralelipípedos, cilindros, etc. A cosmologia de Pitágoras de Samos sustenta que o cosmos se formou a partir de figuras geométricas que são números: do vazio veio um ponto (este representa o número um); o ponto desdobrou-se em dois que formam uma recta (esta representa o número dois); da recta sai um ponto que projetando-se sobre ela de infinitos modos tece um plano ( este representa o número três); do plano sai um ponto que projetando-se segundo três rectas gera um tetraedro ou pirâmide de três lados e uma base (esta representa o número quatro). Planos, linhas e pirãmides são comuns à doutrina de Pitágoras e ao cubismo na descrição ou reconstrução dos objectos do mundo real. (vale dois valores).

 

2) D) Para Hegel, a forma da obra de arte é os materiais e os contornos e superfícies que a compõem, e o conteúdo é o ideal e o sentimento que transmite. Assim, a Pietá de Miguel Ángelo tem como forma o mármore e a figuras da Virgem com Cristo morto sobre as coxas e como conteúdo o sofrimento da mãe do Salvador, na perspetiva cristã, e a ideia de que a morte de Cristo redimiu a humanidade dos pecados. A forma da obra de arte liga-se sobretudo ao empirismo, corrente que afirma que quase todas as nossas ideias são cópias empalidecidas das percepções empíricas, porque estas nos mostram a cor do quadro, o mármore da estátua, etc. O conteúdo da obra de arte liga-se sobretudo ao racionalismo, corrente que afirma que muitas das nossas ideias não derivam das percepções empíricas e contrariam estas, porque descobrir o conteúdo, o significado de uma obra de arte, envolve muitas vezes o raciocínio, o pensar reflectido. (vale dois valores)

 

2) E) Segundo Aristóteles, há uma matéria-prima universal (hylé) que ao ser moldada por diversas formas ( a forma de cavalo, a forma de árvore, etc) dá origem a objectos (compostos): esta e aquela árvore, este e aquele cavalo, este e aquele homem, etc. A lei do salto qualitativo diz que a acumulação lenta e gradual de um factor num fenómeno gera um salto brusco de qualidade: assim, podemos imaginar que a forma cavalo começa a introduzir-se lentamente na hylé ou matéria informe até que se dá o salto qualtitativo, o aparecimento de um cavalo físico real. A lei dos dois aspectos diz que numa contradição há dois aspectos em regra desigualmente desenvolvidos: assim, no objecto ou composto cavalo, a forma é o aspecto dominante e a matéria-prima ou hylé é o aspecto dominado. (vale dois valores)

 

3) A resposta é livre, aflorando as perguntas sectoriais dentro da pergunta (vale três valores).

 

Nota para a correção: nas perguntas de relacionação entre dois ou mais conceitos, a cotação para cada resposta dada deve obedecer a um princípio de premiar o aluno que estuda e sabe as definições separadamente: assim deverá receber 50% a 60% da cotação da pergunta desde que defina correctamente os conceitos, embora não consiga interligá-los.

 

 

 

 

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Quarta-feira, 18 de Abril de 2012
Kant: a distinção entre belo e sublime

 

Kant distinguiu o belo do sublime. Parece-me correcto definir o sublime como algo grandioso e perfeito do ponto de vista metafísico e intelectual e o belo como algo pequeno, limitado, perfeito do ponto de vista físico-visual. Convém dizer que o Inferno da mitologia cristã é o sublime terrível: é perfeito enquanto lugar do mal ou seja maximamente imperfeito do ponto de vista do bem. Há portanto uma perfeição em dois sentidos: a perfeição do paraíso e do mundo dos arquétipos de Platão, perfeição do bem, em sentido positivo, e a perfeição dos infernos de Platão ou do catolicismo, com rios de lava levando as almas dos condenados e monstruosos diabos, perfeição do mal, em sentido negativo. Aparentemente pelo menos, o sublime é Yang, expansão, transcendência e o belo é Yin, contração, imanência.

 

Dentro do sublime, Kant distinguiu três modalidades: o sublime terrível que mistura a admiração da grandiosidade com o temor ou o horror (exemplo:um precipício imenso, a cratera de um vulcão a vomitar lava), o sublime nobre em que a admiração da grandiosidade se mistura com a nobreza assente na simplicidade, (exemplo: uma catedral gótica, sem decorações interiores) o sublime magnífico (exemplo: um palácio residencial recoberto a oiro e pedras preciosas). Escreveu:

 

«Os carvalhos altos e a sombra solitária no bosque sagrado são sublimes, as plantações de flores, sebes baixas, e árvores recortadas, formando figuras, são belos. A noite é sublime, o dia é belo. Os temperamentos que possuem o sentimento do sublime, quando a tremulante luz das estrelas rasga a parda sombra da noite e a lua solitária está no horizonte, são atraídos pouco a pouco pela calma silenciosa de uma noite de verão, a sensações supremas de amizade, de desprezo do mundo, de eternidade. O resplendor do dia infunde afãs de actividade e um sentimento de regozijo. O sublime comove, o belo encanta. O semblante do homem que se encontra em pleno sentimento do sublime é sério, às vezes rígido e ensombrado. Pelo contrário, a viva sensação do belo declara-se no olhar pela sua esplendorosa serenidade, por sorrisos rasgados e por um claro regozijo. » (Inmannuel Kant, Observaciones acerca del sentimiento de lo bello y de lo sublime, pag.32)

 

«O sublime há-de ser sempre grande, o belo pode também ser pequeno. O sublime há-de ser simples, o belo há-de ser limpo e adornado. Uma grande altura é sublime do mesmo modo que uma grande profundidade, só que esta vai acompanhada da sensação de estremecimento e aquela de admiração. Pelo que esta sensação pode ser sublime-terrível, e aquela nobre. A basílica de São Pedro em Roma é magnífica. Porque no seu desenho, que é grandioso e simples, está a beleza de tal maneira expandida, como o oiro, os mosaicos, etc, que, sem embargo, a sensação de sublime actua maximamente nele, dando um resultado magnífico. Um arsenal há-de ser nobre e simples, um palácio residencial magnífico, e um palácio de recreio belo e decorado.»

«Um longo período é sublime. Se se trata de um tempo passado é nobre; se se prevê para um futuro incalculável, tem então em si algo de terrível. Um edifício da mais remota antiguidade é venerável.» (Kant, ibid,  pag 34-35; o destaque a negrito é posto por mim)

 

A AMIZADE, O MORENO E A VELHICE SÃO SUBLIMES, O AMOR SEXUAL, O LOIRO E A JUVENTUDE SÃO BELOS

 

 

«O entendimento é sublime, o engenho é belo. A audácia é sublime e grandiosa, a astúcia é pequena mas bela. Cromwell dizia que a precaução é virtude de alcaides. A veracidade e a sinceridade são simples e nobres, a piada e a lisonja complacente são delicadas e belas. (..)

 

«A amizade guarda em si principalmente o carácter do sublime, mas o amor sexual é do belo. (..) A tragédia distingue-se, em meu entender, da comédia principalmente porque na primeira desperta o sentimento do sublime, e na segunda o do belo.» (pag Kant, ibid,  pag 37-38; o destaque a negrito é posto por mim).

 

«Com uma grande estatura ganha-se prestígio e respeito, com uma pequena gana-se melhor a confiança. Até a cor morena e os olhos negros estão mais vinculados ao sublime, e os olhos azuis e a cor loira ao belo. Uma idade um tanto avançada avém-se antes com as características do sublime, mas a juventude com as do belo. (...)»  (Kant, ibid,  pag 39; o destaque a negrito é posto por mim).

 

Se os velhos são, potencialmente, sublimes, devido à sua sabedoria, à profundidade da sua reflexão alicerçada em experiência de vida, há que ter presentes que neles o belo esbate-se, degrada-se, e uma certa fealdade física os caracteriza. Kant não parece ter sublinhado explicitamente esta relação inversamente proporcional entre a sublimidade e a beleza física, ou seja, a proporcionalidade directa entre a sublimidade e a fealdade, no caso dos seres humanos.

 

A FILOSOFIA, RACIONAL E METAFÍSICA, E O HOMEM SÃO SUBLIMES, O SENTIMENTALISMO E A MULHER SÃO BELOS

 

No caso da filosofia, considera sublime o seu pendor metafísico, noológico, e belo mas menor, o seu pendor lógico-sofístico, de que hoje no século XXI a filosofia analítica é o paradigma.

 

«A representação matemática da magnitude imensa do universo, as considerações da metafísica acerca da eternidade, da providência, da imortalidade da alma contêm certa sublimidade e dignidade. Ao contrário, a filosofia também se desfigura, em subtilezas muito vazias, e a aparência de solidez não impede que as quatro figuras de silogismo merecessem ser referidas como deformações grotescas de escola.»

 «Entre as qualidades morais só é sublime a virtude verdadeira. (...) Certo sentimentalismo, que com facilidade se junta a um sentimento de compaixão, é belo e amável, pois manifesta uma benévola participação na sorte de outros homens, à qual levam igualmente os princípios da virtude. Só que esta paixão de bem natural é, sem embargo, débil e sempre cega.»  (Inmanuel Kant, Observaciones acerca del sentimiento de lo bello y de lo sublime, pag. 43-44, Alianza Editorial; .o destaque a negrito é posto por mim)

 

A mulher é associada ao belo - basta pensar na maquilhagem, nos brincos, nos colares e pulseiras, nos cuidados do cabelo, na exuberância da roupa feminina - e o homem ao sublime - pense-se no homem de barba por fazer, desalinhado na roupa, mas com o pensamento em altos ideias abstractos.

 

«A mulher tem um sentimento inato mais intenso para tudo o que é belo, lindo e adornado. Já na sua infância, as meninas desfrutam ao ataviar-se e comprazem-se a embelezar-se. São muito limpas e muito sensíveis a respeito de tudo o que dá asco. (...) O belo sexo tem sem dúvida tanta inteligência quanto o masculino, só que é uma inteligência bela; a nossa deve ser uma inteligência profunda, como expressão para significar o mesmo que sublime .(Inmanuel Kant, Observaciones acerca del sentimiento de lo bello y de lo sublime, pag. 68-69, Alianza Editorial; o destaque a negrito é posto por mim) ».

  

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