Quarta-feira, 5 de Fevereiro de 2020
Teste de filosofia 11º ano (Janeiro de 2020)

 

 

Eis um teste de filosofia gizado por quem não perfilha as erróneas tabelas de verdade da lógica proposicional, esse refúgio dos inaptos para pensar ontologia e metafísica.

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA A-D

30 de Janeiro de 2020. Professor: Francisco Queiroz


I

«Kant distinguiu o belo do sublime, e dividiu este último em três modalidades. Gaston Bachelard teorizou o ultra-objecto. O realismo crítico é uma modalidade do racionalismo

 

1)Explique estes pensamentos.

 

2)Relacione, justificando:

 

A) Falsificabilidade, princípio da testabilidade, corroboração e verificação na teoria de Karl Popper.

 

B) Impressões de sensação, impressões de reflexão, ideias e princípio da permanência em David Hume.

 

C) Objectividade extra anima, objectividade intra anima e subjectividade nas ciências.

 

D) Incomensurabilidade dos paradigmas segundo Khun e o anarquismo epistemológico de Feyerabend.

 

E) Os três níveis de um P.I.C. segundo Imre Lakatos e Acto e Potência em Aristóteles.

 

 3)Onde parece haver maior sublimação: nas artes de Apolo ou nas artes de Diónisos (terminologia de Nietzsche)? Justifique.

 

CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA UM TOTAL DE 20 VALORES

 

1) Kant sustentou que o belo é pequeno, cheio de adornos, de encanto visual como um jardim com canteiros de flores multicolores, como o dia luminoso, como a mulher loura, como a lógica, como a juventude e o sublime é grande, grandioso, metafísico como um bosque alto de carvalhos, como a noite estrelada, como o homem moreno, como a filosofia metafisica, como a velhice. O sentimento do belo existe na faculdade do gosto que não é racional embora universal, existente em todas as pessoas. Kant preconizou haver três formas do sublime: o sublime terrível, como por exemplo, a visão de um vulcão a expelir lava ou de um precipício imenso; o sublime nobre, em que a grandeza se combina com a simplicidade, como uma igreja gótica vazia, sem altares doirados; o sublime magnífico em que a grandeza se mistura com riquezas materiais como um palácio com paredes de ouro ou a capela sistina do Vaticano. (VALE TRÊS VALORES).

 

2) A. Falsificabilidade na teoria de Popper significa duas coisas: o carácter duvidoso das teses das ciências, exceptuando as matemáticas, que embora aceites podem vir a revelar-se falsas; a capacidade de testar experimentalmente (princípio da testabilidade: procura-se mais a excepção do que a regra vigente) ou contestar com novas ideias essas ciências, que não passam de conjecturas, de modo a falsificá-las, substituindo-as por outras. Para Popper é impossível a verificação das teses de uma ciência porque é impossível estudar os milhões de exemplos possíveis (mesmo que se veja só 100 000 cisnes brancos e 20000 cisnes negros, estes últimos existentes na Austrália, nada garante que não existam cisnes de cor azul, é impossível verificar). Portanto, só é possível a corroboração isto é a confirmação de hipóteses com alguns exemplos («Corroboramos que no mundo só há cisnes brancos e cisnes negros»). (A RESPOSTA VALE TRÊS VALORES)

 

2)B. Em David Hume as impressões de sensação são as percepções empíricas em acto (ex: a laranja que  estou a comer ), as impressões de reflexão são memórias das impressões de sensação (ex: lembro-me da laranja que comi), as ideias são cópias desbotadas dessas impressões (ex: a ideia de laranja, formada por abstração da memória). É graças ao princípio da permanência na memória e na imaginação que as ideias surgem e permanecem: a ideia de eu (ilusória), a ideia de alma (ilusória), a ideia de Alentejo e de Lisboa (realidades incognoscíveis em si, não sabemos se há mundo de matéria fora de nós). (VALE DOIS VALORES). 

 

2)C. Objectividade extra anima é a realidade material exterior a nós, fora da alma (anima), patente aos olhos de todos ou quase todos (os cegos não vêem). Exemplo: «Olhem, ali está a ponte Vasco da Gama ligando Lisboa a Alcochete». Objectividade intra anima é a verdade comum consensuada entre um numero infinito de mentes mas não patente no exterior aos olhos de todos. Exemplo: «A matéria compõe-se de átomos, invisíveis. 7x8 é igual a 56». Subjectividade é a verdade íntima de cada um que pode ser considerada mentira por outros. Exemplo: «Sinto que Jesus está no meu quarto quando fecho os olhos e rezo». (VALE DOIS VALORES).

 

2) D. Incomensurabilidade dos paradigmas é a impossibilidade de medir, comparando-os, o valor de paradigmas (modelos científicos) opostos, no global. Assim não podemos saber se a concepção da Terra esférica é superior em valor à concepção da Terra plana, ainda que alguns possam dizer que a primeira é mais exacta porque assente em fotografias tiradas do espaço e a segunda é mais fecunda porque leva a inteligir o cosmos de outra maneira. Paul Feyerabend era anarquista epistemológico, destruía a hegemonia das ciências universitárias capturadas por grupos de cientistas e industriais interessados em lucros e financiamentos estatais: para ele tanto valia a medicina operando com raios laser como o jejum ou o uso adequado de plantas curativas das medicinas tradicionais sagradas. Neste ponto, equipara-se a Kuhn, ao nivelar os paradigmas, o antigo e o contemporâneo. (VALE DOIS VALORES).

 

2)E. Os três níveis de um programa de investigação científica (P.I.C) são para Imre Lakatos: o núcleo duro (hard core), isto é, as teses imutáveis de uma ciência (exemplo: a série de números vai de menos infinito a mais infinito); o cinto protector (protective belt), isto é, as teses susceptíveis de revisibilidade ou eliminação (exemplo: o Big Bang foi o começo de tudo); a heurística, o conjunto de métodos e técnicas de investigação experimental (exemplo: a observação por microscópio, por telescópio, por câmaras em drones, etc.). O acto é para Aristóteles a realidade de algo neste momento e a potência é a realidade futura previsível ou imprevisível. O núcleo duro é só acto, o cinto protector é acto e potência (VALE TRÊS VALORES).

 

3) As artes plásticas - pintura, escultura, arquitectura - são do deus Apolo, deus da ordem e da beleza solar serena, segundo Nietzsche, e as artes não plásticas - música, dança, poesia, teatro - sáo de Diónisos, deus da desordem, das paixões, da embriaguez. Sublimação é espiritualização de um instinto, de uma energia sexual reprimida ou de violência destruidora reprimida. A resposta à questão é variável: pode considerar-se que nas artes de Apolo, caracterizadas por imobilidade e perfeição visual, a sublimação é maior ou também se pode considerar que nas artes dionisíacas como a música ou a poesia a sublimação dos instintos é mais forte que nas apolíneas. (VALE DOIS VALORES).

 

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Quinta-feira, 24 de Julho de 2014
Pequenas reflexões de Julho de 2014

 

O DESAMOR DE UMA MULHER - O desamor de uma mulher em quem eu tenha concentrado a energia da paixão e a correspondente idealização pode deprimir-me por horas, dias. Dói-me imenso a alma porque a mulher é a "coisa" mais linda do mundo e, muitas vezes, a mais irracional, porque se apaixona por um parvalhão qualquer com um carro topo de gama, um mestrado manhoso não sei em quê e roupa de marca, em vez de se apaixonar por um homem inteligente e bom rapaz que lhe oferece rosas e poemas.

 

Nesse contexto de mágoa, passo então rapidamente à adoração mais intensa da Virgem Santa Maria - chama-se a isto sublimação - dispensadora das graças e dos milagres, sempre numa dupla perspectiva, descendente (de concretizar a paixão) ou ascendente (de ficar livre do jugo de qualquer mulher). Mas à carne regressamos sempre depois de as nossas orações baterem na cúpula de uma igreja ou no tecto de nuvens raro sobre a planície alentejana.

 

OS GRANDES FESTIVAIS DE MÚSICA, AS MULTIDÕES, ASSUSTAM-ME. O mundo perde gradualmente o princípio da individuação. Festivais como o Super Bock Super Rock, de dezenas de milhar de pessoas concentradas num vasto recinto numa espécie de «orgasmo musical» colectivo desagradam-me: é a brutalidade do som, a perda da intimidade, etc. Por isso gostei de estar, nesta madrugada de 20 de Julho, a três metros do pequeno palco da Rua dos Espingardeiros em Moura, frente à pizaria Noor, ouvindo as canções andaluzas como que num círculo de amigos, sem o gigantismo das multidões anónimas. Também vivo no Alentejo porque aqui somos poucos, somos pessoas, reconhecíveis, dizemos bom dia e boa tarde na rua. Também escrevo livros contra a corrente, que se vendem muito pouco, porque fico a conhecer os escassos leitores um a um - princípio da individuação.

 

Aliás, os meus livros que grandes editores recusam editar mereceriam a mais ampla divulgação porque são superiores em conteúdo a «O ser e o tempo» de Heidegger ou a «Nome e necessidade» de Saul Kripke: a astrologia histórico-social que produzo, única no mundo, é uma ontologia concreta, diversificada, que abrange a totalidade dos temas. Mas este tempo é o das democracias sequestradas, com debates televisivos filtrados e censurados, com pequenos intelectuais de pacotilha como José Pacheco Pereira, João Miguel Fernandes e Vasco Pulido Valente a ocupar os tempos de antena televisivos ou as colunas de jornais. É um tempo dos medíocres doutorados que troçam do determinismo astro-físico-social, da ideia científica de que tudo está predestinado pelos movimentos dos astros...

Em todas as épocas autores e pensadores geniais foram marginalizados por "inabilidade social" própria ou porque o que anunciavam ia contra os interesses das classes e grupos dominantes.

 

FESTAS DE MOURA,  NOITE DE 19 PARA 20 DE JULHO DE 2014 - Não conheço quase ninguém em Moura cidade, ainda que a minha quinta avó, Francisca Maria Isabel, aí tenha nascido na segunda metade do século XVIII. Gosto sempre de ir às festas da cidade, este ano com um palco enorme no Largo de Santa Comba. Abalo de Beja para Moura às 22.45 horas. Paragem em Serpa. Ao chegar a Moura, com milhares de pessoas nas ruas, vejo o fogo de artifício que rasga o céu durante 25 minutos.

 

No cruzamento da Rua da República com a Rua dos Espingardeiros, em Moura, há um palco onde após as 0.30 horas de 20 de Julho toca um grupo em que o guitarrista é António Palma. Ali quase só se canta música andaluza. Coloco-me perto do palco, ali onde abundam as beldades de 20-24 anos de Moura, Pias, Serpa, Ficalho, Beja, etc Há mulheres muito belas no Alentejo, frutos do trigo, do queijo fresco e de algo mais. (Afinal os verdadeiros intelectuais cotas devem desfrutar de mulheres muito jovens e belas, de 20-25 anos de idade, como prémio da sua actividade). E a mais que tudo ali à beira! Ainda permaneço até ao findar daquele espectáculo musical às 3.00 da madrugada. Volto a Beja, paro o carro em Pias e dormito 10 minutos: são dez para as quatro da manhã.

 

SER RELIGIOSO E SER CIENTÍFICO - Para mim, a religião, sobretudo no sentido de ligação entre a periferia do círculo (a humanidade, cada homem) e o centro (Deus, os deuses) não constitui nenhum refúgio ou obstáculo à mentalidade da ciência (excepto das ciências fragmentárias, falso conhecimento: doutrina da vacinação, uso imoderado dos telemóveis, etc). Quanto mais me abeiro de Deus, através da oração ou do estudo dos movimentos planetários, mais científico, mais conhecedor me torno. Até os meus amores são penetrados pelo fluxo da adoração divina: é preciso ver na mulher amada o reflexo da luz da Virgem Maria ou da deusa Vénus e responsabilizar a Deusa pela sobrevivência desse amor.

 

LANÇAMENTO DA REVISTA EFÉMERA, CANTORIAS E FILOSOFIAS DA EXISTÊNCIA- 17 de Julho de 2014. A partir das 19.45 horas , vamo-nos juntando nove escritores e artistas- Josefina Pinto, Margarida Ramos, Célia Casaca, Luís Contente, António Toscano, António Gonçalves, António Marques, e eu - em um apartamento de Beja. É um jantar em que uns levam camarão, outros frango, outros cogumelos recheados, outros pão alentejano e queijo, outros vinhos, etc. Lembro que foi a 17 de Julho de 1936, que o general Franco voou das Canárias no Dragon Rapide para lançar o golpe fascista que abriria a guerra civil de Espanha. Humor do Toscano. «Então a Efénera lançada hoje está garantida: 50 anos de duração (como o regime de Franco)...»

 

Às 21.01 horas Luís lança na internet o número zero da Efémera, revista de prosa e poesia de que nós, e alguns ausentes, bejenses de origem ou de residência, somos os autores actuais. Luís e Toscano, ambos bons cantores, dedilham a viola e canta-se Rui Veloso, Pink Floyd, Zeca Afonso, etc. Acabei por ler dois sonetos meus inspirados por uma jovem mulher lindíssima a quem amo, sem revelar a identidade, óbvio. Outros lêem outros textos. Muita alegria, catarse, as pessoas soltam-se nos comentários. Somos um círculo literário não institucional em Beja. Um grupo de amigos/as que ama a escrita e ama através da escrita. «Qual é mais importante? O sexo físico em acção ou a cultura?» As opiniões dividem-se. Entramos no palácio de cristal das filosofias, a cada um a sua...

 

Já após as 0 horas e 30 deste 18 de Julho, alguns de nós regressam a casa e ficamos três homens, divorciados (o meu caso) ou separados conjugalmente, a filosofar sobre o amor, o casamento, o viver só e as relações humanas em geral. Um diz: «Conheço um amigo que é casado e tem filhos, boa situação profissional e perguntei-lhe se é feliz, ele disse que não e que se não for passar férias sozinho rebenta. Quase todos os casamentos estão nesta situação: monotonia, relações cristalizadas, mortas. E as pessoas não sabem como sair porque temem as rupturas, as consequências.»
Outro diz: «A nossa situação de homens sós apresenta a vantagem de nos movermos livremente, não termos uma esposa que nos impeça de sair a bares, etc». Eu digo: « Não temos a certeza de nada, em termos de correspondência amorosa da parte da outra pessoa. Eu aposto na divindade: oro à Virgem Maria, aos deuses, de modo a conseguir eternizar a ligação de paixão e fidelidade, ainda que saiba que o destino está escrito e a roda do destino muda as coisas.» Um diz: «A vantagem de fazeres o caminho de Santiago de Compostela é que vais só, descobres-te a ti mesmo na viagem, na solidão que nunca é absoluta porque conheces outras pessoas.»

 

REPETIÇÕES NÃO CASUAIS - Hoje, 16 de Julho, dia em que foram LIBERTADAS de SITUAÇÔES de ESCRAVATURA e ABUSO SEXUAL 458 crianças no México e mais de 400 no Reino Unido, chego às 22.30 ao Jardim do Bacalhau, uma menina de 3 anos corre na minha direção e cai no empedrado, e chora copiosamente. Pego nela ao colo e entrego-a à mãe (ideia de LIBERTAÇÂO DA CRIANÇA). O microscosmos (a minha pequena vida particular) espelha o macrocosmos.

 

OS HOMENS - Seres porcos, em geral. Só pensam em sexo. O amor deles às mulheres é o curto horizonte do baixar a cuequinha à namorada ou à esposa. E as mulheres estão a masculinizar-se... que perigo!

 

REZAR - É essencial rezar quotidianamente a Deus, aos deuses do Bem. Não rezar, não assentar num princípio transcendente e santo, é estar morto, reduzido à matéria. As grandes intuições filosóficas e astrológicas que em mim nasceram atribuo-as à oração, porta de ligação aos deuses, à Virgem Maria, a Cristo, aos eons do Pleroma segundo a gnose de Valentim.
Os iluminati - Bush, Obama, Clinton, Kissinger. Rockfeller , etc- adoram, segundo se diz, o deus Moloch, em particular na quinta de Bohemian Grove: adoram deuses sangrentos que lhes permitem apagar a distinção entre o bem e o mal e levar a cabo este.

 

GOSTAMOS DE NÓS MESMOS- Os outros são apenas extensões do nosso gostar, que é variável, humoral. Não acredites, querida: eu gosto mesmo de ti.

 

MISSA CATÓLICA E DANÇA CÁTARA - Participo, sempre que posso, na missa católica - ainda que rejeite o papado romano, envolto na corrupção, e não consiga pronunciar o «Creio em Deus Pai Todo o Poderoso criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis». A minha filosofia é cátara: o Deus do Bem, o Éon Ingénito, o Pai Eterno não pode ser o autor do mundo da matéria e da carne onde os corpos adoecem, envelhecem, se corrompem e causam dores. onde há assassínios diários, roubos, violações de crianças inocentes; o autor deste mundo inferior é o Deus da Matéria, chame-se Iavé, Demiurgo ou Satã. É possível (mas indemonstrável, claro) que tenha sido queimado vivo na fogueira de Montsegur, fortaleza cátara do sul da França, em 16 de Março de 1244 pelo exército de Lúcifer (os cruzados do papa) com a minha então companheira - que, passadas várias (supostas) reencarnações, seria hoje uma jovem muito bela que vive no Baixo Alentejo.

 

Seja como for, a oração funciona e pode ser feita através da missa católica. Qualquer modalidade da missa católica: a ortodoxa, de uma solenidade incomparável, com os ícones a ser incensados; a tridentina, com o padre de costas para o público e a comunhão de joelhos; a moderma, pós Vaticano II,  com o altar-mesa capturado dentro do círculo sacerdote- público, a carismática dançante, etc.

 

E a Santa Virgem Maria ou Achamot (Sabedoria) na gnose valentiniana é uma entidade invisível que afasta Satã e tudo o que conduz ao satanismo (alcoolismo, tabagismo, magia negra, ideias obsessivas de morte, etc). Daí que a Avé-Maria seja poderosa. Estúpidos são os ateus que já foram crentes: desprezam o oiro da oração. Nós, cátaros, dançávamos rodopiando e louvando o Cristo da Luz -um pouco à moda dos carismáticos.

 

AMO-A PORQUE PRECISO DELA - Da sua beleza, da sua feminilidade, do seu sorriso, do seu pensamento reflexivo, do seu diálogo, do seu corpo e dos prazeres que proporciona, da sua ajuda. O que há de tremendo no amor é o "precisar de"...Se tirarmos o precisar de, o amor desaparece?

 

AMAR O PAI OU A MÃE - Ama-se o pai ou a mãe enquanto se precisa deles e são jovens ou de meia idade e nos oferecem refeições, ajuda financeira, bons conselhos, etc. Mas se chegarem a uma avançada idade e ficarem acamados, e derem muito que fazer, já não se ama o pai ou a mãe: entregam-se a um lar e vai-se visitá-los raramente.

 

SÃO FRANCISCO DA CRUZ- 29 de Julho de 2014. Passam 155 anos sobre o nascimento em Alcochete de Francisco Rodrigues da Cruz, o santo padre Cruz, falecido em 1 de Outubro de 1948, alvo da veneração popular católica devido à sua grande bondade (dava tudo o que tinha nos bolsos a mendigos na época do salazarismo e visitava os presos) e espírito de oração à Virgem e a Deus.

 

Lembro-me de, há mais de 25 anos, uma parente minha que tinha ido ao dentista sentir o chumbo solto no buraco do dente. Eu, com espírito experimentalista no domínio metafísico, fui buscar uma pagela do padre Cruz com relíquia (um pedacinho de pano da veste do santo) que a minha mãe me dera, encostei à bochecha dela, esfreguei e disse meio incrédulo: «Pelo poder de São Francisco da Cruz, eu te curo. Que o chumbo se fixe.» E, acreditem ou não, a jovem mulher ficou com o chumbo fixo ao dente, sem oscilar. Fiquei surpreendido: a oração dá efeito? A mini relíquia de pano tem poderes curativos?
 

A minha falecida mãe que, na década de 40, ainda adolescente, passava férias no Caramulo em casa de uma prima que, periodicamente, acolhia o velhinho padre Cruz, contava que a empregada doméstica via uma luz sobrenatural à porta do quarto onde dormia o padre Cruz, durante a noite. Sem dúvida, os fenómenos místicos existem e devemos invocar as entidades celestes contra os poderes infernais (droga, dinheiro acima de tudo, nazismo, exploração capitalista, ateísmo comunista ou anarquista, etc) que dominam este mundo. Retenho o ensinamento do padre Cruz: rezar diariamente o terço em honra da Virgem Maria. Recomendo que todos o façam. Dá frutos invisíveis e visíveis.

 

Sou de esquerda mas rejeito a adopção de crianças por casais gays porque a relação física homossexual, subscrita pelas potências infernais, não atinge a perfeição da relação heterossexual regida pela lei da polaridade dos contrários na forma física. Ok, ok... travisto-me no carnaval... para mulheres, sou um pouco fetichista. Mas não atravesso toda e qualquer a fronteira da perversão, certo? Sou homem, muito homem e cátaro, em busca do Santo Graal que está, simbolicamente pelo menos, na margem esquerda do Guadiana e que é um corpo-espírito feminino vivo, de beleza sublime.

 

O AMOR CONTRA O TERROR CÓSMICO- O terror cósmico é o isolamento absoluto, a destruição do «eu» físico ou psíquico e está iminente por todo o lado: as sequelas no sistema nervoso causadas pela vacina do colo do útero na rapariga X ou Y, o pânico dos passageiros no momento em que o seu avião é abatido no ar ou cai livremente, o horror das bombas de Israel sobre a faixa de Gaza, o terror da mulher ao ser esfaqueada ou baleada por um companheiro homicida, o terror do paralítico vítima de acidente, o terror do enterrado vivo por precipitação da família e do médico legista, etc.

 

Contra este terror cósmico que cinde, isola e aniquila o indivíduo há o amor que estabelece uma rede de afectos, uma sustentação universal, e tende a superar o isolamento e a destruição do indivíduo: o amor (no sentido genérico de amizade) aos familiares, aos amigos, aos vizinhos, aos residentes na mesma cidade, aos membros da sua religião ou clube desportivo, etc. O amor - excepto talvez o amor divino - tranquiliza, dá esperança, valores, mas não garante a vitória sobre o terror cósmico. Este último até se manifesta no medo de ser abandonado pelos seres amados, sentimento que acompanha a generalidade dos seres humanos.

 

 

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Terça-feira, 4 de Junho de 2013
Teste de filosofia do 10º ano, incluindo valores religiosos ( 2013)

Eis um teste de final de 3º período de uma turma que escolheu tratar os valores religiosos no programa de 10º ano de filosofia em Portugal. Um teste sem perguntas de escolha múltipla, que permite aos alunos exprimir uma opinião própria, relacionar criativamente conteúdos e mostrar que sabem filosofar.  

Escola Secundária Diogo de Gouveia com 3º Ciclo, Beja

TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA C

3 de Junho de 2013.            Professor: Francisco Queiroz
I

“A religião, segundo Freud, implica neurose e sublimação e terá tido origem num parricídio. Nietzshe, no século XIX, defendeu a teoria do eterno retorno e propôs a transmutação dos valores

 

1) Explique concretamente este texto.

II

2) Relacione, justificando:

A) As três fases da Ideia Absoluta na História segundo Hegel e o dualismo do Tao.
B)  Os três estádios da existência segundo Kierkegaard, o existencialismo e o essencialismo.

 

 III

3) Exponha, em síntese, os seguintes temas:

«Como a gnose resolveu filosoficamente o problema da existência do mal no mundo.  Os dharmas e o nirvana no budismo. O argumento ontológico de Santo Anselmo para demonstrar Deus. O panteísmo, o teísmo e a metafísica.»

.

 
 

    CORRECÇÃO DO TESTE (COTADO PARA 20 VALORES)

                                                                     

                                                                                                   

1) A religião, isto é, a veneração de deuses ou Deus, da natureza física como sagrada ou de anjos e almas metafísicas, implica a neurose, isto é, a  tristeza ou frustração resultante da repressão da energia sexual e a sublimação ou seja espiritualização de instintos recalcados, em especial do instinto sexual. Exemplo: «Procura ser pura, abstém-te de práticas sexuais, imita a Virgem Maria». Segundo Freud, em tempos primordiais, no seio de um clã, os filhos, cansados da autoridade do pai que os proibia de possuir as mulheres que quisessem, mataram o pai (parricídio) e comeram o corpo em banquete. Depois, arrependeram-se imaginando que o espírito do Pai os perseguia desde o «Além» e aplacaram-no mediante preces e sacrifícios religiosos que, no caso do catolicismo, se exprimem no «comer o meu Corpo» (a hóstia na missa) e «beber o meu sangue» (o vinho no cálice). (VALE TRÊS VALORES). Nietzsche defendeu o eterno retorno: a história repete-se, o tempo gira em círculo. Aos «gloriosos» tempos dos valores nobres, em que a aristocracia, feliz e cruel, reinava (escravatura, feudalismo) sucedem-se os «tenebrosos» tempos da civilização dos escravos e da plebe, isto é, da democracia liberal, em que a burguesia, classe intermédia reina, ou do socialismo, do comunismo e do anarquismo, episódios em que o proletariado reina e que são o ponto «mais baixo» da escala de valores. Mas o regresso ao antigo é inevitável e para isso Nietzsche propõe a transmutação ou inversão dos valores: o bem, que para os cristãos era cuidar dos fracos, dos doentes e idosos, estabelecer a igualdade social, fazer a paz, passa a ser, na preferência de Nietzsche, esmagar os fracos, os velhos e os doentes e impor a desigualdade social, os direitos desiguais, com a ditadura dos nobres e fazer a guerra; o mal passa a ser a piedade cristã, a repressão dos instintos sexual e guerreiro, o sacrifício da cruz, o niilismo (reduzir a vida ao nada) em nome do «Além». (VALE TRÊS VALORES).

 

2) a) Para Hegel, a ideia absoluta ou Deus desenvolve-se em três fases: a primeira é o Ser em si, ou Deus espírito, sozinho, antes de criar o universo, o espaço, o tempo, a matéria e pode comparar-se ao Tao, a mãe do Universo, algo invisível e misterioso que circula por toda a parte; a segunda é o Ser fora de Si ou transformação de Deus no seu oposto (alienação), a matéria física, em astros, céus, montamnhas, oceanos, vulcões, plantas e animais e pode equiparar-se ao Yang, dilatação, sair fora de si, visto que Deus se exteriorizou em matéria; a terceira é o Ser para si ou transformação de Deus em humanidade que vai progredindo lentamente em direcção à liberdade - desde o mundo oriental, em que só um homem é livre, até ao cristianismo reformado por Lutero e completado pela revolução francesa de 1789, em que todos os homens são livres - que é o fim da história, fase que pode comparar-se ao Yin, isto é, à contracção ou movimento para dentro, uma vez que, através da humanidade, Deus volta a si mesmo.Yang-Yin, ou seja, dia-noite, sol-lua, alto-baixo, verão-inverno, expansão-contracção, são as duas partes da onda que perpetuamente agita o universo. (VALE TRÊS VALORES).

 

2) B) Segundo Kierkegaard, filósofo existencialista cristão, há três estádios na existência humana: estético, ético e religioso. No estádio estético, o protótipo é o Don Juan, insaciável conquistador de mulheres que vive apenas o prazer do instante, e sente angústia se está apaixonado por uma mulher e teme não a conquistar. O desespero é posterior à angústia: é a frustração sobre algo que já não tem remédio ou que se esgotou. Ao cabo de conquistar e deixar centenas de mulheres, o Don Juan cai no desespero: afinal nada tem, o prazer efémero esvaiu-se. Dá então o salto ao ético: casa-se. No estado ético, o paradigma é do homem casado, fiel à esposa, cumpridor dos seus deveres familiares e sociais. Este estado relaciona-se com o essencialismo, doutrina que afirma que a essência, o  modelo do carácter ou do comportamento vem antes da existência e condiciona esta. A monotonia e a necessidade do eterno faz o homem saltar ao estádio religioso, em que Deus é o valor absoluto, apenas importa salvar a alma e os outros pouco ou nada contam. Abraão estava no estádio religioso, de puro misticismo, quando se dispunha a matar o filho Isaac porque «Deus lhe ordenou fazer isso». O estádio religioso é o do puro existencialismo, doutrina que afirma que a existência vive-se em liberdade e angústia sem fórmulas (essências) definidas, buscando um Deus que não está nas igrejas nem nos ritos oficiais. Neste estádio, o homem casado pode abandonar a mulher e os filhos se «Deus lhe exigir» retirar-se para um mosteiro a meditar ou para uma região subdesenvolvida a auxiliar gente esfomeada. A escolha a cada momento ante a alternativa é a pedra de toque do existencialismo. (VALE TRÊS VALORES).

 

3) A gnose é uma filosofia de carácter dualista que explica o mal no mundo através da existência da matéria e do seu criador, o demiurgo ou Satã ou Iavé, e o bem através da existência de um mundo espiritual, da Luz (o Pleroma) acima da sete esferas de planetas, mundo aquele onde vivem Cristo, Sofia e os Éons . Assim, o mal é intrinseco ao corpo, ao mundo material. Estes não são obra do verdadeiro deus da Luz. (VALE DOIS VALORES). Os dharmas são qualidades psíquicas e psicofísicas (inteligência, imaginação, memória, visão, audição, olfacto, tacto, etc) que existem por si mesmas no espaço e quando se reunem num feixe formam a personalidade de uma pessoa. Desaparecem ou dispersam-se com a morte corporal, restando apenas a consciência que pode estar, ou não, apta para atingir o nirvana, espaço vazio de repouso absoluto, sem desejos, segundo o budismo. (VALE DOIS VALORES). O argumento ontológico de Santo Anselmo diz o seguinte: Deus é um ser sumamente perfeito, é omnipotente, omnisciente, bondade, justiça e misericórdia absolutas, possui todas as perfeições, logo tem de ter a perfeição de existir (VALE DOIS VALORES). O panteísmo identifica a natureza biofísica com Deus ou deuses. O teísmo diz que Deus ou deuses são transcendentes à natureza biofísica, podendo ser os criadores desta. Ambas as correntes são metafísicas, isto é, doutrinas que descrevem o invisível, o impalpável, o transcendente, ainda que o teísmo seja, aparentemente, mais metafísico.(VALE DOIS VALORES).

 

 

 

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