Eis dois testes de filosofia do 10º ano de escolaridade em Portugal, nos moldes que preconizo para desenvolver a capacidade filosófica dos alunos, fazer deles seres cultos e raciocinantes. Não tem perguntas de resposta quádrupla em cruz que, normalmente, abundam nos testes dos professores de filosofia de nível mediano ou medíocre que se recusam a pensar ou são incapazes de pôr os seus alunos a pensar em profundidade. Respostas de cruz a perguntas de escolha múltipla em testes de filosofia é sinal de anti-filosofia ou pseudofilosofia, unidimensionalidade do pensamento, em regra.
Escola Secundária com 3º ciclo Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA D
Março de 2012, Professor: Francisco Queiroz
I
“A filosofia hermética dos construtores aplicava, na construção das catedrais da idade média, o princípio do microcosmos- macrocosmos que é, de certo modo, um princípio metafísico. A ascese em Platão, a noese e a dianóia ligam-se ao racionalismo mas a epithimia liga-se ao empirismo. A epochê dos estóicos visa atingir a ataraxia e tem semelhanças com a ética do taoísmo. Thomas Hobbes tinha uma visão do estado de natureza diferente daquela que tinha John Locke, e por isso o contratualismo de Hobbes é distinto do de John Locke e um destes dois liga-se ao iluminismo».
1) Explique, concretamente, cada uma destas frases.
2) Relacione, justificando:
A) Valores ético-políticos das esquerdas e das direitas, liberdade e igualdade económica.
B) Determinismo com livre-arbítrio e fatalismo.
C) Princípio da maior felicidade em Stuart Mill e empirismo.
D) Propriedade privada das empresas e autogestão operária, por um lado, e liberalismo, comunismo leninista e anarquismo, por outro lado.
E) Imperativo categórico e imperativo hipotético em Kant e dualismo antropológico no estoicismo.
F) Uno e múltiplo, por um lado, conceito e percepção empírica, por outro.
CORREÇÃO DO TESTE ( COTADO PARA 20 VALORES)
1) A filosofia hermética, isto é, esotérica, inspirada em princípios metafísicos secretos atribuídos a Hermes Trimegistus, dos arquitetos das catedrais medievais incluía o princípio de que o microcosmos (pequeno universo; por exemplo, uma montanha, uma igreja) era o espelho do macrocosmos (grande universo: o céu com as estrelas, as galáxias). Assim, os templários erguiam os seus castelos de modo a que a planta arquitetónica destes imitasse o desenho da constelação do Boeiro ou de outras constelações celestes. A catedral medieval - como vimos na visita de estudo a Sevilha - é um microcosmos que imita o imaginário corpo cósmico de Cristo de braços abertos: a abside representava a cabeça de Cristo e deveria estar voltada a Oriente, onde nasce o Sol, símbolo de Cristo; o transepto representava os braços abertos de Cristo e o altar o coração; as naves, central e lateral, o tronco e as pernas de Cristo. O princípio da correspondência entre o superior e o inferior é metafísico porque se apreende por intuição noética, não pelos orgãos sensoriais (ESTAS QUATRO FRASES ANTERIORES VALEM DOIS VALORES). A ascese em Platão, ou seja, ascensão da alma racional ao inteligível, mediante a filosofia, a matemática e a música, desligando-se da matéria, a noese ou apreensão direta dos arquétipos de Bem, Belo e outros e a dianóia ou raciocínio demonstrativo são formas de racionalismo, doutrina que diz que a razão e os seus raciocínios é a fonte do conhecimento e da verdade, negando ou desvalorizando as sensações, ao passo que a epithimia ou parte inferior da alma localizada no ventre e baixo-ventre (desejos de comer, beber, possuir riquezas materiais, etc) se liga ao empirismo, doutrina que afirma que a grande fonte dos nossos conhecimentos é a experiência sensorial, o que vemos, cheiramos, saboreamos e tocamos (VALE DOIS VALORES). A epochê dos estóicos é a suspensão do juízo de valor ( exemplo: «Dizem-te que a tua casa ardeu, faz epochê, não consideres isso uma tragédia») e visa atingir a ataraxia, isto é, a calma absoluta e é semelhante à ética quietista do taoísmo porque esta preconiza «não ter ambições, não agir, não procurar desvendar os segredos do Estado». (VALE DOIS VALORES). Thomas Hobbes achava que o estado de natureza, isto é, a sociedade sem leis, nem Estado, era perigosa e nela «o homem é o lobo do homem» e preconizava um contratualismo absolutista, ou seja, um acordo de milhares ou milhões de homens para, a troco da sua segurança, entregar o poder a um rei absoluto, um ditador ao passo que John Locke via aspetos positivos no estado de natureza e sustentava o contratualismo liberal, ou seja, o acordo de milhões de homens para a criação de um Estado liberal, que garantisse a propriedade privada e liberdades individuais políticas, dotado de um parlamento livremente eleito, residindo a soberania no povo. É Locke quem se inspira nos princípios iluministas consagrados depois dele: liberdade, igualdade e fraternidade, os homens nascem livres e iguais por direito natural e devem pensar e agir autonomamente, de forma racional (VALE DOIS VALORES).
2) A) Os valores ético-políticos das esquerdas (anarquistas, comunistas leninistas, socialistas ou sociais-democratas) são: limitar ou aniquilar o poder dos muitos ricos, da alta burguesia, e promover uma moderada ou radical igualdade económica ( os socialistas, através de impostos progressivos sobre as grandes fortunas, os comunistas nacionalizando estas, os anarquistas impondo a autogestão operária nas empresas), dando liberdade aos sindicatos e correntes de esquerda (excetuando as ditaduras comunistas neoestalinistas onde a liberdade é letra morta). Os valores ético-políticos das direitas (liberais e neoliberais, conservadores e fascistas) são: fazer crescer o poder dos ricos e dos muito ricos, privatizar muitas empresas estatais, na convição de que o capitalismo de concorrência é o melhor sistema possível que dá emprego a quase toda a gente, combatendo o igualitarismo económico dos comunistas e anarquistas e defendendo a democracia liberal capitalista (exceção feita aos fascistas, que desejam uma ditadura direitista). (VALE DOIS VALORES)
2) B) Determinismo com livre-arbítrio, chamado no manuais determinismo moderado, é a corrente segundo a qual a natureza se compõe de leis necessárias, infalíveis ( nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos) e o homem dispõe da capacidade de escolher,livremente, mediante a reflexão, esta ou aquela cadeia determinista, realizar ou não certo ato, certo valor. O fatalismo é diferente uma vez que sustenta que tudo está predestinado e não há livre-arbítrio humano. (VALE DOIS VALORES)
2) C) O princípio da maior felicidade de Stuart Mill sustenta que a acção moral deve ser altruísta, visar a felicidade de uma maioria das pessoas envolvidas, ainda que com prejuízo de uma minoria de pessoas ou do próprio agente da ação. O empirismo sustenta que quase todas as nossas ideias derivam das sensações, das perceções sensoriais. Assim, por exemplo, a noção de maior felicidade para os alunos de uma dada escola no ultimo dia de aulas exige uma visão empírica ou empirista: se a maioria dos alunos se acumula com prazer no ginásio grande da escola a ouvir música dos «Feedback Line», dos «Contraluz» ou de outro grupo musical adolescente aí está a prova da ligação entre a felicidade da maioria e a apreensão empírica dela. (VALE DOIS VALORES)
2) D) A propriedade privada das empresas é o facto de as fábricas, lojas, supermercados, herdades agrícolas, transportadoras aéreas, fluviais ou terrestres, etc, serem, juridicamente, pertença de um ou vários capitalistas ( os acionistas). É defendida pelo liberalismo como sendo a base do progresso e da liberdade mas é combatida por comunistas leninistas - que numa fase inicial defendem as pequenas empresas - e por anarquistas. Estes últimos são os grandes defensores da autogestão operária, isto é, a doutrina da expropriação e expulsão dos patrões das empresas que ficam a funcionar sob o comando da assembleia geral de todos os operários, engenheiros e contabilistas. Os marxistas-leninistas apoiam algumas empresas em autogestão mas preferem as empresas nacionalizadas sob governo comunista porque isso lhes permite centralizar a economia e dirigi-la. ( VALE DOIS VALORES)
2) E) O imperativo categórico em Kant é a verdadeira lei moral que se enuncia assim: «Age como se quisesses que a tua ação fosse a lei universal da natureza, aplicando a tua máxima a todos por igual, sem distinções e sem egoísmo.» Brota do eu numénico ou racional. Corresponde às máximas estóicas do tipo «Actua com benevolência em relação a todos os seres humanos, mesmo em relação aos que te ofendem, porque a razão universal é uma só e uma só é a tua linhagem, a espécie humana» geradas no eu interior ou racional. O imperativo hipotético em Kant, lei amoral ou de falsa moral, diz o seguinte: «Age por interesse egoísta, de modo a beneficiares primeiro que tudo a ti mesmo ou a ti e aos teus familiares e amigos, prejudicando ou desprezando outras pessoas ou a humanidade em geral». Brota do eu fenoménico ou empírico e corresponde, no estoicismo, ao "eu exterior" ou corpo físico de cada um. Assim se correspondem os dois dualismos, sendo designados de dualismo antropológico porque dividem o homem em dois pólos, o racional e o físico-empírico. (VALE DOIS VALORES)
2) F) Uno é o Um e múltiplo é o dois, três, quatro e assim infinitamente. O conceito parece ser uno em relação às percepções empíricas similares que são múltiplas. Exemplo:o conceito ou ideia de sobreiro é um só e corresponde às muitas imagens (percepções empíricas) de sobreiros que estou, neste momento, a ver neste campo do Alentejo. (VALE DOIS VALORES) .
Nota para a correção: nas perguntas de relacionação entre dois ou mais conceitos, a cotação para cada resposta dada deve obedecer a um princípio de premiar o aluno que estuda e sabe as definições separadamente: assim deverá receber 50% a 60% da cotação da pergunta desde que defina correctamente os conceitos, embora não consiga interligá-los.
Vejamos um segundo teste de filosofia.
NOTA: A esmagadora maioria dos professores de filosofia, centrados na lógica proposicional clássica - que, no 11º ano mergulha os alunos nos inspetores de circunstâncias, nos operadores verofuncionais, nos silogismos disjuntivos, hipotéticos e dilemas, na «avaliação de argumentos», na negação do condicional, do bicondicional, das leis de Morgan, conhecimentos de lógica inúteis para o verdadeiro filosofar- e centrados em conteúdos mais ou menos confusos, infetados pelo desprezo da ontologia dos clássicos (Platão, Aristóteles. Leibniz, Hegel, etc), desprezo que os manuais de 10º ano editados veiculam, não pode nem sabe dar testes da qualidade dos que aqui apresento: dá testes superficiais, sem amplitude filosófica autêntica, insubstanciais. E, no entanto, quanta arrogância nesta geração de licenciados, mestres e doutorandos (entre os 25 e os 50 anos de idade) de faculdades de filosofia! Estas estão instrumentalizadas por catedráticos destituídos de visão holística que, entre outras asneiras, declaram que «a astrologia histórica é uma superstição anticientífica» sem, como é óbvio, terem investigado minimamente o assunto! Nenhum dos famosos "vinte e cinco melhores pensadores do mundo" segundo o «Nouvel Observateur», entre eles José Gil, consegue conceber que o destino das pessoas e sociedades é determinado pelas movimentações do Sol, da Lua e dos planetas no Zodíaco. São, cosmologicamente, néscios. A filosofia universitária bloqueia, a partir das cátedras, a aletheia, a desocultação da verdade.
Escola Secundária com 3º ciclo Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA A
Março de 2012 Professor: Francisco Queiroz
I
“A filosofia hermética dos construtores aplicava, na arquitectura das catedrais da idade média, o princípio do microcosmos- macrocosmos que é, de certo modo, um princípio metafísico. A substituição do Estado social pelo Estado liberal é uma expressão da luta entre as direitas e as esquerdas no quadro do capitalismo e do Estado de direito democrático inspirado no iluminismo. Thomas Hobbes tinha uma visão diferente da de Rousseau sobre o estado de natureza e, por isso, preconizava um contratualismo diferente do de John Locke e do de John Rawls, o último dos quais se opunha explicitamente ao socialismo autoritário.”
1) Explique, concretamente, cada uma destas frases.
II
2) Relacione, justificando:
A) Princípio da maior felicidade em Stuart Mill e imperativo categórico em Kant.
B) Essência, acidente e reminiscência em Platão.
C) Realismo ontológico, idealismo ontológico e objetividade.
D) Ética do taoísmo e ética do estoicismo.
E) Relativismo e teoria do acto e da potência em Aristóteles.
F) Indeterminismo biofísico com livre-arbítrio (libertismo) e fatalismo.
CORREÇÃO DO TESTE (COTADO PARA 20 VALORES)
1) A filosofia hermética, isto é, esotérica, inspirada em princípios metafísicos secretos atribuídos a Hermes Trimegistus, dos arquitetos das catedrais medievais incluía o princípio de que o microcosmos (pequeno universo; por exemplo, uma montanha, uma igreja) era o espelho do macrocosmos (grande universo: o céu com as estrelas, as galáxias). Assim, os templários erguiam os seus castelos de modo a que a planta arquitetónica destes imitasse o desenho da constelação do Boeiro ou de outras constelações celestes. A catedral medieval - como vimos na visita de estudo a Sevilha - é um microcosmos que imita o imaginário corpo cósmico de Cristo de braços abertos: a abside representava a cabeça de Cristo e deveria estar voltada a Oriente, onde nasce o Sol, símbolo de Cristo; o transepto representava os braços abertos de Cristo e o altar o coração; as naves, central e lateral, o tronco e as pernas de Cristo. O princípio da correspondência entre o superior e o inferior é metafísico porque se apreende por intuição noética, não pelos orgãos sensoriais (ESTAS QUATRO FRASES ANTERIORES VALEM DOIS VALORES). A substituição do Estado social, isto é, do Estado social-democrata, - um Estado capitalista de centro-esquerda, que oferece saúde e ensino gratuitos ou quase gratuitos a toda a população, subsídio de desemprego, rendimento de inserção social e pensões diversas aos desfavorecidos à custa de impostos progressivos sobre os ricos - pelo Estado liberal - um Estado mínimo capitalista, que reduziu ou aboliu a gratuidade do ensino e dós cuidados de saúde, reduziu ao mínimo a segurança social, deixando milhões de desempregados entregues à sorte - reflete a luta entre a direita (liberais, conservadores e fascistas), adepta das privatizações de empresas, e as esquerdas (socialistas ou sociais-democratas, comunistas e anarquistas) adeptas da nacionalização de empresas estratégicas ou mesmo da autogestão operária. As esquerdas querem manter, no imediato, o Estado social e as direitas fazem-no emagrecer transformando-o em Estado liberal, não intervencionista na economia, quase reduzido só aos corpos militares e policiais, fiscais, judiciais e político-parlamentares. Ambos - Estado Social e Estado Liberal - são formas do Estado de direito democrático, isto é, um Estado baseado numa constituição que consagra a tripartição de poderes (legislativo, executivo e judicial) e que consiste numa democracia multipartidária, com eleições periódicas de um parlamento nacional e parlamentos locais, liberdade de imprensa, greve operária, propriedade privada de empresas, manifestação de rua e reunião, associação sindical e política, culto religioso e ateísmo, etc, de acordo com os princípios do iluminismo, filosofia da liberdade, igualdade e fraternidade entre todos os homens, que nascem livre e iguais em direitos e deveres e devem pensar e agir autonomamente, de forma racional. (ESTAS FRASES ANTERIORES VALEM TRÊS VALORES NO CONJUNTO). Thomas Hobbes achava que o estado de natureza, isto é, a sociedade sem leis, nem Estado, era perigosa e nela «o homem é o lobo do homem» e preconizava um contratualismo absolutista, ou seja, um acordo de milhares ou milhões de homens para, a troco da sua segurança, entregar o poder a um rei absoluto, um ditador ao passo que Rousseau via o estado de natureza de forma positiva, uma sociedade de homens livres em estado selvagem, cada um alimentando-se dos frutos de árvores à sua disposição, sem impor escravidão ou servidão a outros (doutrina do bom selvagem). John Locke, e mais tarde, no século XX, John Rawls, sustentavam o contratualismo liberal-democrático, ou seja, o acordo de milhões de homens para a criação de um Estado liberal, que garantisse a propriedade privada e liberdades individuais políticas, dotado de um parlamento livremente eleito, residindo a soberania no povo. Rawls defendia que os cidadãos deveriam votar as leis a coberto de um véu de ignorância sobre a riqueza e o poder de cada um e rejeitava o socialismo autoritário, isto é, a ditadura comunista marxista-leninista que expropria a burguesia tradicional (VALE DOIS VALORES).
2) O princípio da maior felicidade de Stuart Mill sustenta que a acção moral deve ser altruísta, visar a felicidade de uma maioria das pessoas envolvidas, ainda que com prejuízo de uma minoria de pessoas ou do próprio agente da ação. O imperativo categórico em Kant, a verdadeira lei moral segundo este, enuncia-se assim: «Age como se quisesses que a tua ação fosse a lei universal da natureza, aplicando a tua máxima a todos por igual, sem distinções e sem egoísmo e trata cada ser humano como um fim em si e não um meio .» Brota do eu numénico ou racional. Stuart Mill contenta-se com a felicidade de uma maioria mas Kant deseja a felicidade ou a infelicidade de todos, uma vez que o seu objetivo é a equidade universal da ação emanada de um mesmo sujeito. (VALE DOIS VALORES).
2- B) Em Platão, as essências são os arquétipos do mundo inteligível, as formas imóveis e eternas do Bem, do Belo, do Justo, do Dois, do Quatro, etc. A reminiscência é a lembrança vaga desses arquétipos que a alma na sua descida ao mundo material ou sensível conserva, depois de quase tudo esquecer no rio Letes. O acidente é um traço ou acontecimento fortuito que não existe no arquétipo em si mas no modo como a alma se comporta ante ele: há almas que não contemplam o arquétipo de Justo ou de Sábio e isso é por acidente. (VALE DOIS VALORES).
2-C) Realismo ontológico: o mundo material subsiste por si mesmo, fora das mentes humanas. Idealismo ontológico: o mundo material está dentro da imensa mente humana de cada um. Objetividade é o caráter de objeto, coisa ou situação visível para todos ou compreensível para todos mediante uma razão comum. Aparentemente, o realismo ontológico é «mais objetivo» que o idealismo. Mas... (VALE DOIS VALORES).
2-D) A ética do taoísmo preconiza o não agir, o refrear os desejos, aceitar uma vida calma e trabalhosa como a de um camponês sedentário, desconfiado dos estudos e dos políticos, astuto, que estuda o seu inimigo elogiando-o, até um dia o poder derrubar. A ética do estoicismo preconiza a aceitação do destino, o autodomínio obtido mediante o eu racional, o «guia interior», a benevolência face a todos os seres humanos, a epoché ou suspensão do juízo de valor («Falam mal de ti? Não consideres isso mau nem bom. Suspende o juízo») visando a ataraxia ou impassibilidade da alma. Tanto o taoísmo como o estoicismo recomendam contenção dos desejos, autodomínio. (VALE DOIS VALORES)
2-E) Relativismo é a doutrina segundo a qual as coisas e suas propriedades, os valores, mudam conforme o tempo, o lugar, as sociedades, as culturas. Ato é a realidade presente de algo, potência é a capacidade de esse algo se transformar no futuro e o resultado previsível dessa transformação. Exemplo: a semente é semente em ato e árvore em potência. O relativismo exprime-se na dualidade ato potência: as coisas são algo em ato e são algo diferente em potência, o seu ser é relativo ao tempo em que se encontra. (VALE DOIS VALORES)
2-F) Indeterminismo biofísico com livre-arbítrio é a doutrina segundo a qual não há leis fixas, necessárias, de causa-efeito na natureza (exemplo: nem todos os seres humanos envelhecem, nem todos se alimentam de sólidos e sobrevivem) e há livre-arbítrio, possibilidade de deliberar racionalmente sobre as ações. Fatalismo é o oposto, sob certo aspeto: não há livre-arbítrio, todos os acontecimentos estão rigorosamente predestinados. (VALE DOIS VALORES).
Nota para a correção: nas perguntas de relacionação entre dois ou mais conceitos, a cotação para cada resposta dada deve obedecer a um princípio de premiar o aluno que estuda e sabe as definições separadamente: assim deverá receber 50% a 60% da cotação da pergunta desde que defina correctamente os conceitos, embora não consiga interligá-los.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
El cristianismo se opone al socialismo: el primero, brota de la teología, de la revelación bíblica de la vida de Jesús Cristo, y del sentimiento natural de compasión de unos hombres hacía los otros, y el segundo emana de un ideal racional de igualdad y fraternidad entre todos los hombres y de un sentimiento de compasión. El cristianismo, al menos en versión católica, se opone, en general, al matrimonio homosexual, al divorcio y al aborto libre y preconiza una discreta sumisión de la hembra al varón en el matrimonio; el socialismo establece el matrimonio homosexual, no se opone al divorcio y favorece el aborto libre, la emancipación de la mujer respecto al hombre, incluso la plena igualdad de la mujer con el hombre en el matrimonio heterosexual. Max Scheler vio muy bien esta distinción al escribir:
«Nietzschze no advirtió que el amor en sentido cristiano está referido siempre, de manera primaria y exclusiva, al sí mismo espiritual ideal del hombre y a su característica de miembro del reino de Díos. Esto tuvo como consecuencia que Nietzschze pudiese identificar la idea cristiana del amor con otra totalmente distinta, que surge en un suelo histórico y psicológico muy distinto y que se funda en valoraciones que también nosotros, con Nietzschze, enraizadas en el resentimiento. Me refiero a la idea y al movimiento de la moderna filantropía universal, del "humanitarismo", "amor a la humanidad" o, dicho plásticamente, "amor a todo cuanto tiene rostro humano". Quien no se quede en el sonido de las palabras y penetre en su significado y atmósfera espiritual al pasar del amor cristiano a la filantropía universal, respirará inmediatamente un aire espiritual distinto. Primeramente la filantropía moderna es un concepto polémico, de protesta, en todos los sentidos. Protesta contra el amor de Díos y por tanto también contra esa unidad y armonía cristianas entre el amor de díos, el amor a uno mismo y el amor al prójimo, tal como lo expresa el "mandamiento básico" del evangelio. El amor debe dirigirse no a lo "divino" en el hombre, sino al hombre en cuanto "hombre", en tanto que puede ser reconocido como miembro de la especie humana, al ser "que tiene rostro humano". Así como esta idea reduce "por arriba" el amor y lo confina al genero humano desligado de todas las fuerzas y valores superiores, así también lo reduce "por abajo", excluyendo de él a los restantes seres animados, al conjunto del mundo.» (Max Scheler, Vom Umsturz der Werte. Abhanlungen und Aufsätze, Vol. III, 1955, citado en Scheller (1874-1928), Antonio Pintor-Ramos, Ediciones del Orto, Madrid, Págs. 77-78; la letra negrita es añadida por nosotros).
El cristianismo, en su versión catolica más conservadora, puede sostener un régimen de tipo nacional fascista - es el caso de los regimenes portugués de Salazar (1932-1974), español de Franco (1939-1975) y de la República francesa de Vichy (1940-1944) - porque carece de suficiente insumisión antifascista y el socialismo, en su versión marxista o marxizante - caso del marxismo leninismo o del socialismo estatal tercermundista - puede sostener un régimen de tipo social fascista, o burocrático totalitario - caso de la Rusia de Lenin y Stalin, del régimen de Cuba, de las dictaduras de Corea del Norte y China- porque carece de suficiente personalismo y sentido de libertad individual frente al colectivo.
La ala izquierda del cristianismo, no marxista, y la ala derecha, social-demócrata reformista, del socialismo, convergen en muchas posiciones filosóficas y político-sociales. En verdad, no se puede hablar de un marxismo cristiano o de un cristianismo marxista, puesto que son antagónicos en sus principios: el marxismo es un humanismo colectivista, no individualista, anti teísta; el cristianismo es un teísmo y un humanismo individualista, excepción hecha al nacional-catolicismo fascista.
Intentando distinguir el amor cristiano como um sentimiento personal, concreto, del amor socialista o de ideal colectivista en tanto que amor impersonal, Scheler escribió:
«Así, por ejemplo, el amor (en el sentido cristiano) es absolutamente amor individual, lo mismo si es amor a uno mismo que si es amor a un extraño, el llamado "amor al prójimo", mas no es amor a alguién como miembro, por ejemplo, de la clase obrera o como "defensor" o "representante" de un colectivo. El "sentimiento social" en la clase obrera nada tiene que ver con el "amor al prójimo"; éste alcanza también al "obrero", pero unicamente como individuo humano.» (Max Scheler, Ética, Caparrós, Pág 170, nota de pie de página; la letra negrita es añadida por nosotros).
Nos podemos preguntar si el amor impersonal plasmado en la teoría de los Derechos Humanos Universales - derechos iguales para todos, excepción hecha a casos especiales de niños, discapacitados y otros - no es condición sine qua non para la irrupción del amor personal, en un modo generalizado... Pero Scheler es categórico: no hay amor a entidades abstractas como la clase social, la nación o la humanidad, solo hay amor al individuo. El amor como acto parece ser una suerte de nominalismo o existencialismo, aunque el valor del Amor y los valores éticos y estéticos son esencias objetivas comunes a todos los individuos.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
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