Sexta-feira, 30 de Outubro de 2015
Teste de filosofia do 11º B (Outubro de 2015)

 

.Eis um teste do 11º ano de filosofia, o primeiro do primeiro período lectivo, numa escola secundária onde se pensa em profundidade, no Baixo Alentejo e em Portugal. .

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja

Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja

TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B

28 de Outubro de 2015.

Professor: Francisco Queiroz

 

I

“Alguns operários são sindicalistas.».

Alguns sindicalistas não são anarquistas.

Logo, os operários são anarquistas.”

 

1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.

1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo

 

2) Construa o quadrado lógico das oposições à seguinte proposição«Os alentejanos são democratas».

 

3) Distinga realismo crítico de Descartes do idealismo não solipsista objetivo e da fenomenologia.

 

4) Aplique o princípio do terceiro excluído ao conjunto destas 3 correntes.

 

5) Tendo como primeira premissa a proposição «Se passar de ano, vou a Sevilha», construa:

 

A) Um silogismo condicional modus ponens

 

B) Um silogismo condicional modus tollens.

 

6)Construa um silogismo disjuntivo Tollendo/ ponens tendo como premissa inicial a frase «Ou és ateu ou és crente em divindades».

 

7) Distinga a percepção empírica, intuição inteligível, e do juízo.


 CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES

1-A) Três regras infringidas da validade do silogismo acima foram: de duas premissas particulares (alguns...alguns) nada se pode concluir; nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas (alguns operários / os (todos) operários); o termo médio (alguns sindicalistas) tem de ser tomado pelo menos uma vez universalmente. (VALE TRÊS VALORES).

1-B) O modo do silogismo é IOA e a figura é PS (predicado e sujeito é a posição do termo médio nas premissas) ou 4ª figura.(VALE DOIS VALORES).

 

2) O quadrado lógico é o seguinte:

 

Os alentejanos são democratas           Nenhum alentejano é democrata.

(TIPO A- Universal Afirmativa)              (TIPO E- Universal Negativa)

 

 

Alguns alentejanos são democratas.      Alguns alentejanos não são democratas.

(TIPO I - Particular Afirmativa)                (TIPO O -  Particular negativa)

  

VALE TRÊS VALORES                                          

 

3) O realismo crítico de Descartes é a teoria qiue sustenta que há um mundo real de matéria exterior às mentes humanas composto de uma matéria indeterminada, sem peso nem dureza/moleza, apenas formado de figuras geométricas, movimento, números (qualidades primárias, objetivas), sendo subjectivas, isto é exclusivamente mentais, as cores, os cheiros, os sabores, as sensações do tacto, o calor e frio (qualidades secundárias, subjectivas). O idealismo não solpsista ou pluralista e objetivo é a teoria que sustenta que o mundo material é ilusório, existe apenas dentro de uma multiplicidade de mentes humanas e cada uma delas constrói esse mundo de igual às outras ( «A torre de Belém que eu invento/vejo  é igual à torre de Belém que tu inventas/ vês), A fenomenologia é a ontologia que sustenta não saber se o mundo material subsiste ou não fora das mentes humanas. (VALE CINCO VALORES).

 

4) O princípio do terceiro excluído diz que uma coisa ou uma corrente de pensamento pertence ao grupo A ou ao grupo não A, excluindo a terceira hipótese. Comparando as três correntes da pergunta anterior pode enunciar-se assim: ou se é realista, afirmando a certeza de um mundo material extramental, ou não se é realista negando isso (idealismo) ou duvidando disso (fenomenologia).  (VALE TRÊS VALORES)-

 

5) a)  Se passar de ano, vou a Sevilha.

          Passei de ano.

          Logo, vou a Sevilha.     (VALE UM VALOR)

 

5.b)  Se passar de ano, vou a Sevilha..

         Não fui a Sevilha.

         Logo, passei de ano.

         (VALE UM VALOR)

 

6)  Ou és ateu ou és crente em divindades

     Não és ateu.

     Logo és crente em divindades.  (VALE UM VALOR)

 

7) A intuição intelígivel é uma apreensão imediata de algo metafísico, invisível, que pode até não ser real. Exemplo: a intuição de Deus, dos quarks e leptons, etc. O juízo  é uma articulação lógica de dois ou mais conceitos mediante uma forma verbal, é uma frase simples que afirma ou nega algo. Exemplo:«Beja é a capital do Baixo Alentejo». A percepção empírica é um conjunto ordenado de sensações visuais, auditivas, tácteis, olfactivas. Exemplo: «Vejo esta paisagem de oliveiras e sinto uma suave brisa no rosto». (VALE DOIS VALORES).

 

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Terça-feira, 28 de Outubro de 2014
Teste de filosofia do 11º B (Outubro de 2014)

 

Eis um teste de filosofia . Evitamos as perguntas de escolha múltipla que, por vezes, enfermam de um deformado espírito de «minúcia», baseado em falsas disjunções, carecido de ordem dialética.

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B
24 de Outubro de 2014. Professor: Francisco Queiroz

 I

“Alguns militares  são generais.

Gabriel Espírito Santo é general.

Gabriel Espírito Santo não é militar".
 

1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.
1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo

 

2) Construa o quadrado lógico das oposições à seguinte proposição:

«Os alentejanos exercitam-se no cante».


3) Explique, concretamente, o seguinte texto:
«O raciocínio de analogia  apoia-se na percepção empírica e na intuição inteligível e difere da dedução. O realismo crítico de Descartes é diferente do idealismo não solipsista subjectivo

 

4) Construa, tendo como primeira premissa a proposição «Se for ao aeroporto de Beja, viajo de avião»:
A) Um silogismo condicional modus ponens.
B) Um silogismo condicional modus tollens.

 

5) Disserte sobre o seguinte tema: «As falácias ad hominem, depois de por causa de, da generalização precipitada, ad misericordiam integram a lógica informal, não a lógica formal».

 

 

CORRECÇÃO DO TESTE COTADO PARA UM TOTAL DE 20 VALORES

 

1-A) Foram violadas as seguintes regras do silogismo: de duas premissas afirmativas não pode extrair-se uma conclusão negativa; o termo médio (neste caso: general) tem de estar distribuído ao menos em uma das premissas, o que não sucede pois está sempre considerado no sentido de «alguns generais»; nenhum termo pode ter na conclusão maior extensão do que nas premissas, ora isso não sucede com o termo maior «militar» que na primeira premissa tem extensão particular («Alguns militares») e na conclusão apresenta extensão universal («Nenhum militar "). Note-se que o termo "Gabriel Espírito Santo" é universal porque apenas existe aquele Gabriel Espírito Santo no universo que estamos a considerar (VALE TRÊS VALORES).

 

1-B)  O modo do silogismo é IAE (VALE UM VALOR). A figura do silogismo é PP (2ª figura). (VALE UM VALOR)

 

2-A)            A                                         E

     

 

 

                    I                                          O

 

Prposição tipo A (universal afirmativa): Os alentejanos exercitam-se no cante.

Proposição tipo E (universal negativa): Os alentejanos não se exercitam no cante.

Proposição tipo I (particular afirmativa): Alguns alentejanos exercitam-se no cante.

Proposição tipo  O (particular negativa): Alguns alentejanos não se exercitam no cante.

 

A relação entre as proposições é a seguinte: A é contrária de E e viceversa; I é subcontrária de O e viceversa; I é subalterna de A; O é subalterna de E; A é contraditória de O e viceversa, I é contraditória de E e viversa.  (VALE DOIS VALORES)

 

3) O raciocínio de analogia é a inferência que estabelece uma semelhança de forma, função ou posição entre entes muito diferentes entre si. Exemplo: o homem é análogo a uma árvore, os pés equivalem às raízes. Isto implica realmente uma dose de imaginação superior. A percepção empírica (exemplo: ver uma árvore, ver um homem) é a captação directa das formas, cores, sons de um objecto físico nos prgãos sensoriais. A intuição inteligível é a captação instantânea de um objecto ou relação metafísica, sem raciocínio (exemplo: homem e árvore são erectos e possuem tronco, exprimem o mesmo arquétipo abstracto, a cruz).  A dedução  é a inferência que parte de uma premissa geral para chegar a uma conclusão geral ou particular. Exemplo: «Todas as árvores têm raízes, os pinheiros são árvores, logo os pinheiros têm raízes» (VALE TRÊS VALORES).

O realismo crítico de Descartes sustenta que há um mundo real fora das mentes humanas mas estas não o apreendem tal como é: o mundo exterior é composto de formas, tamanhos, movimentos, números e de uma matéria indeterminada (qualidades primárias, objectivas); as cores, sons, cheiros, sabores, sensações tácteis, calor e frio, prazer e dor só pertencem ao mundo interior do sujeito (qualidades secundárias), à sua psique, são causadas por movimentos de partículas exteriores que embatem nos olhos, nos ouvidos, etc, e fazem nascer cores, sons, etc. O idealismo não solipsita subjectivo é a doutrina que diz que o mundo material se reduz a ideias e sensações dentro das múltiplas mentes humanas e é uma ilusão subjectiva, todos o vêem de diversas maneiras, diferentes de pessoa a pessoa  (exemplo: todos vêem diferentes torres de menagem do castelo de Beja que, no entanto desaparece ao extinguir-se a mente - idealismo! ). Há uma diferença de grau entre o realismo crítico de Descartes («Há formas fora das mentes humanas») e o idealismo não solipsita («Todas as formas e todas as coisas são mentais, estão dentro das mentes humanas»). (VALE TRÊS VALORES).

 

4-A) Silogismo tipo modus ponens:

«Se for ao aeroporto de Beja, viajo de avião»

«Vou ao aeroporto de Beja».

«Logo, viajo de avião».  (VALE 1 VALOR).

 

Silogismo tipo modus tollens:

Se for ao aeroporto de Beja, viajo de avião».

«Não viajo de avião».

«Logo, não fui ao aeroporto de Beja». (VALE 2 VALORES)

 

4) Falácia é um erro ou vício de raciocínio na argumentação. A falácia ad hominem é o erro de raciocínio que desvia a argumentação racional para o campo do ataque pessoal ao adversário (exemplo: «Ele´ganhou o concurso para gestor de empresas, mas é gay, vamos impedi-lo de subir a gestor da empresa»). A falácia depois de por causa de é a que estabelece uma relação necessária de causa-efeito entre fenómenos que ocorrem simultaneamente por acaso. (Exemplo: Há uma semana vi um gato preto e uma hora depois bati com a moto em um muro; há 3 dias vi outro gato preto e a seguir perdi a carteira; logo, ver gatos pretos causa-me azares). A falácia da generalização precipitada é a que extrai uma conclusão geral de uma amostra particular insuficiente (exemplo: "ouvi três cantores magníficos da Amareleja, logo todos os habitantes da Amareleja são bons cantores"). A falácia ad misericordiam é  a que faz um apelo à misericórdia do interlocutor de modo a esbater ou apagar a racionalidade de uma decisão ( O aluno diz para o professor: «Sei que não tive nenhum teste com nota positiva ao longo do ano mas tenha piedade e dê-me nota de 10 valores senão o meu pai impede-me de gozar férias fora daqui»). Estas falácias integram a lógica informal ou material que é a lógica formal submetida aos factos e leis da natureza, ou seja, a lógica dos acontecimentos físicos, concretos. Lógica formal é a ordem abstracta do pensamento, das regras, abstraindo dos objectos naturais. O silogismo «As abelhas são cães/ os cães são elefantes/ Logo as abelhas são elefantes» possui lógica formal - o modo de raciocínio está correcto - mas não tem lógica material, é falso no seu conteúdo. (VALE QUATRO VALORES)

 

 

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Terça-feira, 21 de Outubro de 2014
Teste de filosofia do 11º A (Outubro de 2014)

 

Eis um teste de filosofia . Evitamos as perguntas de escolha múltipla que, por vezes, enfermam de um deformado espírito de «minúcia» -

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA A
17 de Outubro de 2014. Professor: Francisco Queiroz

 

“Alguns bejenses são alentejanos.
Mariana Palma é alentejana.
Mariana Palma não é bejense.”

 

1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.


1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo.

 

2) Construa o quadrado lógico das oposições à seguinte proposição:

«Os habitantes de Moura gostam de festas populares».


3) Explique, concretamente, o seguinte texto:
«O raciocínio de analogia é mais imaginativo do que a indução amplificante necessitarista e do que a dedução. O realismo crítico de Descartes é diferente do idealismo não solipsista objectivo

 

4) Construa, tendo como primeira premissa a proposição «Se for a Serpa, almoço açorda de bacalhau»:


A) Um silogismo condicional modus ponens.


B) Um silogismo condicional modus tollens.

 

5) Disserte sobre o seguinte tema: «As falácias ad hominem, da petição de princípio, da generalização precipitada, do falso dilema integram a lógica informal, não a lógica formal».

 

 

CORRECÇÃO DO TESTE COTADO PARA UM TOTAL DE 20 VALORES

 

1-A) Foram violadas as seguintes regras do silogismo: de duas premissas afirmativas não pode extrair-se uma conclusão negativa; o termo médio (neste caso: alentejano) tem de estar distribu+ido ao menos em uma das premissas, o que não sucede pois está sempre considerado no sentido de «alguns alentejanos»; nenhum termo pode ter na conclusão maior extensão do que nas premissas, ora isso não sucede com o termo maior «bejenses» que na primeira premissa tem extensão particular («Alguns bejenses») e na conclusão apresenta extensão universal («Nenhum bejense "). Note-se que o termo "Mariana Palma" é universal porque apenas existe aquela Mariana Palma no universo que estamos a considerar (VALE TRÊS VALORES).

 

1-B)  O modo do silogismo é IAE (VALE UM VALOR). A figura do silogismo é PP (2ª figura). (VALE UM VALOR)

 

2-A)            A                                         E

     

 

 

                    I                                          O

 

Prposição tipo A (universal afirmativa): Os habitantes de Moura gostam de festas populares.

Proposição tipo E (universal negativa): Os habitantes de Moura não gostam de festas populares.

Proposição tipo I (particular afirmativa): Alguns habitantes de Moura gostam de festas populares.

Proposição tipo  O (particular negativa): Alguns habitantes de Moura não gostam de festas populares.

 

A relação entre as proposições é a seguinte: A é contrária de E e viceversa; I é subcontrária de O e viceversa; I é subalterna de A; O é subalterna de E; A é contraditória de O e viceversa, I é contraditória de E e viversa.  (VALE DOIS VALORES)

 

3) O raciocínio de analogia é a inferência que estabelece uma senelhança de forma, função ou posição entre entes muito diferentes entre si. Exemplo: o homem é análogo a uma árvore, os pés equivalem às raízes, os braços aos ramos. Isto implica realmente uma dose de imaginação superior A indução amplificante é a generalizaçao de alguns exemplos empíricos segundo uma lei necessária, infalível. Exemplo. Verificamos 250 árvores implantadas no solo e todas tinham raízes, logo induzo que os milhões de árvores implantados no solo da Terra terão, necessariamente, raízes. A dedução  é a inferência que parte de uma premissa geral para chegar a uma conclusão geral ou particular. Exemplo: «Todas as árvores têm raízes, os pinheiros são árvores, logo os pinheiros têm raízes» (VALE TRÊS VALORES).

O realismo crítico de Descartes sustenta que há um mundo real fora das mentes humanas mas estas não o apreendem tal como é: o mundo exterior é composto de formas, tamanhos, movimentos, números e de uma matéria indeterminada (qualidades primárias, objectivas); as cores, sons, cheiros, sabores, sensações tácteis, calor e frio, prazer e dor só pertencem ao mundo interior do sujeito (qualidades secundárias), à sua psique, são causadas por movimentos de partículas exteriores que embatem nos olhos, nos ouvidos, etc, e fazem nascer cores, sons, etc. O idealismo não solipsita objectivo é a doutrina que diz que o mundo material se reduz a ideias e sensações dentro das múltiplas mentes humanas e é uma ilusão objectiva, todos o vêem da mesma maneira (exemplo: todos vêem a mesma torre do castelo de Beja que, no entanto desaparece ao extinguir-se a mente - idealismo! ). Há uma diferença de grau entre o realismo crítico de Descartes («Há formas fora das mentes humanas») e o idealismo não solipsita («Todas as formas e todas as coisas são mentais, estão dentro das mentes humanas»).- VALE TRÊS VALORES.

 

4-A) Silogismo tipo modus ponens:

«Se for a Serpa, almoço açorda de bacalhau»

«Vou a Serpa».

«Logo, almoço açorda de bacalhau».  (VALE  1 VALOR)

 

4-B) Silogismo tipo modus tollens:

«Se for a Serpa, almoço açorda de bacalhau».

«Não almocei açorda de bacalhau»-

«Logo, não fui a Serpa»   (VALE DOIS VALORE

 

5) A falácia ad hominem é aquela que desvia a argumentação racional para o campo do ataque pessoal ao adversário (exemplo: «Ele´ganhou o concurso para gestor de empresas, mas é gay, vamos impedi-lo de subir a gestor da empresa»). A falácia da petição de princípio é aquela em que a conclusão repete a premissa e viceversa (Exemplo: O cristianismo é a melhor religião porque é mais adequada, é a mais adequada porque é a melhor religião"). A falácia da generalização precipitada é a que extrai uma conclusão geral de uma amostra particular insuficiente (exemplo: "ouvi três cantores magníficos da Amareleja, logo todos os habitantes da Amareleja são bons cantores"). A falácia do falso dilema é a que coloca uma falsa alternativa entre duas vias ou dois entes, estando uma dentro da outra (exemplo: "Ou és homem ou és macho alentejano"). Estas falácias integram a lógica informal ou material que é a lógica formal submetida aos factos e leis da natureza, ou seja, a lógica dos acontecimentos físicos, concretos. Lógica formal é a ordem abstracta do pensamento, das regras, abstraindo dos objectos naturais. O silogismo «As abelhas são cães/ os cães são elefantes/ Logo as abelhas são elefantes» possui lógica formal - o modo de raciocínio está correcto - mas não tem lógica material, é falso no seu conteúdo. (VALE QUATRO VALORES)

 

 

 

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Quinta-feira, 14 de Novembro de 2013
Teste de filosofia do 11º ano turma B, Novembro de 2013

 

Eis um teste de filosofia sem perguntas de resposta múltipla, de modo a que os alunos revelem, em discurso escrito a sua capacidade de conceptualização e de relacionação.. 

 

 Agrupamento de Escolas nº 1 de Beja

Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B
5 de Novembro de 2013.            Professor: Francisco Queiroz

 

1) Considere o seguinte silogismo:

 

«Algumas divindades não pertencem  à  metafísica.»
«Vénus é uma divindade.»
«Vénus pertence à metafísica».

 

Indique, concretamente, duas regras da construção formalmente válida do silogismo que foram infringidas no silogismo acima.

 

2) Construa o quadrado lógico das oposições à proposição: «Os povos, em Hegel, fazem parte do espírito do mundo».

 

 

3) Relacione, justificando:

 

A) Ser em si e ser fora de si, na doutrina de Hegel, e lei dialéctica do salto qualitativo.

 

 

B) Ethos, Logos e Pathos, na retórica, e lei dialéctica da tríade.

 

C) Realismo Crítico, Idealismo solipsista e Fenomenologia.

 

 

4) Construa um silogismo disjuntivo ponendo-tollens e um silogismo disjuntivo tollendo-ponens, a partir da seguinte premissa: «Ou vou ver o jogo de futebol ou vou a Serpa.»

 

5) Disserte livremente sobre o seguinte tema:

 

«As falácias e os argumentos não falaciosos: falácia depois de por causa de, argumento do apelo à ignorância, argumento/falácia ad populum, falácia da composição, falácia da divisão, argumento circular, argumento ad misericordiam

 

CORRECÇÃO DO TESTE, COTADO EM 20 VALORES

 

 

1) Duas regras infringidas na construção de um silogismo formalmente válido foram: o termo médio (neste caso: divindades) tem que ser tomado universalmente ao menos uma vez; a conclusão segue sempre a parte mais fraca e, uma vez que a premissa maior é negativa, a conclusão teria de ser negativa. .(VALE DOIS VALORES)

 

2)   Quadrado Lógico

 

 

A                        contrárias                                        E

 

 

I                    sub-contrárias                                      O

 

 

 

 

Proposição de tipo A (universal afirmativa):Os povos, segundo Hegel, pertencem ao espírito do mundo.

Proposição de tipo E (universal negativa).Nenhuns povos, segundo Hegel, pertencem ao espírito do mundo.

Proposição de tipo I (particular afirmativa):Alguns povos, segundo Hegel, pertencem ao espírito do mundo. 

Proposição de tipo  O (particular negativa): Alguns povos, segundo Hegel,  não pertencem ao espírito do mundo. (VALE DOIS VALORES)

 

3) A)  A fase do ser em si da Ideia Absoluta ou Deus é aquela em que este, sozinho, medita na criação do espaço, do tempo e do universo. É possível que a Ideia acumule lentamente conceitos, um a um, até que se dá uma mudança brusca em qualidade e a Ideia se transforma em ser fora de si, isto é, em espaço, tempo e universo material, impensante, mas regido por leis.  A lei do salto qualitativo diz que a mudança lenta em quantidade conduz a uma brusca mudança de qualidade. (VALE TRÊS VALORES)

 

3) B) O ethos é o carácter do orador, na retórica. O pathos é o sentimento colocado na oratória ou na escrita. O logos é o conceito, o raciocínio desenvolvido. Segundo a lei da tríade, que divide um processo dialético em três fases - tese ou afirmação, antítese ou negação, síntese ou negação da negação - é possível estabelecer como tese o logos, o racional, como antítese o pathos, o irracional, e como síntese o ethos, porque possui elementos racionais e irracionais. (VALE TRÊS VALORES)

 

3) C) O realismo crítico aceita a realidade em si do mundo físico exterior mas diz que não o percepcionamos como é. Exemplo: as cores só existem na nossa mente e não nos objectos físicos exteriores. O idealismo solipsista sustenta que o mundo de matéria é de natureza mental, flutua no interior da única mente real: a minha. A fenomenologia sustenta que não se sabe se é o  realismo se é o idealismo a ter razão: mente humana e mundo exterior são correlatos e não pode saber-se o fundo da questão. Comum a todos é a dúvida sobre a realidade de certos aspectos do mundo exterior. (VALE TRÊS VALORES)

 

4)  Silogismo disjuntivo  ponendo-tollens :

 

Ou vou ver o jogo de futebol ou vou a Serpa.

 Vou ver o jogo de futebol.

Logo, não vou a Serpa.

 

Silogismo disjuntivo  tollendo-ponens :

 

Ou vou ver o jogo de futebol ou vou a Serpa.

Não vou ver o jogo de futebol.

Logo, vou a Serpa.                             (VALE DOIS VALORES)

 

 

5) As falácias são uma espécie dentro do género argumento:  são raciocínios incorrectos, equívocos, deliberados (sofismas) ou não (paralogismos). A falácia depois de por causa de é a que atribui uma relação necessária de causa efeito a dois fenómenos vizinhos por acaso (exemplo: «Há 10 dias vi um gato preto e caí da bicicleta, há 5 dias vi outro gato preto e perdi a carteira, logo ver gatos pretos dá-me azar). A falácia do apelo à ignorância é a que raciocina sobre um fundo desconhecido e o usa de forma tendenciosa (exemplo: Nunca ninguém viu Deus, logo Deus não existe). A falácia da divisão é a que atribui propriedades do todo a cada uma das partes (exemplo: «O povo alemão é rico, logo o mendigo alemão Hans, que dorme na rua, é rico»). A falácia da composição é a que generaliza precipitadamente atribuindo ao todo as características de uma parte (exemplo: «entre os animais, há muitos cavalos, logo todos os animais são cavalos»). O argumento ad populum é o que invoca a voz do povo ou o sentir maioritário da população (exemplo: «votamos em eleições porque a maioria do povo assim o quer, vacinamo-nos porque a população em geral o faz»). O argumento circular é aquele em que as premissas se fundam na conclusão, é um raciocínio em circuito fechado (exemplo: «Ela é bela porque é fisicamente agradável e é fisicamente agradável porque é bela»). O argumento ad misericordam é aquele que invoca o sentimento de compaixão. (VALE CINCO VALORES).

 

 

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Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2011
Confusão em Aristóteles ao separar figura de predicação e acto e potência dela

 

No riquíssimo livro, no plano filosófico, que é a "Metafísica", Aristóteles distingue as figuras da predicação do acto e da potência delas, revelando, pelo menos aparentemente, alguma falta de clareza. Escreveu o Estagirita:

 

 « Posto que "o que é" e "o que não é" se dizem, em um sentido segundo as figuras da predicação, em outro sentido segundo a potência ou o acto de estas, ou os seus contrários, e em outro sentido o que  é verdadeiro ou é falso no sentido mais fundamental, o qual tem lugar nas coisas segundo estejam unidas ou separadas, de modo que diz a verdade o que julga que o separado está separado e o que sendo unido está unido, e diz falsidade aquele cujo juízo está articulado ao contrário das coisas, (...) Desde logo, tu não és branco porque seja verdadeiro o nosso juízo de que és branco, mas, pelo contrário, porque tu és branco, dizemos algo verdadeiro ao afirmá-lo.»

 

(Aristóteles, Metafísica, Livro IX, 1051a 30-35, 1051 b, 1-10; in pags 389-390 da versão espanhola de "Metafísica" de Editorial Gredos, tradução de Tomás Calvo Martínez; o negrito é posto por mim).  

 

Qual é a diferença entre as figuras de predicação e a potência ou o acto de estas? Não existe diferença. Fora do acto -realidade actual- e da potência - realidade virtual futura- não há outro modo de as coisas, entre estas as figuras de predicação, serem. O acto e a potência incluem ambos a figura de predicação, esta ora está num, de certo modo, ora está noutro, não subsiste fora deles. Portanto, a formulação desta questão, por Aristóteles, no texto acima, é equivoca.

 

Um primeiro problema hermenêutico no texto acima é o de saber o que Aristóteles entende por figura de predicação (schêma tês kategorías). Se se tratasse das figuras do silogismo, teorizadas em «Analíticos Primeiros», estruturaria a resposta do modo que exponho a seguir. 

Vejamos a primeira figura de predicação, classificada, como as outras três, em função da posição do termo médio nas duas permissas do silogismo regular( sendo P o termo maior ou primeiro, M o termo médio, que está contido no primeiro, S o termo último ou menor). 

 

P-M

M-S

P-S

 

 Todos os europeus não são asiáticos.

 Alguns asiáticos são chineses de Macau.

 Alguns europeus não são chineses de Macau.

 

 

(Nesta figura de predicação, Europeu é o termo maior, Asiático o termo médio e  Chinês de Macau o termo menor)

 

Esta figura de predicação corresponde a uma realidade em acto. E a figura está em acto enquanto inferência lógica concreta, com referentes. A figura está em potência enquanto esquema abstracto P-M, M-S, P-S. 

 

No entanto, por figura de predicação pode entender-se outra coisa distinta da figura do silogismo, como se depreende das seguinte passagens da "Metafísica":

 

«Enfim, certas coisas são um numericamente, outras especificamente, outras genericamente e outras por analogia: numericamente são-no aquelas coisas cuja matéria é una, especificamente aquelas cuja definição é una, genericamente aquelas cuja figura de predicação é a mesma e, por fim, por analogia as que guardam entre si a mesma proporção que guardam entre si.» (Aristóteles, Metafísica, Livro V, 1016-b, 30-35).

 

«Assim, a forma e a matéria são heterogéneas e também o são os predicados que correspondem às diversas figuras de predicação de "o que é" ( uns, com efeito, significam quê-é ; outros que é de certa qualidade e outros segundo as distinções expostas anteriormente.»

(Aristóteles, Metafísica, Livro V, 1024-b, 10-15).

 

Neste caso, figura de predicação significa o género, a substância primeira ( o quê-é) e os seus acidentes, ou seja, as categorias do ente. Por exemplo, animal é o género de António Damásio (substância primeira).  

Aliás, Tomás Calvo Martínez, tradutor da Metafísica, escreveu em nota:

 

«27. A expressão "figura da predicação" (schêma tês kategoría) refere-se usual e tecnicamente às distintas categorias (géneros supremos). BONITZ (238-39) propõe que nesta ocasião se interprete no sentido mais amplo e menos técnico de "predicado", a fim de integrar na doutrina proposta a unidade genérica correspondente aos géneros intermédios. Pelo contrário, Ross (I, 304-305) propõe interpretar a expressão no seu sentido usual e técnico, o que nos daria uma referência à unidade genérica entendida como pertença à mesma categoria.» ( Aristóteles, Metafísica, pag 222, nota do tradutor, Editorial Gredos).

 

 Nesta outra interpretação de figura da predicação, como género (exemplo: animal) ou como substância primeira (exemplo: António Damásio), o argumento é o mesmo que expus acima: o género e a substância primeira, como outras figuras da predicação, não são distintos do acto e da potência de si mesmos, ou são acto ou potência. 

Portanto a frase de Aristóteles « Posto que "o que é" e "o que não é" se dizem, em um sentido segundo as figuras da predicação, em outro sentido segundo a potência ou o acto de estas, ou os seus contrários» encerra, em si, uma equívoca duplicação de entidades.

 

Aristóteles coloca, no texto citado no início deste artigo, um terceiro sentido da dicotomia «o que é/ o que não é»: o de as coisas estarem unidas na realidade - isso seria o verdadeiro - ou de estarem desunidas - isso seria o falso. Mas esse terceiro sentido não é afinal o segundo,  o acto e a potência da figura de predicação na realidade exterior ou os seus contrários? A meu ver, é.

 

A unidade não tem mais realidade que a pluralidade ou desunião. Ao dizer que "o que é" se exprime no que está unido, Aristóteles visava, talvez inconscientemente, dizer que a verdade é a unidade entre o captado ou inteligido e a realidade externa. Mas, na realidade exterior, no mundo das coisas, estar unido ou desunido possui, em ambos os casos, realidade ontológica, carácter de "o que é".

  

www.filosofar.blogs.sapo.pt
f.limpo.queiroz@sapo.pt

 

 

© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)

 

 



publicado por Francisco Limpo Queiroz às 18:06
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