Sobre a filosofia de George Santayana (1863-1952), um dos filósofos do chamado "realismo crítico" norte-americano, escreveu Nicola Abbagnano (1901-1990):
«Sobre a relação do espírito com a natureza, as ideias de Santayana não são claras. Por um lado, afirma que toda a evolução natural tende a tornar possível a vida espiritual. " A matéria - diz (The realism of Spirit, pag. 79) -" não se teria desenvolvido até aos animais se a organização necessária não estivesse potencialmente nela desde o princípio, e a sua organização nunca teria despertado a consciência se a essência e a verdade não tivessem superado a existência desde a eternidade apresentando-se, finalmente, com todas as suas perspectivas suficientemente claras para que o espírito as pudesse perceber."(...)
«Mas por outro lado, insiste no carácter arbitrário, casual e contingente, da evolução física, devido ao qual é apenas a física, e não a metafísica, que nos pode revelar os fundamentos das coisas (Ib, pag 274).Deste modo, há uma contínua oscilação no seu pensamento entre uma concepção finalista, para a qual a matéria teria já, na sua cega fatalidade, predeterminando a realização do espírito , e uma concepção naturalista, para a qual o espírito seria um produto causal finito e temporal da evolução cósmica.» (Nicola Abbagnano, História da Filosofia, volume XIII, pag. 123, Editorial Presença).
Importa sublinhar aqui o pensamento equívoco, não dialéctico de Abagnano, ao opor finalismo a naturalismo. Finalismo, doutrina que detecta finalidades na vida e nos processos da natureza, é contrário, não de naturalismo mas, de casualismo, doutrina segundo a qual as coisas e a evolução acontecem ao acaso. Finalismo e casualismo pertencem como espécies ao género teleologia ao passo que naturalismo e sobrenaturalismo pertencem ao género ontologia de regiões.
Naturalismo é ainda sub espécie de duas espécies distintas: finalismo e casualismo. De facto há um naturalismo finalista, como é o caso de Bergson, e um naturalismo casualista.
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