Domingo, 6 de Outubro de 2019
O astuto papa maneja o número 13, numerologia illuminati

 

Em 5 de Outubro de 2019, o papa Francisco, eleito em um dia 13 - isto é, 13 de Março de 2013 - nomeia 13 novos cardeais no Vaticano. O papa jesuíta Jorge BerGOGlio - o livro do Apocalipse fala em GOG e MAGOG, personagens não recomendáveis - não escolheu por acaso o número 13. O 13 é considerado no senso comum como um número de azar: os 13 apóstolos à mesa, na última Ceia de Cristo, conteriam um dissidente, Judas, que atraiçoaria Cristo; entre os 22 arcanos ou figuras arquetípicas do Tarô o nº 13 é a carta da Morte. Há edifícios de apartamentos nos EUA e em outros países em que o 13º andar não existe formalmente, o 14º está imediatamente acima do 12º. No entanto, as aparições de Fátima - que os racionalistas interpretam como fenómenos OVNI- deram-se quase todas em dias 13, de 13 de Maio a 13 de Outubro de 1917. São 13 as famílias da elite global que controlam o mundo a partir do sistema bancário, político-militar e editorial de informação: Freeman, Russell, Reynolds, Onassis, Bundy, Rockefeller, Astor, Kennedy, Collins, Li, Van Duyn, Du Pont, Rothschild.

 

Como praticante da numerologia dos illuminati que conhecem o poder do número 13, um número lunar porque há 13 meses no ano solar de 365 dias, o papa, agente dessas famílias superpoderosas, ritualizou a cerimónia sob essa simbologia. Aqueles portugueses que se enchem de orgulho porque o poeta e arquivista do Vaticano José Tolentino de Mendonça é um desses 13 cardeais deveriam perguntar-se: qual o preço político-religioso a pagar por esse cargo honorífico? Eis um tema para um novo livro de Down Brown.

 

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Quinta-feira, 13 de Fevereiro de 2014
A crítica falaciosa de Kant a Berkeley

 

Na Crítica da Razão Pura, Kant desembainha a espada da crítica contra George Berkeley, a quem classifica de idealista dogmático. Atentemos  entre outras passagens,  na seguinte,  em que diz ser absurdo considerar que o espaço e o tempo existam em si mesmos, como reais, se se considera que os objectos materiais são irreais:  

 

«Com efeito, se considerarmos o espaço e o tempo como propriedades que, segundo a sua possibilidade, deveriam encontrar-se nas coisas em si e se reflectirmos nos absurdos em que se cai, desde que se admitam duas coisas infinitas, que não são substâncias, nem algo realmente inerente às substâncias, mas que devem ser contudo algo de existente e mesmo a condição necessária da existência de todas as coisas, já que subsistiriam, mesmo que todas as coisas desaparecessem, não se poderia mais censurar o bom do Berkeley por ter reduzido os corpos a simples aparência.» (Kant, Crítica da Razão Pura, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, pag 85-86; o negrito é posto por mim).

 

Kant tenta diferenciar fenómeno de aparência ou ilusão e atribuiu esta última categoria ao idealismo de Berkeley. É uma falácia. Já tratei este tema em outros artigos deste blog. Escreveu Kant:

 

«Seria culpa minha se convertesse em simples aparência o que deveria considerar como fenómeno. Eis o que não acontece segundo o nosso princípio de idealidade de todas as nossas intuições sensíveis; só quando se atribui realidade objectiva a essas formas de representação é que se não pode evitar que tudo se transforme em simples aparência.»(Kant, Crítica da Razão Pura´, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, pag 85; o negrito é posto por mim ).

 

 

Mas o que é atribuir realidade objectiva à representação? Kant fá-lo? Há uma objectividade realista e uma objectividade idealista. E Kant não as distingue, sequer... Aliás Kant diz o mesmo que Berkeley sobre os objectos físicos, pois não considera reais em si mesmos corpos como mesas, casas, árvores, átomos, sol, galáxia:

 

«Devíamos contudo lembrar de que os corpos não são objectos em si, que nos estejam presentes, mas uma simples manifestação fenoménica, sabe-se lá de que objecto desconhecido...de que, portanto, não é o movimento da matéria que produz em nós representações, mas que ele próprio (e, portanto, também a matéria que se torna cognoscível) é mera representação...»(Kant, Crítica da Razão Pura, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, nota da pag 363-364;o negrito é posto por mim). )

 

Eis a confissão de Kant: o fenómeno, o objecto ou a força material (o vento, o mar, a gaivota, a rocha, etc) é representação, é aparência de algo desconhecido. Se não são objectos em si, os corpos físicos são aparências. Não há meio termo: o fenómeno não é coisa em si, é ilusão tridimensional, é um conjunto de aparências. Kant tem exactamente a mesma posição de Berkeley, embora tente disfarçar o facto ao colocar «fenómeno» como meio termo entre coisa em si e aparência/representação. Mas de duas uma: o fenómeno ou é real ou não.

 

 O idealismo de Kant é, no essencial, o mesmo de Berkeley, com a diferença essencial de Berkeley afirmar Deus como real e Kant atribuir a Deus uma existência duvidosa (agnosticismo) classificando-o como númeno.  E as diferenças de Kant admitir a distinção ontológica entre qualidades primárias e secundárias e Berkeley não. E Kant construiu ainda as tábuas de categorias e de juízos puros, que são variações inessenciais do idealismo de Berkeley.

 

De duas uma: ou Kant era menos inteligente do que se pensa e interpretou mal Berkeley ou quis menorizar Berkeley, colhendo os louros de fundador do idealismo moderno,  e foi desonesto, deturpando a filosofia do bispo irlandês. Aposto nesta última hipótese.

 

Uma das provas da indigência intelectual dos filósofos consagrados dos séculos XX e XXI - como Heidegger, Russell, Sartre, Quine, Kripke, Goodman e tantos outros - e dos professores de filosofia em geral é não perceberem sequer esta identidade essencial: o idealismo de Kant é, ontologicamente, igual ao idealismo de Berkeley.  Que universidades são estas, incapazes de desmontar as falácias de Kant? Fechem-se as Faculdades de Filosofia! Não há nelas profundidade suficiente de pensamento. Só há títulos imerecidos, vaidades - exceptuando os títulos de alguns raros catedráticos de real valor, ultra minoritários no corpo docente.

 

 

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Segunda-feira, 17 de Junho de 2013
Russel´s inaccuracies about what is a universal on Aristotle

Bertrand Russel wrote about Aristotle´s distinction between substance (ousía) and universal (kathoulou, in Greek):

 

«What is signified by a proper name is a "substance", while what is signified by an adjective or class-name, such as "human" or "man" is called a "universal". A substance is a "this", but a universal is a "such" - it indicates the sort of thing, not the actual particular thing. A universal is not a substance, because it is not a "This" ». (Russell, History of Western Philosophy, page 160)

 

There is a mistake on Russel´s thoughts about Aristotle. "Man" is  not an universal but a specie, i.e, a common form of similar objects, in the case, human bodies. In fact, Aristotle never consideres the essence as a universal - for example: the essence horse, the form of all real horses, is not a universal - although he considers sometimes the genus - for example: animal - as a universal. He wrote, refuting the theory of separated Ideas from sensible world of Plato:

 

« But perhaps the universal, while it cannot be substance in the way in which the essence is so, can be present in this, e.g., animal can be present in man and horse. Then clearly there is a formula of the universal. And it makes no difference even if there is not a formula of everything that is in the substance: for none the less the universal will be the substance of anything. Man is the substance of the individual man in whom is present; therefore the same will happen again, for a substance, e.g., animal, must be the substance of that in which it is present as something peculiar to it. And further it is impossible and absurd that the "this", i.e., the substance, if it consists of parts, should not consist of substances nor  of what is a "this", but of quality; for that which is  not substance, i.e., the quality, will be then prior to substance and to the "this". Which is impossible; for neither in formula nor in time nor in coming to be can the affections be prior to the substance; for then they would be separable from it. » (Aristotle, Metaphysics, Book VII, 1038b, 15-30, The Complete Works of Aristotle, volume II, Princeton/ Bollingen Series; the bold is put by me)

 

We must know how to interpret accurately this text . Aristotle is  criticizing the theory of Plato who sustained that archethypes - i.e., pure and immaterial forms, such as Man, Tree, and qualities, such as Kindness, Justice- are substances, i.e, individual essences. And he is also criticzing Plato  for not prioritizing the archetypes. To Aristotle, on considering a Man with Courage, it is impossible that Courage (a quality) is prior to Man (a essence) because Courage only exist in Men (or in Animals).

 

On Aristotle, the universal is a quality, nor a form or essence, neither a substance or materialized and individualized form . Animal is a quality, not a form. In fact, animal holds multiple forms different from each other. And the universals as such, above all genera, such as the one and the being, are qualities.

 

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Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2012
O Paradoxo de Russell, um pseudo paradoxo- ( fragilidades da filosofia analítica anglo-saxónica- 2)

 

O "paradoxo de Russell" é ou foi um dos muitos pilares da filosofia analítica anglo-saxónica. Blackburn o enuncia-o assim:

 

«Paradoxo de Russell - O mais famoso dos paradoxos da teoria dos conjuntos,  descoberto por Russell em 1901. Algumas classes são membros de si mesmas: a classe de todos os objetos abstractos é um objecto abstracto. Outras não: a classe dos burros não é, ela própria, um burro. Considere-se agora a classe de todas as classes que não são membros de si mesmas. É esta classe um membro de si mesma? Se é, então não é; e se não é, então é.»

(Simon Blackburn, Dicionário de Filosofia, pag 319, Gradiva, 2007; o destaque a negrito é posto por mim).

 

Russell equivocou-se ao formular o paradoxo: a classe dos burros é um burro em abstrato e um lugar lógico-material de burros singulares, isto é, uma forma físico-vital idealizada, aplicável, mais ou menos, a cada um dos burros concretos, existentes, individuais. Se não tivesse a forma rarefeita ou semi-aberta de um burro, não seria uma classe de burros, mas outra coisa qualquer. Nenhuma classe é membro de si mesma: membro significa ser parte e classe significa ser todo.  A classe é o reservatório que contém vários indivíduos de natureza mais ou menos similar. Dizer que a classe dos objectos abstratos é membro de si mesma porque está em cada objecto abstracto é uma falácia: a essência da espécie (eidos) está como qualidade no ente real, individual mas não está como quantidade, como extensão. Ora o conceito de classe é simultaneamente uma qualidade/ intensão, uma forma, e uma extensão de entes reais. Uma classe é uma forma e uma matéria.

 

 A forma (eidos) é, de certo modo, o uno, e a matéria é, de certo modo, o múltiplo. Numerosas classes  são membros de uma classe maior, como por exemplo, as espécies galinha, girafa e leopardo (classes menores) são membros do género animal mas não acontece que o género animal seja membro (parte) de si mesmo, os animais girafas, leopardos, leões e outras é que são membros do género animal. Justiça, Bem, Número Sete, Metafísica,  são objetos abstratos determinados que fazem parte da classe dos objetos abstratos mas esta última não é membro de si mesmo porque, se o fosse, reduzir-se-ia ao nível de qualquer um desses objetos abstratos como Mal, Número Catorze, Ordem Social.

 

A parte do texto acima em que Blackburn diz: «É esta classe um membro de si mesma? Se é, então não é; se não é, então é.» é um puro jogo de palavras, um sofisma. É óbvio que a classe de todas as classes que não são membros de si mesmas não é membro de si mesma e se distingue das outras porque não tem forma definida: é um género e as outras são espécies. O erro de Russell começou em postular que há classes que são membros de si mesmas: é o mesmo que dizer «há géneros que são espécies de si mesmos». É fragmentar o que não pode ser fragmentado. Este é um traço comum à maior parte da filosofia analítica: esquizoidia lógico-discursiva, cisão.  Russell não dominava a lógica dialética: a correcta hierarquização espécie-género, ambas classes, passou-lhe desapercebida, ao menos no tempo da formulação do "paradoxo de Russell", pelos anos 1901-1903.

 

Milhares de catedráticos de filosofia obnóxios que ocupam as cadeiras regentes das universidades veneram Russell, o papa da «igreja filosófica» analítica anglo-saxónica no século XX e calam-se e aceitam este pseudo raciocínio de Russell. Nem o próprio Blackburn entendeu ,com clareza, aquilo que escreveu acima. Muitos, não todos,  dormem o sono dogmático dos "justos", nesta matéria: nem sonhavam que o paradoxo de Russell seja um sofisma, uma mentira lógico-linguística. Pensarão, verdadeiramente? - no sentido mais nobre, solitário, da palavra pensar?

 

Russell não descobriu um paradoxo - uma impossibilidade lógica mas realidade ontológica -  inventou um pseudoparadoxo, um sofisma. É nisto, no discurso sofístico, que dá à palavra classe dois sentidos distintos - um o de aglomeração de objetos similares, da mesma espécie; outro, de aglomeração de objetos muito diferentes entre si, de várias classes do mesmo género - que assentam vários dos pilares da filosofia analítica anglo-saxónica. Como se vê, se pensarmos em profundidade, o edifício analítico vai ruindo como um baralho de cartas...Os paradoxos e as regras lógicas da chamada filosofia analítica anglo-saxónica impedem, em regra, de atingir as camadas mais profundas do pensar. É certo que, anos mais tarde, Russell rectificou, criando a Teoria dos Tipos.

 

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