O homem é um ser para a morte» escreveu Heidegger em «Ser e Tempo». Romano Amerio,(22 de Junho de 1905, Lugano– 16 de Janeiro de 1997, Lugano), o grande teólogo suíço, crítico da teologia eclética da igreja católica romana pós Concílio Vaticano II, sublinhou que o problema da morte é esquecido na actual heresia que domina a igreja católica romana. Escreveu:
«Na fé católica inclusive a morte tem uma causa, um significado, um fim moral, como moral é o fim de todo o universo e dos seus defeitos, que a Providência reconduz em ordem a esse fim. O fenómeno significativo na sociedade contemporânea é a degradação axiológica da morte e a remoção de essa base religiosa sobre a qual todas as civilizações a situaram. O epicurismo fez da morte o problema de fundo e da mortalidade da alma a chave da beatitude. E posto que o terror da morte invade toda a vida, de forma aberta ou encoberta, perturbando-a desde o mais profundo, a filosofia foi um combate perpétuo contra o terror da morte e uma busca da serenidade que dominasse esse terror.»
«Convém que o combate contra o terror da morte teve em Epicuro um alto significado moral, porque era (naquele estádio religioso da humanidade) terror do mais Além, e o mais Além era concebido como uma pura duração sem cumprimento ou conclusão de vida moral, e sem compensação de méritos ou deméritos: abismo de vida inferior em que se precipitam todas as sombras. Era portanto o contrário do mais Além do cristianismo, no qual se consuma em justiça o destino moral do homem, ou mais precisamente o fim do universo. A celebração da mortalidade, negando aquela eternidade insensata, pode por conseguinte considerar-se como uma propedêutica à doutrina e à esperança da religião. »
«A concepção cristã da morte está marcada por duas ideias: a morte é um acto do homem; a morte é um momento decisivo de todo o destino humano».
«Como vimos em S 303, a religião cristã considera a morte como pena do pecado, e portanto não desconhece a tristeza subsequente a ela; esta tristeza ante a morte encontra-se também no homem-Deus ( Mat, 26, 38 e Luc 22,44). Mas a morte é ademais o ponto no qual, encerrando a vida de prova, cessa o sincretismo de bem e de mal e se opera a justiça: quer dizer a conjunção definitiva da virtude e da felicidade; esta não é por outro lado mais que a consumação perfeita de aquela».
(Romano Amerio, Iota Unum, Estudio sobre las transformaciones de la iglesia catolica en el siglo XX, Salamanca 1994, pag. 453; o destaque a negrito é posto por nós).
A aprovação de leis da eutanásia - em Fevereiro de 2020 o parlamento português aprovou 5 projectos de lei de eutanásia - são a outra faceta do esquecimento da morte na sociedade actual pós cristã: apressa-se a morte de pessoas em estado crítico, real ou imaginário, para apagar a tese de que o sofrimento físico é redentor e deve ser aceite tendo como horizonte a morte, não precipitada, e a ulterior ascensão ao paraíso.
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Romano Amerio (22 de Junho de 1905, Lugano– 16 de Janeiro de 1997, Lugano), teólogo suíço, crítico da teologia eclética da igreja católica romana pós Concílio Vaticano II escreveu sobre a moral de situação, isto é, a moral existencialista que minimiza ou abole a lei moral objectiva:
«Se divórcio, sodomia e aborto negam a lei natural em pontos específicos da aplicação, a moral de situação ataca o seu próprio princípio, reduzindo a moral a um mero juízo subjectivo do homem sobre os seus próprios actos.»
«A moral de situação já havia sido condenada por Pio XII como uma "radical inversão da moral" em um discurso à Federação mundial da juventude católica feminina (Observatore Romano, 19 de Abril de 1952). É uma moral que transfere o critério sobre a moralidade desde a lei objectiva e desde as estruturas essenciais para a intenção subjectiva, e "do centro à periferia", como diz o Papa. A acção seria justa quando existe recta intenção e uma resposta sincera à situação.(...) Fica abolida a distinção entre juízo subjectivo, que valoriza o acto singular e juízo objectivo, que lê no critério universal a natureza de esse acto».
«Convém assinalar que também a moral tradicional é uma moral de situação. O conhecimento do universal, regra dos actos, constitui só metade da moral. A outra metade necessária para completar o juízo moral consiste na confrontação das situações concretas com a exigência expressa da lei , o que se revela como o são e irrefragável fundamento da casuística. A moral de situação unifica e confunde o juízo praxiológico com o juízo prático, eliminando a lei e fazendo da consciência a medida de si mesma.»
(Romano Amerio, Iota Unum, estudo sobre as transformações da igreja católica no século XX, Salamanca 1994, pág. 317; o destaque a negrito é posto por nós).
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Romano Amerio (22 de Junho de 1905, Lugano– 16 de Janeiro de 1997, Lugano), foi um teólogo suíço, historiador da filosofia, autor de estudos sobre Tomás Campanella e crítico dos desvios da teologia católica operada no Concílio Vaticano II. Escreveu sobre a constante variação do pensamento contemporâneo, cheia de redundâncias retóricas, que ocorre no plano da religião, da filosofia, sinal de um vazio intelectual confrangedor como é o caso da lógica proposicional que formaliza mas não pensa:
«O aspecto mais vistoso do mundo contemporâneo é a convulsa vivacidade do seu espírito, o contínuo movimento das opiniões, a variação rápida das coisas, a ininterrupta discussão e problematização total (sobre tudo e por todos), o incessante pulular de congressos, encontros de estudo ou grupos de investigação. Nisto consiste o fenómeno profundo do pirronismo e do mobilismo, que corrompem profundamente a mentalidade. Mas este fenómeno não tem númeno e responde a uma lei que já citámos: quanto mais deixam de existir as coisas no mundo real, mais passam à ordem verbal; e a palavra (o fenómeno, a aparência do ente) converte-se em um quid em si e substitutiva do ente. Por exemplo, quando a vida monástica elanguesce, então abundam os escritos sobre renovação e sobre o descobrimento ou redescobrimento dos valores monásticos, convertendo-se tudo em problemática e verborreia. E quando a adoração eucarística é rebaixada ao mais profundo grau, então o Sacramento converte-se em sujeito de discussões, congressos de estudos e livros, como nunca se viu em épocas de profunda piedade eucarística.»
(Romano Amerio, Iota Unum, estudo sobre as transformações da igreja católica no século XX, Salamanca 1994, pág. 496; o destaque a negrito é posto por nós).
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Romano Amerio (22 de Junho de 1905, Lugano– 16 de Janeiro de 1997, Lugano), foi um teólogo suíço, historiador da filosofia, autor de estudos sobre Tomás Campanella e crítico da nova teologia do Concílio Vaticano II. Sustentou que o sentimento de pudor feminino e masculino, que se desvaneceu sociologicamente na segunda metade do século XX e no século XXI na quase totalidade do planeta Terra, não é qualidade acidental, historicamente configurada, mas sim um traço metafísico essencial do ser humano .Amerio escreveu:
«O fenómeno do pudor resulta ainda mais profundo se se contempla teologicamente. A libido é a mais ampla desobediência que se opera no homem, carente de harmonia por causa da desobediência original. Foi certamente um exagero, ou melhor um erro grave (popular, ainda que não das pessoas instruídas) fazer do pecado carnal o pecado essencial. Sem embargo, é certo que a concupiscência (ainda que não coincidindo com o pecado) é o sintoma máximo do presente estado do homem, pecador por natureza.»(...)
«Considerada à luz da religião, a vergonha do sexo pertence à esfera profunda da realidade humana, e se se frivoliza com o pudor reduzindo-o meramente à esfera psicológica e sociológica, nega-se todo todo o drama do amor e o sentido do combate moral. Muito pelo contrário, é o sinal da cisão causada na natureza humana pelo pecado. Por causa de tal cisão a vontade de governo resulta governada, e necessita de preservar o seu senhorio moral com um combate perpétuo. Não está acorrentada à concupiscência, como queria Lutero, mas sim ao combate contra a concupiscência, e em este combate consegue a vitória; mas é uma vitória sempre em acto, posto que em acto é o combate.»
«Portanto, as doutrinas modernas inimigas do pudor esquecem o combate e celebram a luxúria como libertação total.»
«Na famosa obra de Reich A revolução sexual (Ed. Roca, México, 1976) proclama-se que a felicidade do homem consiste no prazer sexual, e portanto todo o impedimento à lbido deve ser afastado por constituir um impedimento para a felicidade. Sendo a proibição moral a suprema proibição, já que persiste pese a toda a transgressão ressurgindo com mais ímpeto a cada uma delas, a emancipação a respeito do pudor identifica-se com a felicidade. Daqui procede em linha teórica a negação de todo o finalismo e de toda a lei na actividade sexual, e em linha prática a abolição do matrimónio, o coito público, as uniões antinaturais, a pammixis, ou a minimização do vestido. No fundo do erotismo, está um conceito espúrio de liberdade, segundo o qual o dependente desconhece a dependência da idealidade imperativa da lei inscrita no fundo da sua própria natureza.» (...)
«Muitos documentos episcopais sobre a sexualidade não têm nenhuma profundidade religiosa: o impudor não é condenado em virtude da prevaricação moral que implica, mas puramente como um desarranjo da mecânica vital e como um impedimento para o desenvolvimento da personalidade. Não aparecem razões teológicas, não se estabelece nenhum nexo com o pecado original, não se considera a cisão entre o homem e a lei moral, nem sequer se adoptam os termos castidade e pudor.
(Romano Amerio, Iota Unum, estudo sobre as transformações da igreja católica no século XX, Salamanca 1994, pág. 165; o destaque a negrito é posto por nós).
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