O manual «O Espanto, 10º ano de Filosofia», da Didáctica editora, da autoria de Aires Almeida e Desidério Murcho, contém alguns sérios erros conceptuais.
CONFUSÕES SOBRE DETERMINISMO RADICAL, LIBERTISMO E DETERMINISMO MODERADO
Lê-se no manual:
«Determinismo radical: a hipótese de que não há livre-arbítrio porque todos os acontecimentos (o que inclui as ações humanas) são efeitos de causas anteriores.»
«Libertismo: a hipótese de que há livre-arbítrio e por isso nem todos os acontecimentosnte são efeitos de causas anteriores (nomeadamente as ações humanas).»
«Determinismo moderado: a hipótese de que há livre-arbítrio, apesar de todos os acontecimentos ( o que inclui as ações humanas) serem efeitos de causas anteriores.»
(Aires Almeida, Desidério Murcho «O Espanto, 10º ano de Filosofia», Didáctica editora, Pág. 122).
Estes autores, veículos de uma medíocre filosofia analítica anglo/ norte-americana, mergulham, como já nos habituaram desde há pelo menos duas décadas, no magma da confusão.
Em primeiro lugar, o determinismo radical não pode sustentar que todos os acontecimentos são efeitos de causas anteriores. Só falíveis pensadores como John Searle, Ricardo Santos, João Branquinho, Desidério Murcho e Aires Almeida postulam isto. Então e a escolha irracional, instintiva, que ocorre a cada momento nos seres humanos sem uso de livre-arbítrio? A escolha da criança entre comer um gelado ou uma banana neste momento não é determinada por causas anteriores - isso seria fatalismo - mas sim por forças motrizes actuais, mais ou menos imprevisíveis. O determinismo sem livre-arbítrio não conduz o mundo em uma só direção predestinada, o acaso e a escolha irracional dos humanos a cada momento inflectem o «destino».
Em segundo lugar, é absurdo definir o determinismo moderado como «postulando que todos os acontecimentos ( o que inclui as ações humanas) são efeitos de causas anteriores e que isso é compatível com o livre-arbítrio», que supostamente existiria. É uma irracionalidade. Se todos os acontecimentos derivam de causas anteriores onde fica o livre-arbítrio? Isto sim, é um incompatibilismo.
Em terceiro lugar, o libertismo não passa de determinismo moderado pois admite que há acontecimentos livremente criados ou desencadeados pelo livre-arbítrio, não resultantes de causas anteriores mas fruto de deliberações racionais do momento presente. Há portanto nestes autores uma duplicação do mesmo conceito, do mesmo modo que esta «dupla visão» mental faz supor que existem disjunção inclusiva e disjunção exclusiva - a disjunção é uma só, exclusiva.
Libertismo, ou existência e exercício de livre-arbítrio, não constitui uma corrente autónoma mas sim uma propriedade comum a duas correntes: o determinismo biofísico com livre arbítrio, vulgo determinismo moderado( exemplo: delibero tomar sumo de laranja diariamente porque sei do efeito sempre benéfico -determinismo- deste alimento sobre o organismo humano); o indeterminismo biofísico com livre arbítrio, vulgo indeterminismo moderado (exemplo: delibero, racionalmente, não tomar a vacina porque sei que esta produz, frequentemente, trombos nas veias, avc ´s, não gera sempre o mesmo efeito -indeterminismo - no corpo humano).
O RELATIVISMO ESTÁ IMPEDIDO DE CRITICAR OS COSTUMES E VALORES DE OUTRAS SOCIEDADES?
Sobre o relativismo, doutrina que o manual define incompletamente, ao ocultar que há relativismo, isto é, variação de valores de grupo a grupo social no seio de uma mesma sociedade (exemplo: os adeptos do crescimento industrial, os ecologistas anti indústrias, os anti homossexuais e os homossexuais e trangéneros, etc.), lemos:
«Há quem pense que é preciso ser relativista para promover a tolerância e combater a discriminação de pessoas que têm costumes diferentes dos nossos. Mas a ideia de que as pessoas de culturas diferentes da nossa não devem ser discriminadas é um juízo moral. Ora, quem é relativista e vive numa sociedade que defende a intolerância e a discriminação das mulheres, dos negros e dos judeus está obrigado a concordar que nada há de moralmente errado nessas práticas - porque são essas, precisamente, as práticas da sua sociedade. Por isso, essa pessoa não tem como combater a intolerância e a discriminação.»
(Aires Almeida, Desidério Murcho «O Espanto, 10º ano de Filosofia», Didáctica editora, Pág. 155).
Interpretar relativismo como igualitarismo de valores e cepticismo é um erro destes autores. Hegel e a igreja católica romana pós concílio Vaticano II (1962-1965) eram ou são relativistas em matéria de religião: ambos defendiam que a verdade religiosa é a soma de todas as religiões particulares mas entre estas o cristianismo - luterano, na visão de Hegel; católico, na visão de Roma - possuía maior grau de verdade do que qualquer outra, seguido do judaísmo, do islamismo, etc.
UM JUÍZO RELATIVO NÃO É VERDADEIRO NEM FALSO? QUANDO UM JUÍZO É RELATIVO NENHUMA SOCIEDADE/CULTURA ESTÁ ENGANADA?
No caderno de atividades do professor, lêem-se, entre muitos outros, os seguintes erros conceptuais:
«1)a) Um juízo é relativo quando não é verdadeiro em falso.
1) b) Quando um juízo é relativo, nenhuma sociedade/cultura está enganada.»
(Aires Almeida, Desidério Murcho «O Espanto, 10º ano de Filosofia», Caderno de Atividades, professor» Didáctica editora, Pág. 102)
Refutemos o ponto 1)a): eis um exemplo de um juízo relativo verdadeiro: «Na Europa, vigoram democracias liberais, com liberdade de imprensa, de comportamento sexual e de vestuário feminino ousado, na Arábia Saudita e no Irão não». Não há juízos que sejam ao mesmo tempo nem verdadeiros nem falsos, como sustentou o positivismo lógico do Círculo de Viena: ou são verdadeiros ou falsos. Exemplo de outro juízo relativo verdadeiro: «A gravidade terrestre é relativa à distância de um objecto no ar em relação à superfície terrestre, essa força gravitacional cessa acima dos 500 quilómetros de altitude, no caso das naves espaciais, verifica-se esta cessação em órbitas terrestres circulares situadas a uma altitude de 500 km, em que este estado não gravitacional é permanente.»
Refutemos o ponto 1)b): o juízo «a democracia liberal com direito à objeção de consciência é o melhor regime do mundo» é condenado pelas sociedades totalitárias como a China comunista e a Arábia Saudita que sobre ele estão enganadas e enganam os respectivos povos.
NENHUM TEMA VERDADEIRAMENTE FRACTURANTE COMO SERIA EXIGÍVEL EM FILOSOFIA
Estes manual e estes autores são meros instrumentos de propaganda da redutora filosofia oficial: a filosofia analítica, com a sua errónea lógica proposicional (só mentes confusas dizem que «Vou ao Porto ou vou a Lisboa» é diferente na estrutura lógica de «Ou vou ao Porto ou vou a Lisboa»). Fazem o discurso politicamente correcto, longe dos "extremismos", se exceptuarmos a dúvida hiperbólica cartesiana ou a teoria das conjecturas e refutações de Karl Popper. Não são filósofos mas funcionários de uma medíocre filosofia com a qual moldam a mente de alunos inteligentes.
Nenhum texto sobre astrologia histórica e não falta assunto filosófico neste tema : se o Partido Socialista venceu as eleições legislativas de 25 de Abril de 1983, com Júpiter em 9º do signo de Sagitário, e venceu as eleições legislativas de 1 de Outubro de 1995, com Júpiter em 10º do signo de Sagitário, e venceu as eleições de 6 de Outubro de 2019, com Júpiter em 18º-19º do signo de Sagitário, poderá dizer-se que Júpiter no signo de Sagitário (arco de 240º a 270º do Zodíaco) gera necessariamente vitórias do PS?
Nenhum texto questionando a vacinação e é tão oportuno fazê-lo.David Icke escreveu. «O processo de fabricação de vacinas inclui o uso de macacos, embriões de frangos e fetos humanos, além de estabilizadores como a estreptomicina, o cloreto de sódio, o hidróxido de sódio, o alumínio, o cloridrato, o sorbitol, a gelatina hidrolisada, o formaldeído,e um derivado do mercúrio chamado timerosal ...» (David Icke, «La conspiración mundial y como acabar con ella», Ediciones Obelisco, Barcelona, pag 819).
Os autores deste manual, como bons servos das multinacionais de farmácia, não contrapõem nada à teoria oficial.
Nenhum texto de Fernando Pessoa, poeta e filósofo da fenomenologia ou de outros pensadores portugueses metafísicos. Os autores deste manual de filosofia são estrangeirados, no mau sentido do termo. Não se dá importância ao que Pessoa escreveu:
«Não é possível uma futura civilização espanhola, nem uma futura civilização portuguesa. O que é possível é uma futura civilização ibérica formada pelos esforços da Espanha e de Portugal.»
«Todas as forças que se oponham a uma aliança, a um entendimento entre Portugal e Espanha devem ser desde já condenadas como inimigas. Essas forças são: os conservadores, sobretudo os católicos, e a Igreja Católica acima de tudo, que têm por ânsia íntima a união ibérica; a maçonaria, que é também estrangeira de origem, e é agora um organismo estranho metido na carne da Ibéria; a França, que com a sua cultura especial, tem envenenado, por excesso, a alma, ou as almas da Ibéria. A Inglaterra que politicamente tem espezinhado os países ibéricos.» (...)
«Para a criação da civilização ibérica é preciso a rigorosa independência das nações componentes dessa civilização. É um erro crasso supor que a fusão imperialista facilita a actividade civilizacional.»
(Fernando Pessoa, «Obra em prosa, Páginas de Pensamento Político-1, 1910-1919», Livros de Bolso Europa-América, páginas 135-136).
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© (Copyright to Francisco Limpo de Faria Queiroz)
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Um dos inspectores de circunstâncias («regras lógicas») que possibilitam extensas «tabelas de verdade» da lógica proposicional é o da equivalência material ou bicondicional : «P é verdade se e só se Q é verdade» . P(↔) Q
A regra da equivalência bicondicional enuncia-se assim:
«Uma proposição bicondicional é verdadeira se as proposições que a constituem forem ambas verdadeiras ou ambas falsas».
Vejamos uma aplicação desta regra, considerando que a proposição P é «Marte tem um brilho avermelhado» e a proposição Q é «Marcelo Rebelo de Sousa é presidente da república portuguesa».
« Marte tem um brilho avermelhado se e só se Marcelo Rebelo de Sousa é presidente da república portuguesa».
Qualquer pessoa de bom senso dirá: é uma asserção ridícula, não é verdadeira, a dita tabela de verdade que estipula
Verdadeiro verdadeiro verdadeiro
P Q P(↔) Q
é absurda.
Vejamos outra regra errónea da lógica proposicional. A tabela de verdade da implicação material (se...então: P→Q) enuncia-se assim :
«A implicação só é falsa se o antecedente for verdadeiro e o consequente falso. Nos outros casos, é sempre verdadeira.»
Consideremos o seguinte caso de P e Q serem verdadeiras
P= A revolução comunista russa ocorreu em Novembro de 2017
Q=Portugal detém a presidência da União Europeia de 1 de Janeiro a 1 de Julho de 2021»
Aplicando P→Q temos:
Se a revolução comunista russa ocorreu em Novembro de 2017 então Portugal detém a presidência da União Europeia de 1 de Janeiro a 1 de Julho de 2021».
Esta implicação é uma falácia, uma coisa não implica a outra apesar de ambas serem factos verdadeiros, a menos que se acredite numa absoluta conexão predestinada.
Quem subscreve esta lógica ?
Antes de tudo, Gottlob Frege (Wismar, 8 de Novembro de 1848 — Bad Kleinen, 26 de Julho de 1925) matemático, lógico e filósofo alemão que ligou elementos matemáticos e linguísticos para o entendimento de enunciados (estes são reduzidos a uma simples letra, como por exemplo P, sendo P a proposição «O Alentejo está cheio de olivais»).
Outros filósofos, como Ludwig Wittgenstein (Viena, 26 de Abril de 1889 — Cambridge, 29 de Abril de 1951) filósofo austríaco, naturalizado britânico.e Rudolf Carnap (Ronsdorf, Wuppertal, 18 de maio de 1891 — Santa Mônica, 14 de setembro de 1970) filósofo alemão e o matemático britânico Bertrand Russell, (Ravenscroft, País de Gales, 18 de maio de 1872 — Penrhyndeudraeth, País de Gales, 2 de Fevereiro de 1970) estudaram as relações entre a lógica e a linguagem, criando ou completando a chamada filosofia analítica da linguagem, que inclui a lógica proposicional.
Podemos classificar de filósofos medíocres, no plano da lógica, Frege, Wittgenstein, Carnap e Russell? Sim, podemos e devemos. E que pensar dos subscritores e defensores em Portugal desta lógica proposicional como Manuel Maria Carrilho, João Branquinho, Guido Imaguirre , João Saágua, Ricardo Santos, Desidério Murcho, Domingos Faria, Rolando Almeida, Pedro Galvão, Célia Teixeira, António Pedro Mesquita, Aires Almeida, Alexandre Franco de Sá? São medíocres intelectuais e, se algum deles se apercebeu genuinamente das falácias dessa lógica, padece de cobardia intelectual por não as denunciar. É aliás este grupo o grande responsável, desde que Carrilho foi ministro da Cultura em 1995-1999 e ministro da Educação em 1999-2002, da alteração para pior dos programas de filosofia do 10º e 11º anos de escolaridade em que os professores sáo obrigados a lecionar esta estúpida lógica proposicional.
A universidade em filosofia funciona como um partido leninista: os dirigentes, os catedráticos, cooptam os doutorandos e mestres que lhes são fiéis e não põem em causa o seu estatuto de «sábios». Já Schopenhauer denunciou no século XIX a corrupção da filosofia institucional.
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A lógica proposicional, uma pseudo-ciência emanada da filosofia analítica que se pretende de matriz matemática, distingue entre disjunção inclusiva, de que um exemplo seria «Deus existe ou Satã existe» (AvB), e disjunção exclusiva, de que um exemplo seria «Ou Deus existe ou Satã existe» (A wB).
Ora toda a disjunção é exclusão: «Ou...ou». Não há disjunção inclusiva. Dizer disjunção inclusiva é o mesmo que dizer exclusão inclusiva ou ainda rectângulo circular, o que é uma contradição nos termos. Dizer «Vou a São Paulo ou vou ao Rio de Janeiro» tem o mesmo conteúdo que dizer «Ou vou a São Paulo ou vou ao Rio de Janeiro», estas proposições só diferem levemente na forma, são iguais em conteúdo, só mentes estúpidas inventam tabelas de verdade diferenes para cada uma delas.
Só a falta de profundidade da grande maioria dos professores de filosofia, que são treinadores mecânicos de alunos para exame, permite que este erro basilar da «lógica proposicional» continue a ser ensinado nas aulas do secundário e elevado a matéria de exame nacional. O Rouledge Dicionário de Filosofia, de Michael Proudfoot e A.R.Lacey, o Dicionário de Filosofia de Simon Blackburn, o seminário Lancog de João Branquinho e Ricardo Santos, e os próprios filósofos Fregge, Bertrand Russel, Ludwig Wittgenstein que eram ou são, senão mentes confusas, míopes, estúpidas, nesta e noutras matérias?
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© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Aires Almeida, co-autor de manuais de filosofia para o ensino secundário, e o lóbi da filosofia analítica - que inclui Manuel Maria Carrilho, João Branquinho, Ricardo Santos, Desidério Murcho, Célia Teixeira, Pedro Galvão, Rolando Almeida, Domingos Faria, Sara Bizarro, etc.- alteraram o programa de filosofia do 10º e 11º ano do ensino secundário em Portugal, amputando-o da lógica aristotélica e impondo como obrigatória e única a pseudo-ciência da lógica proposicional, expoente máximo do charlatanismo em filosofia.
Porque o fizeram? É possível aduzir várias razões:
1º O negócio e a conquista da hegemonia. Com a abolição programática de quase toda a lógica aristotélica - as 8 regras do silogismo regular, etc. - os promotores da lógica proposicional oferecem ações de formação aos professores de filosofia, pagas. Domingos Faria, entre outros, aí está a oferecer os «seus» cursos mercenários. Este grupo pretende assim obter a hegemonia ideológica no ensino da filosofia e torcer o programa à medida dos novos manuais de filosofia que preparam já..
2º A substituição da filosofia tradicional, incluindo a história da filosofia, por um formalismo de pseudo pensamento, cumprindo as indicações do Clube de Bilderberg. De este grupo de ideólogos , grandes financeiros e donos de grandes grupos de comunicação social, primeiros-ministros, líderes partidários e deputados influentes, que visa construir a Nova Ordem Mundial, um Estado subtilmente fascista com parlamentos e orgãos de imprensa controlados pela Mão Invisível, é membro o socialista Manuel Maria Carrilho. Não há, nas aprendizagens essenciais da filosofia 10º ano, qualquer referência à obrigação de conhecer a filosofia grega antiga (os pré-socráticos, Platão, Aristóteles, os sofistas) e a filosofia oriental antiga (o taoísmo de Lao Tse, o budismo filosófico, etc.). Fala-se apenas nos «grandes temas da filosofia», passando como gato sobre brasas.
O CHARLATANISMO DA DISTINÇÃO ENTRE DISJUNÇÃO INCLUSIVA E DISJUNÇÃO EXCLUSIVA
Um dos equívocos da lógica proposicional, que a qualificam como charlatanismo, é a falaciosa distinção entre disjunção inclusiva e disjunção exclusiva. No Manual Essencial Filosofia 11º em voga em muitas escolas do ensino secundário em Portugal lê-se:
«A disjunção inclusiva é representada por V.
«A disjunção exclusiva é representada por W.
Por exemplo:
«Os livros estão escritos em prosa ou em poesia».
PVQ
«Os livros estão escritos ou em prosa ou em poesia».
PWQ
Neste último sentido, é claro que uma alternativa exclui por si só a outra».
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 71).
Esta distinção é uma falácia. Dizer, por exemplo, «Vou ao Porto ou vou a Lisboa» (disjunção inclusiva segundo esta lógica) é o mesmo que dizer «Ou vou ao Porto ou vou a Lisboa» (disjunção exclusiva segundo esta lógica proposicional). A disjunção é exclusiva em ambos os casos: ir ao Porto exclui, no mesmo instante, ir a Lisboa. O «ou..ou» é apenas uma forma mais enfática de dizer «ou». Na substância, não há diferença alguma entre estas «duas» disjunções.
Andam os professores a ensinar erradamente os seus alunos. Gravíssimo. Uma pseudociência do pensamento, uma formalização parcialmente arbitrária deste, elevada a tema central da filosofia!
A FALSA REGRA DA «DISJUNÇÃO EXCLUSIVA»
Há leis erróneas na lógica proposicional. Como a seguinte:
«Regra da disjunção exclusiva: A disjunção exclusiva é verdadeira quando as proposições simples apresentam valores lógicos diferentes. É falsa quando as proposições são ambas verdadeiras ou ambas falsas.»
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 72).
Eis um exemplo que atesta o erro desta regra: a disjunção exclusiva PWQ «Ou o inverno é necessário à natureza (P) ou o verão é necessário à natureza (Q).» Ambas as proposições P e Q são verdadeiras e a disjunção é verdadeira mas segundo a regra acima deveria ser falsa.
A FALSA REGRA DA «DISJUNÇÃO INCLUSIVA»
A lei da «disjunção inclusiva» é também errónea. É enunciada assim:
«Regra da disjunção inclusiva: a disjunção inclusiva de duas proposições é verdadeira em todos os casos, excepto quando as duas proposições simples são ambas falsas.»
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 72).
Eis um exemplo que atesta o erro desta regra: a disjunção inclusiva PVQ «Somos portugueses (P) ou somos europeus (Q).» Ambas as proposições P e Q são verdadeiras, contudo a disjunção é falsa porque não podemos extrinsecar portugueses de europeus, mas segundo a regra acima é uma disjunção...«verdadeira». É charlatanismo, para não falar em fascismo epistémico, impor que alunos e professores de filosofia memorizem e apliquem em pseudo tabelas de verdade estas "regras" falsas».
A ERRÓNEA TABELA DE VERDADE DA IMPLICAÇÃO
A função de verdade dita condicional ou implicação na lógica proposicional simboliza-se S →P. Por exemplo, «Se chover»(proposição S) «então levarei guarda-chuva» (proposição P).
Escreve um manual do 11º ano de filosofia da Santilhana:
«A implicação material é uma operação intelectual que relaciona condicionalmente os valores lógicos de duas proposições simples.
«Por exemplo: P→Q «Se tirar a carta, então vou comprar carro»
«Qual é a regra da implicação?
«Regra da implicação: A implicação só é falsa se o antecedente for verdadeiro e o consequente falso. Nos outros casos é sempre verdadeira».
«Qual é a tabela de verdade da implicação?
«A tabela de verdade da implicação é a seguinte:
P Q P→Q
V V V
V F F
F V V
F F V
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 73).
É fácil verificar a falsidade desta tabela de verdade aplicando-a a exemplos concretos (lógica material).
Consideremos a proposição complexa «Se há pegadas de dinossauro na Serra de Aire e Candeeiros (P), então a Lua completa em 27,3 dias a sua órbita em torno da Terra (Q)».
Ambas as proposições simples são verdadeiras e, segundo a tabela de «verdade», a implicação será verdadeira. Mas não é, porque a relação entre pegadas de dinossauro na serra X e mês sideral da Lua é meramente acidental, não existe sequer: quer haja ou não pegadas de dinossauro a Lua leva sempre 27,3 dias na sua órbita em torno da Terra.
Consideremos as proposições simples "Os átomos existem" (P) e "As moléculas existem" (Q). Construamos a proposição complexa «Se os átomos não existem ( ¬ P) então (→ )as moléculas existem (Q)». Segundo a tabela de verdade acima, sendo ¬ P falsa (porque os átomos existem) e Q verdadeira (as moléculas existem) a implicação será verdadeira. Ora não é isso que sucede: não havendo átomos implica não haver moléculas porque estas são agregados de átomos, logo a proposição «Se os átomos não existem (¬ P) então as moléculas existem (Q)» é uma implicação falsa.
Não basta considerar o valor de verdade de cada uma das proposições simples é necessário centrar-se no tipo de implicação: se é necessária, fundada na causalidade ou no sincronismo, ou contingente, fundada na ficção, no imaginário... Mas sobre isto a lógica proposicional nada diz. Não está bem construída, não foi bem pensada.
O que fazem os arautos da lógica proposicional em Portugal na universidade e no ensino secundário- João Branquinho, Ricardo Santos, Guido Imaguirre, João Sàágua, Domingos Faria, Aires Almeida, Rolando Almeida, Luís Veríssimo, Pedro Galvão e outros - senão ensinar estas erróneas teses e asim contribuir para estupidificar os alunos de filosofia?
Tenham a coragem de fazer autocrítica e condenar a lógica proposicional! Os vossos mestrados e doutoramentos não impedem que lavreis no erro. Não servem para nada, senão para transmitir conhecimentos fragmentados, mistos de verdade e erro. «Menos lógica, mais pensar! dizia Heidegger». Extingam-se as cátedras de filosofia na universidade, ocupadas por incompetentes que se cooptam entre si, acabe-se com o autoritarismo sectário e pseudo-científico da filosofia analítica e outras: as cátedras são tão prejudiciais ao saber quanto o Tribunal da Santa Inquisição o foi para a descoberta de Deus e o livre pensamento.
AS LEIS DE MORGAN ESTÃO ERRADAS
As leis do matemático Morgan (1806-1871), uma das bases da lógica proposicional, estarão certas? Não.
Atentemos no manual de filosofia do 11º ano do ensino secundário da Santilhana Editora que as expõe:
«Quais são as principais leis de Morgan?
1ª Negação de uma conjunção:
A negação de uma conjunção é equivalente à disjunção das negações das suas proposições ou argumentos.
Formalizemos:
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 99).
Um exemplo prova a equivalência falsa estabelecida nesta lei:
Não vou a Paris ou não vou a Londres é equivalente a Não vou a Paris e Não Vou a Londres. - de acordo com a segunda lei de Morgan.
O facto de não ir a Paris não o impede de ir a Londres, na primeira frase, porque aí figura o ou, e o facto de ir a Londres não o impede de nessa circunstância ir a Paris. Portanto, não há equivalência entre a negação da disjunção e a conjunção das negações.
Tantos milhares de professores catedráticos universitários, tantas centenas de milhar de professores do ensino secundário estudaram/ decoraram e aceitaram acriticamente estas falaciosas «leis de Morgan» que o Ministério da Educação impõe como obrigatórias no ensino secundário em Portugal.
As cátedras universitárias nada valem, porque produzem e alimentam o erro. São títulos honoríficos - o catedrático é como o papa que «representa» Deus na terra e goza de infalibilidade - que embaraçam o livre filosofar profundo. Onde estão os filósofos nas cátedras universitárias? Não estão, salvo raríssimas excepções. Extingam-se estas e regresse-se à democracia filosófica de base. Acabe-se com os privilégios dos autores de manuais associados aos gabinetes que gizam os exames e programas nacionais. Eles não pensam, facturam. Corrompem a filosofia.
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A função de verdade dita condicional ou implicação na lógica proposicional simboliza-se S →P. Por exemplo, «Se chover»(proposição S) «então levarei guarda-chuva» (proposição P).
Escreve um manual do 11º ano de filosofia da Santilhana:
«A implicação material é uma operação intelectual que relaciona condicionalmente os valores lógicos de duas proposições simples.
«Por exemplo: P→Q «Se tirar a carta, então vou comprar carro»
«Qual é a regra da implicação?
«Regra da implicação: A implicação só é falsa se o antecedente for verdadeiro e o consequente falso. Nos outros casos é sempre verdadeira».
«Qual é a tabela de verdade da implicação?
«A tabela de verdade da implicação é a seguinte:
P Q P→Q
V V V
V F F
F V V
F F V
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 73).
É fácil verificar a falsidade desta tabela de verdade aplicando-a a exemplos concretos (lógica material).
Consideremos a proposição complexa «Se há pegadas de dinossauro na Serra de Aire e Candeeiros (P), então a Lua completa em 27,3 dias a sua órbita em torno da Terra (Q)».
Ambas as proposições simples são verdadeiras e, segundo a tabela de «verdade», a implicação será verdadeira. Mas não é, porque a relação entre pegadas de dinossauro na serra X e mês sideral da Lua é meramente acidental, não existe sequer: quer haja ou não pegadas de dinossauro a Lua leva sempre 27,3 dias na sua órbita em torno da Terra.
Consideremos as proposições simples "Os átomos existem" (P) e "As moléculas existem" (Q). Construamos a proposição complexa «Se os átomos não existem ( ¬ P) então (→ )as moléculas existem (Q)». Segundo a tabela de verdade acima, sendo ¬ P falsa (porque os átomos existem) e Q verdadeira (as moléculas existem) a implicação será verdadeira. Ora não é isso que sucede: não havendo átomos implica não haver moléculas porque estas são agregados de átomos, logo a proposição «Se os átomos não existem (¬ P) então as moléculas existem (Q)» é uma implicação falsa.
Não basta considerar o valor de verdade de cada uma das proposições simples é necessário centrar-se no tipo de implicação: se é necessária, fundada na causalidade ou no sincronismo, ou contingente, fundada na ficção, no imaginário... Mas sobre isto a lógica proposicional nada diz. Não está bem construída, não foi bem pensada.
O que fazem os arautos da lógica proposicional em Portugal na universidade e no ensino secundário- João Branquinho, Ricardo Santos, Guido Imaguirre, João Sàágua, Domingos Faria, Aires Almeida, Rolando Almeida, Luís Veríssimo, Pedro Galvão e outros - senão ensinar estas erróneas teses e asim contribuir para estupidificar os alunos de filosofia?
Tenham a coragem de fazer autocrítica e condenar a lógica proposicional! Os vossos mestrados e doutoramentos não impedem que lavreis no erro. Não servem para nada, senão para transmitir conhecimentos fragmentados, mistos de verdade e erro. Extingam-se as cátedras de filosofia na universidade, ocupadas por incompetentes que se cooptam entre si, acabe-se com o autoritarismo sectário e pseudo-científico da filosofia analítica e outras: as cátedras são tão prejudiciais ao saber quanto o Tribunal da Santa Inquisição o foi para a descoberta de Deus e o livre pensamento.
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No «Compêndio em linha de Problemas de Filosofia Analítica», gerado no Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, sob a supervisão de Pedro Galvão e Ricardo Santos, lê-se como definição de fiabilismo:
«A tese central do fiabilismo é que uma crença verdadeira é conhecimento apenas se foi produzida por um mecanismo que tende a gerar crenças verdadeiras. Como tanto o processo que gera uma dada crença quanto sua propensão a produzir crenças verdadeiras podem não ser apreendidos pelo sujeito a quem se atribui o conhecimento, o fiabilismo é uma teoria externista. A principal fonte de críticas ao fiabilismo reside precisamente na desvinculação entre o que torna crenças meramente verdadeiras conhecimento e a perspectiva do sujeito. As diferentes versões do fiabilismo são diferentes respostas a esta crítica, quer pela aproximação com as ciências cognitivas e como projeto naturalista, quer pela proposição de uma epistemologia da virtude.» (Ernesto Perini-Santos).
Fiabilismo é uma definição muito vaga neste Compêndio. A definição dada acima por Ernesto Perini-Santos é uma tautologia: é crença verdadeira aquilo que resulta de um mecanismo gerador de crença verdadeira... O intuicionismo de Descartes expresso em «Eu penso logo existo» é fiabilismo? É. O fenomenismo de David Hume que reduz o conhecimento a impressões de sensação e de reflexão e a ideias é fiabilismo? É. O falibilismo de Wittgenstein ao admitir a hipótese de amanhã poder acordar não no seu quarto mas no planeta Marte é fiabilismo? É. A teoria da reencarnação e a teoria cristã de uma única vida terrena seguida de Paraíso ou Inferno como estadas da alma imortal são fiabilismo? São.
Fiabilismo é toda a concepção que comporta um certo grau de lógica e conduz a uma verdade provável ou indiscutível. E não é necessariamente externista, não precisa sempre de comprovação na realidade exterior à mente do sujeito. A metafísica é fiabilista e quase nunca precisa de provas plasmadas na realidade exterior. E, segundo Kant, a matemática, ciência assente no fiabilismo, é a priori, internista.
Fiabilismo não é uma corrente substantiva como realismo, idealismo ou fenomenologia. É uma qualidade abstracta inerente a toda a procura da verdade.
A argumentação de Ernesto Perini-Santos baseia-se em raciocínios abstractos falaciosos, formulados por Alvin Goldman, como este:
«2. Uma crença p de um sujeito S é conhecimento se foi obtida por método M tal que, através de M, (i) se p não for verdadeira, S provavelmente não acredita que p e (ii) se p for verdadeira, S provavelmente não acredita que p.»
O termo «provavelmente» retira consistência à definição de crença como conhecimento, porque tanto pode dar para um lado como para o seu contrário. As variáveis p, S, M servem apenas para dar uma aparência científica àquilo que não passa de confusas inferências típicas dos novos sofistas - os filósofos analíticos da lógica proposicional.
Vejamos com um exemplo concreto o absurdo daquela definição:
«Uma crença de Ernesto (S) de que o átomo existe (p) é conhecimento se foi obtida através do método observação pelo microscópio electrónico (M) de tal modo que através deste método de observação
1) Se a existência do átomo não for verdadeira Ernesto provavelmente não acredita nela e
2) Se a existência do átomo for verdadeira Ernesto provavelmente não acredita nela.»
Isto é um jogo de palavras sem sentido. A crença é conhecimento e em ambos os casos Ernesto provavelmente não acredita nela? Pseudo raciocínios de Alvin Goldman e dos académicos do centro de filosofia da universidade de Lisboa que o subscrevem...
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No seu artigo «Metafísica da Morte», no compêndio em linha de Problemas de Filosofia Analítica, Pedro Galvão distingue três correntes sobre a metafísica da morte: o animalismo, o personismo e o mentismo. Escreve a partir da definição de pessoa como um ser consciente de si numa relação estreita com um organismo animal tipo Homo Sapiens:
«De acordo com os animalistas (e.g. Olson 1997), essa relação é a de identidade: cada um de nós (uma pessoa humana) pura e simplesmente é um animal da espécie Homo sapiens. Sob esta perspectiva, a morte de cada um de nós será nada mais nada menos que a morte do seu organismo. Sob outras perspectivas, no entanto, esta identificação é um erro, dado que cada um de nós poderá morrer antes do seu organismo. Numa das dicussões sistemáticas mais recentes da filosofia da morte, Luper (2009: 24-38) destaca duas dessas perspectivas: o personismo e o mentismo.
Segundo o personismo, somos pessoas essencialmente. Isto implica que não poderemos sobreviver à perda da capacidade da consciência de si. Por sua vez, isto implica, por exemplo, que não poderemos sobreviver num estado de demência profunda, no qual esta capacidade se extinguiu. Mas, nesse estado, o nosso organismo seguramentenão terá ainda morrido.»
«Para os defensores do mentismo, somos sujeitos de uma mente essencialmente. Poderemos sobreviver à perda da consciência de si, mas não à extinção de todas as capacidades mentais, pelo que deixaremos de existir se o nosso cérebro perder até a capacidade mental básica de gerar estados conscientes, como dores e experiências visuais. Mas o nosso organismo poderá continuar a existir após a perdadessa capacidade. É isso que se verifica nos casos de estado vegetativo persistente.
Às três perspectivas referidas correspondem perspectivas distintas sobre as condições de persistência das pessoas humanas. Por
outras palavras: correspondem respostas distintas ao problema da identidade pessoal ao longo do tempo.»
«O animalista, como afirma que cada um de nós tem as condições de persistência do seu organismo (porque pensa que cada um de nós é o seu organismo), negará que a identidade pessoal dependa de alguma forma de continuidade psicológica. Pois a sobrevivência de um organismo humano, como nos mostram os casos de estado vegetativo persistente, não depende de nenhuma forma de continuidade psicológica.
Se aceitarmos uma perspectiva psicológica da identidade pessoal,teremos de rejeitar o animalismo. » (Pedro Galvão, Metafísica da Morte, pág. 1-2, in Compêndio em Linha de Problemas de Filosofia Analítica, de João Branquinho e Ricardo Santos, transcrição em 2 de Agosto de 2015; o destaque a negrito é posto por nós).
A distinção entre personismo e mentismo não é clara. Galvão não define o que é ser pessoa quando define que «segundo o personismo, somos pessoas essencialmente». Que diferença há entre ser pessoa e ser mente? É preciso explicitar. Como pode Pedro Galvão garantir que «a sobrevivência de um organismo humano, como nos mostram os casos de estado vegetativo persistente, não depende de nenhuma forma de continuidade psicológica»? Existe a teoria aristotélica de que a alma é forma do organismo, logo enquanto este persistir a alma vegetativa ou animal há-de continuar a dar-lhe forma. Não conhecemos por dentro a psique de quem está em estado vegetativo persistente nem o lugar onde se encontra. Se um corpo em estado vegetativo se conserva incorruptível há provavelmente nele uma mente ou identidade psicológica «adormecida». Segundo diversas correntes espiritualistas, budistas ou não, a mente da pessoa em estado vegetativo viajará em outros planos da existência, em mundos superiores ou inferiores, logo mantém a identidade psicológica.
A MENTE INCORPORADA
Pedro Galvão acrescenta, sem hierarquizar em relação às três correntes citadas , o que é típico da confusa filosofia analítica (divide, analisa horizontalmente e carece de sistematização, de pensamento vertical), mais outra corrente: a da mente incorporada.
«De acordo com outras perspectivas psicológicas, a identidade pessoal é fundamentalmente uma questão de continuidade de capacidades mentais. A perspectiva da mente incorporada, de McMahan, enquadra-se nesta categoria. Diz-nos que continuaremos a existir enquanto a nossa mente continuar a existir – e que a nossa mente continuará a existir enquanto o nosso cérebro se mantiver minimamente capaz de gerar estados conscientes (McMahan 2002: 67-69).
A perspectiva da mente incorporada é superior às suas rivais. Assim sendo, há que aceitar o mentismo e que conceber a morte das pessoas humanas como algo distinto da morte dos seus organismos. .(Pedro Galvão, Metafísica da Morte, pág. 2, in Compêndio em Linha de Problemas de Filosofia Analítica, de João Branquinho e Ricardo Santos; o destaque a negrito é posto por nós).
Os chamados «novos filósofos» são assim: fertéis em definições, quase sempre imprecisas, muitas vezes duplicadas noutras, incapazes de uma verdadeira sistematização. As universidades em filosofia são estéreis: não atingem sequer a mais alta das filosofias, o predestinacionismo de tudo o que acontece no planeta Terra e na humanidade por virtude dos astros, a astrologia histórica.
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No seu artigo «O egoísmo», do Compêndio de Ética organizado por Peter Singer, Kurt Baier distingue cinco versões de egoísmo: o egoísmo exagerado, o egoísmo psicológico, o egoísmo como meio para o bem comum, o egoísmo racional e o egoísmo ético. Trata-se de uma divisão confusa, que espelha o caos da filosofia analítica e da filosofia institucional em geral que mistura espécies de diferentes géneros no mesmo saco.
Peter Singer não detectou esta confusão nem Paul Ricoeur, nem Richard Jeffrey nem Daniel Danett, nem Simon Blackburn, nem Olavo de Carvalho, nem Miguel Reale nem os professores universitários portugueses ou brasileiros como José Gil, Ricardo Santos, Alexandre Franco de Sá, João Branquinho, Olivier Feron, Luís de Araújo, Mendo Castro Henriques, Desidério Murcho, Pedro Galvão, José Meirinhos, Vítor Guerreiro, Bento Prado Júnior, Luís Vilela, Paulo Eduardo Arantes, e tantos outros nunca detectaram estes erros de sobreposição de conceitos. Que sabem eles de dialética, isto é, de ordem clara no pensamento?
Estamos, pois, contra as universidades, dominada por intelectuais de segunda e terceira categoria, confusos, mais ou menos eruditos, a receberem fundos estatais que não merecem pois não reunem a categoria intelectual que se outorgam a si mesmas.
EGOÍSMO PSICOLÓGICO NÃO SE OPÕE COMO CONTRÁRIO A EGOÍSMO PROMOTOR DO BEM COMUM
Escreve Kurt Baier:
«Distinguimos entre cinco versões de egoísmo. A versão do senso comum considera um vício a busca do próprio bem mais além do moralmente permissível . A segunda, o egoísmo psicológico, é a teoria segundo a qual, se não na superfície, ao menos no mais profundo todos somos egoístas no sentido de que no que concerne à nossa conduta explicável pelas nossas crenças e desejos, esta sempre tende ao que consideramos o nosso máximo bem. A terceira, ilustrada pela teoria de Adam Smith, é a teoria segundo a qual em determinadas condições a promoção do próprio bem é o melhor meio de alcançar a meta legítima da moralidade, a saber, o bem comum. Se não se colocam objecções morais à consecução e à manutenção de estas condições, pareceria desejável tanto de um ponto de vista moral como de um ponto de vista egoísta procurar ou manter estas condições se nelas podemos alcançar a meta moral promovendo ao mesmo tempo o nosso maior bem. A quarta e quinta versões, o egoísmo ético e racional, apresenta-o como ideais práticos, a saber, como os ideais da moralidade e da razão.»
(Kurt Baier, El egoísmo, in Compendio de Ética, organizado por Peter Singer, Alianza Diccionarios, Madrid, 2004, página 289; o destaque a negrito é posto por mim)..
Egoísmo psicológico não contraria a noção de egoísmo promotor do bem comum. São duas dimensões do mesmo egoísmo: o psicológico integra-se no género ontológico (o que é, o ser de...), isto é, descreve a natureza humana como egoísta; o egoísmo promotor do bem comum, isto é, analisado nos seus efeitos económicos - exemplo: o grande capitalista constrói, por egoísmo psicológico, uma casa com paredes de mármore e oiro e assim dá emprego a dezenas de operários e negócios a empresas de matéria-prima, o seu egoísmo promove o bem comum - é, na mesma, egoísmo psicológico, integra-se no género praxiológico (a utilidade, a consequência de algo). Por que razão, então, Baier os classifica como extrínsecos, contrários, entre si? Confusão intelectual. Só isso.
É RIDÍCULO OPOR EGOÍSMO RACIONAL A EGOÍSMO ÉTICO
Escreve Kurt Baier:
«Vou considerar finalmente as duas versões do egoísmo como ideal prático, habitualmente denominadas egoísmo racional e egoísmo ético, respectivamente. Frente à doutrina antes considerada do egoísmo como meio para o bem comum, não se baseiam em premissas fácticas sobre as consequências sociais ou económicas do fomento de cada qual do seu maior bem. (...) Ambos os ideais têm uma versão mais forte e outra mais débil. A mais forte afirma que é sempre racional (prudente, razoável, respaldado pela razão) sempre correcto (moral, elogioso, virtuoso) aspirar ao máximo bem de cada qual, e nunca racional, etc., nunca correcto, etc., não o fazer. A versão mais débil afirma que é sempre racional, é sempre correcto fazê-lo, mas não necessariamente nunca é racional nem correcto não o fazer.» (...)
«Unida a outra premissa, o egoísmo racional implica o egoísmo ético. Essa outra premissa é o racionalismo ético, a doutrina segundo a qual para que uma exigência ou recomendação moral seja sólida ou aceitável, o seu cumprimento deve estar de acordo com a razão. (...) Assim, pois se aceitamos a versão débil do racionalismo ético (segundo a qual as exigências morais são sólidas e podem aceitar-se se o seu cumprimento está de acordo com a razão) e também aceitarmos a versão débil do egoísmo racional - a saber, que comportar-se de determinada maneira está de acordo com a razão se ao comportar-se de esse modo o agente aspira ao seu máximo bem - en congruência também devemos aceitar a versão débil do egoísmo ético - a saber, que as exigências morais são sólidas e podem aceitar-se se, ao cumpri-las, o agente aspira ao seu máximo bem. E o mesmo pode dizer-se a respeito das versões fortes.»
(Kurt Baier, El egoísmo, in Compendio de Ética, organizado por Peter Singer, Alianza Diccionarios, Madrid, 2004, página 286-287; o destaque a negrito é posto por mim).
Não é clara, neste texto, a distinção entre versão débil do racionalismo ético e versão débil do egoísmo racional e muito menos a distinção entre esta última e a versão débil do egoísmo ético. Não há exemplos, os contornos destas definições esfumam-se. Estamos no terreno do charlatanismo característico de alguma filosofia analítica.
Egoísmo racional não se opõe a egoísmo ético como contrário, é parte deste. É ridículo opor racional a ético, porque o racional está contido no ético. A racional opõe-se irracional, afectivo ou sentimental. Mas os tontos da filosofia analítica não sabem hierarquizar as espécies contrárias e as colaterais, não sabem colocar as primeiras dentro de um mesmo género e as segundas em géneros diferentes. Os grupos de estudo de filosofia analítica, como, em Portugal, o Lan Cog de João Branquinho e Ricardo Santos, passam ao lado da clareza dialética, perdidos em labirínticos corredores de pensamento fragmentário.
E são estes senhores, pobres em raciocínio holístico e analítico, que troçam do determinismo planetário na vida social e cultural, da astrologia histórico-social, ciência das ciências, que blindam (parafascismo!) as suas universidades contra a discussão livre desta e de outras temáticas, são estes senhores que fazem ou superintendem os programas e os manuais de filosofia para o ensino secundário...
Abaixo a casta antifilosófica, ou mediocremente filosófica, que domina as cátedras universitárias em todo o mundo!
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A passagem de um planeta, do planetóide Quiron, do Sol ou de um Nodo da Lua em 10º signo de Aquário é condição necessária mas insuficiente para gerar um golpe de Estado fracassado, de direita ou de esquerda.
Quantos dias em cada ano um planeta e o Sol atravessam o grau 10 do signo de Aquário (grau 310 de longitude eclíptica)? Depende. Em 2014, apenas seis dias (não levamos em conta a Lua): em 17 e 18 de Janeiro (Mercúrio), 29 e 30 de Janeiro (Sol), 17 e 18 de Março (Vénus). Portanto, são significativos os factos que, a seguir, apontamos, porque é relativamente raro ao longo de um ano haver um planeta ou o Sol em 10º de Aquário.
Em 18 e 19 de Abril de 1925, com Nodo Sul da Lua em 10º 39´ / 10º 30´ de Aquário, eclode um golpe militar de direita contra a República parlamentar, com a sublevação de 3 unidades militares que acampam na Rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, duelos de artilharia e a deslocação ao quartel do Carmo do general Sinel de Cordes, revoltoso, para exigir ao presidente da república Teixeira Gomes a destituição do governo de Vitorino Guimarães, de centro-esquerda, e a formação de um governo extrapartidário chefiado por Filomeno da Câmara, no dia 18, e rendição dos revoltosos de direita bombardeados por uma chuva de granadas no dia 19; em 1 de Janeiro de 1962, com Júpiter em 10º 28´/ 10º 41´ de Aquário, de madrugada, descoordenados entre si, um grupo de civis chefiado por Manuel Serra e um grupo de militares chefiado pelo capitão Varela Gomes assaltam e ocupam o Regimento de Infantaria 3, quartel de Beja, num intento de derrubar Salazar, mas o segundo comandante major Calapez fere gravemente a tiro Varela Gomes e dispara no escuro, durante horas, havendo 3 mortes, entre elas a do subsecretário do exército Jaime da Fonseca, que se deslocara a Beja, de manhã, e o golpe revolucionário fracassa, não chegando a entrar em acção, como chefe do golpe antisalazarista, o general Humberto Delgado, escondido numa casa da Rua Ancha da capital do Baixo Alentejo; em 29 de Junho de 1973, com Júpiter em 10º 50´/ 10º 44´ de Aquário, forças leais ao governo de Unidade Popular repelem um ataque armado ao palácio dopresidente socialista Salvador Allende, fracassando assim um golpe de direita no Chile.
em 16 de Março de 1974, com Vénus em 10º 18´/ 11º 6´ de Aquário, o capitão Virgílio Luz Varela e tenentes Rocha Neves, Gomes Mendes e Silva Carvalho, pouco depois da meia-noite, neutralizam o coronel Horácio Lopes Rodrigues e o tenente-coronel FarinhaTavares, comandante e o segundo-comandante do Regimento de Infantaria 5 (Caldasda Rainha), julgando que o CIOE (Lamego), a EPC (Santarém), a EPA, a EPI e o RCn.º 7 iriam secundar o levantamento, e uma coluna militar comandada pelo capitão Piedade Faria sai do RI5, visando derrubar a ditadura de Caetano eTomás, mas obstaculizada às portas de Lisboa, regressa às Caldas da Rainha cujo quartel é cercado por forças militares governamentais, rendendo-se os majores Casanova Ferreira e Manuel Monge e toda a unidade, sendo presos 35 aspirantes aoficial miliciano, e alguns sargentos e furriéis; em 23 de Fevereiro de 1981, com Nodo Sul da Lua em 10º 41´/ 10º 37´ de Aquário, eclode um golpe fascista em Espanha,com a invasão do parlamento por 175 guardas civis chefiados pelo tenente-coronel Tejero Molina, que disparam rajadas de metralhadora e sequestram os deputados mas ante a reacção popular nas ruas os chefes militares, exceptuamdo o general Milans del Bosch, comandante militar de Valencia, não aderem ao golpe que fracassa na madrugada seguinte.
Como é possível que catedráticos e doutorados de filosofia como Maria Luísa Ribeiro Ferreira, Sofia Miguens, Luís de Araújo, Alexandre Franco de Sá, Viriato Soromenho Marques, José Gil, Manuel Maria Carrilho, Roberto Merrill, Susana Cadilha, João L.Cordovil, Olga Pombo, João Sáagua, Porfírio Silva, Ricardo Santos, não possuam a intuição de que os golpes militares e todos os acontecimentos na Terra são reflexo do movimento dos planetas através dos 360º do Zodíaco segundo leis exactas de correspondência? Como é possível que blindem as suas universidades contra a investigação e a exposição de teses da astrologia histórica?
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Terão consciência do papel ideológico vergonhoso, ao serviço da classe burguesa e do clericalismo em geral, que as suas universidades "racionalistas" desempenham ao silenciar a astrologia histórica que desenvolvemos e que constitui uma teoria tão importante quanto a teoria da relatividade de Einstein?
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Edmund Gettier, filósofo norte-americano nascido em 1927, é muito considerado pelos pequenos pensadores analíticos desde João Branquinho, Ricardo Santos, Desidério Murcho, Manuel Garcia-Carpinteiro, Aires Almeida, António Horta Branco, Bruno Jacinto, Sara Bizarro a Simon Blackburn e Nigel Warburton, que parecem dar-lhe o estatuto de um Descartes do século XX devido ao seu artigo «Is justified true belief knowledge?» de 1963. Eliott Sober, no artigo «O que é o conhecimento?», publicado em «Crítica na rede», explana as objecções de Edmund Gettier e Bertrand Russell à definição de conhecimento como «crença verdadeira justificada»:
«Em 1963, o filósofo Edmund Gettier publicou dois contra-exemplos para a teoria CVJ (Crença Verdadeira Justificada). O que é um contra-exemplo? É um exemplo que contradiz o que diz uma teoria geral. Um contra-exemplo contra uma generalização mostra que a generalização é falsa. A teoria CVJ diz que todos os casos de crença verdadeira justificada são casos de conhecimento. Gettier pensa que estes dois exemplos mostram que um indivíduo pode ter uma crença verdadeira justificada mas não ter conhecimento. Se Gettier tiver razão, então as três condições indicadas pela teoria CVJ não são suficientes.
Eis um dos exemplos de Gettier. Smith trabalha num escritório. Ele sabe que alguém será promovido em breve. O patrão, que é uma pessoa em quem se pode confiar, diz a Smith que Jones será promovido. Smith acabou de contar as moedas no bolso de Jones, encontrando aí 10 moedas. Smith tem então boas informações para acreditar na seguinte proposição:
a) Jones será promovido e Jones tem 10 moedas no bolso.
Smith deduz, então, deste enunciado o seguinte:
b) O homem que será promovido tem 10 moedas no bolso.
Suponha-se agora que Jones não receberá a promoção, embora Smith não o saiba. Em vez disso, será o próprio Smith a ser promovido. E suponha-se que Smith também tem dez moedas dentro do bolso. Smith acredita em b, e b é verdadeira. Gettier afirma também que Smith acredita justificadamente em b, dado que a deduziu de a. Apesar de a ser falsa, Smith tem excelentes razões para pensar que é verdadeira. Gettier conclui que Smith tem uma crença verdadeira justificada em b, mas que Smith não sabe que b é verdadeira.»
«O outro exemplo de Gettier exibe o mesmo padrão. Um sujeito deduz validamente uma proposição verdadeira a partir de uma proposição que está muito bem apoiada por informações, embora esta seja falsa, apesar de o sujeito não o saber. Quero agora descrever um tipo de contra-exemplo à teoria CVJ na qual o sujeito raciocina não dedutivamente.»
«O filósofo e matemático britânico Bertrand Russell (1872-1970) refere um relógio muito fiável que está numa praça. Esta manhã olhas para ele para saber que horas são. Como resultado ficas a saber que são 9.55. Tens justificações para acreditar nisso, baseado na suposição correcta de que o relógio tem sido muito fiável no passado. Mas supõe que o relógio parou há exactamente 24 horas, apesar de tu não o saberes. Tens a crença verdadeira justificada de que são 9.55, mas não sabes que esta é a hora correcta.» (Eliott Sober, «O que é o conhecimento?», in «Crítica na rede», tradução de Paula Mateus)
O «grande» Gettier erra, "astronomicamente". O erro de Edmund Gettier é fácil de desmontar: Smith não tem conhecimento de algo que ainda não sucedeu e é contingente, apenas alimenta uma expectativa sobre a promoção de Jones. Portanto, não tem crença verdadeira justificada. Tudo o que Smith sabe é conjectural, não se verificou. As 10 moedas que, por coincidência, alberga no bolso, tal como Jones, não são justificação, ponto de apoio seguro, para prever o futuro profissional. A crença de Smith nas declarações do patrão não são crença em uma verdade, mas crença em palavras de outrém. Ora os seres humanos desdizem-se com frequência.
A argumentação de Gettier de que «Smith tem crença verdadeira justificada em que Jones será promovido» é estúpida: é do mesmo tipo que dizer que a crença de milhões de apostadores no euromilhões é uma crença verdadeira justificada mas não é conhecimento. Ora, a crença dos apostadores não é justificada cientificamente nem é verdadeira, em geral: é uma intuição subjectiva. Não há justificação racional para que uma pessoa jogue nos números 8,13, 22, 27, 37 no mesmo concurso em que outras apostam nos números 2,3, 30, 35, 48.
O erro de Bertrand Russell é muito simples: a sua crença de que são 9.55 horas é verdadeira mas não está justificada porque não leva em conta a possibilidade de o relógio estar avariado e parado, por mero acaso, a indicar aquela hora. O conhecimento de Russell é meramente acidental, resulta de uma coincidência cronológica, de um acaso...Para estar justificado, precisaria de assentar numa lei (funcionamento permanente do relógio marcando a mesma hora que o Big Ben de Londres, etc) e em uma verificação global naquele momento, o que não sucede.
Tanto Gettier como Russell argumentam falaciosamente ao considerar justificadas pensamentos e asserções que o não estão. Há uma gradação no termo justificação, há vários degraus de justificação, de que estes pensadores unilaterais não se dão conta.
Ao propagarem a "descoberta" de Gettier como um "avanço filosófico" os filósofos analíticos e a multidão de professores de filosofia acríticos que os seguem revelam-se razoavelmente estúpidos. Só alguém estúpido, desatento às sinuosidades da retórica, pode maravilhar-se ante a falácia de Gettier. Não raciocinam, deixam-se arrastar por uma retórica de aparência lógica. Ao usarem malabarismos de linguagem como os termos «justificado» «justificação», mal aplicados, os defensores da objecção de Gettier conseguem seduzir os incautos, mas perdem-se em pseudo-raciocinios.
Fechem-se as faculdades de filosofia! Estão dominadas por catedráticos que envergonham a grande filosofia, meros prestigiditadores de palavras, inteligências de um mediano cinzentismo, ovelhas do mesmo rebanho "analítico" que manobra a Sociedade Portuguesa de Filosofia e quase todas as editoras portuguesas de manuais ou ensaios filosóficos. Os grandes pensadores clássicos, aristocratas do pensamento (Platão, Aristóteles, Hegel, Max Scheler, Freud, etc) foram substituídos por uma plebe ou «canalha» filosófica com a cultura do «certificado de doutoramento» e das «acções de formação com créditos», herdeira da inquisição medieval dominicana.
Os dominicanos, tal como os "analíticos" de hoje, amavam imenso a lógica que os protegia de certas intuições metafísicas, de um pensar inquietante e livre. As mesmas mentes "asininas" que veneram a objecção de Gettier proíbem a investigação de astrologia histórica (astronomia aplicada a factos sociais e históricos), etc. Os medíocres estão no poder, com a armadura dos doutoramentos e o trono das cátedras! Fizeram das universidades - que deviam ser universitas, acolhedoras dos diversos saberes- igrejas sectárias onde o saber universal está ausente, onde se censuram as posições críticas e antagónicas... O criptofascismo "racionalista", que tudo converte em proposições lógicas com símbolos, reina. É a idade das trevas da filosofia...
O conhecimento falível - não todo o conhecimento - é, de facto, quase sempre, crença, verdadeira justificada e, nalguns casos, é crença subjectiva ao acaso (exemplo: os totalistas do euromilhões) . Mas há o conhecimento infalível, que é a pura apreensão epistémica ou noética da realidade e não é crença mas certeza pura como, por exemplo, "dois é metade de quatro", "o mundo exterior existe contíguo ao meu corpo".
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