Charles Margrave Taylor, nascido em 5 de Novembro de 1931, na cidade de Montreal, no Canadá, professor emérito de Filosofia e Ciência Política na Universidade de McGill, é um filósofo que faz uma crítica subtil à filosofia igualitarista em voga - a que chamaremos relativismo nivelador e Taylor designa por relativismo brando - que eleva a homossexualidade a um estatuto científico e social idêntico ao da heterossexualidade.
Escreve Taylor:
«O termos certa impressão das coisas nunca pode constituir base suficiente para respeitar a nossa posição, porque a nossa impressão não pode determinar o que é significativo. O relativismo brando autodestrói-se.»
«As coisas adquirem importância contra um fundo de inteligibilidade. Chamaremos a isto horizonte. Deduz-se que uma das coisas que não podemos fazer, se temos de nos definir significativamente, é suprimir ou negar os horizontes contra os que as coisas adquirem significado para nós. Este é o tipo de passo contraproducente que se dá com frequência na nossa civilização subjectivista. Ao acentuar a liberdade de escolha entre certas opções, muito frequentemente deparamos com o facto de que privamos as opções do seu significado. Existe, por exemplo, um certo discurso de justificação de orientações sexuais não convencionais. Há pessoas que desejam sustentar que a monogamia heterossexual não é a única forma de conseguir a realização sexual, que aqueles que se inclinam pelas relações homossexuais, por exemplo, não deveriam ter a impressão de que empreendem um caminho secundário, menos digno de recorrer. Isto encaixa bem na moderna compreensão da autenticidade, com a sua noção de diferença, de originalidade, de aceitação da diversidade. Tentarei ampliar estas conexões mais adiante. Mas por mais que o expliquemos, está claro que esta retórica da "diferença", da "diversidade" (inclusive do "multiculturalismo") resulta central para a cultura contemporânea da autenticidade.»
«Mas em algumas das suas formas, este discurso desliza para uma afirmação da própria escolha. Toda a opção é igualmente valiosa, porque é fruto da livre escolha, e é a livre escolha a que lhe confere valor. O princípio subjectivista que subjaz ao relativismo débil está aqui presente. Ainda que isto nega explicitamente a existência de um horizonte de significado, pelo qual algumas coisas valem a pena e outras algo menos, e outras não valem a pena em absoluto, muito antes da escolha. Mas nesse caso a escolha da orientação sexual perde todo o significado especial.»
(Charles Taylor, Horizontes ineludibles, em Carlos Gómez (ed.), Doce Textos Fundamentales de la Ética del siglo XX, Alianza Editorial, pp 234-235, extraido do livro de Taylor La ética de la autenticidad, Barcelona, Paidós, 1994, capítulo 4, pp. 67-76, o bold é destaque posto por nós).
E defendendo a existência de valores sociais como o primado da heterossexualidade, da solidariedade, etc., Taylor, classificando tacitamente de "narcísica" e "inautêntica" a homossexualidade, escreve:
«O agente que busca significado para a vida, tratando de defini-la, dando-lhe um sentido, há-de existir em um horizonte de questões importantes. É isto que resulta contraproducente nas formas de cultura contemporânea que se concentram na auto-realização por oposição às exigências da sociedade, ou da natureza, que se fecham à história e aos laços de solidariedade. Estas formas "narcisistas" e egocêntricas são desde logo superficiais e trivializadas; são "estreitas e planas", como diz Bloom. Mas isto não sucede assim porque pertençam à cultura da autenticidade. Ocorre, pelo contrário, porque fogem das suas estipulações.»
(Charles Taylor, Horizontes ineludibles, em Carlos Gómez (ed.), Doce Textos Fundamentales de la Ética del siglo XX, Alianza Editorial, pág 37, extraido do livro de Taylor La ética de la autenticidad, Barcelona, Paidós, 1994, capítulo 4, pp. 67-76, o bold é destaque posto por nós).
A lei da atração dos contrários inteligível na heterossexualidade, no par homem-mulher, torna-se ininteligível no plano físico-visual na homossexualidade, com o par homem-homem. Se ensinarmos na escola do primeiro ciclo que tanto faz um menino beijar na boca uma menina como beijar na boca um menino, criamos uma ideologia e uma educação perversas, que não distinguem entre valores superiores e valores inferiores.
É óbvio que a homossexualidade masculina representa um desiquilíbrio psíquico e fisiológico: um homem que se submete sexualmente a outro homem perde a confiança em si mesmo e, ademais, a relação homossexual comporta geralmente penetração anal e o ânus é um orgão excretor de resíduos fecais, absolutamente impróprio para sexo. Freud, Jung e Adler não estão ultrapassados na ciência do psiquismo ao classificarem a homossexualidade como desvio, distorsão do Eros. Todos os psiquiatras e teóricos modernos adeptos da tese de que «é tão normal ser heterossexual como ser homossexual» estão errados, fazem o discurso do "politicamente correcto". Nenhum médico ousaria dizer que "é tão normal ser diabético com 140 mg/ dl de glucose no sangue como não ser diabético com 85 mg/dl de glucose no sangue"...
O argumento hedonista de que «sexo anal dá prazer» não tem solidez face aos danos corporais, visíveis ou não, que provoca nos esfíncteres, na parede intestinal e no coração.
Demonstrou-se que a frição do pénis ou de um objecto similar dentro do intestino recto faz migrar as bactérias fecais para o coração criando neste uma doença chamada endocardite bacteriana, comum à generalidade dos homossexuais - e também às mulheres que consentem relações sexuais anais. Este é um argumento muito forte a favor da superioridade das relações heterossexuais pénis-vagina.
No entanto, o direito à homossexualidade é inquestionável, juridicamente falando, e os homossexuais devem ser defendidos contra agressões homófobas, estimados, compreendidos, sem embargo de a homossexualidade ser criticada. Mas não deveriam ter o direito de adoptar crianças.
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Astrología y guerra civil de España de 1936-1939, de Francisco Limpo Queiroz
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O manual da ASA «Reflexões, Filosofia 10º ano» de Isabel Bernardo e Catarina Vale, tendo como consultor científico Alexandre (Franco de) Sá, contém vários erros teóricos.
DETERMINISMO NÃO É HAVER CAUSA ANTERIOR A UM FACTO
Não se encontra um único manual de filosofia para o 10º ou 11º anos de escolaridade que saiba definir correctamente determinismo. Este manual não é excepção:
«A conceção segundo a qual todos os acontecimentos resultam de causas que os antecedem chama-se determinismo.» (Isabel Bernardo e Catarina Vale,«Reflexões, Filosofia 10º ano», pagina 71, ASA).
Ora o determinismo não é isto. Diariamente, a cada passo, exerço o meu livre-arbítrio que é causa de acontecimentos mas isso não é determinismo. Exemplo: escolho sentar-me numa esplanada e pedir um chocolate quente em vez de um sumo natural e o acontecimento chocolate quente num copo irrompe depois na minha mesa, por mão do empregado, mas não foi, globalmente falando, fruto do determinismo; depois acedo ao interior do bar e decido conversar um ou dois minutos com a funcionária do balcão, essa conversa (acontecimento) não resulta do determinismo mas sim do meu livre-arbítrio e do dela.
O determinismo é, nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzirem sempre os mesmos efeitos mas este princípio, tão simples de entender, não é enunciado nem por Thomas Nagel, nem por Peter Singer, James Rachels ou Neil Warburton nem pela generalidade dos professores de filosofia, cujo pensamento é muito superficial.
Corrijamos, através do pensamento dialéctico, as autoras do manual e Alexandre Franco de Sá: a concepção segundo a qual todos os acontecimentos resultam de causas que os antecedem chama-se causalismo, e é género de duas espécies, o determinismo e o indeterminismo.
O MULTICULTURALISMO NÃO ASSENTA NECESSARIAMENTE NO RELATIVISMO CULTURAL?
Escrevem os autores:
«O multiculturalismo defende que, dentro de um mesmo país, as diferentes culturas têm o direito de coabitar, aceitando-se assim a possibilidade de existirem dentro de um mesmo espaço político padrões de cultura diferentes. Por exemplo, um país cuja religião dominante seja a cristã e no qual sejam aceites práticas religiosas distintas: muçulmanas, judaicas, hindus ou outras.»
«O multiculturalismo pode ter na sua base (embora não tenha necessariamente) o relativismo cultural.
«Trata-se de uma posição que defende a tese de que cada povo e cada cultura têm sistemas de valores e padrões de culturas diferentes, que não devem ser julgados como bons ou maus a partir de nenhuma outra cultura e de que não pode haver, portanto, qualquer hierarquização de culturas como mais ou menos aceitáveis ou preferíveis.»
(Isabel Bernardo e Catarina Vale,«Reflexões, Filosofia 10º ano», paginas 126-127, ASA).
A definição de multiculturalismo está, basicamente, correcta mas a de relativismo não. Desconhecendo, possívelmente, o princípio dialético «um divide-se em dois», os autores do manual ignoram que há dois tipos de relativismo, doutrina segundo a qual a verdade ética, política, religiosa, estética., etc, varia de sociedade a sociedade ou de classe a classe ou grupo a grupo social:
1) Relativismo igualitarista, nivelador. Há, no mundo ou em cada sociedade nacional, diversidade de culturas, valores, logo não é possível hierarquizá-las entre si ao compararmos os diferentes padrões.
2) Relativismo não igualitarista, diferenciador. Há, no mundo ou em cada sociedade nacional, diversidade de culturas, valores, mas é possível estabelecer uma hierarquia entre os diferentes padrões. Exemplo: o padrão laicista da Maçonaria, ao aceitar colocar em plano de igualdade os agnósticos, os ateus e os crentes, os defensores e os adversários do aborto voluntário, é superior ao padrão religioso dos católicos que proibe o aborto voluntário e este último padrão, católico, é superior ao dos fundamentalistas islâmicos que não permitem a construção de templos cristãos nos países em que reinam.
Os autores do manual apenas conhecem relativismo segundo a definição 1 e por isso, opõem-no a multiculturalismo mas a verdade é que todo o multiculturalismo é relativismo: nivelador ou diferenciador. Ao aceitar a coexistência de culturas diferentes num mesmo espaço social, o multiculturalismo relativiza a importância de cada uma das culturas, retira-lhes, em maior ou menor grau, o carácter absoluto e excludente.
UM JUÍZO ÉTICO IMPLICA UNIVERSALIDADE, COMO DIZ THOMAS NAGEL?
Após citarem Thomas Nagel na sua proposição de que «a base da moral é a crença de que o que é bom ou mau não apenas do seu ponto de vista, mas de um ponto de vista mais geral..» (Nagel, Que quer dizer tudo isto? Uma iniciação à filosofia) escrevem as autoras:
«O que Nagel quer dizer é que emitir um juízo ético, considerar uma acção boa ou má, implica passar dos interesses pessoais, e dos interesses dos que nos são mais chegados, para a consideração dos interesses de um ponto de vista universal, atribuindo-se a mesma importância aos interesses dos outros que se atribui aos nossos interesses.»
«Um juízo ético é, assim, a consideração sobre a correção ou incorreção de um acto, analisado de um ponto de vista universal.»
(Isabel Bernardo e Catarina Vale,«Reflexões, Filosofia 10º ano», paginas 145, ASA; o destaque em itálico é colocado por mim).
Há uma incorreção neste texto: o juízo ético não implica universalidade, mas sim comunidade (nacional, regional, local, de classe social ou casta). Os juízos éticos dos patrícios romanos esclavagistas eram juízos de classe, não tinham a pretensão da universalidade: «Chicoteio os meus escravos quando me apetecer, sou livre mas não concederei liberdade a nenhum deles».
O ethos implica sempre o outro, mas qual é a extensão desse outro? Pode ser a universalidade mas na maioria dos casos não é.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
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