Paul Davies escreveu o seguinte sobre a teoria da relatividade de Albert Einstein:
«As distorções mútuas do espaço e do tempo podem considerar-se como uma conversão do espaço (que encolhe) em tempo (que estica). Um segundo de tempo, no entanto, equivale a uma enorme quantidade de espaço - cerca de 186 000 milhas. »(...)(Paul Davies, Deus e a Nova Física, Círculo de Leitores, Lisboa, 1989, pp 151.)
«Passado, presente e futuro, pretende acreditar-se, não existem. Só um instante da realidade parece existir "num determinado tempo". A teoria da relatividade torna estas noções absurdas. O passado, o presente e o futuro são igualmente reais, porque o passado de uma pessoa é o futuro de outra e o presente de ainda outra.»
«A atitude do físico para com o tempo é fortemente condicionada pelas suas experiências com os efeitos da relatividade e pode parecer bastante estranha ao leigo, apesar de o físico raramente pensar duas vezes a tal respeito. Ele não encara o tempo como uma sequência de acontecimentos que ocorrem-. Em vez disso, todo o passado e futuro estão simplesmente aí, e o tempo estende-se em qualquer das direções, a partir de qualquer momento, tal como o espaço se estende em qualquer direção, a partir de um determinado lugar.»
(Paul Davies, Deus e a Nova Física, Círculo de Leitores, Lisboa, 1989, pp 155; o destaque a negrito é posto por nós).
Segundo a teoria da relatividade de Einstein, o futuro deste lugar e desta pessoa já existe a milhões ou biliões de quilómetros daqui, é um determinado espaço-tempo curvo e aproxima-se dia a dia. Então faz sentido pensar que o dia da morte de cada um de nós já existe, já está marcado e pode ser celebrado. O futuro único não existe à escala universal, existe sim uma justaposição de milhões de futuros e de milhões de passados: o futuro deste lugar aqui ainda não existe aqui mas está a caminho encolhendo o espaço que o separa daqui.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Bagwan Shree Rajneesh, conhecido como Osho (11 de Dezembro de 1931- 19 de Janeiro de 1990) foi um pensador da consciência e das religiões como ilusões desta, que interpretou, como muitos outros, o tempo. Escreveu numa concepção que lembra Parménides que dizia que «o ser não foi nem será é» anulando assim o tempo como movimento:
«Nas antigas cortes o bobo era uma necessidade, porque dava um equilíbrio. Sua vida é um esforço contínuo para conseguir um equilíbrio. Quando você se move demais em uma direção, o equilíbrio é perdido e há intranquilidade e doença. A intranquilidade indica que o equilíbrio foi perdido. A própria palavra "in-tranquilidade" significa desiquilíbrio. Assim, quando seu passado é feio, é um longo sofrimento, um fenómeno entediante, aborrecido, como você o equilibra? É preciso fazer algo; do contrário, ficará louco. Você o equilibra com um belo futuro; com um quadro romântico do futuro; isso lhe dá um certo equilíbrio. »
Para Platão, o tempo era a «imagem móvel da eternidade» e para Aristóteles era «o número do movimento». Para Osho, o tempo é imóvel e eterno, é o ser de Parménides: imóvel, eterno, homogéneo, incriado, invisível e imperceptível aos sentidos.
«O tempo não está em movimento. Muito pelo contrário é a sua mente que se move, mas você não pode ver isto. É justamente como quando anda de comboio em alta velocidade: você vê as árvores se movendo, correndo depressa, mas é você que está se movendo em direção oposta. Se você puder olhar e observar, terá essa sensação. (...)»
(Baghwan Shree Rajneesh, A semente de mostarda, Editora Parma, Brasília 1979, páginas 202 ).
E prossegue:
«A mesma ilusão existe sobre o tempo. O tempo não está em movimento, é eterno. Apenas sua mente se move e quando ela se move, você tem uma fresta estreita: o que está à sua frente é o presente, o que saiu da frente é o passado, e o que estará à sua frente é o futuro. Mas para onde pode o presente ir?
«Se você pensar, a coisa toda é absurda. Como pode o presente, de repente ir para a não existência? O passado não está em algum lugar que possa ser encontrado, tornou-se não-existencial. Como então, o futuro, que é não-existencial pode vir para a existência? Parece totalmente absurdo. A existência permanece existência, a não-existência permanece não-existência - apenas a mente se move. E não pode ver o todo; é por isso que a divisão é criada». (Baghwan Shree Rajneesh, A semente de mostarda, Editora Parma, Brasília 1979, páginas 205-206).
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