Sábado, 22 de Fevereiro de 2014
Teste de filosofia do 10º A, Fevereiro de 2014

 

Eis um teste de filosofia, o primeiro do segundo período lectivo. A temática da filosofia hermética e do simbolismo das catedrais/ geometria sagrada justifica-se porque serve de base à visita de estudo a monumentos de Sevilha e enquadra-se nos pontos do programa do 10º ano de filosofia em Portugal «O que é a filosofia», «Valores Estéticos/ Artísticos» e «Valores Religiosos».

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia com 3º Ciclo, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA B
19 de Fevereiro de 2014. Professor: Francisco Queiroz

 

“A cosmogonia de Pitágoras de Samos implica quatro passos, tem algo em comum com a gematria. A essência, segundo Platão, não está no mesmo nível que a essência segundo Aristóteles. O princípio da correspondência macrocosmosmicrocosmos liga a catedral medieval à natureza física que a envolve."

 

1) Explique, concretamente, cada uma destas frases.
                                                       

II

2) Construa um diálogo de valores ético-políticos (mínimo: 12 linhas) entre um anarquista, um comunista leninista, um socialista democrático, um liberal, um fascista, de modo a que no diálogo explicite as definições dos conceitos de «nacionalização de empresas», «privatização de empresas», «autogestão», «cogestão»,  «estado de direito democrático», «totalitarismo».

 

 

3) Relacione, justificando:

 

A) Imperativo categórico em Kant e princípio da ética de Stuart Mill.
B) Contratualismo de John Locke e teoria de Marx sobre a natureza dos Estados feudal e capitalista.
C) Hedonismo sensualista e epistemologia.

 

 

 

 

CORRECÇÃO DO TESTE DE FILOSOFIA (COTADO PARA 20 VALORES)

 

1) A cosmogonia de Pitágoras de Samos diz que o universo se formou a partir de  quatro números-figuras arquetípicos: do vazio surge um ponto que simboliza o número um; o ponto divide-se em dois, gerando a linha recta, que é o número dois; da recta sai um ponto que ao projectar-se através de infinitas rectas sobre a recta original gera um plano, que é o número três; do plano sai um ponto que prpjectando-se segundo três rectas sobre o plano gerando a pirâmide de três lados ou tetraedro, que é o número quatro. A gematria é a atribuição a cada letra de um número (por exemplo A= 1, B=2, C=3, N=40, Z=400) . Tanto a cosmogonia de Pitágoras como a gematria  consideram os números como essências dos entes. (VALE TRÊS VALORES). A essência, em Platão, é o arquétipo (de Belo, Bem, Homem, Árvore, etc) e encontra-se no mundo supraceleste, inteligível, por isso se diz que é transcendente (nível superior), mas em Aristóteles as essências, formas eternas,estão nos próprios objectos materiais («O Belo só está na rosa e nas coisas belas», «a essência rosa não está fora de cada rosa existente no real físico»), isto é, são imanentes (nível inferior) e não há mundo inteligível separado. (VALE DOIS VALORES). A filosofia hermética, nascida na Antiguidade e atribuída ao mítico Hermes Trimegistus, baseia-se no princípio  da correspondência macrocosmo-microcosmo que se enuncia assim:«o que está em baixo é como o que está em cima, o microcosmo é um espelho do macrocosmo». A catedral medieval é um microcosmo, que reflecte, em pedra, ponto por ponto, a natureza biofísica exterior, que é o macrocosmo, com as suas paisagens. As abóbadas e a parte superior das paredes correspondem ao céu, as colunas de pedra correspondem às árvores, a pia baptismal aos lagos e rios, a rosácea ou grande janela circular ao sol, as janelas estreitas de vitrais às estrelas, os altares às montanhas (VALE DOIS VALORES).

 

 

2) Anarquista: «Sou contra o capitalismo e todas as formas de Estado. Defendo a autogestão, isto é, as fábricas, hipermercados, empresas agrícolas, de transportes, pescas, deixam de ter patrões e passam a ser geridas por assembleias de trabalhadores (operários, economistas, engenheiros), nivelando-se os salários.»

Comunista leninista: «Sou contra o capitalismo mas, ao contrário dos anarquistas, defendo a nacionalização, isto é, a passagem para as mãos do Estado das grandes e médias empresas ou mesmo de todas. Defendo a ditadura do proletariado: desaparecem as eleições livres porque os partidos da direita as ganham graças ao financiamento dos ricos, só o partido marxista concorre e domina o Estado.»

Socialista democrático: «Não sou contra o capitalismo, porque permitre criar riqueza em grande quantidade, sou contra o capitalismo selvagem que não protege os operários. Defendo a cogestão, isto é, a empresa é propriedade dos patrões mas o conselho de administração inclui um representante dos trabalhadores ou do sindicato. Defendo as eleições livres, a liberdade de imprensa, greve, associação política e manifestação de rua, bases do estado de direito democrático.»

Liberal: «Sou a favor do capitalismo, da privatização das empresas, isto é, de estas passarem a pertencer a patrões (privados), sou apoiante da livre concorrência entre as empresas, da liberdade de o patrão despedir operários. Sou contra o comunismo que é um totalitarismo de esquerda, isto é, um estado de partido único com censura à imprensa, e contra o fascismo que é um totalitarismo de direita. Defendo o Estado de direito democrático ou democracia pluralista.»

Fascista: «Sou a favor do capitalismo nacional sob uma ditadura de extrema-direita tradicional na qual o povo inteiro obedece ao chefe de Estado e ao partido único, não há liberdade de greve e manifestação de rua, os imigrantes são expulsos do país, a censura é estabelecida na televisão, na imprensa e no ensino, gays e lésbicas são perseguidos e neutralizados. Sou contra o Estado de direito democrático, criação da maçonaria liberal e socialista.» (VALE SEIS VALORES).

 

Nota: Este diálogo pode ser estruturado de outras maneiras.

 

3) A) O imperativo categórico é a verdadeira lei moral em Kant: age como se quisesses que a tua acção fosse uma lei universal da natureza. Por outras palavras: ou comem (ou pagam) todos por igual ou não há moralidade. O princípio da maior felicidade, base da ética de Start Mill, defende que se deve preferir a felicidade da maioria dos envolvidos numa situação à felicidade da minoria e que os prazeres superiores (filosofia, literatura, ciência, amizade, solidariedade, etc) são preferíveis aos prazeres inferiores (comer, beber, possuir oiro ou dinheiro, etc). Kant e Mill opõem-se, em certa medida. Se um barco com 150 passageiros naufraga e só se podem salvar 30 vidas em salva-vidas, o imperativo de Kant é, aparentemente, impraticável mas não o utilitarismo de Stuart Mill: salvam-se as mulheres e as crianças (estas são potencialmente, as portadoras de maior felicidade porque têm um largo futuro diante de si) e ficam para morrer os homens e o capitão (VALE DOIS VALORES).

 

3) B) O contratualismo é a filosofia que justifica o Estado como resultado de um contrato social. No caso do filósofo inglês do século XVIII John Locke, este sustentou que o Estado brota de um contrato social entre os proprietários livres para superar o "estado de natureza" (país sem lei) e reveste a forma de Estado liberal, baseado na livre eleição de um parlamento multipartidário de onde sai o governo e baseado na liberdade de imprensa e na separação tripartida de poderes.  Karl Marx foi um filósofo não contratualista na teoria sobre o Estado: para Marx, o estado é um aparelho de violência e imposição de uma classe sobre outras classes sociais. Assim, o Estado feudal seria a ditadura dos senhores feudais, incluindo o rei, sobre os servos da gleba que trabalhavam gratuitamente metade da semana para os aristocratas e o monarca e o Estado capitalista, mesmo na sua forma de Estado de direito democrático, defendido por Locke e outros, seria a ditadura da burguesia ou classe dos patrões sobre o proletariado ou classe operária desprovida de propriedade industrial, comercial e rural e de dinheiro para influenciar e manobrar os partidos de direita ou centro-esquerda que vencem sempre as eleições legislativas nacionais(VALE TRÊS VALORES).

 

3) C) O hedonismo sensualista é a corrente que sustenta que o maior bem é o conjunto dos prazeres sensoriais (comer, beber, desenvolver práticas sexuais, experimentar casas e automóveis confortáveis, ter muito dinheiro, etc) e o maior mal é o conjunto das dores físicas e desconforto físico (fome, sede, doença física, pobreza, morte, etc). A epistemologia é a reflexão sobre as ciências, as perguntas que a filosofia faz a cada ciência. A epistemologia pode perguntar ao hedonismo sensualista que se toma a si mesmo como ciência ética e metaética: será o prazer sensorial identificável com o bem ou, em muitos casos, o prazer é ou traz o mal? (VALE DOIS VALORES).

 

 

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Sábado, 24 de Dezembro de 2011
O infinito espacial e corporal é mera abstração, segundo Aristóteles

 

A filosofia Aristóteles distingue-se da de Platão na medida em que procura demonstrar que as essências não existem separadamente em si mesmas, fora do mundo material e vital.  Assim acontece com a essência infinito espacial :

 

 «Ora bem, é impossível que o infinito seja separável das coisas sensíveis e que algo seja  infinito em si mesmo. Porque se o próprio infinito não fosse uma magnitude nem uma pluralidade, mas sim uma substância e não um atributo, seria então indivisível; porque o divisível ou é uma magnitude ou uma pluralidade. Mas se é indivisível não é infinito, salvo que o fosse como a voz é invisível. Mas os que afirmam a realidade do infinito não dizem que seja desta maneira, nem que é isso o que buscamos, mas que o infinito é algo "que não pode ser percorrido". Mas se o infinito existe como atributo nunca poderá ser, enquanto infinito, um elemento constitutivo das coisas, como tampouco o invisível o é da linguagem, ainda que a voz seja invisível.»

«Ademais, como é possível que exista o próprio Infinito, se não existem o próprio Número e a própria Magnitude, dos quais o infinito é em si uma propriedade? A necessidade de que exista este infinito é ainda menor do que a do número ou da magnitude em si.» (Aristóteles, Física, Livro III, 204 a, 5-20; a letra negrita é posta por mim)


É muito interessante a visão aristotélica: o infinito no espaço e no mundo corporal é uma abstração, não existe em si mesmo, salvo na imaginação. As coisas são finitas. O infinito é uma ilusão da mente. É nele, a meu ver,  que a física se converte em matemática, uma vez que o universo físico material é limitado, por muito que falem da divisibilidade infinita dos corpos, e a matemática devido à sua natureza monádica (os números não ocupam lugar) suscita a ideia de infinito. A matemática faz a ponte entre a física e a metafísica. Não espanta que Aristóteles a classifique como a primeira das ciências a seguir à filosofia primeira ou - termo não usado pelo filósofo grego - ontologia-eidologia. Aristóteles sabia , verdadeiramente, produzir ontologia: o ser real é o finito ou o conjunto dos finitos, mas não o infinito que é ser virtual, atributo. A crença de Einstein de que o universo é finito, como uma esfera fechada, radica, assim, na concepção aristotélica do mundo.

 

 

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Sábado, 17 de Novembro de 2007
O número na concepção tradicional (Leituras de René Guénon)

René Guenón (1886-1951), filósofo da Tradição contra o espírito do Mundo Moderno, sustenta, na linha de São Tomás de Aquino, que é a quantidade que permite a materialização das essências ou formas espirituais.

 

Tomás de Aquino distingue a matéria prima - potência pura, a substância indeterminada inexistente em acto - e a forma (por exemplo: o homem, em abstracto), por um lado, da matéria determinada ou designada (materia signata quantitate, que é o composto, na filosofia aristotélica. Por exemplo: este homem, com 1,80 metros de altura, nariz aquilino, ombros largos é matéria designada (informada) que resulta da união entre a forma (imaterial) e a matéria indeterminada (inexistente), por outro lado. É pelo número que a forma se plasma na matéria mas há dois conceitos de número:

 

«Outra questão se levanta ainda : a quantidade apresenta-se-nos de modo diferente, nomeadamente a quantidade descontínua, que é propriamente o número (2), e a quantidade contínua, que é representada principalmente pelas grandezas de ordem espacial e temporal; qual é, de entre estes modos, o que constitui mais precisamente aquilo a que poderemos chamar a quantidade pura? Esta questão também tem a sua importância, tanto mais que Descartes, base de boa parte das concepções filosóficas e científicas especificamente modernas, quis definir a matéria pela extensão, e fazer desta definição o princípio de uma física quantitativa que, se ainda não era "materialismo", era, pelo menos, "mecanicismo"; é que poderíamos ser tentados a concluir que a extensão, porque é directamente inerente à matéria, representa o mundo fundamental da quantidade.»

 

Nota 2) « A noção pura do número é essencialmente a do número inteiro, e é evidente que a continuação dos números inteiros constitui uma série descontínua; todas as extensões que esta noção tem recebido e que deram lugar à consideração dos números fraccionários e dos números não mensuráveis, são verdadeiras alterações e, na realidade,  representam unicamente os esforços que foram feitos para reduzir o mais possível os intervalos do descontínuo numérico, a fim de tornar menos imperfeita a sua aplicação à medida das grandezas contínuas.»

(René Guénon, O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos, Publicações Dom Quixote, pag. 24-25, o bold é da minha autoria).

 

Deve ter-se em conta o facto de na concepção pitagórica do mundo, o número não ser meramente aritmético mas também geométrico: o Um designa o ponto, o Dois a recta, o Três o plano e o Quatro o tetraedro. Há pois, um aspecto qualitativo-formal na noção tradicional de número.

 

 

Nota de rodapé: As reflexões de René Guenón nesta matéria estão muito acima das vulgaridades de um Fernando Savater, de um Neil Warburton, de um James Rachels, de um Peter Singer que são, hoje, os filósofos da moda para a grande maioria dos professores de filosofia nas escolas públicas dos países da Europa ocidental e central ou dos EUA.

 

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