Terça-feira, 20 de Dezembro de 2016
Osho e o Tempo que não se move

Bagwan Shree Rajneesh, conhecido como Osho (11 de Dezembro de 1931- 19 de Janeiro de 1990) foi um pensador da consciência e das religiões como ilusões desta, que interpretou, como muitos outros, o tempo. Escreveu numa concepção que lembra Parménides que dizia que «o ser não foi nem será é» anulando assim o tempo como movimento:

 

«Nas antigas cortes o bobo era uma necessidade, porque dava um equilíbrio. Sua vida é um esforço contínuo para conseguir um equilíbrio. Quando você se move demais em uma direção, o equilíbrio é perdido e há intranquilidade e doença. A intranquilidade indica que o equilíbrio foi perdido. A própria palavra "in-tranquilidade" significa desiquilíbrio. Assim, quando seu passado é feio, é um longo sofrimento, um fenómeno entediante, aborrecido, como você o equilibra? É preciso fazer algo; do contrário, ficará louco. Você o equilibra com um belo futuro; com um quadro romântico do futuro; isso lhe dá um certo equilíbrio. »

 

Para Platão, o tempo era a «imagem móvel da eternidade» e para Aristóteles era «o número do movimento». Para Osho, o tempo é imóvel e eterno, é o ser de Parménides: imóvel, eterno, homogéneo, incriado, invisível e imperceptível aos sentidos.

 

«O tempo não está em movimento. Muito pelo contrário é a sua mente que se move, mas você não pode ver isto. É justamente como quando anda de comboio em alta velocidade: você vê as árvores se movendo, correndo depressa, mas é você que está se movendo em direção oposta. Se você puder olhar e observar, terá essa sensação. (...)»

(Baghwan Shree Rajneesh, A semente de mostarda, Editora Parma, Brasília 1979, páginas 202 ). 

E prossegue:

«A mesma ilusão existe sobre o tempo. O tempo não está em movimento, é eterno. Apenas sua mente se move e quando ela se move, você tem uma fresta estreita: o que está à sua frente é o presente, o que saiu da frente é o passado, e o que estará à sua frente é o futuro. Mas para onde pode o presente ir?

«Se você pensar, a coisa toda é absurda. Como pode o presente, de repente ir para a não existência? O passado não está em algum lugar que possa ser encontrado, tornou-se não-existencial. Como então, o futuro, que é não-existencial pode vir para a existência? Parece totalmente absurdo. A existência permanece existência, a não-existência permanece não-existência - apenas a mente se move. E não pode ver o todo; é por isso que a divisão é criada». (Baghwan Shree Rajneesh, A semente de mostarda, Editora Parma, Brasília 1979, páginas 205-206).

 

www.filosofar.blogs.sapo.pt

 

f.limpo.queiroz@sapo.pt

 

© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)



publicado por Francisco Limpo Queiroz às 17:07
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