Aristóteles acusou Platão de multiplicar os modelos ou formas arquetípicas num mundo inteligível e de estes modelos serem, dentro desse mundo inteligível, cópias de outros modelos. Escreveu:
«Ademais, as Formas serão modelos não somente das coisas sensíveis, mas também delas mesmas, por exemplo, o género entendido como género das espécies. Por conseguinte, a mesma coisa será ao mesmo tempo cópia e modelo.» (Aristóteles, Metafísica, Livro XIII, 107b, 30-35, pág. 519 da versão da Editorial Gredos, Madrid).
Parece-nos antidialética a crítica de Aristóteles: a dialética supõe que uma mesma coisa ou ideia têm relações de pertença ou similaridade com múltiplas coisas ou ideias. Sem embargo da grandeza intelectual de Aristóteles, este já errara ao dizer que «cada coisa só tem um contrário». Ora Aristóteles, na sua crítica ao Mundo das Ideias àparte da matéria teorizado por Platão, entende que, por exemplo, que é incoerente haver o arquétipo de Animal e os Arquétipos de Homem, Elefante, Serpente, Leão etc., que serão espécies de Animal. Segundo ele, um arquétipo não poderia estar contido em outro mais genérico.
Não há, no entanto, neste aspecto, incoerência nenhuma em Platão. Basta pensar que, a haver Mundo dos Arquétipos, estes não estão irmanados no mesmo plano mas hierarquizados em diferentes degraus.
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