George Moore theorized the "naturalistic fallacy", that is, the explanation linking the notion of good to things empirically good, agreable. He argued that Good is indefinable. Unlike Plato, did not admit the participation of the Good in good things. He wrote:
«The theories I propose to discuss may be conveniently divided into two groups.The naturalistic fallacy always implies that when we think "This is good" what we are thinking is that the thing in question bears a definite relation to some one other thing. But this one thing, by reference to which good is defined, may be either when I may call a natural object - something of which the existence is admittedly an object of experience - or else it may be an object which is only inferred to exist in a supersensible real world. These two types of ethical theory I propose to treat separately».( G.E.Moore, Principia Ethica, pag. 38-39, Cambridge University Press, 1971; the bold emphasis is put by me).
George Moore equivocates: good is not indefinable. Good is pleasure: physical pleasure, like eating chocolat or grapes, or moral pleasure, like feeling justice in a society or in a family or like seeing our friend recover health after an accident, or intelectual pleasure, like geting a sense of historical cycles or like understanding Plato's theory of archetypes.
Moore wrote yet:
«By Hedonism, then, I mean the doctrine that pleasure alone is good as an end - "good" in the sense which I had tried to point out as indefinable. The doctrine that pleasure, among other things, is good as an end, is not Hedonism; and I shall not dispute its truth. Nor again is the doctrine that other things, besides pleasure, are good as means, at all inconsistent with Hedonism: the Hedonist is not bound to maintain that "Pleasure alone is good", if under good he includes, as we generally do, what is good as means to an end, as well as the end itself.» ( Moore, ibid, page 62; the bold emphasis is put by me).
The position of Moore about hedonism is as absurd as saying that oxygen is only oxygen if there is pure no mixing with other gases. In fact, the search of pleasure as the aim of an acction is enough to define hedonism: the climber who cut his arm stuck in a rock at the Grand Canyon and was able to survive made a hedonist act despite of mutilating himself. Mutilation is pain, is contrary to hedonism, but in this case was an anti hedonistic practic subject to an order, the preservation of life, a hedonistic commitement. So, pleasure is mixed with the pain and whether imposes his quality in final stage of the action these one is hedonistic. Against Moore, I sustain that Hedonism is the doctrine that pleasure, alone or mixed with pain or other things, is the main goal of action, the supreme value.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Os testes intermédios do 10º ano de Filosofia editados pela Porto Editora em 2011 estão repletos de erros teóricos e consituem um exemplo da formatação antifilosófica do pensamento dos adolescentes do ensino secundário em Portugal que uma parte substancial dos professores leva a cabo, por irreflexão e mimetismo face aos autores de manuais escolares. Vejamos alguns desses equívocos,
MOORE E O EQUÍVOCO DOS "ATOS INCAUSADOS"
A Proposta de teste intermédio 1 começa com o seguinte texto de George Moore, um dos confusos pais da filosofia analítica:
GRUPO I
«Aqueles que defendem que temos livre-arbítrio julgam-se obrigados a sustentar que por vezes os atos voluntários não têm causa; e aqueles que defendem que tudo é causado pensam que isso prova completamente que não temos o livre-arbítrio. Mas na verdade, é extremamente duvidoso que o livre-arbítrio seja inconsistente com o princípio de que tudo é causado.» ...( G.E. Moore- Ética, 1912, Capítulo VI).
1) Indique pela mesma ordem que o autor, as posições sobre o livre-arbítrio referidas na primeira frase do texto. ( Testes intermédios, pag 18, Porto Editora).
A proposta de resolução é a seguinte:
GRUPO I
«As posições são o libertismo e o determinismo radical (Estas são as duas formas de incompatibilismo).» (Testes intermédios, pag. 21, Porto Editora; o negrito é posto por mim).
Crítica: em primeiro lugar, Moore confunde causa com causa necessária (esta última é componente do princípio do determinismo: as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos, nas mesmas circunstâncias). Esta confusão vocabular é funesta à clareza filosófica: Moore e os seus imitadores, como Simon Blackburn e os autores de quase todos manuais escolares de filosofia para o 10º ano em Portugal não distinguem, vocabularmente pelo menos, entre causa livre - exemplo: Deus criou o mundo por um acto único de livre-arbítrio, que não estaria obrigado a praticar, na concepção cristã - e causa necessária, envolta nas roldanas da necessidade ou determinismo. Dizer que alguns atos voluntários não têm causa, como Moore sustenta no texto acima, é um contrasenso: a causa de um ato voluntário, como, por exemplo, ir passear ou ir ao cinema, é o livre-arbítrio, a reflexão livre de cada pessoa que precede a decisão, ou o instinto. O que Moore e outros querem dizer com a expressão "atos incausados" é que há atos que escapam ao determinismo. Mas nenhum ato escapa a causas, sejam elas necessárias ou livres, e isto Moore e os seus imitadores não o dizem. Em rigor, não há atos incausados. O princípio da razão suficiente, de Schopenhauer, assegura que toda a coisa ou fenómeno possui uma causa.
Por outro lado, a solução proposta acima diz que a teoria que sustenta que os atos voluntários são por vezes incausados chama-se.. libertismo. É uma névoa de confusão: não se explica o que é libertismo, nem em que se distingue do determinismo com livre-arbítrio («determinismo moderado»,na imperfeita definição em voga nos manuais). Kant é libertista, como defende Simon Blackburn? Ou é "determinista moderado", uma vez que admite que o eu fenoménico (corpo e suas necessidades materiais) é determinado pela natureza e o eu numénico (razão livre) é livre? Ninguém sabe explicar isto. Não se pensa, não se confrontam posições nesta esfera da filosofia - o meu blog é, seguramente, uma excepção, fustigando, com a espada do raciocínio dialético, o dogmatismo erróneo instalado entre os professores de filosofia (por exemplo, a confusa classificação: determinismo radical, determinismo moderado, libertismo, indeterminismo).
Também não se percebe como se pode classificar o "libertismo" de incompatilismo. Como pode ser incompatibilismo se, às vezes, aceita que há livre-arbítrio compatível com determinismo?
ERRÓNEA DEFINIÇÃO DE RELATIVISMO CULTURAL
Na mesma Proposta de teste intermédio 1, temos a seguinte pergunta do grupo II a coroar um texto de Harry Gensler:
2.1. Defina relativismo cultural.(pag 21)
A proposta de resolução é a seguinte:
«2.1. De acordo com o relativista cultural, não há padrões absolutos ou universais do bem e do mal. O facto de algo ser bom, ou de algo ser mau, é sempre relativo a sociedades específicas. Se numa sociedade a maioria aceitar, por exemplo, que a poligamia é boa, então a poligamia será boa para essa sociedade; se noutra sociedade a maioria pensar o contrário, então a poligamia será má para essa sociedade.» (Testes intermédios, Filosofia 10º, pag 21, Porto Editora; o negrito é colocado por mim).
Crítica minha: É um erro apontar como relativismo o facto de «numa sociedade em que a maioria aceita a poligamia como um bem, então a poligamia será boa para essa sociedade». Isso é absolutismo social, imposição de uma mesma ideologia a todos os estratos da mesma sociedade. Harry Gensler pensa mal tal como os autores desta prova intermédia da Porto Editora. O relativismo é o facto de numa mesma sociedade haver uma moral, uma ciência e uma concepção político-económica dominantes e, em simultâneo ,haver morais, ciências e concepções político-económicas dominadas que não aceitam o paradigma dominante. Por exemplo, sob a ditadura de Salazar os valores dominantes veiculados na televisão e jornais eram, entre outros, «manter a integridade nacional conservando Angola, Guiné e Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe como províncias de Portugal» mas havia oposição entre os intelectuais, os estudantes e a classe operária ao colonialismo oficial de Salazar. Isto, sim, é relativismo: mostrar as diferentes verdades no seio da mesma sociedade. A definição mutilada de relativismo fornecida por Harry Gensler supõe homogeneidade no interior da mesma sociedade o que, em rigor, não é verdade.
A ÉTICA DE KANT NÃO É RELATIVISTA?
Surgem então as perguntas de escolha múltipla e uma só resposta tida como certa e aqui se revela a mediocridade de pensamento de quem gizou este teste, o espírito de hiper análise sem visão de síntese.
GRUPO III
«1.2. A teoria ética de Kant é:
A. Consequencialista
B. Relativista
C. Deontológica
D. Teológica (pag
A resposta apontada como certa é: deontológica (alínea C).
Crítica: Há três respostas certas, as da alínea A, B e C.
Para surpresa da grande maioria, direi que a ética de Kant é consequencialista porque visa uma consequência para cada cada acção humana: a transmissão de uma ideia de equidade entre os homens, de justiça, e a satisfação do eu racional. O dever não é um fim em si mesmo, ao contrário do que diz Kant. O dever é um serviço para com os outros idealmente considerados. Se um homem que acha na rua uma carteira com 50 000 euros entende devolvê-la, apesar de poder ficar com ela uma vez que ninguém viu, é por dever para com o dono do dinheiro e a humanidade em geral. Visa-se, pois, um fim (consequencialismo) ao devolver o dinheiro: corrigir a injustiça, restituir o seu a seu dono. A resposta A está certa - contra o que afirmam as vozes dominantes e os manuais escolares.
Ao mesmo tempo, a ética de Kant é relativista, isto é, o conteúdo do imperativo categórico varia de pessoa a pessoa, é relativo à consciência de cada um. Relativismo da esmola: para uns, é um bem dar esmola porque seguem o imperativo categórico «Dá sempre esmola a quem te pedir porque isso corresponde ao ideal de justiça social» e para outros é um mal dar esmola porque o seu imperativo categórico é «Nunca dês esmola a quem quer que seja porque isso rebaixa a dignidade de quem pede». Logo, a resposta B está certa.
Obviamente, a ética de Kant é deontológica (déon= dever), estrutura-se sobre o dever. A resposta C está certa.
MILL NÃO DEFENDE QUE SÓ UMA BOA VONTADE É INCONDICIONALMENTE BOA?
Consideremos outra pergunta, na página 20 do "Testes intermédios":
«1.5 Tanto Kant como Mill defendem que:
A. Não há um princípio moral fundamental.
B. Só o prazer e a ausência de dor são incondicionalmente bons.
C. Há um princípio moral fundamental.
D. Só uma boa vontade é incondicionalmente boa.
A resposta tida como certa é a da alínea C.
Crítica: De facto, a resposta C está correcta. Mas a resposta D também está: a definição de boa vontade como a vontade incondicionalmente boa não é exclusiva de Kant. Já se encontra na «Ética a Nicómaco» de Aristóteles e é partilhada também por Stuart Mill.
A ÉTICA DEONTOLÓGICA NÃO PROMOVE SEMPRE O BEM?
Na proposta de Teste Intermédio 2 figura a seguinte questão que pede apenas uma resposta certa de entre as quatro hipóteses (pag. 26)
«1.4 De acordo com uma ética deontológica:
A. Só o prazer e a ausência de dor são bons.
B. Devemos sempre promover o bem.
C. Não podemos promover o bem sacrificando os direitos dos outros.
D. Nem só o prazer e a ausência de dor são bons.»
A proposta de solução indica como certa a hipótese C.
Crítica: é uma visão unilateral, truncada. As respostas B e D também estão certas. A hipótese B diz que segundo a ética deontológica devemos promover sempre o bem. Ora, não é isso o que Kant diz? É. Exercer o imperativo categórico, mesmo que seja amargo para algumas pessoas, é fazer o bem. Exemplo: o juíz que condena a anos de prisão efectiva um grupo de narcotraficantes faz o bem, desde que inspirado no ideal de justiça incorruptível.
A ética deontológica de Kant - é também uma ética teleológica, como assinalei noutros artigos - preconiza que nem só o prazer e a ausência de dor são bons. O cumprimento do dever pelo dever é bom, mesmo que implique dor. Exemplo: o comandante de um navio sacrifica a sua vida num naufrágio obedecendo ao imperativo categórico «Salva em primeiro lugar a vida das crianças, mulheres e idosos, em caso de naufrágio do teu navio, e, em último lugar, a tua própria vida».
Há três respostas certas nesta pergunta e não uma. É este o tipo de perguntas que se vai colocar aos alunos no exame de filosofia do 11º ano de escolaridade em Portugal? Tão ambíguas e medíocres, fazendo com que os alunos que pensam recebam zero na cotação?
AS ÉTICAS DE KANT E STUART MILL SÃO EXCLUSIVAMENTE OBJECTIVAS?
Na proposta de Teste Intermédio 2 (página 26) vem a seguinte questão que pede apenas uma resposta certa:
«1.5 Tanto Kant como Mill aceitam:
A. A subjectividade da ética.
B. A objectividade da ética.
C. Que a felicidade é o fim a promover.
D. Que a felicidade não é o fim a promover.»
A resposta apontada como solução certa é a B: objectividade da ética.
Crítica: Kant e Mill, aceitam ambos, em simultâneo, a subjectividade e a objectividade da ética. Isto é incompreensível para o autor destes testes intermédios, que carece de um pensamento dialético (em cada coisa, há duas facetas contrárias que, em regra, coexistem). Na ética de Kant, é objectiva a fórmula do imperativo categórico «Age como se quisesses que a tua acção fosse uma lei universal da natureza» , a mesma para todo o ser humano, e é subjectiva a máxima, o conteúdo concreto, a coloração que cada um dá ao seu impertaivo categórico.
Na ética de Stuart Mill, é objectiva a fórmula «estender o bem, o prazer, ao maior número de pessoas» e é subjectiva a análise de cada situação concreta. Por exemplo, se um polícia encontrar seis assaltantes a agredir e a roubar duas pessoas algures não segue a regra do prazer do maior número (seis meliantes) dos envolvidos na situação. O polícia tem de defender a minoria agredida, isto exige uma análise subjectiva.
Por conseguinte, as respostas A e B estão correctas.
NÃO HÁ ACÇÃO HUMANA SEM INTENÇÃO?
Na proposta de teste intermédio 3 (página 29) lê-se a seguinte questão de escolha múltipla:
«1.1Não pode haver acção humana sem:
A. Deliberação.
B. Livre-arbítrio.
C. Responsabilidade.
D. Intenção.»
A solução apontada como certa é a D: não pode haver acção humana sem intenção.
Crítica: Pode haver acção humana sem intenção. Exemplo: durante uma caçada, um dos caçadores tropeça numa pedra, a espingarda que leva dispara acidentalmente e mata o amigo que vai à sua frente. A queda e o disparo, sem intenção, não são acção humana involuntária?
CONFUSÃO SOBRE DETERMINISMO MODERADO: ALGUMAS ACÇÕES DETERMINADAS SÃO LIVRES?
No teste intermédio 3 (pag 29) é colocada a seguinte questão:
1.2 O determinismo moderado é uma teoria compatibilista porque diz-nos que:
A. Só algumas acções estão determinadas.
B- Todas as acções estão determinadas.
C. Algumas acções determinadas são livres.
D. Algumas acções determinadas não são livres.»
A proposta de solução indica como a única correcta a resposta C: «algumas acções determinadas são livres».
Crítica: uma acção determinada, isto é, em que o efeito obedece necessariamente a uma causa natural, biofísica, nunca é livre. A acção de comer obedece ao determinismo da trituração dos alimentos na boca e deglutição: não pode ser feita de qualquer maneira, obedece a um determinismo, a um mecanismo articulado de causas e efeitos. Livre é a decisão de comer que se toma num dado momento ou a interrupção do acto de comer. A acção determinista nunca é livre: conjuga-se com a liberdade que lhe é exterior. A resposta correcta seria a da alínea A: só algumas acções, a grande maioria, estão inseridas no mecanismo do determinismo, as que consistem no livre-arbítrio não estão sujeitas ao determinismo, articulam-se com este. Jejuar é uma acção livre que põe em movimento o determinismo corporal da autólise: sente-se fome algumas horas depois do início do jejum, essa fome (psicológica) desaparece, o organismo elimina gorduras e tecidos mórbidos (células cancerosas, pús, etc), há uma baixa de açúcar no sangue, etc. O jejum é um acto livre enquanto submetido ao livre-arbítrio, mas em si mesmo não é um acto livre.
É um medíocre livro de testes intermédios de filosofia do 10º ano do ensino secundário, este, da Porto Editora. É erróneo fazer este tipo de perguntas de resposta de cruz. Não mede com rigor o grau de saber e de inteligência filosófica do aluno, já que este nem sequer é convidado a justificar a afirmação que escolheu como certa. É a pobreza redutora de uma certa "filosofia analítica" que em muito lembra o ensino de memorização e repetição mecânica nas escolas do Estado Novo (1933-1974) de Salazar e Caetano. Estes testes intermédios dão uma imagem da fraca qualidade do ensino de filosofia no ensino secundário em Portugal e, sobretudo, da fraca qualidade editorial nesta área, no presente momento.
A nível mundial, só uma ínfima minoria de pessoas dentro da área da filosofia pensa verdadeiramente: o resto é mimetismo, fórmulas decoradas, ensino massificador nas escolas, doutoramentos e mestrados em filosofia «copy paste» ou destituídos de originalidade e genialidade, subserviências a filósofos de segunda e terceira categoria. A grande filosofia é e será sempre uma praxis de elite, ainda que a elite tenha por obrigação conservar, purificar e melhorar o legado filosófico de modo a que este possa penetrar, tanto quanto possível, no povo.
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