Domingo, 7 de Dezembro de 2014
Breves reflexões de Dezembro de 2014

 

 

 Aqui exponho algumas breves e recorrentes reflexões neste Dezembro de 2014 em que o planeta Júpiter se mantém até 28 de Dezembro no grau 22 do signo de Leão (grau 142º em longitude eclíptica).

 
1- ESTAMOS EM RISCO DE QUE O AMOR NÃO EXISTA porque a maioria dos casamentos são apenas uma forma estável de ter sexo (duas a quatro vezes por semana) habitação e despesas domésticas compartilhadas ( muitos casais já nem fazem sexo entre os cônjugues). Proclamamos pois: o VERDADEIRO AMOR é o AMOR PRÓPRIO e nem sequer o amor a um Deus exterior pois esse Deus é o nosso próprio EGO projectado «para fora» - como se houvesse fora!

 

2- ISTO NÃO INVALIDA QUE A VIRGEM MARIA OU VÉNUS EXISTAM NO INTERIOR DE NÓS. É eficaz invocar os deuses - ou melhor: é, plausivelmente eficaz - para obter favores (emprego, amores, solução de conflitos interpessoais e político-sociais, melhorias climatéricas, etc). Há certamente muitas Virgens do Carmo - uma para cada um dos católicos que a idealizam e invocam. E cada uma está na mente exterior de cada crente e pode manifestar-se.

 

3- AS MULHERES SÃO DEUSAS ENTRE OS 17 E OS 27 ANOS DE IDADE. E nem todas. Só aquelas que são, objectivamente, belas, fisicamente falando. Objectivamente quer dizer: por largo consenso entre homens e mulheres. É evidente que há uma beleza interior que pouco se reflecte na beleza física exterior. Mas as deusas são, fisicamente, belas. Uma mulher de 40, 50 ou 60 anos não pode pretender ser uma deusa pois descobre em si as rugas e a flacidez do envelhecimento corporal. A alma espiritual, essa, não envelhece: tem sempre 16, 18 ou 20 anos de idade.

 

4- O AMOR ENTRE DUAS PESSOAS é a intersecção acidental de DOIS AMORES-PRÓPRIOS. Nada mais que isso. O  amor existe onticamente, em linguagem heideggeriana - nos fenómenos de superfície - mas ontologicamente, na parte oculta e profunda, só existe o amor-proprio.

 

5- UMA VEZ QUE O AMOR É UMA GRANDE MENTIRA convido todos os casais a manterem-se unidos sob o lema do «Amo-te muito» porque «uma mentira mil vezes repetida transforma-se em verdade».

 

6- PARA SERMOS FELIZES TEMOS QUE ACEITAR UM CERTO GRAU DE INFELICIDADE. Somos confrontados a cada passo com imperfeições, psíquicas ou físicas ou sociais, das pessoas que amamos, das pessoas com quem convivemos no dia a dia, dos lugares, dos bairros ou casas onde moramos. E isso constitui um segmento de infelicidade com que temos de nos contentar, que «temos» de aceitar. Mas não devia ser assim. O mundo está mal feito - responsabilidade do deus da matéria ou demiurgo.

 

7- PORQUE SOMOS HOMENS HETEROSSEXUAIS VESTIMO-NOS DE MULHER. Porque somos maduros, para não dizer velhos, gostamos de mulheres muito mais novas. Lei da contradição. Polaridade que forma a vida.

 

8- O PROBLEMA ONTOLÓGICO DO AMOR- Como se chega a amar alguém? De modo grego, só pela simples visualização do arquétipo (a beleza do rosto e do corpo dela coincide com os arquétipos de Mulher e de Belo) ? De modo indiano, pelo contacto físico, táctil, do beijo, do toque nos seios, nos genitais, isto é, da prática do acto sexual (mesmo que ela seja feia é óptima na cama, leva-me ao paroxismo)? Ou de outro modo?

 

9- OS DEUSES ROUBARAM A BELEZA DAS MULHERES DA MINHA GERAÇÃO. Ou terá sido só Cronos, o deus do tempo, pai de Zeus-Júpiter e este e outros deuses estão isentos de culpa? Por isso procuro mulheres de gerações mais jovens a quem os deuses, ou o deus Cronos, ainda não roubaram a beleza.

 

10- MULHERES SUPERFICIAIS - Uma mulher, por mais bela que seja, é para mim uma criatura superficial se não for capaz de orar comigo à Deusa Vénus, em ritual mágico, ou à Virgem Maria, em ritual cristão. E tem que ser autêntica na oração: uma oração sem fé é como um orgasmo fingido. Se essa mulher não crê na divindade, será incapaz de sustentar a fidelidade e manter as chaves do conhecimento hermético.

 

11- SE UM HOMEM DISSESSE «AMO-TE» A CERTAS MULHERES QUE AMA, SENSUALMENTE OU NÃO, IRIA PRESO OU SERIA AGREDIDO OU DESPEDIDO DO EMPREGO. Por isso, é preciso calar, fingir que não se ama.

 

12- UM CASAMENTO É UMA TRÉGUA NA GUERRA DAS ATRAÇÕES SEXUAIS. Para ter paz e um domínio seguro, casamo-nos. Ás vezes, pode ser preciso cortar todos os «amigos/as» do facebook para tranquilizar o conjugue e concentrar a relação em si mesma, no ovo do lar. E que são os amigos/as? Quantos nos amam? Quem tem 1500 amigos no FB, só tem 3 ou 4 amigos reais...

 

13- OS OUTROS SÃO APENAS O BÁLSAMO, OS PENSOS HIGIÉNICOS NA FERIDA ABERTA QUE É A SOLIDÃO ONTOLÓGICA DE CADA UM. Precisamos dos outros porque eles nos salvam de nós mesmos. Mas não devia ser assim. Devíamos ser autossuficientes, possuir os dois sexos, não depender de outrem. Pois deus é «bissexual», possui os dois princípios, o masculino e o feminino.

 

14- O VERDADEIRO AMOR É AQUELE QUE PRESCINDE DO ACTO SEXUAL - Ela tem uma qualquer doença no útero e não pode ter relações sexuais genitais e ele diz. «Amo-te na mesma, não te preocupes». Isto sim, é o puro amor. A contemplação da beleza dela como arquétipo. Só a visão sem o contacto íntimo.

 

15- O ENVELHECIMENTO. O envelhecimento é uma prova da maldade dos deuses ou do deus único, ou do deus da matéria, o demiurgo, que nos moldou numa fraca matéria-prima. Ao ler este meu comentário, a  aluna Jéssica acrescenta: «Num ponto de vista mais científico-filosófico é mesmo a terra e todas as suas forças que estão fartas do mal que lhes fazemos e resolvem expulsar nos daqui envelhecendo-nos do dia para a noite ahah». É uma tese plausível.

 

16- AS UNIVERSIDADES E A HISTÓRIA DA FILOSOFIA FORAM E SÃO GOVERNADAS POR FILÓSOFOS E CATEDRÁTICOS ESTÚPIDOS. Karl Popper, Saul Kripke,  Bertrand Russel, Peter Singer, Simon Blackburn e Martin Heidegger eram ou são tão estúpidos que nem sequer se deram conta de que as duas guerras mundiais do século XX  se fizeram acompanhar da presença de planetas lentos, trans-saturnianos, na área 1º-9º do signo de Leão (graus 121º a 129º da eclíptica): de 1 de Agosto de 1914 a 11 de Novembro de 1918, Neptuno moveu-se desde 28º-27º do signo de Caranguejo a 9º do signo de Leão, e decorreu a 1ª Guerra Mundial; de 1 de Setembro de 1939 a 2 de Setembro de 1945, Plutão moveu-se de 2º-1º a 10º do signo de Leão, e decorreu a 2ª Guerra Mundial. O fenomeno astronómico - um planeta lento ocupar a área 0º-9º de Leão por um período de 4 ou 5 anos - é muito raro. As guerras mundiais são raras. Sincronizaram-se guerra mundial e primeiro decanato do signo de Leão, o que indicia uma lei.

 

E o que disseram ou dizem sobre isto as «luminárias» da filosofia portuguesa, os José Marinho, Cunha Leão, Agostinho da Silva, José Gil, Eduardo Lourenço, Miguel Reale, Luís de Araújo, António Barreto, José Pacheco Pereira, Vasco Pulido Valente, Boaventura Sousa Santos, António Teixeira Fernandes, José Reis, Irene Borges-Duarte, Maria Luísa Ribeiro Ferreira, Maria Leonor Xavier, Maria do Carmo Themudo, João Branquinho, Ricardo Santos, Olivier Feron, Pedro Alves, Manuela Bastos, Alexandre Franco de Sá? Nada. Não disseram, não dizem, nada sabiam e não sabem nada disto. Não conceberam e não concebem sequer que os planetas, anteriores à existência da humanidade, determinem nos seus movimentos no Zodíaco, até aos mas ínfimos pormenores, a evolução da humanidade, os períodos de guerra e paz, a sucessão dos regimes político-sociais, o comportamento de cada indivíduo, o seu tempo de vida. Como puderam ou podem, com tão elevado grau de ininteligência anti-astrologia, ocupar cátedras universitárias?

 

Muito simples: a universidade não é a cúpula do saber autêntico, os mestrados e doutoramentos não significam verdadeira inteligência mas apenas fragmentos de inteligência, na universidade só triunfam os que se moldam ao deficiente pensamento colectivo de que «os astros não determinam a existência humana, não pode haver astrologia científica, o homem é livre de traçar o seu destino, o futuro está em aberto». Os grandes filósofos iluministas e racionalistas dos séculos XVII e XVIII - Descartes, Spinoza, Montesquieu, Voltaire, Rousseau, etc. - que pretendiam "libertar a humanidade" da "tirania da superstição e da astrologia" eram, afinal, obscurantistas, obscureceram ou esconderam a influência decisiva e permanente dos planetas sobre a vida humana.

 

E a universidade contemporânea, racionalista (fragmentária), ignorante da filosofia hermética e da dialética holística, nasceu desses cérebros retorcidos e retóricos, pretensamente superiores. A universidade é uma instituição de massas, está contra a grande maioria dos pensadores autênticos que são poucos, superiormente excêntricos e alvo de censura.

 

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Terça-feira, 17 de Junho de 2014
O grau 10 do signo de Aquário e os golpes de Estado fracassados

 

A passagem de um planeta, do planetóide Quiron, do Sol ou de um Nodo da Lua em 10º signo de Aquário é condição necessária mas insuficiente para gerar um golpe de Estado fracassado, de direita ou de esquerda.

 

Quantos dias em cada ano um planeta e o Sol atravessam o grau 10 do signo de Aquário (grau 310 de longitude eclíptica)? Depende. Em 2014, apenas seis dias (não levamos em conta a Lua): em 17 e 18 de Janeiro (Mercúrio), 29 e 30 de Janeiro (Sol), 17 e 18 de Março (Vénus). Portanto, são significativos os factos que, a seguir, apontamos, porque é relativamente raro ao longo de um ano haver um planeta ou o Sol em 10º de Aquário.

 

Em 18 e 19 de Abril de 1925, com Nodo Sul da Lua em 10º 39´ / 10º 30´ de Aquário, eclode um golpe militar de direita contra a República parlamentar, com a sublevação de 3 unidades militares que acampam na Rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, duelos de artilharia e a deslocação ao quartel do Carmo do general Sinel de Cordes, revoltoso, para exigir ao presidente da república Teixeira Gomes a destituição do governo de Vitorino Guimarães, de centro-esquerda, e a formação de um governo extrapartidário chefiado por Filomeno da Câmara, no dia 18, e rendição dos revoltosos de direita bombardeados por uma chuva de granadas no dia 19; em 1 de Janeiro de 1962, com Júpiter em 10º 28´/ 10º 41´ de Aquário,  de madrugada, descoordenados entre si, um grupo de civis chefiado por Manuel Serra e um grupo de militares chefiado pelo capitão Varela Gomes assaltam e ocupam o Regimento de Infantaria 3, quartel de Beja, num intento de derrubar Salazar, mas o segundo comandante major Calapez fere gravemente a tiro Varela Gomes e dispara no escuro, durante horas, havendo 3 mortes, entre elas a do subsecretário do exército Jaime da Fonseca, que se deslocara a Beja, de manhã, e o golpe revolucionário fracassa, não chegando a entrar em acção, como chefe do golpe antisalazarista, o general Humberto Delgado, escondido numa casa da Rua Ancha da capital do Baixo Alentejo; em 29 de Junho de 1973, com Júpiter em 10º 50´/ 10º 44´  de Aquário, forças leais ao governo de Unidade Popular repelem um ataque armado ao palácio dopresidente socialista Salvador Allende, fracassando assim um golpe de direita no Chile.

 

em 16 de Março de 1974, com Vénus em 10º 18´/ 11º 6´ de Aquário, o capitão Virgílio Luz Varela e tenentes Rocha Neves, Gomes Mendes e Silva Carvalho, pouco depois da meia-noite, neutralizam o coronel Horácio Lopes Rodrigues e o tenente-coronel FarinhaTavares, comandante e o segundo-comandante do Regimento de Infantaria 5 (Caldasda Rainha), julgando que o CIOE (Lamego), a EPC (Santarém), a EPA, a EPI e o RCn.º 7 iriam secundar o levantamento, e uma coluna militar comandada pelo capitão Piedade Faria sai do RI5, visando derrubar a ditadura de Caetano eTomás, mas obstaculizada às portas de Lisboa, regressa às Caldas da Rainha cujo quartel é cercado por forças militares governamentais, rendendo-se os majores Casanova Ferreira e Manuel Monge e toda a unidade, sendo presos 35 aspirantes aoficial miliciano, e alguns sargentos e furriéis; em 23 de Fevereiro de 1981, com Nodo Sul da Lua em 10º 41´/ 10º 37´ de Aquário, eclode um golpe fascista em Espanha,com a invasão do parlamento por 175 guardas civis chefiados pelo tenente-coronel Tejero Molina, que disparam rajadas de metralhadora e sequestram os deputados mas ante a reacção popular nas ruas os chefes militares, exceptuamdo o general Milans del Bosch, comandante militar de Valencia, não aderem ao golpe que fracassa na madrugada seguinte.

 

Como é possível que catedráticos e doutorados de filosofia como Maria Luísa Ribeiro Ferreira, Sofia Miguens,  Luís de Araújo, Alexandre Franco de Sá, Viriato Soromenho Marques, José Gil, Manuel Maria Carrilho, Roberto Merrill, Susana Cadilha, João L.Cordovil, Olga Pombo, João Sáagua, Porfírio Silva, Ricardo Santos, não possuam a intuição de que os golpes militares e todos os acontecimentos na Terra são reflexo do movimento dos planetas através dos 360º do Zodíaco segundo leis exactas de correspondência? Como é possível que blindem as suas universidades contra a investigação e a exposição de teses da astrologia histórica?

 ,

Terão consciência do papel ideológico vergonhoso, ao serviço da classe burguesa e do clericalismo em geral, que as suas universidades "racionalistas"  desempenham ao silenciar a astrologia histórica que desenvolvemos e que constitui uma teoria tão importante quanto a teoria da relatividade de Einstein?

 

 

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Segunda-feira, 12 de Maio de 2014
Equívocos no manual «Pensar, Filosofia 11º ano» da Texto Editora (Crítica de Manuais Escolares-LXIII)

 

 

Vários equívocos integram o manual  do professor Pensar, Filosofia 11º ano, de Fátima Alves, José Arêdes, Patrícia Bastos, com revisão científica de Luís Gomes (Tema III) e Maria Luísa Ribeiro Ferreira (Temas IV e V), da Texto Editora.

 

UMA EQUÍVOCA DEFINIÇÃO DE SENSO COMUM

 

No manual lê-se a seguinte definição de senso comum:

 

«O senso comum

«Dizemos que o conhecimento vulgar ou senso comum:

1. resulta de uma organização espontânea da racionalidade humana a partir da:

   - actividade sensitiva e da experiência pessoal acumulada ao longo da vida;

   -  transmissão social da

 

 

2. é um conhecimento perceptivo, pois:

    - é o modo mais elementar de conhecer o mundo;

    - permite uma apropriação do mundo, associando representação e significado;

    - fixa essa apropriação através de uma linguagem comum;

    - é um conhecimento subjectivo;

    - é acrítico ou dogmático, sem justificação racional, e identifica a representação com a realidade;

    - é assistemático;

 

(Fátima Alves, José Arêdes, Patrícia Bastos, Pensar, Filosofia 11º ano, revisão científica de Luís Gomes (Tema III) e Maria Luísa Ribeiro Ferreira (Temas IV e V), Texto Editora., pág 186)

 

Esta definição é confusa, apesar de consensual entre os estudiosos de filosofia. Confunde o sociológico - a noção de senso comum designa a opinião da imensa maioria das pessoas, pertence ao género sociológico,  ao qual pertence igualmente a noção de senso incomum (doutrinas esotéricas, filosofias complexas, ciências especializadas e abstractas) - com o epistémico.

 

O senso comum é subjectivo? Não parece. As matemáticas elementares com as suas operações do tipo « oito vezes oito é igual a sessenta e quatro», «trinta e cinco mais dezassete é igual a cinquenta e dois» pertencem ao senso comum. E não são conhecimento assistemático. Há, por conseguinte, muitas ciências e teses da ciência dentro do senso comum como por exemplo, "deve-se lavar as mãos para evitar doenças", "beber chá de folhas de oliveira faz descer a tensão arterial", "usar protector solar na pele durante a exposição ao sol na praia pode evitar cancro da pele", "votar em eleições autárquicas ou parlamentares nacionais assegura, em princípio. a eleição de deputados da nossa preferência".

 

O senso comum comporta: uma larga dose realismo ingénuo (por exemplo: a tese de que os corpos mais pesados caem sempre mais depressa para a Terra do que os mais leves; a tese de que as vacinas imunizam das doenças) e alguma dose de realismo epistémico, não ingénuo (por exemplo: a Terra é redonda). Portanto, o conhecimento «assistemático» e «subjectivo»  é o conhecimento ingénuo, eivado de erros e superficialidade, e constitui apenas uma parte do senso comum, parte essa que se tem reduzido com a elevação do nível cultural das massas. O que este manual designa por "senso comum" deveria designar-se  realismo ingénuo ou conhecimento ingénuo e fica aquém da vastidão do senso comum.

 

 

OMISSÃO DA TEORIA DAS QUALIDADES SECUNDÁRIAS E PRIMÁRIAS EM DESCARTES

 

Uma das pedras de toque que distingue os autores que sabem e os que não sabem ontognosiologia é a explanação que fazem do racionalismo de Descartes, da sua teoria do conhecimento, do percurso desde a dúvida hiperbólica até à demonstração do mundo exterior de matéria. Ora esse percurso não é explanado devidamente neste manual, com os pormenores essenciais:

 

«Descartes demonstra a existência de Deus e torna-o como garantia da indubitabilidade do critério da evidência, o critério da verdade que adoptou.»

 

«Neste sentido, por confiar nas capacidades da razão para atingir o conhecimento certo e indubitável, o racionalismo cartesiano é considerado uma teoria dogmática, ou um dogmatismo.»

 

(Fátima Alves, José Arêdes, Patrícia Bastos, Pensar, Filosofia 11º ano, revisão científica de Luís Gomes (Tema III) e Maria Luísa Ribeiro Ferreira (Temas IV e V), Texto Editora., pág 156)

 

Nem uma palavra há no manual sobre a demonstração do mundo material exterior, isto é, sobre o raciocínio que transita da existência, simultanea e única de Deus e do cogito humano, ao mundo exterior e à constituição ontológica deste. O raciocínio de Descartes, que o manual ignora, é do seguinte teor:

 

4º PASSO (da Existência de Deus e do eu pensante à existência do mundo material)

 

«Se Deus existe e é verdadeiro nos seus actos, não consentirá que eu me engane em tudo o que vejo, sinto e ouço, logo existe o mundo de matéria, feito só de qualidades primárias, objetivas, isto é, forma, tamanho, número, movimento. As cores, os cheiros, os sons, sabores, o quente e o frio só existem no interior da minha mente, do organismo do sujeito, pois resultam de movimentos vibratórios exteriores já que o mundo exterior é apenas composto de formas, movimentos e tamanhos. .Assim, a rosa não é vermelha, é apenas forma e tamanho. O ramo de rosas é apenas formas, tamanho e um certo número de unidades, não tem cor, nem cheiro, nem peso. O mármore não é frio nem duro, o céu não tem cor.»

 

Nada isto é explicado no manual. É a habitual vagueza da filosofia analítica na ontognosiologia, excepção feita a Johnathan Dancy que, no entanto, comete erros notáveis.

 

Realismo crítico é a teoria gnosiológica segundo a qual há um mundo de matéria exterior ao espírito humano e este não capta esse mundo como é, mas distorcido por alguma percepção empírica.

 

NENHUMA REFERÊNCIA AO IDEALISMO DE KANT E UMA ERRÓNEA SEPARAÇÃO ENTRE RACIONALISMO E APRIORISMO

 

À semelhança dos outros manuais, não há, neste, nenhuma referência ao idealismo de Kant. A teoria deste filósofo é classificada apenas de apriorismo. Os autores estabelecem como três perspectivas de conhecimento: racionalismo (Descartes), empirismo (Hume),  apriorismo (Kant). (pág. 178).

 

Há uma confusão grande porque o apriorismo de Kant é um racionalismo. No espaço a priori, segundo Kant, encontram-se as intuições puras de triângulo, círculo e outras figuras geométricas - que são ideias inatas em Descartes. No entendimento a priori estão as categorias ou conceitos puros de unidade, pluralidade, realidade, causa e efeito, etc. A priori não se opõe a racional, opõe-se sim a a posteriori. A priori e a posteriori pertencem ao género origem formal  do conhecimento, ao passo que empírico e racional pertemcem ao género origem "material" do conhecimento. A teoria de Descartes também constitui um apriorismo porque as ideias inatas, pilares do conhecimento cartesiano, são conhecimentos a priori.

 

O kantismo é, pois, um racionalismo idealista (a matéria é ilusão sensorial), ao passo que o cartesianismo é um racionalismo realista crítico (a matéria é real embora as suas propriedades cor, som, cheiro, sabor, dureza, calor e frio, etc, sejam ilusão). É nesta distinção que o manual é omisso por incompreensão de aspectos essenciais, quer da teoria de Descartes, quer da teoria de Kant.

 

 

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Terça-feira, 8 de Maio de 2007
O método filosófico é extrínseco aos métodos científicos? ( Crítica de Manuais Escolares - XX)

A grande maioria dos autores de manuais de filosofia e dos filósofos sustenta que o método filosófico é absolutamente distinto do método científico.

Eis um exemplo dessa concepção da filosofia expressa no manual «Pensar é preciso, Filosofia 10º ano» da Lisboa Editora:

 

«O método- Quanto aos procedimentos adoptados, para já, basta dizer que a filosofia é um empreendimento racional: quer compreender, quer compreender através da razão.

«Todavia, falar em razão neste contexto não é falar numa razão empírica que procura as suas provas na experiência, como acontece com as chamadas ciências da natureza que estudam fenómenos susceptíveis de ser observados e manipulados por instrumentos e técnicas laboratoriais.»

«Nem tão-pouco se trata de uma razão demonstrativa, como encontramos nas ciências matemáticas que demonstram, por meio de razões que se impõem pela sua coerência e necessidade lógica, de forma irrefutável, as afirmações que produzem partindo de determinados postulados e axiomas aceites por todos. Assim, por exemplo, na Geometria, as conclusões a que os processos demonstrativos conduzem são universalmente aceites.»

«A razão do filósofo é uma razão mais maleável, mas não deixa de ser razão; ele procura sempre a melhor, ou as melhores razões, que consegue apresentar em apoio das teses que defende, daquilo que hoje se designa por razão argumentativa».

(in «Pensar é preciso, Filosofia 10º ano» de Adília Maia Gaspar, Revisora Científica: Maria Luísa Ribeiro Ferreira, Lisboa Editora, 2007, pags. 9-10; o negrito é de nossa autoria).

 

Ao invés do que sustenta este texto, a filosofia deriva simultaneamente da razão empírica, da razão demonstrativa-teórica (na verdade, a razão empírica também se poderá designar como demonstrativa: demonstra através dos factos empíricos...) da razão argumentativa - e da razão especulativa que impregna subtilmente aquelas três. O texto de Adília Maia Gaspar, em consonância com o horizonte de degradação que a filosofia tem vindo a sofrer nas últimas décadas ao ser reduzida quase só a uma «arte de argumentar racionalmente», destaca, erradamente, como essência da filosofia a razão argumentativa.

 

A filosofia procura, em muitíssimos casos, as suas provas na experiência. A filosofia «hippie» do amor livre, do pacifismo e da recusa do trabalho na sociedade industrial procurou as suas provas na experiência: milhares de jovens abandonaram os seus estudos universitários ou os seus empregos, nos EUA e noutros países, agruparam-se em comunas, onde se fumava haxixe, praticava o amor livre e fazia meditação transcendental. Nunca haveria filosofia «hippie» sem razão empírica, sem experiência. E é nesta que a filosofia «hippie» busca as provas do seu grau de solidez.

 

O que distingue a filosofia da ciência não é aquela estar fora do campo da experiência e a ciência estar imersa no pântano da experiência. Não. Nem sequer se pode dizer que a ciência é mais rigorosa que a filosofia, em termos gerais. O que as distingue é o facto de a filosofia adicionar metafísica, interpretação imaginário-racional à experiência em que participa, e a ciência se limitar a uma racionalidade positiva, adstrita a leis empíricas e a factos de resultados práticos. É evidente que, hoje, há ciências filosóficas como a física cósmica teórica ou cosmologia que concebe o nascimento, ou não, do universo, um espaço a dez ou trinta dimensões, e é especulativa por excelência.

 

A filosofia é como um sol, uma estrela gigante em fusão, a crepitar em labaredas de pensamento vivo (interrogações, especulações) e as diferentes ciências são como que pedaços desse sol que se alienaram dele, arrefeceram e se tornaram planetas de linhas bem definidas, obedecendo ao determinismo da matéria sólida e líquida. Em cada ciência há uma filosofia adormecida, moribunda, que ao acordar ou ressuscitar, convulsiona em maior ou menor grau a solidez dessa ciência. Logo o método filosófico engloba os diversos métodos científicos adicionados do método especulativo, que pode subverter aqueles.

 

 

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