A manifestação de cerca de um milhão de pessoas em Paris, neste dia 11 de Janeiro de 2015, tem um duplo carácter: por um lado, defende a liberdade de imprensa aparentemente posta em causa pelo massacre de cartoonistas que nos seus desenhos despiam o profeta Maomé e o punham «de quatro» com uma estrela no rabo, sugerindo homossexualidade física; por outro lado, é um incitamento à exterminação implacável do Estado islâmico, que se expande na Síria e no Iraque, dissidência «filosófica» no consenso «democrático» internacional de que o radicalismo árabe e palestino é «mau, criminoso» e de que «o Estado de Israel é bom, civilizado, democrático e o Ocidente defende a liberdade». É pois uma manifestação com um lado revolucionário e um lado contra-revolucionário.
Julgo que, se estivesse em Paris, eu só participaria na grande manifestação de repúdio ao atentado de militantes árabes contra o jornal satírico anti-islâmico «Charlie Hebdo» em 7 de Janeiro de 2015, se pudesse levar uma grande faixa de pano visível com os dizeres «Imperialistas franceses e norte-americanos, deixem de bombardear o Estado Islâmico que vós mesmos criastes! » A manifestação é completamente manipulada pelo grupo de Bilderberg e os sionistas...François Holande, David Cameron, Angela Merkel, Passos Coelho, Rajoy e outros farsantes, agentes da globalização anti operária, lado a lado a gritar «Pela liberdade» (deles, claro)! A democracia liberal europeia é imperialista...
Onde estava o 1 milhão de pessoas que hoje se manifestou em Paris contra o massacre de 10 jornalistas do «Charlie Hebdo« e 7 outras pessoas - um simples acto de guerra - quando Israel, de 8 de Julho a 26 de Agosto de 2014, bombardeou sistematicamente Gaza, invadiu esta por terra, destruindo edificios de apartamentos, escolas, etc, matando 2.104 palestinos, incluindo famílias inteiras de civis, e morrendo 73 israelenses? Onde estavam François Holande e a nata dos eurocratas nesses 51 dias de terror em Gaza? Nos seus gabinetes e cerimónias protocolares, apoiando, discretamente, Israel. E agora proclamam «Je suis Charlie»? Deixem-se de hipocrisias! O «Charlie Hebdo», ao serviço da Mossad israelita, ridicularizava o profeta Maomé, desnudando-o e pondo-o «de quatro» nas caricaturas, a fim de desmoralizar os islâmicos e a sua resistência no Iraque e na Síria aos bombardeamentos da aviação francesa e norte-americana. Por isso, os cartoonistas foram executados por militantes da Jihad: olho por olho, dente por dente. O islamismo é hoje uma ideologia revolucionária na medida em que preconiza o fim do papel moeda e do sistema financeiro ocidental e a sua substituição por moeda metálica - Sadam Hussein quis abolir o dólar como meio de pagamento na esfera económica petrolífera do Iraque e pagou com a invasão militar norte-americana do seu país, em Março de 2003, e a morte por enforcamento, meses depois. A Reserva Federal dos EUA, o seu presidente na Casa Branca de Washington e o lobby judaico não perdoam...
Se não está a servir Israel e os EUA, facto que importa apurar, o Estado islâmico parece ser um instrumento de defesa autoritária, militar, dos árabes mais extremistas face ao imperialismo ocidental tal como o Estado bolchevique o foi, em 1918-1921, contra os exércitos estrangeiros. E na guerra, os direitos humanos à vida e à liberdade desaparecem frequentemente...
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