Segunda-feira, 7 de Dezembro de 2015
A «heterossexualidade natural da mulher», uma invenção dos esclavagistas sexuais masculinos

 

 Segundo a ideologia feminista a tese de que as mulheres são, na sua grande maioria, heterossexuais por natureza é uma falsidade, uma criação da ideologia patriarcal que domina desde há séculos a sociedade mundial. Toda a sociedade está construída de forma a tornar a mulher num objecto sexual do homem, numa escrava ou numa prostituta legal que é, afinal, a sua condição de esposa, «fiel ao marido, mãe e esteio do lar», santificada pelas igrejas católica, mórmon, judaica, etc. Ninguém nasce mulher, afirmam algumas feministas, - nasce-se com seios e vagina mas isso não basta para ser mulher - porque a categoria de mulher faz parte da divisão em classes da sociedade, sendo homem a classe opressora e mulher a classe oprimida.

 

O facto de milhares de mulheres ameaçadas de morte e agredidas com frequência por maridos e ex maridos, namorados e ex namorados não terem proteção policial vinte e quatro horas por dia em Portugal e na generalidade dos países e não verem na prisão os seus maltratadores é a prova de que as leis e a sua aplicação, o direito e a administração de justiça estão sob o poder masculino que encobre ou desculpa a violência dos homens sobre as mulheres. Escreve uma autora feminista:

 

«Isto nos permite conectar aspectos da identificação das mulheres tão diversos como as amizades das meninas de oito ou nove anos, tão íntimas e impudentes, e as associações daquelas mulheres dos séculos doze e quinze, conhecidas como Beguines, que “dividiam e alugavam casas umas para as outras, as deixavam de herança para suas companheiras de quarto… casas baratas subdivididas nas áreas dos artesãos da cidade”, que “praticavam a virtude cristã por si mesmas, vestindo-se e vivendo de maneira simples e não se associando com homens”, que ganhavam a vida como fiandeiras, doceiras, enfermeiras, ou mantinham escolas para meninas, e que conduziram – até a Igreja as forçarem a dispersar – uma vida independente tanto do casamento quanto das restrições dos conventos. Isso nos permite conectar estas mulheres com as mais celebradas “Lésbicas” da escola de mulheres ao redor de Safo do sétimo século A.C., com as irmandades e redes econômicas presentes entre mulheres Africanas, e com irmandades Chinesas de resistência ao casamento – comunidades de mulheres que recusaram o matrimônio ou que, se casadas, frequentemente se recusavam a consumar o casamento e logo abandonavam seus maridos – as únicas mulheres na China que não tiveram seus pés amarrados e que, segundo Agnes Smedley, festejavam os nascimentos de meninas e organizavam greves bem-sucedidas de mulheres nas fábricas de seda. Isso nos permite conectar e comparar exemplos individuais díspares de resistência ao casamento: por exemplo, o tipo de autonomia reivindicado por Emily Dickinson, uma mulher branca genial do século XIX, com as estratégias disponíveis a Zora Neale Hurston, uma mulher negra genial do século XX. Dickinson nunca se casou, teve amizades intelectuais bem tênues com homens, viveu autoenclausurada na casa distinta de seu pai e passou toda a sua vida escrevendo cartas apaixonadas a sua amiga Kate Scott Anthon. Hurston casou duas vezes, mas logo abandonou seus dois maridos, enfrentou um longo caminho da Flórida para Harlem e para a Universidade de Columbia, daí para o Haiti, e finalmente de volta à Flórida, movendo-se para dentro e para fora do patronado branco e da pobreza, do sucesso profissional e do fracasso. Suas relações de sobrevivência foram todas com mulheres, começando com sua mãe. Essas duas mulheres, em suas circunstâncias imensamente diferentes, resistiram ao casamento, comprometidas com seu próprio trabalho e com sua pessoalidade, mas depois foram caracterizadas como “apolíticas”, arrastadas para homens com qualidades intelectuais. Para ambas, as mulheres forneceram a fascinação e o apoio constantes em vida.»

https://antipatriarchy.wordpress.com/author/antipatriarcado/

 

Monique Wittig, escritora, poetisa e militante lésbica-feminista, nascida na França em 1935, escreveu no seu célebre ensaio «O pensamento hétero»:

 

«Os discursos que acima de tudo nos oprimem, lésbicas, mulheres, e homens homossexuais, são aqueles que tomam como certo que a base da sociedade, de qualquer sociedade, é a heterossexualidade. Estes discursos falam sobre nós e alegam dizer a verdade num campo apolítico, como se qualquer coisa que significa algo pudesse escapar ao político neste momento da história, e como se, no tocante a nós, pudessem existir signos politicamente insignificantes. Estes discursos da heterossexualidade oprimem-nos no sentido em que nos impedem de falar a menos que falemos nos termos deles. Tudo quanto os põe em questão é imediatamente posto de parte como elementar. A nossa recusa da interpretação totalizante da psicanálise faz com que os teóricos digam que estamos a negligenciar a dimensão simbólica. Estes discursos negam-nos toda a possibilidade de criar as nossas próprias categorias. Mas a sua ação mais feroz é a implacável tirania que exercem sobre os nossos seres físicos e mentais.
Ao usarmos o termo demasiado genérico “ideologia” para designar todos os discursos do grupo dominante, relegamos estes discursos para o domínio das Ideias Irreais; esquecemos a violência material (física) que diretamente fazem contra as pessoas oprimidas, violência essa produzida pelos discursos abstratos e “científicos”, assim como pelos discursos dos mass media.»

 

«Sim, a sociedade hétero está baseada na necessidade, a todos os níveis, do diferente/outro. Não pode funcionar economicamente, simbolicamente, linguisticamente ou politicamente sem este conceito. Esta necessidade do diferente/outro é uma necessidade ontológica para todo o aglomerado de ciências e disciplinas a que chamo o pensamento hétero. Mas o que é o diferente/outro se não a(o) dominada(o)? A sociedade heterossexual é a sociedade que não oprime apenas lésbicas e homossexuais, ela oprime muitos diferentes/outros, oprime todas as mulheres e muitas categorias de homens, todas e todos que estão na posição de serem dominadas(os). Para constituir uma diferença e controlá-la é um ato de poder, uma vez que é essencialmente um ato normativo. Todos tentam mostrar o outro como diferente. Mas nem todos conseguem ter sucesso a fazê-lo. Tem que se ser socialmente dominante para se ter sucesso a fazê-lo. »(Monique Wittig, O pensamento hetero; o destaque a bold é posto por nós).

 

Os próprios manuais de filosofia em vigor no ensino público em Portugal e em outros países evitam tematizar esta questão em pormenor,  o que demonstra que a filosofia oficial não é livre mas ressuma ideologia machista, opressora das mulheres. 

 

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Domingo, 23 de Agosto de 2015
Pequenas reflexões de Agosto de 2015

 

 

.Eis algumas reflexões, umas vulgares, outras menos vulgares, que me ocorrem durante este Agosto de 2015.

 

O VAZIO DA VIDA - Como a vida é vazia - tudo desaparece, nada permanece eternamente excepto o nosso eu psíquico - temos de a encher de coisas e actividades a cada momento para ir passando o tempo: trabalho de fábrica, escritório, vendas ou escola, escrita de comentários no «Facebook», telefonemas e mensagens SMS, compras no supermercado, viagens, almoços e jantares de amigos, erotismo com a pessoa amada ou outra, frequência de cursos secundários ou universitários, arrumação da casa, escrita de poemas ou diários de notas pessoais, compra de livros, de casas, terrenos agrícolas e automóveis, espectáculos de futebol e tourada, frequência de salas de cinema, de bailes, de praias, de bares, de missas, de comícios de partidos políticos, de salões de esteticista, feitura de tatuagens ou operações de cirurgia estética, etc. Isto é feito à espera da morte, «esquecendo» que ela nos espera dentro de poucos ou muitos anos e tudo relativiza, faz do que parecia importante algo inútil e sem valor.

 

AMAMOS AS MULHERES porque a vida é um imenso vazio como uma enorme vagina.

 

TALVEZ OS ASTROS APRISIONEM DEUS NAS SUAS ÓRBITAS MATEMÁTICAS e Deus não possa agir sobre nós como quereria ou como nós lhe pedimos.

 

O VERDADEIRO AMOR é juntar-se com uma pessoa ou casar com ela sem sentir paixão, «sem sentir nada por ela», e fazer tudo para manter ou tornar essa pessoa feliz como se fosse nosso dever. Casar por interesse é bom, nestas circunstâncias. Não esperas que o amor surja de início, ele pode vir depois.

 

O VERDADEIRO AMOR VAI ALÉM DO SUTIÃ, DAS CALCINHAS E ATÉ DA PROFUNDIDADE VAGINAL. É metafísico mas ergue-se a partir do físico, treina-se no «ginásio» das carícias e contrações musculares.

 

O AMOR É UM PROBLEMA ESTOMACAL E NÃO SÓ - Se não alimentares a pessoa amada com gaspacho, sopa de legumes, tostas de queijo, fruta, iogurtes, açorda de bacalhau, gelados de chocolate e baunilha, etc, ou se ela não se alimentar a si mesma, com posses próprias do seu trabalho, destes e de outros alimentos, não há amor. Porque o amor é um «automóvel» que funciona a «gasolina» de alimentos vegetais e animais.

 

AMO IMENSO AQUELA MULHER porque mal a conheço. Se a conhecesse bem, amá-la-ia um pouco menos. Ou talvez nem a amasse.

 

«NÃO PODES AMAR-ME, NÃO ME CONHECES» diz-me uma mulher jovem e bela. Erro: amo-te exatamente porque não te conheço. Amar é uma idealização que só depois desce ao contacto físico.

 

AMO O TEU ROSTO MAIS QUE O TEU CORPO . Pois se o teu corpo andasse sozinho, sem cabeça, talvez eu nem reparasse nele. Mas se a tua bela cabeça de mulher voasse, de olhos abertos e sorrindo, sozinha, sem corpo, eu repararia nela e amá-la-ia.

 

UM SIMPLES BEIJO DE AMOR VALE MAIS DO QUE ESTAR NO FACEBOOK. O amor é mais importante que comunicar com um público, anónimo ou não, no Facebook. Quem não tem Facebook será mais realizado no amor do quem anda no Facebook, projectando o seu ego e alargando a sua rede de audiência? O FACEBEIJO não será melhor que o FACEBOOK ( LIVRO DE ROSTO)? A realidade física é melhor que a metafísica.

 

NINGUÉM TE AMA, NEM OS TEUS FAMILIARES. TU É QUE ÉS INGÉNUO OU INGÉNUA E AMAS. Este é um mundo de mónadas, pessoas-átomos fechados em si mesmas, que só comunicam entre si por interesse.

 

SE ENCONTRASSE A MINHA NAMORADA OU ESPOSA EM ACTO SEXUAL ERÓTICO COM UMA LÉSBICA, seria capaz de lhe perdoar, em princípio. Mas se a encontrasse com um homem na cama ou no carro em carícias íntimas terminaria logo a minha relação com ela. Orgulho masculino...Um homem que penetra uma mulher deixa, geralmente, no interior dela a sua marca, o seu sémen, o que, para nós, os Genuínos Machos Alquímicos é uma conspurcação - se se trata da nossa namorada ou esposa. Gostamos de mulheres virgens ou muito pouco usadas porque são espiritualmente mais íntegras do que as que experimentaram muitos parceiros. Ora uma lésbica não conspurca dessa forma o corpo da nossa amada, em princípio... Claro que dou razão a muita gente no aspecto em que a traição é condenável. Deve-se usar da sinceridade com o amado ou a amada.

 

 

A RELAÇÃO MULHER-HOMEM INVERTEU-SE. Reflexão da minha amiga F: «Nós as mulheres sofremos séculos de opressão masculina, de maus tratos, e a situação está a mudar. Há 50 ou 100 anos era a mulher que queria casar, «prender» o homem que era un Don Juan, livre de compromissos, machista. Agora, é o contrário: eles os homens é que querem casar, fixar a mulher pelo compromisso de fidelidade e nós, mulheres, queremos ser livres, desfrutar namoros, sexo, com este ou com aquele, a oferta é grande e a sociedade é mais liberal e aberta, a podridão é maior, a perda de valores é quase total. Os homens feminizaram-se - o exemplo é o dos metrossexuais que se depilam, cuidam das unhas, sobrancelhas, etc., como as mulheres - e as mulheres masculinizaram-se.»
E virando-se para mim, F. diz: «Francisco, nasceste na sociedade errada, no país errado. Porque defendes a liberdade de um homem se vestir de mulher em público sem ser gay e sem ser apontado como gay, a liberdade de a mulher vestir como quiser e a sociedade portuguesa é retrógrada, frustrada e procura esmagar os dissidentes da moral católica e conservadora reinante».

 

DENTRO DE MIM HÁ UMA MULHER. E há, obviamente, um homem, másculo, viril, que se sobrepõe a ela e a vigia e, de vez em quando, a deixa pôr uma cabeleira loira e envergar um vestido vermelho diante do espelho e a deixa sair à rua no carnaval - é talvez a mulher Escarlate, de que falava o sacerdote gnóstico Aleister Crowley, mas interiorizada. O resultado disto é um comportamento rigorosamente heterossexual. E daí, vem algum mal ao mundo? Estou a ser mais sincero que tu, não estou?

 

 

ADMIRO-ME TANTO A MIM MESMO (ISTO É: ADMIRO TANTO O DEUS E A DEUSA QUE ME HABITAM) QUE GOSTARIA DE CASAR COMIGO MESMO. Mas como isso é demasiado egocêntrico, amo uma mulher jovem e bela, ela mesma incarnação e prolongamento da Deusa que me habita.

 

O CASAMENTO HETEROSSEXUAL É O PRIMEIRO PASSO PARA A HOMOSSEXUALIDADE EM ACTOS. Os homens casam, muitas vezes, com as mulheres da sua vida. Mas com o passar dos anos cansam-se delas: conhecem a sua forma de fazer amor, as suas rotinas, os seus defeitos, todos os casamentos se desgastam e nasce em quase todos os homens o desejo de experiências sexuais selvagens, incomuns, nomeadamente a homossexualidade. E assim, conforme estudos sociológicos demonstram, a esmagadora maioria dos clientes de travestis prostitutos ou gays não travestis que vendem o corpo são homens casados: advogados, juízes, engenheiros, arquitectos, médicos, funcionários públicos, directores ou gestores de empresas, etc. Ter as mulheres como coisa certa, conquistada, leva muitas vezes a desejar o oposto, o fruto proibido, a relação sexual gay.

 

Disse a revista norte-americana Star , em um número de Março de 2015 que os actores Tom Cruise de 51 anos, e John Travolta de 61, casado há 24 anos com Kelly Preston, mantêm uma relação amorosa há quase trinta anos. Uma fonte próxima do casal terá mesmo dito à "Star" que "John Travolta tornou-se obcecado por Tom Cruise depois de ver o filme Negócio Arriscado, em 1983" e indica ainda um sítio secreto onde os dois se encontram. Cansaram-se das mulheres. O casamento preparou e fomentou esse cansaço, propiciando a passagem ao mundo gay. Desconfiemos dos casamentos. São fachadas, apenas úteis à educação dos filhos, à sobrevivência económica ou ao apoio fraterno na doença e na solidão.

 

OS HOMENS NÃO PASSAM DE MULHERES a quem uma super máquina genética retirou os seios grandes capazes de dar leite, os ovários e a vagina substituindo esta por um pendente chamado pénis ancorado em bolsas testiculares. Psiquicamente, há em cada homem uma alma feminina (a ANIMA) a par da alma masculina (o ANIMUS) sendo esta última a dominante no caso dos heterossexuais.

 

COMO PODERIA DEUS, O CRIADOR, CONDENAR A HOMOSSEXUALIDADE se dotou todos os homens de rabo e o rabo é, além de orgão excretor, um orgão que induz à função homossexual masculina, latente em todos os homens?

 

TROÇAS DO JOSÉ CASTELO BRANCO CHAMANDO-LHE «BICHA» MAS ELE TEM MAIS CORAGEM DO QUE TU - José Castelo Branco (8 de Dezembro de 1962, Tete, Moçambique), o andrógino do jet set lisboeta, foi violado aos 8 anos de idade pelo namorado de uma prima sua, de 26 anos de idade, em Moçambique. E se a ti, que és heterossexual (no comportamento visível) e que possuíste poucas ou muitas mulheres, te tivesse acontecido o mesmo quando criança? Não serias efeminado como o Castelo Branco? Mas confessa: tu, o heterossexual, o machão, tens, ao menos às vezes, secretas fantasias gays no plano mental. Mas do mesmo modo que não tens a coragem de te vestires de mulher e de assim te exibires em público, nem mesmo no carnaval, (o Castelo Branco tem mais coragem que tu, despreza o riso alarve da maioria) também não tens a coragem de admitir os teus pensamentos homossexuais que inevitavelmente derivam de teres rabo, hormonas femininas, etc. És talvez um «paneleiro mental», ocasional ou não, que troça dos paneleiros que se assumem com coragem...

 

NÃO AMAMOS OS AMIGOS DE FORMA PERMANENTE: são apenas «brinquedos» falantes e sorridentes que ouvem as nossas histórias e dão opiniões, que nos convidam para festas de aniversário, que nos acompanham em almoços ou idas a bar, ou nos resolvem um problema de computador ou nos levam o filho ou a filha de boleia para Lisboa, Moura, Serpa ou Faro. É tudo política pessoal, fazer valer o nosso interesse sobre o dos outros, de maneira amável...

 

O AMOR PAIXÃO É UMA ESPÉCIE DE «ERVA», DE HAXIXE INOFENSIVO QUE TE DÁ ALEGRIA, SE ÉS CORRESPONDIDA/O. Mas não queiras saber o que há para além do amor-paixão que te dá um cosmos perfeito tu.ela ou tu-ele: caos, caos e mais caos.

 

OS PAIS NÃO AMAM OS FILHOS: SENTEM-SE RESPONSÁVEIS POR ELES. É discutível chamar a isto amor.

 

PAULO SALVADOR, DEFENSOR DO CARNIVORISMO - Em cada telejornal de horário nobre da TVI, surge o programa «Mesa Nacional» feito pelo jornalista Paulo Salvador: este mostra restaurantes espalhados por todo o país e os pratos de carne e peixe que são característicos desses estabelecimentos. É uma defesa cerrada do carnivorismo, baseado na matança de porcos, vacas, frangos, galinhas, perdizes, codornizes, douradas, chernes, pescadas, sardinhas, carapaus, cavalas, salmões, atuns, robalos, bacalhaus, etcPaulo Salvador é réu perante um ideal Tribunal de Defesa dos Direitos dos Animais. A compaixão budista está ausente dele e dos seus amigos: há que matar e comer animais. E nós, os cristãos, católicos ou não, comemos sem remorso a carne dos animais, como comemos o «corpo de Cristo» (canibalismo simbólico). Não passamos de pequenos criminosos, assassinos de espécies animais. E o papa Francisco? Se come carne como pode estar em contacto com o Senhor Supremo?

 

A SITUAÇÃO DE ESCRAVATURA DE ROMENOS NO ALENTEJO. Controlados por sub-empreiteiros mafiosos que os trazem de autocarro da Roménia para trabalhar por uns meses no Alentejo, há alguns milhares de romenos na nossa região a viver e trabalhar em condições degradantes. São Matias, Baleizão e Cuba são algumas das localidades onde se concentram. Vivem, muitas vezes, 10, 20 ou 30 numa mesma casa que alugam, chegando ao ponto de arrancarem o soalho da casa no inverno para fazerem fogueiras que os aqueçam. Eis um exemplo da escravatura a que se submetem: um agricultor que os contrate indirectamente para a apanha da azeitona paga ao sub empreiteiro 40 euros ao dia por trabalhador mas este último só recebe 15 euros por dia, ficando o sub empreiteiro com 25 euros de mais valia roubada a cada operário. Impressionante. Fazem mal os agricultores que colaboram com a mafia romena. Deveriam pagar directamente ao trabalhador. Não admira que se multipliquem assaltos a automóveis, casas, armazéns, etc. O escravo esfomeado precisa de comer. Quem põe fim à exploração capitalista-esclavagista dos imigrantes romenos e outros no Alentejo?

 

SÃO MAIS AS PESSOAS QUE DESPREZAMOS DO QUE AS QUE AMAMOS. Esta é uma triste e inevitável realidade humana. Que te importam a ti os desempregados, os esfomeados, os doentes? Importam só na teoria, em abstracto. E poderia ser de outro modo?

 

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Terça-feira, 22 de Maio de 2012
Pequenas reflexões em Maio

 

O CORPO- Ainda que o neguemos, por via de uma educação espiritualista e platonizante, amamos o corpo do ser amado - e tanto mais quanto mais fôr jovem e belo. Não se ama só o corpo, mas também a electricidade que o anima, o espírito, o charme sexy do outro. Difícil é estabelecer a proporção exacta de amor à carne, à forma plástica, e ao espírito, à forma não plástica... Talvez seja o número de oiro: 1,618. A favor do corpo. Isto daria 38,2% de amor ao espírito e 61,8% de amor ao corpo... Tudo muito matemático, tudo muito discutível.

 

OS TIPOS COMO EU - Os tipos como eu, excêntricos (verdadeiros intelectuais, modéstia àparte) passam largos períodos de travessia do deserto quando lhes salta da mão a mulher perfeita que amaram: não se contentam com meias tintas, com ventres obesos de mulher e rostos enrugados, com trintonas, quarentonas e cinquentonas com formação superior ou sucesso empresarial, por isso preferem a solidão. Necessitam de mulheres jovens (idade ideal: 25-30) para os inspirarem nas artes do pensamento que são também as artes do amor...

 

O AMOR ETERNO - É apenas a expectativa, persistente e vivamente sentida dentro de ti, do número de vezes que levas uma mulher (ou um homem) para a cama. O amor é tanto mais eterno quanto mais forte a imaginação. Mas de facto, nada há de eterno excepto o espírito e a matéria como determinações gerais das coisas. O amor é uma coisa.

 

INDIVIDUAÇÂO - 17 de Maio de 2012, cerca das zero horas. Ante um copo de bom vinho e queijo de cabra fatiado, num restaurante de Beja, Nuno tem finas observações que recolho e medito:

 

«Hoje a individuação desapareceu nas grandes cidades. Há demasiada população no mundo. As pessoas são números, átomos no meio da multidão. Aqui em Beja ainda somos reconhecidos na nossa individualidade, conhecem-nos pelo nome, traçam o nosso retrato psicológico. Os músicos e artistas criativos se fizerem músicas ou pintarem quadros que se afastem do comum do que a editora discográfica ou a galeria de arte vendem são marginalizados. Só triunfa e só vai à televisão, aos programas do Goucha, do Jorge Gabriel ou da Júlia Pinheiro, quem as editoras querem. E estas muitas vezes impõem ao músico alterar a obra original para se vender melhor. Desfazem a criatividade da obra».

 

Se a individuação desapareceu, desaparece com ela a filosofia, enquanto pensar genuíno do indivíduo. E a robotização do pensamento através da lógica proposicional e das teses redutoramente equívocas da filosofia analítica demonstram isso mesmo. Até que ponto a tomada das faculdades de filosofia nas academias por esta corrente antimetafísica não terá sido congeminada e decidida nos círculos de Bilderberg e afins, para descafeinar a filosofia e torná-la serva da «teologia» da nova ciência da electrónica e da medicina alopática e da «teologia política» da nova ordem mundial?

 


LESBIANISMO E FIDELIDADE CONJUGAL- 16 de Maio de 2012. Em conversa com Nuno, descubro que pensa como eu no capítulo da fidelidade conjugal. Diz: «Eu aceitaria a minha esposa na mesma, caso ela tivesse uma aventura com uma lésbica. Mas se a infidelidade fosse com um homem, não» . Surpreendo-me com esta opinião incomum e digo: «Penso exactamente assim, Nuno. Se a nossa esposa se entrega a outro homem isso fere mortalmente a nossa confiança nela e mina a autoconfiança de cada um de nós».

 

Obviamente, eu não sou deste tempo, nesta matéria. O marido de vanguarda, hoje, fecha os olhos às escapadelas sexuais da esposa e interpreta-a como um feixe e uma paciente de múltiplas atrações sexuais que o casamento não consegue anular, senão reprimindo.

 

OS DEUSES - Tenho conversas filosóficas frequentes com um amigo literato e chegamos à conclusão que os deuses troçam de nós. Diz o meu amigo: «Eles têm livro de instruções sabem o que podem esperar de nós e o que fazem. Nós, ao contrário, fomos postos aqui sem livro de instruções e encontramos um muro sem saber o que há para além dele, sem saber como agir com conhecimento».

Dedico-me ao estudo da astrologia histórico-social - a única científica - para detectar alguns dos lances que temos no nosso destino. Porque creio que nem os deuses têm poder de impedir o girar dos astros no céu e a influência determinante destes sobre tudo o que fazemos e pensamos.

 

 

NÃO GOSTO DAS MULHERES DEBOCHADAS- Não gosto das mulheres debochadas, salvo excepcionalmente, para passar uma noite intensa ou para as ver num espectáculo de burlesco. O deboche, a promiscuidade sexual espalhou-se, aceleradamente, entre as mulheres no mundo de hoje e isso faz baixar o seu valor afectivo "mercantil" Por isso, se somos perfecionistas, escolher, no mundo das mulheres, torna-se hoje ...complexo. As mulheres possuídas por muitos homens já deixaram de ser mulheres. São máquinas de sexo, odres vazios, imaginariamente contaminadas pelos seus múltiplos donos. Há que ser compreensivo com todas, obviamente. Até as prostitutas merecem o meu respeito - tanto como as psicanalistas e psicólogas. Só quem conhece as vidas de cada uma se abstém de as condenar.Mas abster-se de condenar não significa tomá-las como parceiras sexuais.

 

SINCRONISMOS ONTOFONÉTICOS- A cada passo, comprovo a minha teoria da ocorrência simultânea, ou quase, de factos com onomástica e ideação similares, no mesmo dia ou em cada dois dias contíguos. Exemplos não faltam.

 

De 20 a 22 de Maio de 2012, as ideias de BELO, ROSSIO e ABRA em foco: no dia 20, CiBELE (evoca: BELA) Queiroz cumpre aniversário, a imprensa mundial exalta a vitória do Chelsea, clube de ABRAmovich, na final da Liga de Campeões, na véspera; no dia 22, no cine Pax Júlia em Beja, é exibido, em duas sessões, o magnífico filme «FlorBELA», e no final da exibição, o realizador Vicente do Ó declara que se tivesse mais do que os 600 000 euros que conseguiu para financiar o filme teria recriado cenas de 1927 no ROSSIO de Lisboa e faz argutos comentários sobre a parolice reinante em Lisboa e o carácter manipulador de jovens de programas televisivos como o «Ídolos», uma máquina de inspecção de vias férreas choca com um automóvel no ROSSIO ao sul do Tejo, em ABRantes (evoca: ABRA), o «Correio da Manhã» publica, como todas as terças-feiras, mais um acutilante artigo de Paulo Morais em que este alude ao deputado Manuel SeABRA (evoca: ABRA), agente de lobbies económicos, escrevendo que «já ao nível da AR, foi recentemente constituída uma comissão para avaliar as parcerias público-privadas mas esta não oferece garantias de independência; sem qualquer pudor, os partidos nomearam para seus membros deputados como o social-democrata Emídio Guerreiro, o socialista Manuel SeABRA, o centrista Altino Bessa, parlamentares cujos interesses no imobiliário os torna parceiros num sector cujos autores dominantes são exactamente os concessionários das PPP».

 

Em 10 de Maio de 2012, SAS e QUEDA DE FALÉSIAS em foco: o pianista Bernardo SASSeti, de 41 anos, morre ao cair de uma FALÉSIA em Cascais, enquanto fotografava, o telejornal da TVI mostra imagens do derrube por uma máquina-grua de cumes de FALÉSIA numa das 75 praias do Algarve onde há arribas em risco de desmoronamento, noticia-se a morte por leucemia do cabeleireiro britânico Vidal SASSon, de 84 anos.

Em 8 de Maio de 2012, a ideia de RAPAZ DERRUBADO DE VEÍCULO DE DUAS RODAS está em foco: na Avenida Fialho de Almeida, em Beja, junto à Escola Secundária Dom Manuel, um ADOLESCENTE é DERRUBADO COM O SEU MOTOCICLO ao chocar contra uma carrinha de transporte de valores e fica entre a vida e a morte, ficando também gravemente ferida uma rapariga que o acompanhava, à noite é exibido em sessão única no cine Pax Julia, em Beja, o belo filme «O miúdo da BICICLETA» em que Cyril, um pré-adolescente de 10-11 anos, é DERRUBADO DA SUA BICICLETA por um rapaz mais velho que se quer vingar dele.

 

Se o filme «O miúdo da bicicleta», com cenas de derrube de miúdos que vão numa bicicleta, não viesse a Beja neste dia 8 de Maio haveria o brutal acidente em Beja com o derrube de dois adolescentes que iam num motociclo?

 

AS HOMENAGENS A MIGUEL PORTAS- Miguel Portas, ex militante do PCP, dirigente e eurodeputado do Bloco de Esquerda, nascido em 1 de Maio de 1958, faleceu em 24 de Abril de 2012. As homenagens à sua memória uniram pessoas de diversos quadrantes políticos: desde o ex salazarista Pedro Santana Lopes até ao ex troskista Francisco Louçã, passando pelos sociais-democratas e socialistas membros do grupo de Bilderberg Francisco Pinto Balsemão, Jorge Sampaio, António Costa e outros, e pela burguesia lisboeta que apreciava a postura elegante e o discurso simultaneamente conciliador e contestatário de Miguel Portas. Mas quando a burguesia chora a morte de um «deputado revolucionário» a pergunta impõe-se: era Portas um revolucionário anticapitalista ou apenas um reformista de esquerda posicionado para travar os «excessos» da revolta popular, diluindo-a na acção parlamentar?

 

NOITE TÉPIDA EM BEJA - 23 de Maio de 2012, 22.55 horas. A noite está tépida em Beja. Uma luz amarela dos candeeiros doura, melancolicamente, o branco do casario na zona da cidade onde vivo, num bairro romântico e popular onde as tascas, às vezes emudecem, e fica um silêncio perfeito, de veludo. Amo o lugar que os deuses me concederam nesta etapa da vida- o Alentejo é uma escatologia, com Deus-planície ao fundo, como alvo da nossa atenção e vida. Vou sair um pouco até à Praça da República e ver como está a esplanada do bar JCCC.

Amo o silêncio, o silêncio hermético e sagrado do Alentejo rural, tenho sempre o telemóvel desligado e deixo-o em casa, mas aprecio muito conversar com as pessoas. E gosto de cantar as músicas de Joaquin Sabina em voz alta quando vou a caminhar pelas ruas de Beja... 

 
CALOR ABAFADO EM BEJA - 24 de Maio de 2012. Uma cúpula de calor abafado, seco, envolve a cidade de Beja hoje e os campos em volta. Temperatura máxima: 33º C. Já fiz quatro caminhadas grandes (a pé) sob o sol. Como os ceifeiros de outrora - e de hoje. Este calor é das entranhas do Alentejo, dos trigos, da pele tisnada da planície ainda com rectângulos verdes. Dizem que o Diabo, hoje, não anda por Beja: prefere o calor do inferno, porque em Beja sentir-se-ia mal, e os bares recusariam servir-lhe água, cerveja ou limonada. E as nossas orações gnósticas, com as cores do arco-irís, e alguns corsés e sutiãs imaginários vermelhos e roxos, sobem ao céu onde Deus e a Deusa - ou o Deus hermafrodita - nos protegem, complacentemente.

Ah, hoje é aniversário do coronel João Varela Gomes, de 86 anos de idade, grande figura do golpe antifascista fracassado do quartel de Beja em 1 de Janeiro de 1962. E amanhã às 18.30 é lançado na biblioteca municipal de Beja um livro sobre o golpe de Beja de 1962, de José Hipólito. Não posso esquecer. Beja, a nossa mãe amada, com seus seios de campos de girassol e trigo....

 

 

 

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