Osho (1931-1990), o filósofo indiano perseguido por diversas religiões e Estados que reflectem o poder destas, disse que já somos perfeitos tal como somos e que nada há a melhorar. Assim, suprime-se a dualidade, fonte da luta, e vive-se integralmente o presente, o aqui e o agora.
«O homem cria a sua própria confusão só porque está sempre a rejeitar-se a si próprio, a condenar-se a si próprio, a não se aceitar a si próprio. Cria-se assim um encadeamento de confusões, de caos interior e de infelicidade. Porque razão não se aceita tal como é? O que se passa? Toda a existência o aceita tal como é, mas você não » (.....)
«Por causa do ideal condena-se a si próprio. Todas as ideologias e todos os ideais são condenatórios, porque criam uma imagem na mente. E enquanto continuar a comparar-se a essa imagem, sentirá sempre que lhe falta qualquer coisa, que alguma coisa lhe falta.»
«Nada está a faltar nem nada está a falhar. Você é perfeito na medida em que haja qualquer possibilidade de perfeição.» (...)
«O obstáculo aparece através do ideal. Como pode você sentir prazer? Está cheio de cólera e primeiro, a cólera tem de desaparecer. Como pode voce ser ditoso? Está cheio de sexualidade e, primeiro, o sexo tem de desaparecer. Como pode você ser como os deuses celebrando este momento? Está cheio de tanta cupidez, tanta paixão, tanta raiva e, primeiro, tudo isso deve desaparecer. Depois será como os deuses.»
(Osho, "Intimidade, confiar em si próprio e no outro", Editora Pergaminho, 2002, pp 82-83; o destaque a bold é posto por nós).
É óbvio que os ideais têm um lado positivo: os direitos humanos universais, a proteção da vida de cada um contra a guerra, a mutilação, a fome, etc, são um ideais que balizam e defendem milhões de seres humanos contra a tirania e o arbítrio. Note-se que a filosofia do abandono das preocupações e da auto aceitação de Osho opõe-se à lei da atração universal segundo a qual se deve pensar de modo optimista no que se deseja intensamente e tentar materializar o desejo.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
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