Terça-feira, 13 de Dezembro de 2016
Teste de Filosofia do 11º ano de escolaridade (6 de Dezembro de 2016)

 

Eis um teste de filosofia do 11º ano de escolaridade, o último do primeiro período lectivo.

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA A

6 de Dezembro de 2016. Professor: Francisco Queiroz

I

“Alguns diretores de cinema são norte-americanos.

Alguns norte-americanos são racistas.

Os racistas não são directores de cinema.».

1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.

1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo.

II

“Um só caminho nos fica – o Ser é! Existem milhares de sinais de sinais demonstrativos de que o Ser é incriado…Ser e Pensar é um e o mesmo”(Parménides de Eleia).

 

2-A) Explique o que é o Ser segundo Parménides, com base no texto e em outras fontes, e relacione Ser com realismo, idealismo e fenomenologia.

 

3)Relacione, justificando:

A) Ser fora de si e ser para si, em Hegel, e lei do salto qualitativo.

B) Espírito de um Povo, Espírito do Mundo e Holismo, em Hegel

C) Percepção Empírica, Conceito, Juízo e Intuição Inteligível.

D) Falácia depois de por causa de e indução amplificante.

E) Idealismo, Realismo Crítico e os quatro passos gnoseológicos do raciocínio de Descartes.

 

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO COTADO PARA 20 VALORES

 

I

A) Três regras infringidas da validade do silogismo acima foram: de duas permissas afirmativas não se pode extrair uma conclusão negativa; nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas (alguns racistas na permissa menor/ os racistas  na conclusão); o termo médio (norte-americanos ) tem de ser tomado pelo menos uma vez universalmente e está tomado apenas no sentido de «alguns» e não de «todos». (VALE TRÊS VALORES).

 

1-B) O modo do silogismo é IIE, a figura é PS (predicado e predicado refere-se à  posição do termo médio nas premissas) ou 3ª figura.(VALE UM VALOR).

 

2)  A ontologia de Parménides de Eleia diz que a única realidade é o ser, um ente uno, imóvel, imutável, esférico, invisível, imperceptível, eterno, que não foi nem será porque é eternamente o mesmo e diz que «ser e pensar são um e o mesmo». A mudança das cores, o nascimento, o crescimento, o decrescimento e a morte, a sucessão das estações do ano e todas as mudanças são aparências, ainda que o ser possa estar subjacente a elas, escondido atrás delasA interpretação realista desta  frase «ser e pensar são um e o mesmo». é: o pensamento é idêntico ao ser, é espelho do ser material ( e aqui podemos «ler» o ser como realismo, doutrina que sustenta que o mundo de matéria é real em si mesmo). A interpretação idealista da mesma frase é: o ser é pensamento, nada existe fora da ideia absoluta que é o ser, e o mundo de matéria, com a mudança das estações do ano, o nascimento e a morte não passa de ilusão (idealismo é a teoria que afirma que o mundo material é irreal é como um sonho dentro da minha ou das nossas imensas mentes). A fenomenologia é a doutrina céptica no seu fundo que afirma que a mente humana e a matéria são correlatas não se sabendo se o mundo material existe em si mesmo ou não. (VALE QUATRO VALORES)

 

 3-A) Para Parménides, o ser é invisível, imóvel, imutável, exclui as aparências empíricas. O ser é significa a sua eternidade e imutabilidade: não principiou, não acabará. Para Hegel, o ser é invisível e visível consoante as épocas, é mutável, inclui as aparências empíricas (o verde das árvores, o calor do sol, etc) e   desdobra-se em três fases, segundo a lei da tríade: fase lógica, Deus sozinho antes de criar o universo o espaço e o tempo (é a tese ou afirmação, o primeiro momento da tríade); fase da natureza ou do ser fora de si, na qual Deus se aliena ou separa de si mesmo ao transformar-se em espaço, tempo, astros, pedras, montanhas, rios, plantas e deixa de pensar (é a antítese ou negação, o segundo momento da tríade); fase da humanidade ou do espírito ou do ser para si, em que a ideia absoluta/Deus emerge com a aparição da espécie humana, que é Deus encarnado evoluindo em direção a si mesmo, por sucessivas formas de estado, desde o despótico mundo oriental (um só homem livre, o faraó ou o imperador oriental) passando pelo mundo greco-romano (alguns homens são livres, os escravos e os servos não) até ao mundo cristão da Reforma protestante onde todos os homens são livres (é a síntese ou negação da negação). A lei do salto qualitativo postula que a acumulação lenta e gradual em quantidade de um dado aspecto de um fenómeno leva a um salto brusco ou nítido de qualidade nesse fenómeno. Podemos dizer que na fase do ser fora de si foram surgindo, uma a uma, as espécies vivas de plantas e animais (acumulação em quantidade, lenta) até que com o aparecimento do homem se deu o salto de qualidade. (VALE TRÊS VALORES).

 

3-B) Espírito de um povo é o conjunto da sua filosofia, dos seus mitos, da sua organização política e social, do seu direito, arte, religião, literatura, folclore. O espírito do povo português inclui catolicismo com devoção a Fátima, chico-espertismo individualista (fuga aos impostos, etc.) ao passo que o espírito do povo sueco inclui protestantismo, amor à natureza florestal, trabalho em equipa descentralizada.  O espírito do mundo é a soma dos espíritos de todos os povos do mundo e isso é holismo, visão de conjunto que lê as partes a partir do todo (VALE DOIS VALORES).

 

3-C) Percepção empírica é um conjunto organizado de sensações que, em regra, serve de base ao conceito, isto é, ideia de uma coisa ou classe de coisas (ver muitos cavalos leva à formação do conceito de cavalos). Juízo é uma afirmação ou negação, ligando entre si por um verbo dois ou mais conceitos. Intuição inteligível é a captação instantânea de uma realidade ou irrealidade invisível, metafísica ou cisfísica (VALE DOIS VALORES).

 

3-D) A falácia depois de por causa de é o erro de raciocínio  que atribui uma relação necessária de causa efeito a dois fenómenos vizinhos por acaso (exemplo: «Há 10 dias vi um gato preto e caí da bicicleta, há 5 dias vi outro gato preto e perdi a carteira, ontem vi um gato preto e o meu telemóvel avariou, logo ver gatos pretos dá-me azar). A indução amplificante é a generalização de alguns exemplos empíricos similares segundo uma lei infalível (Ex: Depois  de 1000 experiências, induzimos que os corpos largados no ar caem para a Terra). Ambas generalizam. (VALE DOIS VALORES).

 

3-E) Os quatro passos do raciocínio de Descartes são pautados pelo racionalismo, doutrina que afirma que a verdade procede do raciocínio, das ideias da razão e não dos sentidos, racionalismo esse que é uma forma de radicalidade filosófica. O idealismo, doutrina que postula que a matéria é irreal, não passa de conjunto de sensações ou ideias, está presente no segundo e no terceiro passos, e o realismo crítico, que afirma que vemos de forma distorcida o mundo real exterior, está no quarto passo:

 

Dúvida hiperbólica ou Cepticismo Absoluto( «Uma vez que quando sonho tudo me parece real, como se estivesse acordado, e afinal os sentidos me enganam, duvido da existência do mundo, das verdades da ciência, de Deus e até de mim mesmo »).

 

Idealismo solipsista («No meio deste oceano de dúvidas, atinjo uma certeza fundamental: «Penso, logo existo» como mente, ainda que o meu corpo e todo o resto do mundo sejam falsos»).

 

3º Idealismo não solipsista («Se penso tem de haver alguém mais perfeito que eu que me deu a perfeição do pensar, logo Deus existe).

 

Realismo crítico («Se Deus existe, não consentirá que eu me engane em tudo o que vejo, sinto e ouço, logo o mundo de matéria, feito só de qualidades primárias, objetivas, isto é, de figuras, tamanhos, números, movimentos, existe fora de mim»). Realismo crítico é a teoria gnosiológica segundo a qual há um mundo de matéria exterior ao espírito humano e este não capta esse mundo como é. Descartes, realista crítico, sustentava que as qualidades secundárias, subjectivas, isto é, as cores, os cheiros, os sons, sabores, o quente e o frio só existem no interior da mente, do organismo do sujeito, pois resultam de movimentos vibratórios exteriores e que o mundo exterior é apenas composto de formas, movimentos e tamanhos e uma matéria indeterminada. (VALE TRÊS VALORES).

 

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Domingo, 27 de Novembro de 2016
Teste de filosofia do 11º ano de escolaridade (Novembro de 2016)

 

 

 

Além da lógica aristotélica, é abordada neste teste a dialética, lógica do movimento. Muito poucos professores de filosofia conhecem as leis da dialética, que não são mencionadas em nenhum manual de filosofia para o ensino secundário do 10º e 11º anos de escolaridade em Portugal, o que evidencia duas coisas: a ignorância dos autores de manuais nesta matéria; o domínio avassalador nas universidades da filosofia analítica, corrente que, de um modo geral, ignora a dialética e exprime indirectamente a ideologia dos imperialismos norte-americano e britânico no ensino de massas e na cultura mundial, interessados em omitir a metafísica cristã e o debate político com o socialismo reformista, o socialismo marxista, o estalinismo, o anarquismo.

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja

 

Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja

TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B

25 de Novembro de 2016. Professor: Francisco Queiroz

I

“Alguns médicos são adeptos da vacinação.

Os laboratórios farmacêuticos são adeptos da vacinação.

Os laboratórios farmacêuticos não são médicos.”

1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.

1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo.

                                                                        II

“Um só caminho nos fica – o Ser é! Existem milhares de sinais de sinais demonstrativos de que o Ser é incriado, imperceptível, perfeito, imóvel, eterno, não sendo lícito afirmar que o Ser foi ou que será, porque é Ser a todo o instante, uno e contínuo…(Parménides de Eleia)

2-A) Explique o que é o Ser segundo Parménides, com base no texto e em outras fontes, e relacione Ser com realismo, idealismo e fenomenologia.

2-B) Diga em que se diferencia a noção de ser em Parménides da noção de ser em Hegel. Justifique

 

3) Relacione, justificando:

 

3-A) Falácia depois de por causa de, falácia da composição e Indução amplificante.

 3.B) Lei do Salto Qualitativo e Três formas de Estado ou Três Mundos na fase da humanidade, em Hegel

3-C) Lógica Formal, Lógica Material e Argumentação.

 

CORREÇÃO DO TESTE COM A COTAÇÃO TOTAL DE 20 VALORES

 

I

A) Três regras infringidas da validade do silogismo acima foram: de duas permissas afirmativas não se pode extrair uma conclusão negativa; nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas (alguns médicos na permissa maior/ nenhuns médicos, na conclusão); o termo médio (adeptos da vacinação ) tem de ser tomado pelo menos uma vez universalmente e está tomado apenas no sentido de «alguns» e não de «todos». (VALE TRÊS VALORES).

 

1-B) O modo do silogismo é IAE, a figura é PP (predicado e predicado refere-se à  posição do termo médio nas premissas) ou 2ª figura.(VALE UM VALOR).

 

2)  A ontologia de Parménides de Eleia diz que a única realidade é o ser, um ente uno, imóvel, imutável, esférico, invisível, imperceptível, eterno, que não foi nem será porque é eternamente o mesmo e diz que «ser e pensar são um e o mesmo». A mudança das cores, o nascimento, o crescimento, o decrescimento e a morte, a sucessão das estações do ano e todas as mudanças são aparências, ainda que o ser possa estar subjacente a elas, escondido atrás delas. A interpretação realista desta  frase «ser e pensar são um e o mesmo». é: o pensamento é idêntico ao ser, é espelho do ser material ( e aqui podemos «ler» o ser como realismo, doutrina que sustenta que o mundo de matéria é real em si mesmo). A interpretação idealista da mesma frase é: o ser é pensamento, nada existe fora da ideia absoluta que é o ser, e o mundo de matéria, com a mudança das estações do ano, o nascimento e a morte não passa de ilusão (idealismo é a teoria que afirma que o mundo material é irreal é como um sonho dentro da minha ou das nossas imensas mentes). A fenomenologia é a doutrina céptica no seu fundo que afirma que a mente humana e a matéria são correlatas não se sabendo se o mundo material existe em si mesmo ou não. (VALE QUATRO VALORES)

 

2-B) Para Parménides, o ser é invisível, imóvel, imutável, exclui as aparências empíricas. Para Hegel, o ser é invisível e visível consoante as épocas, é mutável, inclui as aparências empíricas (o verde das árvores, o calor do sol, etc) e   desdobra-se em três fases, segundo a lei da tríade: fase lógica, Deus sozinho antes de criar o universo o espaço e o tempo (é a tese ou afirmação, o primeiro momento da tríade); fase da natureza, na qual Deus se aliena ou separa de si mesmo ao transformar-se em espaço, tempo, astros, pedras, montanhas, rios, plantas e deixa de pensar (é a antítese ou negação, o segundo momento da tríade); fase da humanidade ou do espírito, em que a ideia absoluta/Deus emerge com a aparição da espécie humana, que é Deus encarnado evoluindo em direção a si mesmo, por sucessivas formas de estado, desde o despótico mundo oriental até ao mundo cristão da Reforma protestante onde todos os homens são livres (é a síntese ou negação da negação) (VALE TRÊS VALORES).

 

3-A) A falácia depois de por causa de é o erro de raciocínio  que atribui uma relação necessária de causa efeito a dois fenómenos vizinhos por acaso (exemplo: «Há 10 dias vi um gato preto e caí da bicicleta, há 5 dias vi outro gato preto e perdi a carteira, ontem vi um gato preto e o meu telemóvel avariou, logo ver gatos pretos dá-me azar). A falácia da composição é aquela que faz uma generalização errónea, passa abusivamente de um ou poucos exemplos para uma conclusão geral (exemplo: «Cristiano Ronaldo é um dos dez melhores futebolistas do mundo, Cristiano é do Real Madrid, logo a equipa do Real inclui os dez melhores futebolistas do mundo») é uma indução precipitada, ao contrário da indução amplificante ou científica que é a generalização, segundo uma lei necessária, de numerosos exemplos empíricos particulares (exemplo: «fizemos milhares de experiências juntando um ácido e uma base e deu sempre um sal, neutro, mais água, logo induzimos que a mistura de um ácido e uma base gera um sal e água»).  O que todas têm em comum é que generalizam, mal ou bem, a partir de um ou alguns casos particulares.  (TRÊS VALORES).

 

3.B) A lei do salto qualitativo postula que a acumulação lenta e gradual em quantidade de um dado aspecto de um fenómeno leva a um salto brusco ou nítido de qualidade nesse fenómeno.O progresso da humanidade na terceira fase do ser, segundo Hegel, exprime-se através de três formas de estado sucessivas- no início, o despotismo oriental, em que só um homem é livre, o imperador de direito divino ou o faraó,  séculos depois o estado greco-romano, em que só alguns homens são livres e servos e escravos não são livres e por último o estado do cristianismo reformado por Lutero em que todos os homens são livres de examinar a Bíblia sem a manipulação do clero católico romano, completado em 1789-1799 pela revolução francesa que implantou a democracia baseada na liberdade, igualdade e fraternidade. 

Dentro de cada fase/estado vai havendo, lentamente, uma mudança quantitativa lenta até que num dado instante se produz um salto grande. Exemplo: na Idade Média, ainda pertencente ao mundo greco-romano sob o domínio do catolicismo na Europa, crescem as heresias que se opõem aqui e ali ao papado romano que não deixa livres os camponeses e outras classes. A reforma de Lutero é o salto brusco de qualidade que cria um centro religioso  oposto a Roma, inaugurando a fase do estado cristão reformado. (VALE QUATRO VALORES). 

 

3-C) Lógica formal é a ciência do pensamento formalmente correcto ou válido, independentemente do seu conteudo concreto. Lógica material é a aplicação da lógica formal à natureza biofísica e às ideias concretas (exemplo: tem lógica material dizer a abelha comeu mel mas não tem lógica informal dizer o mel comeu a abelha). A argumentação ou arte de encadear juízos e raciocínios, com certa dose de subjetividade ou intersubjectividade (ideologia), visando convencer um auditório, implica lógica material e lógica formal. (VALE DOIS VALORES).

 

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Terça-feira, 13 de Setembro de 2016
Marte em 20º-23º de Sagitário induzirá sismo em Portugal esta semana de Setembro?

Esta semana, de 11 a 17 de Setembro de 2016, há forte probabilidade de ocorrer um sismo algures em Portugal porque Marte se desloca na área 20º a 23º do signo de Sagitário. Baseio-me na indução para fazer esta previsão.

 

MARTE EM 20º-23º DE SAGITÁRIO:

SISMOS EM PORTUGAL

 

Em 17 de Novembro de 1995, com Marte em 19º 48´ / 20º 33´de Sagitário, às 19.20 horas, eclode no Algarve, em especial no barlavento, um sismo de 4,5 na escala de Richter, havendo corridas para a rua em Portimão e Lagos; em 13 de Dezembro de 2004, com Sol em 21º 19´/ 22º 20´ de Sagitário, às 14.16 horas, eclode com epicentro ao largo do mar de Sagres, um sismo de 5,4 na escala de Richter sentido em Faro e todo o Algarve, em Beja, Évora, Lisboa e Porto; em 3 de Janeiro de 2005, com Vénus em 21º 36´/ 22º 51´ de Sagitário, às 11.34 horas, eclode um sismo de magnitude 4,1 na escala de Richter com epicentro no mar 40 quilómetros a sul de Olhão, sentido em áreas do Algarve como Faro e Albufeira; em 5 de Janeiro de 2005, com Mercúrio em 23º 10´/ 24º 27´ de Sagitário, seis sismos assolam a ilha de São Miguel, lançando algum pânico em povoações de Vila Franca do Campo, Povoação, Lagoa e Ribeira Grande; em 11 de Janeiro de 2005, com Plutão em 23º 5´/ 7´ de Sagitário, às 9.29 horas, um sismo de magnitude 3,8 na escala de Richter abala Santiago do Escoural, Montemor-o-Novo, Viana do Alentejo, Évora e a zona lisboeta de Santa Apolónia; em 23 de Janeiro de 2005, com Marte em 19º 37´/ 20º 19´ de Sagitário, Plutão em 23º 28´/ 30´ de Sagitário, pelas 6.15 horas, um sismo de 2,8 na escala de Richter, com epicentro a sudoeste de Sobral de Monte Agraço, abala a região de Lisboa, Montachique e Mafra.

 

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Sexta-feira, 18 de Março de 2016
Teste de Filosofia do 11º ano, turma C (Março de 2016)

 

Eis um teste de filosofia fora do estereótipo dos testes que os autores dos manuais escolares da Porto Editora, Leya, Santillana, Areal Editores, etc, divulgam. E sem questões de escolha múltipla que, frequentemente, são incorrectamente concebidas por quem não domína o método dialético e desliza para a horizontalidade da filosofia analítica vulgar.

 

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja

Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja

TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA C

14 de Março de 2016. Professor: Francisco Queiroz.

 I

 “Bachelard afirma que «a opinião não pensa, traduz necessidades em conhecimentos» e que «na ciência nada é dado». A ciência normal e a ciência extraordinária, segundo Kuhn, são paradigmas incomensuráveis. Feyerabend, anarquista epistemológico, sustentou que, hoje, com o racionalismo fragmentário dominante, mera ideologia, « temos uma religião sem ontologia, uma arte sem conteúdos, e uma ciência sem sentido».."

1)Explique, concretamente este texto

 

2)Explique como, na ontognoseologia de Kant, se formam o fenómeno CHUVA e o juízo a priori «Os três ângulos internos de um triângulo somam 180 graus».

 

3) Relacione, justificando:

A) Positivismo lógico do círculo de Viena, por um lado, e falsificacionismo de Karl Popper, por outro lado .


B) Internalismo e externalismo nas Ciências Empírico-Formais e nas Ciências Hermenêuticas.


C) Núcleo Duro e Cinto Protector na teoria de Lakatos sobre a ciência e obstáculo epistemológico na teoria de Gaston Bachelard-


D)  Realismo crítico, fenomenologia, e idealismo em David Hume.

 

CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES

 

1) A opinião, isto é, o senso comum, não pensa, isto é, traduz necessidades em conhecimentos, fabrica a explicação que mais lhe convém. Exemplo: a maioria das pessoas que sentem frequentes dores de cabeça não perdem tempo a investigar a causa dessas dores, tomam um comprimido de farmácia que faz desaparecer o sintoma mas não a causa que lhe está subjacente. Na ciência nada é dado porque tudo ou quase tudo é construção racional. Exemplo: a teoria do espaço-tempo de Einstein, que diz que o espaço encurva na proximidade de grandes massas não nos é dada pelos orgãos dos sentidos, é pensada na razão (VALE UM VALOR). A ciência normal é a ciência oficial, dominante, em cada época ou sociedade, o paradigma (modelo teórico ou teórico-prático) aceite pela grande maioria . Nos séculos XV-XVI era, na astrofísica europeia, o geocentrismo. A ciência extraordinária é a ciência dos dissidentes, que combate a ciência oficial e procura tomar o lugar desta. No século XVI, na cosmologia, era o heliocentrismo de Copérnico e Galileu. A incomensurabilidade dos paradigmas é a impossibilidade de medir exactamente o valor de cada doutrina científica e das suas rivais: não se pode dizer que o heliocentrismo é melhor que o geocentrismo, em termos globais, ainda que se possa dizer que, neste ou naquele aspecto (exactidão/experimentação, fecundidade, etc) um deles é superior ao outro  (VALE DOIS VALORES). Segundo Feyerabend as actuais universidades funcionam como igrejas dotadas de «infalibilidade ciêntífica». Ele critica os filósofos e académicos que acham que a ciência é a nossa religião, o que  significa que a mentalidade científica actual é dogmática como a teologia, acreditando em dogmas que não podem ser postos em causa, como por exemplo, « O Big Bang deu-se há 15 000 milhões de anos e foi o começo do universo», «as vacinas conferem imunidade», «os astros não comandam o comportamento humano». Os cientistas de hoje são os bispos e papas da nova religião da ciência. Por isso, Feyerabend proclama-se anarquista epistemológico: no anarquismo não há chefes e assim devia ser no campo das ciências, a astrologia, a medicina hopi, a cura através dos cristais, a dança da chuva deveriam ser disciplinas universitárias a par da física, da medicina alopática, da biologia molecular. As ciências actuais nasceram com o emergir da burguesia industrial e financeira actual e por isso estão impregnadas de ideologia - sistema de ideias e valores de uma classe social- neste caso, a burguesia. A ciência e a tecnologia do automóvel como veículo de transporte individual ou familiar insere-se na ideologia individualista da burguesia: «Enriquece, compra um carro próprio, viaja livremente».

Que significa dizer que hoje temos uma religião sem ontologia?  Significa que temos um conjunto de ritos cujo simbolismo profundo já perdemos, em cuja filosofia original já não penetramos. Por exemplo, ignoramos que o facto de a pia de baptismo de antigas igrejas e catedrais ser octogonal é porque o oito significava a oitava esfera que, em alguma gnose, era a esfera de Sofia, a Virgem Maria do cristianismo, a Stela Maris representada na rosa dos ventos ou estrela de oito pontas que orientava os navegantes (as almas) perdidos . Constroem-se hoje igrejas com uma arquitectura moderna ignorando o número de oiro (1,618), número mágico de proporção entre o comprimento e a largura e a altura de um compartimento. Que significa dizer que hoje impera uma arte sem conteúdos? Significa, por exemplo, que uma tela branca salpicada de pontos vermelhos é um quadro sem conteúdo, um significante sem significado. A arte abstracta é sem conteúdo. Que significa dizer que há uma ciência sem sentido? Significa, por exemplo, que há uma medicina que não percebe o sentido da febre - acção de autodefesa do organismo, expulsando as toxinas através do suor ou de urinas escuras - e manda reprimir os sintomas, tomando anti piréticos. (VALE QUATRO VALORES).

 

2-A)  Segundo a gnoseologia de Kant, o fenómeno chuva forma-se na sensibilidade, no espaço exterior ao meu corpo físico, do seguinte modo: de '«fora» da sensibilidade, os númenos afectam esta fazendo nascer nela um caos de matéria (exemplo: água, ferro, areia, etc, em um magma) que as duas formas a priori da sensibilidade, o espaço (com figuras geométricas) e o tempo (com a duração, a sucessão e a simultaneidade) moldam, fazendo nascer uma ou mais fenómenos de chuva. O entendimento, com as categorias de unidade, pluralidade, necessidade, confere consistência ao fenómeno galo. Não existe númeno «chuva», «chuva» é fenómeno na sua totalidade.(VALE UM VALOR E MEIO).

O juízo a priori «A soma dos três ângulos de um triângulo é 180 graus» forma-se no entendimento por acção das categorias de unidade, pluralidade, totalidade com dados a priori vindos da sensibilidade. a imagem de triângulo vinda da forma a priori do espaço, os números (180, etc) vindos da forma a priori do tempo. (VALE UM VALOR E MEIO)

 

                  

3. A) O positivismo lógico do círculo de Viena considera sem sentido a metafísica e afirmações desta como «Deus criou o Paraíso e o Inferno e pune os maus» porque não podem ser comprovadas empiricamente. Para este positivismo, só os factos empíricos ( exemplo: maçã, tornado, etc) e as suas relações lógico-matemáticas são verdade e a indução amplificante - generalização segundo uma lei necessária de alguns casos empíricos semelhantes entre si - é perfeitamente legítima. Karl Popper opõe-se ao positivismo lógico pois, na linha de David Hume, duvida da indução amplificante, achando que há sempre excepções a uma dada lei da natureza e considera ser impossível verificar essa lei pois teríamos de estudar centenas de milhar ou milhões de exemplos concretos. Popper diz que só é possível a corroboração ou confirmação de alguns exemplos através da testabilidade, isto é, realização de testes experimentais. Falsificacionismo de Popper significa que as teorias científicas não passam de conjecturas, hipóteses, falsificáveis, isto é potencialmente falsas.(VALE TRÊS VALORES).  

 

3-B)  O internalismo, posição sustentada por Lakatos, é a doutrina segundo uma teoria já é ciência mesmo que confinada a um só cientista, o seu autor, desde que apresente coerência interna e a experimentação a confirme, ao passo que o externalismo diz que uma teoria só é ciência se obtiver o assentimento externo do resto da comunidade científica, do governo e ministério da ciência, das revistas da especialidade, dos fóruns televisivos, do grande. As ciências empírico-formais são as ciências da natureza biofísica - química, física, astronomia, biologia, geologia - e baseiam-se em leis necessárias ou tendencialmente necessárias e por isso assentam na indução amplificante. As ciências hermenêuticas, ou seja, as que se baseiam em interpretações mais ou menos subjectivas e leis estatísticas - psicologia, sociologia, história, economia, - não recorrem ou recorrem pouco à indução amplificante. Mas tanto umas como outras podem ser validadas segundo o internalismo ou segundo o externalismo, ainda que a tendência mais frequente seja ligar o internalismo às hermenêuticas, subjectivas, e o externalismo às empírico-formais, objetivas (VALE TRÊS VALORES)

 

3-C) Imre Lakatos, epistemólogo, defendeu que a ciência se estrutura em Programas de Investigação Científica (PIC). Cada um destes tem três níveis: o núcleo duro, conjunto das teses imutáveis; o cinto protector, conjunto das teses revisíveis, que podem ser rectificadas ou substituídas; a heurística, conjunto dos métodos de investigação livre, teórica e prática, que pode confirmar ou anular o PIC. O obstáculo epistemológico em Bachelard é todo o entrave ao conhecimento científico: a primeira impressão,  o realismo natural ( o mundo exterior como parece ser: o céu é azul, o mármore é frio, etc, o preconceito do senso comum, a falta de tecnologia apropriada (exemplo: a falta de telescópios, microscópios, reagentes químicos, máscaras antigás, fatos de amianto, bússolas, aparelhos de refrigeração, etc.). Pode dizer-se que o racionalismo enfrenta o obstáculo epistemológico que, muitas vezes, é um facto bruto, uma primeira impressão sensorial. Como o obstáculo epistemológico leva, dialeticamente, à rectificação parece relacionar-se com o cinto protector em Lakatos, isto é, com as teses revisíveis (VALE DOIS VALORES) . .

 

.

3-D- O realismo crítico é a teoria segundo a qual a matéria é real e exterior às nossas mentes mas estas não espelham como ela é. O realismo crítico de Descartes é a teoria qiue sustenta que há um mundo real de matéria exterior às mentes humanas composto de uma matéria indeterminada, sem peso nem dureza/moleza, apenas formado de figuras geométricas, movimento, números (qualidades primárias, objetivas), sendo subjectivas, isto é exclusivamente mentais, as cores, os cheiros, os sabores, as sensações do tacto, o calor e frio (qualidades secundárias, subjectivas). A fenomenologia é a ontologia que sustenta não saber se o mundo material subsiste ou não fora das mentes humanas. O idealismo é a corrente que afirma que o universo material não é real em si mesmo mas está dentro da nossa mente, como imagens e ideias. Por exemplo, o"eu" em David Hume não é uma realidade, mas uma ideia ilusória, uma vez que somos apenas uma corrente de percepções empíricas a que a memória e a imaginação atribuem um núcleo invariável chamado «eu». Do mesmo modo, a   substância (exemplos: as substâncias cadeira ou nuvem) é uma ideia fabricada pela nossa imaginação servindo-se das sete relações filosóficas que são disposições sensório-intelectuais a priori da mente humana: semelhança, identidade, relações de tempo e lugar, proporção de quantidade ou número, graus de qualidade, contrariedade e causação. (VALE DOIS VALORES)

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Quinta-feira, 3 de Dezembro de 2015
Teste de filosofia do 11º ano turma B (Dezembro de 2015)

 Eis um teste de filosofia do 11º ano em Portugal, centrado na retórica, na dialética, na lógica aristotélica, e na ontognoseologia.

 

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B
2 de Dezembro de 2015. Professor: Francisco Queiroz

 I

"Muitos consideram que a demonstração exclui o pathos e o ethos da retórica ao passo que a argumentação incluiria ideologia.  Parménides sustentou que «ser e pensar são um e o mesmo» e isso tem duas interpretações, uma realista e a outra idealista ontológica. O silogismo condicional modus ponens é um raciocínio dedutivo e não uma indução amplificante."

 

1)Explique, concretamente, este texto.

 

2)Exponha e classifique gnoseologicamente os quatro passos do raciocínio de Descartes a partir da dúvida absoluta até à certeza do mundo exterior

 

3) Defina a lei dialética da contradição principal e aplique-a ao conjunto dos quatro passos da questão anterior, justificando.

 

4) Defina e construa um exemplo de:

A)Falácia depois de por causa de.

B) Falácia do falso dilema.

C) Falácia ad hominem.

D) Falácia ad ignorantiam.

E) Falácia do homem de palha.

F) Pragmatismo.

 

CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES

 

1) Muitos entendem que a demonstração, isto é, a cadeia de juízos e raciocínios que provam insofismavelmente uma ideia ou uma tese, exclui o pathos, isto é, o sentimento, o apelo à emoção do auditório e o ethos, isto é, a exibição do carácter e do currículo do orador. Na verdade, por exemplo,  a demonstração «Se A é maior que B e B é maior que C então A é maior que C» é impessoal e objectiva, sem sentimentos. A argumentação, isto é,  a cadeia de juízos e raciocínios que visam provar, de modo discutível,  uma ideia ou uma tese, inclui ideologia, isto é, um sistema de crenças e valores que exprime os interesses de um dado grupo ou classe social, nação ou etnia religiosa.  Exemplo: a argumentação a favor da vacinação («A vacina ensina o corpo a defender-se de doenças maiores«) exprime a ideologia da classe médica alopática e a argumentação contra a vacinação («A vacina é uma infeção do sangue, introduz a fase crónica da doença, não imuniza porque a imunidade não existe») exprime a ideologia da mediciina holística natural. (VALE TRÊS VALORES). A ontologia de Parménides de Eleia diz que a única realidade é o ser uno, imóvel, imutável, esférico, invisível, imperceptível, eterno, e que «ser e pensar são um e o mesmo». A interpretação realista desta última frase é: o pensamento é idêntico ao ser, é espelho do ser material (realismo é doutrina que sustenta que o mundo de matéria é real em si mesmo). A interpretação idealista da mesma frase é: o ser é pensamento, nada existe fora da ideia absoluta que é o ser, e o mundo de matéria, com a mudança das estações do ano, o nascimento e a morte não passa de ilusão. (VALE TRÊS VALORES) O silogismo condicional modus ponens (exemplo: Se estudar filosofia, torno-me sábio. Estudei filosofia. Logo, tornei-me sábio) é uma inferência dedutiva na medida em que parte de uma premissa geral («Estudar filosofia faz de uma pessoa um sábio» ) que se aplica a um caso particular, o meu, e chega a uma conclusão particular. Não se trata de uma indução amplificante porque esta generaliza de forma necessária a partir de alguns exemplos empíricos (exemplo: alguns estudantes de filosofia tornaram-se sábios, logo todos os que estudarem filosofia tornam-se sábios).(VALE DOIS VALORES)

 

2) Os quatro passos do raciocínio de Descartes são pautados pelo racionalismo, doutrina que afirma que a verdade procede do raciocínio, das ideias da razão e não dos sentidos:

 

Dúvida hiperbólica ou Cepticismo Absoluto( «Uma vez que quando sonho tudo me parece real, como se estivesse acordado, e afinal os sentidos me enganam, duvido da existência do mundo, das verdades da ciência, de Deus e até de mim mesmo »)

 

Idealismo solipsista («No meio deste oceano de dúvidas, atinjo uma certeza fundamental: «Penso, logo existo» como mente, ainda que o meu corpo e todo o resto do mundo sejam falsos»)

 

Idealismo não solipsista («Se penso tem de haver alguém mais perfeito que eu que me deu a perfeição do pensar, logo Deus existe).

 

Realismo crítico («Se Deus existe, não consentirá que eu me engane em tudo o que vejo, sinto e ouço, logo o mundo de matéria, feito só de qualidades primárias, objetivas, isto é, de figuras, tamanhos, números, movimentos, existe fora de mim»). Realismo crítico é a teoria gnosiológica segundo a qual há um mundo de matéria exterior ao espírito humano e este não capta esse mundo como é. Descartes, realista crítico, sustentava que as qualidades secundárias, subjectivas, isto é, as cores, os cheiros, os sons, sabores, o quente e o frio só existem no interior da mente, do organismo do sujeito, pois resultam de movimentos vibratórios exteriores e que o mundo exterior é apenas composto de formas, movimentos e tamanhos e uma matéria indeterminada. (VALE QUATRO VALORES)

 

3) A lei da contradição principal estabelece que um sistema de múltiplas contradições se pode reduzir a uma só grande contradição, constituída por dois grandes blocos ou pólos e deixando, às vezes, uma zona neutra de contradições secundárias na fronteira entre ambos os pólos. Neste caso, a contradição principal pode ser concebida de várias maneiras: num pólo, a dúvida absoluta (1º passo)  e no outro polo o conjunto idealismo solipsista/ idealismo não solipsista/ realismo crítico que possuem certo grau de certeza em comum; em um polo os dois idealismos (2º e 3º passos) e no outro polo o realismo crítico (4º passo) ficando o cepticismo absoluto na zona intermédia ou neutra; em um polo o realismo crítico, no polo oposto o conjunto cepticismo absoluto/idealismos  (VALE DOIS  VALORES).

 

4) a)A falácia depois de por causa de é a que atribui uma relação necessária de causa efeito a dois fenómenos vizinhos por acaso (exemplo: «Há 10 dias vi um gato preto e caí da bicicleta, há 5 dias vi outro gato preto e perdi a carteira, logo ver gatos pretos dá-me azar).  (VALE UM VALOR)

4) b) Falácia do falso dilema é uma disjunção lógica entre dois termos um dos quais está contido no outro. Exemplo: "Ou és ser humano ou és homem alentejano")(VALE UM VALOR)

4) c) A falácia ad hominem é aquela que desvia a argumentação racional para o campo do ataque pessoal ao adversário (exemplo: «Ele´ganhou o concurso para gestor de empresas, mas é gay, vamos impedi-lo de subir a gestor da empresa»).(VALE UM VALOR)

 

4) d) A falácia do apelo à ignorância é a que raciocina sobre um fundo desconhecido e o usa de forma tendenciosa, sustentando que uma tese fica demonstrada se a não se conseguiu demonstrar a sua contrária (exemplo: Nunca ninguém demonstrou que Deus existe, logo Deus não existe).(VALE UM VALOR)

4) e) A falácia  do homem de palha é o vício de argumentação que consiste ao atribuir ao interlocutor posições que ele não defende (exemplo a respeito de um teórico que quer introduzir a acupunctura e a naturopatia nos hospitais públicos: «Ele quer acabar com os hospitais e a classe médica que receita químicos e faz cirurgias»). (VALE UM VALOR) 

4) f) Pragmatismo é a teoria segundo a qual a realidade das coisas concretas /(pragmata) vale mais que os princípios metafísicos e a utilidade deve ser o critério da acção (VALE UM VALOR). Exemplo: um cristão pensa que «roubar é pecado, pode levar ao inferno» mas põe de parte esta crença e rouba laranjas num laranjal porque há que matar a fome a algumas pessoas que vivem em sua casa.

 

 

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Sexta-feira, 6 de Fevereiro de 2015
Poderá o ponto 17º 20´/ 17º 36´ de um signo ditar o resultado do Sporting-Benfica de 8 de Fevereiro de 2015?

 

Aqueles que negam a predestinação absoluta dos acontecimentos pelos movimentos dos planetas e do Sol no Zodíaco são inteligências inferiores. Não possuem a intuição racional holística, o princípio supremo do conhecimento. E nesta categoria de inteligências de segunda ou terceira categoria figuram a generalidade dos cientistas, dos professores do ensino universitário e secundário, os colunistas de jornais, revistas e programas de televisão, os políticos conhecidos - enfim, a nata dos que se intitulam «professor doutor», dos que possuem licenciaturas, mestrados e doutoramentos. Eles não sabem nada: dizem que os astros não comandam a história social, política e desportiva, dizem, ao acaso, que «o futuro está em aberto», não conhecem sequer as posições planetárias no Zodíaco hoje e no passado...

 

A astrologia desportiva é uma área de grande dificuldades no que toca a previsões: há vários jogos da mesma equipa em dias muito próximos uns dos outros, etc. No próximo dia 8 de Fevereiro de 2015,  com Júpiter em 17º 28´/ 17º 20´ de Leão, o Sporting defrontará o Benfica em Alvalade.

Que nos diz a estatística sobre os resultados dos jogos de futebol entre o Sport Lisboa e Benfica e o Sporting Clube de Portugal quando um planeta passa em movimento lento em 17º 20´/ 17º 36´ de qualquer signo zodiacal? 

 

PONTO 17º 20´ /17º 36´ DE QUALQUER SIGNO:

PREDOMÍNIO DE VITÓRIAS DO BENFICA NOS JOGOS ENTRE SPORTING E BENFICA

 

A passagem de um planeta em movimento lento no ponto 17º 20´/ 17º 36´ de qualquer signo do Zodíaco associa-se, estatisticamente, a um razoável número de vitórias do Benfica sobre o Sporting em futebol.

 

Em 3 de Dezembro de 2000, com Úrano em 17º 29´/ 17º 31´ de Aquário, Benfica 3, Sporting 0, para a Liga Portuguesa; em 7 de Dezembro de 2002, com Plutão em 17º 20´/ 17º 22´ de Sagitário, Sporting 0, Benfica 2, na Superliga; em 14 de Maio de 2005, com Neptuno em 17º 36´ de Aquário, Benfica 1, Sporting 0, na Superliga;em 1 de Dezembro de 2006, com Neptuno em 17º 20´/ 17º 21´ de Aquário, Sporting 0, Benfica 2, na liga bwin; em 21 de Março de 2009, com Saturno em 17º 25´/ 17º 21´ de Virgem, o Benfica vence a Taça da Liga ao derrotar na final o Sporting por grandes penalidades, após empatar 1-1; em 8 de Fevereiro de 2015, com Júpiter em 17º 28´/ 17º 20´ de Leão, Sporting defronta o Benfica .

 

Mas há excepções:

 

Em 29 de Abril de 2007, com Úrano em 17º 29´/ 17º 32´ de Peixes, Benfica 1, Sporting 1, para a bwin Liga.

 

Sem certezas, porque ignoro muitas outras leis, aposto na  vitória do Benfica sobre o Sporting no domingo. É aparente a minha concordância com Karl Popper - esse expoente do cretinismo universitário que, com Bertrand Russel e Carnap, relegava a astrologia para o campo da superstição...-  no aspecto em que, em alguns casos, a indução de alguns exemplos não pode fundamentar uma lei geral infalível.  Postulo que o destino está escrito ao passo que o velho Popper pregava «o futuro está em aberto, não escrito», aceito a indução amplificante ao passo que Popper não.

 

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Sábado, 8 de Fevereiro de 2014
Teste de filosofia do 11º C, Fevereiro de 2014

 

Eis um teste de filosofia, o primeiro do segundo período lectivo.

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA C
7 de Fevereiro de 2014.         Professor: Francisco Queiroz

 

Os juízos matemáticos são todos sintéticos…O próprio homem é fenómeno…Compreendo por idealismo transcendental de todos os fenómenos a doutrina que os considera, globalmente, simples representações e não coisas em si… O entendimento faz a síntese do diverso da intuição empírica… ” (Kant, Crítica da Razão Pura)

 

1-A) Explique, concretamente, cada uma destas frases de Kant.

 

1-B) Explique como, segundo a doutrina de Kant, se formam o fenómeno ÁRVORE e o conceito empírico de ÁRVORE.

 

II

 

2) Relacione, justificando:

 

2-A) Empirismo/racionalismo e doutrina de Parménides sobre o ser.

 

2-B) Método hipotético-dedutivo das ciências e teoria de Popper sobre as ciências.

 

2-C) Três tipos de substâncias na ontologia de Descartes e três tipos de ideias na gnosiologia de Descartes.

 

2-D) Argumento dedutivamente válido e argumento sólido.

 

2-E) Fenomenologia, idealismo solipsista, realismo crítico e lei do salto de qualidade.

 

 

CORREÇÃO DO TESTE (COTADO PARA UM TOTAL DE 20 VALORES)

 

 

1-A) Ao dizer que os juízos matemáticos são todos sintéticos, Kant pretendia significar que o predicado desses juízos acrescenta algo novo ao sujeito. Exemplo: «Sete vezes sete é igual a quarenta e nove» - o predicado «é 49» adiciona um novo conhecimento ao sujeito «7 vezes 7». Todo o homem é fenómeno significa que o corpo humano, a figura do rosto, o tamanho dos membros são fenómenos, ou seja, objectos empíricos que nada são em si mesmos porque são criados na sensibilidade, no espaço ou sentido externo, e desaparecem com a extinção do espírito humano. O idealismo transcendental considera que os fenómenos (exemplo: cadeiras, casas, árvores) são apenas representações, isto é, percepções empíricas, imagens, conceitos, mas não são coisas reais em si mesmas. A coisa em si é o númeno, objecto metafísico sem matéria nem forma. O entendimento, função que pensa os fenómenos, reduz à unidade, a um resumo, o diverso, as múltiplas intuições empíricas. Exemplo: depois de a sensibilidade ver centenas de rosas que ela mesma cria em si mesma, o entendimento recebe as imagens da sensibilidade e, munido de categorias ou conceitos puros como «unidade», «pluralidade», «totalidade», constrói uma única rosa intelectual, um conceito empírico de rosa, abstraindo de pormenores como a cor, o perfume, etc. (VALE CINCO  VALORES)

 

1-B) O númeno afecta «do exterior» a sensibilidade e cria, nesta, um caos de matéria (madeira, terra, ferro, etc). Este caos é moldado pelo espaço que nele imprime figuras geométricas e pelo tempo que lhe confere duração, sucessão. Assim nasce o fenómeno árvore, na sensibilidade «externa», isto é, no espaço. O entendimento intervém na medida em que confere à árvore o carácter de substância, de divisibilidade (em partes: tronco, raízes, ramos, etc). São enviadas ao entendimento imagens de diferentes fenómenos árvore - sobreiros, pinheiros, faias, macieiras, etc - e as categorias ou conceitos puros do entendimento como pluralidade, unidade e realidade misturam e tratam essas imagens empíricas transformando-as num só conceito empírico, o de árvore, abstraindo dos pormenores das árvores particulares. (VALE TRÊS VALORES)

 

2)  A) Em Parménides  a percepção empírica é ilusão, o pensar está a todo o instante centrado no ser uno, imóvel, homogéneo, imprincipial, invisível, esférico, eterno. É portanto, uma teoria  racionalista, que não dá crédito às percepções empíricas mas sim ao raciocínio ("Só o pensar, o raciocínio e a intuição inteligível captam o ser"). Esse racionalismo pode ser um realismo crítico  -  a esfera do ser pode ter carácter material, pode ser formada por uma matéria imperceptível aos sentidos - ou um idealismo crítico como em Kant.   No empirismo, as ideias nascem das impressões sensíveis e imitam a forma destas, o que não corresponde à via da verdade de Parménides.  (VALE TRÊS  VALORES)

 

2) B) O método hipotético-dedutivo decompõe-se em quatro etapas: observação, hipótese (indução amplificante), dedução da hipótese e experimentação que confirma ou desmente a hipótese. Karl Popper opõe-se à indução amplificante, pois sustenta que a observação de casos particulares, por muito numerosos que sejam, não autoriza a formular leis gerais universais. Para Popper, as ciências empíricas são conjuntos de conjecturas, suposições, que podem ser temporariamente aceites enquanto não forem refutadas  pelo debate de ideias e pelos testes experimentais que não verificam as leis mas apenas corroboram, isto é, confirmam exemplos. O princípio da falsificabilidade estabelece que só pode merecer o título de "ciência" provisória a doutrina que se exponha a testes e propicie a sua auto-destruição ou rectificação. O conhecimento é uma perpétua aproximação à verdade, que nunca se atinge por completo. (VALE DOIS VALORES)

 

2) C) Descartes admitia três tipos de ideias: adventícias, factícias e inatas. E três substâncias ontológicas: a res divina (Deus), a res cogitans (o pensamento humano) e a res extensa (o espaço com as figuras geométricas). Pode-se fazer corresponder a res divina Deus às ideias inatas porque estas são absolutamente seguras: as ideias de corpo, alma, Deus, figuras geométricas, números. 

Por ideias adventícias, Descartes entendia as sensações e percepções empíricas. Exemplo: ver uma jarra de flores, saborear gaspacho, ouvir música. Ora, as percepções empíricas serão parcialmente ilusórias segundo Descartes: as cores (exemplo:o vermelho da rosa), os cheiros (exemplo: o perfume da rosa), os sabores, a dureza e a moleza, o calor e o frio, são qualidades secundárias, isto é não existem na realidade objectiva, no mundo material exterior ao corpo humano, surgem apenas na mente como ilusão, resultando do embate nos orgãos sensoriais de «poeiras» exteriores emanadas dos objectos. No entanto, as ideias adventícias, na medida em que reflectem as formas, o tamanho e o movimento dos objectos exteriores, isto é, as qualidades primárias, não transmitem ilusão mas sim verdade. Pode-se fazer corresponder as ideias adventícias à rex extensa.

Por ideias factícias, entende-se as ficções da imaginação (exemplo: uma sereia, um elefante com patas de leão, etc). Podemos fazê-las corresponder à res cogitans. (VALE TRÊS VALORES)

 

2) D) Argumento ou raciocínio dedutivamente válido é aquele que não apresenta incoerência formal nem falibilidade, isto é, o que, por via da razão, passa de uma premissa geral para uma conclusão particular implícita nas premissas ou para uma conclusão geral necessária (exemplo: «dois mais dez é igual a doze, doze mais cinco é dezassete, logo dois mais dez mais cinco é igual a dezassete»). Argumento sólido é aquele que ou é dedutivamente válido ou é indutivamente válido e possui lógica material- um exemplo, deste último caso: «A dieta de maçãs, consistindo em ingerir de um a três quilos de maçã por dia, já melhorou mais de dois milhões de doentes de reumatismo e úlcera gástrica, por conseguinte Joaquim e Ausenda melhorarão das suas doenças reumáticas se  praticarem essa dieta». O argumento dedutivamente válido, no plano formal, «As batatas são aviões, os sobreiros são batatas, logo os sobreiros são aviões» não é sólido porque viola a lógica material.(VALE UM VALOR)

 

2) E) A fenomenologia é um cepticismo moderado: cingindo-se aos fenómenos - o que é visível, o que se manifesta- ela não se pronuncia a favor do idealismo ontológico nem do realismo ontológico. O idealismo solipsista afirma que o mundo de matéria é irreal e interior a uma única mente, a minha. O realismo crítico sustenta que o mundo de matéria é real, exterior às mentes humanas, mas estas captam-no de forma distorcida (exemplo: a cores violeta, amarela e castanha não existem no mundo exterior, são fabricadas na minha mente). A lei do salto de qualidade diz que a acumulação lenta e gradual, em quantidade, (devir) de um aspecto num fenómeno leva a uma mudança qualitativa repentina nesse fenómeno. Aplicando esta lei, podemos dizer que uma acumulação de raciocínios e ideias pode levar alguém a passar do realismo crítico para o idealismo solipsista ou viceversa. (VALE TRÊS VALORES).

 

 

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Sexta-feira, 29 de Novembro de 2013
Teste de filosofia do 11º C, final de Novembro de 2013

 

Eis um teste de filosofia sem perguntas de resposta múltipla que exigem responder com cruzes e não desenvolvem a capacidade discursiva escrita do aluno.

Agrupamento de Escolas nº 1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA C
29 de Novembro de 2013. Professor: Francisco Queiroz

 

 

 

I

1) Considere o seguinte silogismo:

 

«Nenhuma cotovia é mamífero.
«Alguns macacos são maníferos».
«Nenhum macaco é cotovia».

 

A) Indique, concretamente, duas regras da construção formalmente válida do silogismo que foram infringidas no silogismo acima.

 

 B) Indique o modo e a figura do silogisno.

 

 

II  

David Hume escreveu: «É assim que inventamos a existência contínua das percepções dos nossos sentidos, para remover a interrupção; e chegamos à noção de alma,...» e Parménides escreveu: «O ser é e o não ser não é...Ser e pensar são um e o mesmo».

 

2) Explique ambos os pensamentos e compare-os no tema do «ser».

                                                                            

                                                                                                      

3) Relacione, justificando:

 

A) Sete relações filosóficas em David Hume e binómio Idealismo/ realismo crítico.

 

B) Os três tipos de conhecimento, segundo Bertrand Russel, empirismo e racionalismo.

 

C) Indução amplificante e lei do salto de qualidade.

 

D) Retórica e sofística.

 

 

 

       CORRECÇÃO DO TESTE, COTADO PARA 20 VALORES

 

1) A) Eis duas regras de validade infringidas no silogismo acima: a conclusão segue sempre a parte mais fraca, se uma premissa é particular a conclusão tem de ser particular (ora isso não sucede, porque a premissa «Alguns macacos...» é particular e a conclusão «Nenhuns...» é universal); nenhum termo pode ter na conclusão maior extensão do que nas premissas (ora o termo "macacos" é particular na premissa e universal na conclusão). (VALE DOIS VALORES).

 

1) B) O modo do silogismo é EIE (E= proposição universal negativa; I= proposição particular afirmativa). A figura do silogismo é a 2ª : PP (termo médio como predicado em ambas as premissas). (VALE UM VALOR)

 

2)  Hume diz que as percepções empíricas são como que fotos desligadas umas das outras, não são contínuas e é a imaginação que fornece a ideia de continuidade dos objectos, o filme das percepções. Assim não há a alma, nem o eu, nem a casa, nem a árvore, nem a montanha - são ideias da imaginação formadas a partir de percepções cuja origem se desconhece. Isto é idealismo: a matéria passa a ser um conjunto de percepções empíricas. Em Parménides dá-se o inverso: não há descontinuidades, a percepção empírica é ilusão, o pensar está a todo o instante centrado no ser uno, imóvel, invisível, esférico, eterno.  Ao empirismo de Hume (" as ideias nascem das impressões sensíveis") contrapõe-se o racionalismo de Parménides (" Só o pensar, o raciocínio e a intuição inteligível captam o ser"). São dois idealismos, numa certa interpretação; mas em Parménides pode tratar-se ainda, ao invés, de um realismo crítico, porque apesar de cores, sons, cheiros, formas mutáveis serem ilusões, a esfera do ser pode ter carácter material, pode ser formada por uma matéria imperceptível aos sentidos.   (VALE QUATRO VALORES).

 

3) A) As sete relações filosóficas são capacidades da nossa mente, modos de interpretar as coisas, não existem no mundo exterior: semelhança, identidade, relações de tempo e lugar, proporção de quantidade ou número, graus de qualidade, contrariedade e causação. Por exemplo, água e fogo não são contrários entre si fora da mente humana, real e objectivamente,  mas são apenas contrários dentro desta que as coloca numa relação de contrariedade.  Assim, as sete relações filosóficas incluem-se no idealismo, que diz que o mundo material não passa de uma ideia. Ao contrário, o realismo supõe que semelhança, identidade, relações de espaço e tempo, quantidade, graus de qualidade, causa-efeito, etc, são modos de ser reais, exteriores às mentes humanas, porque o realismo afirma a realidade da matéria em si mesma. O realismo crítico diz que certas qualidades (cores, sons, cheiros, sabores) são subjectivas, secundárias, e nessa medida coincide em parte com o idealismo. (VALE QUATRO VALORES).

 

3) B) Os três tipos de conhecimento segundo Bertrand Russell são: o saber-fazer, que é um conhecimento empírico-técnico, como andar de bicicleta, nadar, jogar futebol; o conhecimento por contacto, isto é, empírico directo, como ver uma planície alentejana, ouvir uma música dos Bubedanas, saborear gaspacho; o conhecimento proposicional, isto é, racional ou empírico-racional, como por exemplo, «A soma dos três ângulos internos de um triângulo é 180º», «Portugal entrou na Comunidade Económica Europeia em 1 de Janeiro de 1986». Os dois  primeiros tipos de conhecimento são empirismo, doutrina segundo a qual as percepções empíricas são a fonte das nossas ideias e estas copiam aquelas. O conhecimento proposicional inclui, geralmente, racionalismo, doutrina segundo a qual o raciocínio é a fonte principal dos nossos conhecimentos, marginalizando ou mesmo contrariando as percepções empíricas. (VALE TRÊS VALORES)

 

3) C) A indução amplificante é aquela que a partir de alguns exemplos empíricos directos generaliza segundo uma lei necessária ou aparentemente necessária. Exemplo: «Como médico pediatra, receitei a 50 crianças com gripe e tosse que tomassem três copos de sumo de laranja diários com uma colher de mel e em todos os casos a gripe e a tosse atenuaram-se ou desapareceram, assim induzo que três copos de sumo de laranja e colheres de mel agem em sentido curativo em todas as crianças do mundo». A lei do salto qualitativo está presente nesta indução: acumulam-se, gradualmente, exemplos de cura (a criança A, a criança B, a criamça C) até que o salto de qualidade, brusco, se dá de X casos particulares para uma lei geral. (VALE TRÊS VALORES).

 

3) D) A retórica é a arte de bem discursar oralmente - ou por escrito, de forma derivada - a um auditório, no sentido de impressionar e persuadir. Bem discursar não significa estar isento de sofismas (erros voluntários de raciocínio) e paralogismos (erros involuntários de raciocínio). A sofística é a filosofia e a retórica dos sofistas, pensadores gregos anti essencialistas que ensinavam retórica, direito, política, etc, com remuneração. Assentava no cepticismo, que duvida de tudo o que fôr além das percepções empíricas, no relativismo que diz que a verdade varia com os povos, as classes e grupos sociais, no subjectivismo que postula que a verdade varia de pessoa a pessoa, no pragmatismo, que prefere os resultados práticos, a utilidade da situação real aos ideais "inúteis" e metafísicos. (VALE TRÊS VALORES).

 

 

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Quinta-feira, 7 de Março de 2013
Teste de filosofia do 10º ano de escolaridade (2º teste do 2º período, 2013)

 

 Eis um teste de filosofia de final de 2º período lectivo do 10º ano de escolaridade, em Portugal, na linha do ensino da filosofia baseado na compreensão, invenção e relacionação de conteúdos metafísicos, éticos, gnosiológicos, etc, evitando a redução ao deserto da lógica formal e a interpretação minimalista do programa.

 

Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja

TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA C
4 de Março de 2013.            Professor: Francisco Queiroz

 

"Aparentemente, pelo menos, o imperativo categórico de Kant é mais difícil de pôr em prática do que a moral utilitarista de Stuart Mill. Lao Tse, filósofo do taoísmo, escreveu que  «o santo conhece sem viajar, compreende sem olhar, realiza sem agir.» e isto liga-se ao combate entre racionalismo e empirismo e tem alguma semelhança com a ética do estoicismo.”

 

1) Explique, concretamente, este texto.

II

2) Relacione, justificando:

A) Lei dialéctica da contradição principal e binómio esquerdas/direitas em política.
B) Hierarquia dos valores, esfera dos valores vitais e esfera dos valores espirituais na doutrina de Max Scheler.
C) Indução amplificante, dedução e percepção empírica.

                                                                                                                    III

3) Construa um diálogo entre um anarquista, um comunista leninista, um social-democrata (socialista democrático), um liberal e um fascista sobre a propriedade das fábricas e quem as deve gerir, e sobre o valor da democracia parlamentar ou liberal (burguesa).

 

CORREÇÃO DO TESTE COTADO EM 20 VALORES

 

1) O imperativo categórico em Kant sustenta a equidade, o agir respeitando todos como pessoa humana: «Age como se quisesses que a tua acção seja uma lei universal da natureza». Isto é impraticável em certos casos como, por exemplo, o de um capitão de um navio que se afunda e tem de escolher entre 200 passageiros em risco de morrer os 30 que devem ir no único salva-vidas disponível. A ética utilitarista de Stuart Mill rege-se pelo princípio da maior felicidade, isto é, a acção deve proporcionar felicidade à maioria dos envolvidos numa situação, mesmo prejudicando algumas pessoas, a minoria. E no caso dos 30 passageiros a ser salvos entre 200 cujas vidas se perderiam, o utilitarismo não conseguiria sequer aplicar o princípio da felicidade da maioria dos envolvidos na situação (ESTAS FRASES VALEM TRÊS VALORES). Lao Tse, filósofo do taoísmo, uma doutrina quietista que assenta na oscilação entre o Yang (dia, luz, movimento) e o Yin (noite, escuridão, repouso), defendeu que se conhece sem viajar, e se compreende sem olhar, isto é, defendeu o racionalismo - a grande fonte dos nossos conhecimentos é o raciocínio, a razão - e minimizou o empirismo - doutrina que diz que as percepções empíricas são a fonte dos conhecimentos e moldam as nossas ideias. O taoísmo, doutrina que preconiza, racionalmente, o não agir, isto é, o não ser ambicioso, não lançar guerras, não seguir as carreiras de político e universitário, é semelhante ao racionalismo estóico porque este preconiza o autodomínio, não ser ambicioso nem colérico, não lançar guerras, não se importar com a opinião injusta dos outros, aguentar e abster-se. (ESTAS FRASES VALEM QUATRO VALORES).

 

2) A) A lei dialéctica da contradição principal sustenta que um sistema de múltiplas contradições/ contrariedades pode ser reduzido a uma única contradição, chamada contradição principal, agrupando num dos polos um bloco de contradições, secundárias entre si, e no outro polo as restantes ou quase todas as restantes contradições. A contradição principal manifesta-se, muitas vezes, entre as esquerdas - o bloco social e político desconfiado dos ricos capitalistas ou mesmo inimigo destes enquanto classe social- e as direitas - o bloco das pessoas amigas dos capitalistas privados, em geral, e do valor liberdade empresarial por cima do valor igualdade social. Em momento de eleição presidencial em segunda volta, como sucedeu em 16 de Fevereiro de 1986, as esquerdas socialista, comunista, trotskista e alguns semi amarquistas uniram-se num polo da contradição principal e votou Mário Soares (51% dos votos); as direitas PSD, CDS, monárquica e outa formaram o outro polo da contradição principal, votando Freitas do Amaral (49% dos votos). (VALE TRÊS VALORES)

 

2)  B) Hierarquia de valores é uma escala ou escadaria de valores, dos mais altos aos mais baixos. Nas quatro esferas de valores idealizadas por Max Scheler há uma hierarquia: em baixo, a esfera dos valores sensíveis (o prazer e a dor; o útil e o inútil), um patamar acima está a esfera dos valores vitais (o nobre e o vulgar, os sentimentos de alegria e tristeza, ciúme, orgulho, humilhação, saúde e juventude, doença e velhice, etc), um patamar acima está a esfera dos valores espirituais (estética: o belo e o feio; ética: o bem e o mal e o concomitante direito, o legal e o ilegal; filosofia ou descoberta da verdade em si e as concomitantes ciências, fundadas na utilidade, verdades por referência). (VALE TRÊS VALORES)

 

2) C) A indução amplificante - inferir de alguns casos particulares, empíricos, uma lei geral; exemplo, observo 200 sobreiros e verifico que em todos se forma uma casca de cortiça e induzo que «Todos os sobreiros do mundo produzem cortiça»- baseia-se na percepção empírica ou observação directa pelos sentidos (visão, tacto, etc; vejo a cortiça nos sobreiros). A dedução- inferir de uma lei ou tese geral para outra tese geral ou para casos particulares - também se relaciona com a percepção empírica (o ver, o tocar, o cheirar, etc) na medida em que esta última confirma ou não a dedução. (VALE TRÊS VALORES)

 

3) Anarquista: «A propriedade das fábricas deve ser dos trabalhadores e elas devem ser geridas pela assemleia geral de todos os trabalhadores. Queremos a autogestão e não a nacionalização (o Estado patrão) nem a privatização (o patrão capitalista privado).

Comunista : «A propriedade das fábricas deve ser de todo o povo, elas devem ser nacionalizadas a fim de garantir emprego aos trabalhadores e dirigidas por funcionários comunistas que asseguram a realização do plano de produção colectivista decidido pelo governo leninista».

Social-democrata: «As fábricas devem estar, em grande parte na mão de capitalistas privados, aos quais serão aplicados altos impostos progressivos, mas algumas (minas, siderurgia, armamento, etc) devem estar nacionalizadas, ser propriedade do Estado, a fim de fortalecer a classe média.»

Liberal: «As fábricas devem estar todas ou quase todas nas mãos de capitalistas privados, que são o motor da economia.»

Fascista: «As fábricas devem ser dos patrões mas estes não poderão fechá-las nem despedir operários a seu bel-prazer. O Estado nacional fascista terá algumas empresas nacionalizadas - electricidade, minas, siderurgia, etc - e  zelará para que não haja greves nem protestos de esquerda ou outros nas fábricas em geral.»

 

Anarquista: « A democracia parlamentar é um Estado e todos os Estados são ditaduras da classe capitalista ou das classes feudais e semifeudais sobre os trabalhadores. Os anarquistas desprezam as eleições ao parlamento pois estas nunca levam à autogestão, ao poder do povo.»

Comunista leninista:« A democracia parlamentar é melhor que o fascismo mas é um regime que protege os capitalistas privados e a desigualdade social. Os comunistas concorrem às eleições legislativas e autárquicas locais mas gostariam mais de uma ditadura de esquerda, em que a economia fosse nacionalizada sob um governo comunista.»

Socialista democrático: «A democracia parlamentar é o melhor regime político porque os cidadãos gozam de liberdades de greve, imprensa, manifestação de rua, iniciativa empresarial e escolhem livremente através do voto quem os deve governar.»

Liberal: «A democracia parlamentar é o melhor regime político porque os cidadãos gozam de liberdades de greve, imprensa, manifestação de rua, iniciativa empresarial e escolhem, livremente, através do voto quem os deve governar.»

Fascista: «A democracia parlamentar é um regime de fraca qualidade porque permite a liberdade de acção de anarquistas, comunistas, socialistas, gays, lésbicas, emigrantes indesejados, e entrega aos riquezas da pátria áo capital estrangeiro. Os fascistas desejam um Estado nacional, de partido único, uma ditadura de direita.» (VALE QUATRO VALORES)

 

  

 

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