Além da lógica aristotélica, é abordada neste teste a dialética, lógica do movimento. Muito poucos professores de filosofia conhecem as leis da dialética, que não são mencionadas em nenhum manual de filosofia para o ensino secundário do 10º e 11º anos de escolaridade em Portugal, o que evidencia duas coisas: a ignorância dos autores de manuais nesta matéria; o domínio avassalador nas universidades da filosofia analítica, corrente que, de um modo geral, ignora a dialética e exprime indirectamente a ideologia dos imperialismos norte-americano e britânico no ensino de massas e na cultura mundial, interessados em omitir a metafísica cristã e o debate político com o socialismo reformista, o socialismo marxista, o estalinismo, o anarquismo.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B
25 de Novembro de 2016. Professor: Francisco Queiroz
I
“Alguns médicos são adeptos da vacinação.
Os laboratórios farmacêuticos são adeptos da vacinação.
Os laboratórios farmacêuticos não são médicos.”
1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.
1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo.
II
“Um só caminho nos fica – o Ser é! Existem milhares de sinais de sinais demonstrativos de que o Ser é incriado, imperceptível, perfeito, imóvel, eterno, não sendo lícito afirmar que o Ser foi ou que será, porque é Ser a todo o instante, uno e contínuo…(Parménides de Eleia)
2-A) Explique o que é o Ser segundo Parménides, com base no texto e em outras fontes, e relacione Ser com realismo, idealismo e fenomenologia.
2-B) Diga em que se diferencia a noção de ser em Parménides da noção de ser em Hegel. Justifique
3) Relacione, justificando:
3-A) Falácia depois de por causa de, falácia da composição e Indução amplificante.
3.B) Lei do Salto Qualitativo e Três formas de Estado ou Três Mundos na fase da humanidade, em Hegel
3-C) Lógica Formal, Lógica Material e Argumentação.
CORREÇÃO DO TESTE COM A COTAÇÃO TOTAL DE 20 VALORES
I
A) Três regras infringidas da validade do silogismo acima foram: de duas permissas afirmativas não se pode extrair uma conclusão negativa; nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas (alguns médicos na permissa maior/ nenhuns médicos, na conclusão); o termo médio (adeptos da vacinação ) tem de ser tomado pelo menos uma vez universalmente e está tomado apenas no sentido de «alguns» e não de «todos». (VALE TRÊS VALORES).
1-B) O modo do silogismo é IAE, a figura é PP (predicado e predicado refere-se à posição do termo médio nas premissas) ou 2ª figura.(VALE UM VALOR).
2) A ontologia de Parménides de Eleia diz que a única realidade é o ser, um ente uno, imóvel, imutável, esférico, invisível, imperceptível, eterno, que não foi nem será porque é eternamente o mesmo e diz que «ser e pensar são um e o mesmo». A mudança das cores, o nascimento, o crescimento, o decrescimento e a morte, a sucessão das estações do ano e todas as mudanças são aparências, ainda que o ser possa estar subjacente a elas, escondido atrás delas. A interpretação realista desta frase «ser e pensar são um e o mesmo». é: o pensamento é idêntico ao ser, é espelho do ser material ( e aqui podemos «ler» o ser como realismo, doutrina que sustenta que o mundo de matéria é real em si mesmo). A interpretação idealista da mesma frase é: o ser é pensamento, nada existe fora da ideia absoluta que é o ser, e o mundo de matéria, com a mudança das estações do ano, o nascimento e a morte não passa de ilusão (idealismo é a teoria que afirma que o mundo material é irreal é como um sonho dentro da minha ou das nossas imensas mentes). A fenomenologia é a doutrina céptica no seu fundo que afirma que a mente humana e a matéria são correlatas não se sabendo se o mundo material existe em si mesmo ou não. (VALE QUATRO VALORES)
2-B) Para Parménides, o ser é invisível, imóvel, imutável, exclui as aparências empíricas. Para Hegel, o ser é invisível e visível consoante as épocas, é mutável, inclui as aparências empíricas (o verde das árvores, o calor do sol, etc) e desdobra-se em três fases, segundo a lei da tríade: fase lógica, Deus sozinho antes de criar o universo o espaço e o tempo (é a tese ou afirmação, o primeiro momento da tríade); fase da natureza, na qual Deus se aliena ou separa de si mesmo ao transformar-se em espaço, tempo, astros, pedras, montanhas, rios, plantas e deixa de pensar (é a antítese ou negação, o segundo momento da tríade); fase da humanidade ou do espírito, em que a ideia absoluta/Deus emerge com a aparição da espécie humana, que é Deus encarnado evoluindo em direção a si mesmo, por sucessivas formas de estado, desde o despótico mundo oriental até ao mundo cristão da Reforma protestante onde todos os homens são livres (é a síntese ou negação da negação) (VALE TRÊS VALORES).
3-A) A falácia depois de por causa de é o erro de raciocínio que atribui uma relação necessária de causa efeito a dois fenómenos vizinhos por acaso (exemplo: «Há 10 dias vi um gato preto e caí da bicicleta, há 5 dias vi outro gato preto e perdi a carteira, ontem vi um gato preto e o meu telemóvel avariou, logo ver gatos pretos dá-me azar). A falácia da composição é aquela que faz uma generalização errónea, passa abusivamente de um ou poucos exemplos para uma conclusão geral (exemplo: «Cristiano Ronaldo é um dos dez melhores futebolistas do mundo, Cristiano é do Real Madrid, logo a equipa do Real inclui os dez melhores futebolistas do mundo») é uma indução precipitada, ao contrário da indução amplificante ou científica que é a generalização, segundo uma lei necessária, de numerosos exemplos empíricos particulares (exemplo: «fizemos milhares de experiências juntando um ácido e uma base e deu sempre um sal, neutro, mais água, logo induzimos que a mistura de um ácido e uma base gera um sal e água»). O que todas têm em comum é que generalizam, mal ou bem, a partir de um ou alguns casos particulares. (TRÊS VALORES).
3.B) A lei do salto qualitativo postula que a acumulação lenta e gradual em quantidade de um dado aspecto de um fenómeno leva a um salto brusco ou nítido de qualidade nesse fenómeno.O progresso da humanidade na terceira fase do ser, segundo Hegel, exprime-se através de três formas de estado sucessivas- no início, o despotismo oriental, em que só um homem é livre, o imperador de direito divino ou o faraó, séculos depois o estado greco-romano, em que só alguns homens são livres e servos e escravos não são livres e por último o estado do cristianismo reformado por Lutero em que todos os homens são livres de examinar a Bíblia sem a manipulação do clero católico romano, completado em 1789-1799 pela revolução francesa que implantou a democracia baseada na liberdade, igualdade e fraternidade.
Dentro de cada fase/estado vai havendo, lentamente, uma mudança quantitativa lenta até que num dado instante se produz um salto grande. Exemplo: na Idade Média, ainda pertencente ao mundo greco-romano sob o domínio do catolicismo na Europa, crescem as heresias que se opõem aqui e ali ao papado romano que não deixa livres os camponeses e outras classes. A reforma de Lutero é o salto brusco de qualidade que cria um centro religioso oposto a Roma, inaugurando a fase do estado cristão reformado. (VALE QUATRO VALORES).
3-C) Lógica formal é a ciência do pensamento formalmente correcto ou válido, independentemente do seu conteudo concreto. Lógica material é a aplicação da lógica formal à natureza biofísica e às ideias concretas (exemplo: tem lógica material dizer a abelha comeu mel mas não tem lógica informal dizer o mel comeu a abelha). A argumentação ou arte de encadear juízos e raciocínios, com certa dose de subjetividade ou intersubjectividade (ideologia), visando convencer um auditório, implica lógica material e lógica formal. (VALE DOIS VALORES).
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
A manifestação de cerca de um milhão de pessoas em Paris, neste dia 11 de Janeiro de 2015, tem um duplo carácter: por um lado, defende a liberdade de imprensa aparentemente posta em causa pelo massacre de cartoonistas que nos seus desenhos despiam o profeta Maomé e o punham «de quatro» com uma estrela no rabo, sugerindo homossexualidade física; por outro lado, é um incitamento à exterminação implacável do Estado islâmico, que se expande na Síria e no Iraque, dissidência «filosófica» no consenso «democrático» internacional de que o radicalismo árabe e palestino é «mau, criminoso» e de que «o Estado de Israel é bom, civilizado, democrático e o Ocidente defende a liberdade». É pois uma manifestação com um lado revolucionário e um lado contra-revolucionário.
Julgo que, se estivesse em Paris, eu só participaria na grande manifestação de repúdio ao atentado de militantes árabes contra o jornal satírico anti-islâmico «Charlie Hebdo» em 7 de Janeiro de 2015, se pudesse levar uma grande faixa de pano visível com os dizeres «Imperialistas franceses e norte-americanos, deixem de bombardear o Estado Islâmico que vós mesmos criastes! » A manifestação é completamente manipulada pelo grupo de Bilderberg e os sionistas...François Holande, David Cameron, Angela Merkel, Passos Coelho, Rajoy e outros farsantes, agentes da globalização anti operária, lado a lado a gritar «Pela liberdade» (deles, claro)! A democracia liberal europeia é imperialista...
Onde estava o 1 milhão de pessoas que hoje se manifestou em Paris contra o massacre de 10 jornalistas do «Charlie Hebdo« e 7 outras pessoas - um simples acto de guerra - quando Israel, de 8 de Julho a 26 de Agosto de 2014, bombardeou sistematicamente Gaza, invadiu esta por terra, destruindo edificios de apartamentos, escolas, etc, matando 2.104 palestinos, incluindo famílias inteiras de civis, e morrendo 73 israelenses? Onde estavam François Holande e a nata dos eurocratas nesses 51 dias de terror em Gaza? Nos seus gabinetes e cerimónias protocolares, apoiando, discretamente, Israel. E agora proclamam «Je suis Charlie»? Deixem-se de hipocrisias! O «Charlie Hebdo», ao serviço da Mossad israelita, ridicularizava o profeta Maomé, desnudando-o e pondo-o «de quatro» nas caricaturas, a fim de desmoralizar os islâmicos e a sua resistência no Iraque e na Síria aos bombardeamentos da aviação francesa e norte-americana. Por isso, os cartoonistas foram executados por militantes da Jihad: olho por olho, dente por dente. O islamismo é hoje uma ideologia revolucionária na medida em que preconiza o fim do papel moeda e do sistema financeiro ocidental e a sua substituição por moeda metálica - Sadam Hussein quis abolir o dólar como meio de pagamento na esfera económica petrolífera do Iraque e pagou com a invasão militar norte-americana do seu país, em Março de 2003, e a morte por enforcamento, meses depois. A Reserva Federal dos EUA, o seu presidente na Casa Branca de Washington e o lobby judaico não perdoam...
Se não está a servir Israel e os EUA, facto que importa apurar, o Estado islâmico parece ser um instrumento de defesa autoritária, militar, dos árabes mais extremistas face ao imperialismo ocidental tal como o Estado bolchevique o foi, em 1918-1921, contra os exércitos estrangeiros. E na guerra, os direitos humanos à vida e à liberdade desaparecem frequentemente...
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© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Exponho algumas reflexões avulsas sobre o quotidiano deste Janeiro de 2015.
A HIPOCRISIA DOS COMENTADORES DA RTP SOBRE O TERRORISMO ÁRABE- Fernando de Sousa, professor universitário, comentou na RTP, a propósito do massacre no «Charlie Hebdo»: «Não se percebe por que razão esses atentados são todos islamistas.» E frei Fernando Ventura, franciscano, exclamou indignado sobre os irmãos franco-argelinos Kouachi que executaram o massacre: «Isto não é uma guerra de religião, é um grupo de criminosos...»
Tanto um como outro destes comentadores escondem os crimes do imperialismo norte-americano e europeu contra os povos árabes: a invasão norte-americana do Iraque em 19 de Março de 2003 ou a invasão da faixa de Gaza pelas tropas de Israel a partir de 16 de Julho de 2014 foram muitíssimo mais criminosas do que o ataque ao «Charlie Hebdo» de 7 de Janeiro de 2015. Os árabes defendem-se e são taxados de «terroristas». O Ocidente invade, mata milhares e é classificado como «democrático», «civilizado»... Ideologia, só ideologia partidária...Os irmãos Kouachi classificaram o «Charlie Hebdo» como um clube de propaganda ideológica anti-árabe e os seus cartonistas como soldados e não como civis e, nesse sentido, os executaram. É a guerra, a luta de classes
.LUTA DE CLASSES - O terrorismo árabe em França insere-se na luta de classes à escala internacional: os povos árabes, em particular os palestinianos, movidos por uma ideologia religiosa intolerante, explorados no seu petróleo e invadidos no seu espaço natural por tropas norte americanas e pelo sionismo do Estado de Israel, de um lado, contra o Ocidente (EUA, UE, Israel) rico mas em crise, do outro lado. Em 7 de Janeiro de 2015, os terroristas erraram - ou não? - o alvo ao massacrarem a redação do «Charlie Hebdo», em Parios, um jornal satírico de esquerda que até apoiava a Palestina livre da ocupação sionista, embora ridicularizasse o Islão e as religiões em geral....
A questão que se levanta é: o islamismo, radical ou não, expandindo-se na Europa levará à fascização religiosa gradual desta? Ou tornar-se-á tolerante com as outras religiões, por adquirir uma posição hegemónica? O Islão não é o nazismo: pune ou mata em nome de Deus, ao passo que Hitler e as SS e as SA alemãs, em 1933-1945, puniam e matavam em nome de si mesmas e do III Reich.
O ATENTADO QUE PAGOU AS DÍVIDAS- O jornal satírico francês «Charlie Hebdo» estava prestes a fechar, no início de 2015. Não pagara sequer os salários de Dezembro de 2014 aos cartoonistas e outros membros. Mas o atentado de 7 de Janeiro de 2015, com o massacre de 10 jornalistas, salvou o «Charlie Hebdo» de fechar: com a venda de 5 milhões de exemplares arrecadou 10 milhões de euros e vai sobreviver. Há qualquer coisa de estranho nisto- para além da sacralização que constitui a corrida às bancas de jornais de centenas de milhar de pessoas para comprar a «relíquia» dos santos, o último exemplar do «Charlie»...
ASTROLOGIA HISTÓRICA E TEORIA DE EINSTEIN- A teoria de Astrologia Histórica que neste blog exponho e é de minha autoria é epistemicamente muito superior à Astrologia Tradicional e é superior à teoria de Einstein e à teoria de Hawking e Penrose. O espantoso é constatar a estupidez das «nossas» universidades, editoras de livros, estações de televisão e jornais: nunca me pedem colaboração teórica, artigos, estudos, exposição destas teses geniais, fundadas em factos históricos indiscutíveis, que revelam o determinismo zodiacal absoluto dos factos sociais na máquina mundi. Medíocres catedráticos, medíocres editores, medíocres jornalistas, medíocres políticos, temerosos da verdade, de quem viu muito mais além do que eles. Somos governados por uma canalha intelectual sem coragem, que opera em rede para abafar a dissidência.
SYRIZA, A CEREJA (SYREZA) NO TOPO DO BOLO EUROPEU- A cereja é vermelha tal como a cor do Syriza, uma coligação da classe operária e de classes médias na Grécia, que ontem venceu as eleições legislativas na Grécia, com 149 deputados eleitos num total de 300. É um sismo político na Europa: uma força marxista que se opõe à política monetarista da banca que empresta a juros demolidores para os bolsos dos pobres e remediados, sobe ao poder na Grécia e levanta a bandeira anti-usura da troika.
A FESTA DOS FINALISTAS DO LICEU DE BEJA EM 23-24 DE JANEIRO DE 2015 DESPOLETOU A VITÓRIA DO SYRIZA NA GRÉCIA?
O tema da festa dos alunos finalistas do 12º ano da Escola Secundária Diogo de Gouveia (vulgo: Liceu de Beja), na noite de 23 para 24 de Janeiro de 2015, foi «Morangos com Açúcar»...Creio que os MORANGOS por serem vermelhos «arrastaram» a vitória, simbolizada no Açúcar (a vitória é doce), da CEREJA, também vermelha - isto é do SYRIZA grego, cujas bandeiras são VERMELHAS; Cereja transforma-se cabalisticamente em CERISE, em francês, e CEREJA, em português - no dia 25 de Janeiro de 2015, dia que se seguiu a esta festa do LICEU (palavra que trocando as letras, sugere ULICE ou ULISSES herói da Grécia antiga) ...
Também não é coincidência fortuita o facto de, em 25 de Janeiro de 2015, falecer o cantor GREGO Demis Roussos, aos 68 anos de idade, nascido em ALEXandria e no mesmo dia, ALEXIS Tsipras adquirir o direito a governar a GRÉCIA dado que o seu partido, o Syriza, vence as eleições legislativas com 149 deputados em um total de 300: quando um ALEX (Roussos, de ALEXANDRIA) desaparece, outro ALEX emerge... lei da compensação.
VIVER SÓ TEM EXTRAORDINÁRIA BELEZA- Há uma grande beleza em viver só, desde que se tenha saúde, dinheiro e uma casa condigna. O pensamento desenvolve-se, desliga-se das sensações eróticas e gastronómicas ou materiais em geral por algumas horas em cada dia. Não aturamos mulher, que só às vezes é verdadeiramente interessante, como quando está no quarto ou na sala de estar em lingerie. Basicamente, as mulheres servem o nosso objectivo de satisfação sexual mútua: a principal utilidade da mulher é ser a nossa mesa erótica, o corpo que beijamos e «devoramos», conversar e ajudar na lida da casa. O resto é poesia, entreajuda espiritual - ah, mas elas são muito úteis na lida da casa, mais perfeitas que nós. E sendo nossas filhas são maravilhosas companhias, em regra, que, de tempos a tempos, vêem o pai.
O ideal é ter uma amiga colorida (amante de ocasião, amiga de há anos) que venha a nossa casa, uma ou duas vezes por semana, para realizarmos o êxtase sexual propiciatório à deusa Vénus - com sutiãs, ligas, saias tigresas, etc. E essa relação com a mesma amiga pode durar anos, se houver amor, e não implica viver permanentemente juntos. É o melhor a que se pode aspirar.
NÃO SOMOS NADA, NEM NINGUÉM- Enquanto estamos visíveis e somos úteis, de um modo ou outro, a pessoas, conhecidas ou desconhecidas, parece que somos reais, que temos quem goste de nós ou se impressione com o nosso poder social, económico, político ou biofísico. «Olá, professor, não se esqueça do teste» - diz o aluno. «Liga-me» - diz a mulher sexualmente interessada. «Estava boa a comida?»- pergunta o empregado do restaurante. Mas é tudo transitório. Só enquanto tens presença e poder te ligam, te respeitam.
Se mergulhares numa doença grave de longa duração, no desemprego de longa duração e na pobreza, se não apareceres nos cafés, nas praças públicas, no facebook ou no círculo de amigos profissionais, se deixares de ter automóvel ou uma casa condigna já ninguém ou quase ninguém se importa contigo e quase ninguém te contacta ou ajuda. Alguém liga a Fernando Pessoa ou a Saramago? Não. Já morreram. Alguém liga a Mário Soares, com 90 anos de idade e frágil? Alguns, mas não milhões de pessoas como sucedeu quando era 1º ministro ou presidente da república em Portugal. Mesmo os teus filhos ou os teus pais só te ligam enquanto tiverem de ti uma presença agradável, uma memória positiva de pessoa activa, mais ou menos jovem e bela. Se ficares desfigurado, com cara de monstro, todos fugirão de ti. O interesse, a busca do prazer, nas suas várias modalidades, governam o agir de cada indivíduo e todas as pessoas te são estranhas, em graus diversos
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