Esther Vilar (16 de Setembro de 1935, Buenos Aires), escritora e psicóloga, feminina mas não feminista radical, sustentou em 1971, no seu livro O homem subjugado que o poder das mulheres é superior ao dos homens na sociedade aparentemente patriarcal dos anos 70 do século XX - e por maioria de razão hoje no século XXI. Escreveu:
«"A primeira opressão social é a da mulher pelo homem", disse Friederich Engels numa frase célebre. Engels confundiu poder e violência. Como depois dele fizeram muitos homens de esquerda, cometeu na sua crítica o erro de transpor para a luta dos sexos as estruturas de domínio que se apoiam sobre a violência física. Pelo facto de o homem ser muscularmente mais forte e consequentemente ganhar dinheiro, Engels imaginou que o homem exercia o poder e a mulher o sofria. Certamente que é possível submeter uma classe social pela violência física, mas não é assim que se decide o poder quando se trata do domínio de um sexo por outro.»
«Nesta luta, o menos forte fisicamente não é o oprimido potencial, é o mais forte que o é. O homem que deseja uma mulher jamais será o seu déspota. O déspota será a mulher, pois que é ela a desejada. Se a maior parte das mulheres, por causa da sua inferioridade física e espiritual mais desejo ainda inspiram ao homem, "a primeira opressão social" não pode ser a da mulher pelo homem, mas a do homem pela mulher. De resto, em geral, quando tudo segue para a mulher, as coisas vão bem pior ainda para o marido.»
«O poder da mulher é a infraestrutura de todos os edifícios sociais, de todas as relações de forças. Um sistema social onde o domínio não se apoie sobre a satisfação dos nossos instintos primordiais, nunca poderá ser mais que uma superestrutura, e os seus chefes não poderão exercer mais que um domínio limitado ao qual os parceiros sexuais e objectos biológicos não dão qualquer valor. (...) Sem o assentimento da mulher, o fascismo, o imperialismo ou a inquisição nunca teriam sido possíveis. Se não dependessem das mulheres, nunca os homens se tornariam instrumentos de tais sistemas. Para sofrer a violência de um destes sistemas secundários e ver-se obrigado a aceitar o terror, a hipocrisia e a traição, a condição prévia está em um ser humano estar ligado a outro pelos seus instintos mais primordiais. O poder da mulher faz o jogo da violência universal».
«Padres da Igreja, políticos e ditadores, todos conhecem esta lei não escrita. O acto político mais importante de um déspota é sempre o de lisonjear a mulher, bajulá-la. Todos os ditadores o sabem: se por eles tiverem a mulher, o homem automaticamente enfileirará do seu lado. Assim, enquanto a Igreja recomendar a mulher como objecto a proteger, o homem aceitará que os seus filhos sejam educados nesta fé por criaturas invisíveis, necessárias à perpetuação do culto. Enquanto os políticos prometerem à mulher facilidades de ordem social, poderão com inteira tranquilidade de consciência nada alterar no serviço militar nem nas reformas dos homens. Enquanto os ditadores renunciarem a exércitos de mulheres, não terão qualquer dificuldade em enviar para guerra os homens jovens.»
(Esther Vilar, Sexo Polígamo, Editorial Futura, Carlos & Reis Lda, Lisboa, 1978, pp. 49-51; o destaque a negrito é posto por nós).
A actual sociedade democrática é matriarcal e configura uma ditadura ginocrática mundial. A rainha de Inglaterra, uma mulher, que David Icke afirma tomar a forma de um lagarto em cerimónias satânicas no castelo de Balmoral, é a cabeça coroada do império britânico. Angela Merkel e Teresa May são as primeiras ministras da Alemanha e do Reino Unido nestes anos de 2017 e 2018, em que, na Suécia e nos EUA, irrompeu um movimento de denúncias públicas femininas sobre "acosso sexual" feito por homens célebres que gerou expulsões de cargos em instituições de actores e directores de cinema, políticos, juízes, jornalistas influentes, homens da cultura. Julian Assange, fundador da Wikileaks, está refugiado na embaixada do Equador em Londres, acusado de «violar» uma mulher que aceitou ir com ele para a cama na Suécia. Há anos, Dominique Strauss Khan, socialista, director do FMI, foi destituído porque uma empregada de hotel nos EUA se queixou de "acosso sexual". Há escolas onde alunas com más notas acusam maldosamente professores de "assédio sexual" para se vingarem deles. As mulheres são as grandes manipuladoras dos homens, são elas o sexo forte que domina os homens, o sexo fraco.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
A manifestação de cerca de um milhão de pessoas em Paris, neste dia 11 de Janeiro de 2015, tem um duplo carácter: por um lado, defende a liberdade de imprensa aparentemente posta em causa pelo massacre de cartoonistas que nos seus desenhos despiam o profeta Maomé e o punham «de quatro» com uma estrela no rabo, sugerindo homossexualidade física; por outro lado, é um incitamento à exterminação implacável do Estado islâmico, que se expande na Síria e no Iraque, dissidência «filosófica» no consenso «democrático» internacional de que o radicalismo árabe e palestino é «mau, criminoso» e de que «o Estado de Israel é bom, civilizado, democrático e o Ocidente defende a liberdade». É pois uma manifestação com um lado revolucionário e um lado contra-revolucionário.
Julgo que, se estivesse em Paris, eu só participaria na grande manifestação de repúdio ao atentado de militantes árabes contra o jornal satírico anti-islâmico «Charlie Hebdo» em 7 de Janeiro de 2015, se pudesse levar uma grande faixa de pano visível com os dizeres «Imperialistas franceses e norte-americanos, deixem de bombardear o Estado Islâmico que vós mesmos criastes! » A manifestação é completamente manipulada pelo grupo de Bilderberg e os sionistas...François Holande, David Cameron, Angela Merkel, Passos Coelho, Rajoy e outros farsantes, agentes da globalização anti operária, lado a lado a gritar «Pela liberdade» (deles, claro)! A democracia liberal europeia é imperialista...
Onde estava o 1 milhão de pessoas que hoje se manifestou em Paris contra o massacre de 10 jornalistas do «Charlie Hebdo« e 7 outras pessoas - um simples acto de guerra - quando Israel, de 8 de Julho a 26 de Agosto de 2014, bombardeou sistematicamente Gaza, invadiu esta por terra, destruindo edificios de apartamentos, escolas, etc, matando 2.104 palestinos, incluindo famílias inteiras de civis, e morrendo 73 israelenses? Onde estavam François Holande e a nata dos eurocratas nesses 51 dias de terror em Gaza? Nos seus gabinetes e cerimónias protocolares, apoiando, discretamente, Israel. E agora proclamam «Je suis Charlie»? Deixem-se de hipocrisias! O «Charlie Hebdo», ao serviço da Mossad israelita, ridicularizava o profeta Maomé, desnudando-o e pondo-o «de quatro» nas caricaturas, a fim de desmoralizar os islâmicos e a sua resistência no Iraque e na Síria aos bombardeamentos da aviação francesa e norte-americana. Por isso, os cartoonistas foram executados por militantes da Jihad: olho por olho, dente por dente. O islamismo é hoje uma ideologia revolucionária na medida em que preconiza o fim do papel moeda e do sistema financeiro ocidental e a sua substituição por moeda metálica - Sadam Hussein quis abolir o dólar como meio de pagamento na esfera económica petrolífera do Iraque e pagou com a invasão militar norte-americana do seu país, em Março de 2003, e a morte por enforcamento, meses depois. A Reserva Federal dos EUA, o seu presidente na Casa Branca de Washington e o lobby judaico não perdoam...
Se não está a servir Israel e os EUA, facto que importa apurar, o Estado islâmico parece ser um instrumento de defesa autoritária, militar, dos árabes mais extremistas face ao imperialismo ocidental tal como o Estado bolchevique o foi, em 1918-1921, contra os exércitos estrangeiros. E na guerra, os direitos humanos à vida e à liberdade desaparecem frequentemente...
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