Em um debate com intelectuais jesuítas que postulam, citando Hegel e Heidegger, ser possível unir religião e filosofia, superando o dualismo ontológico da velha metafísica, discordo. Sustento que a união da religião e da filosofia é uma impossibilidade. Lembro que não existe a religião mas múltiplas religiões e também não existe a filosofia mas múltiplas filosofias. É claro que Hegel usa a razão (Vernunft), a arma do pensamento holístico ( «A verdade é o todo») para integrar a religião sob as abóbadas da SUA filosofia. Ele escreveu :
«O Reino de Deus é, antes de mais, a Igreja Invisível, que engloba todas as regiões e as diferentes religiões; em seguida, a Igreja exterior.»
«Na igreja Católica, a comunidade cinde-se em sacerdotes e leigos. Aqueles são os plenipotenciários e exercem a força. A reconciliação com Deus torna-se, em parte, externa; domina sobretudo entre os católicos, uma realidade não espiritual da religião. Entre os protestantes, os sacerdotes são apenas mestres. Na comunidade, todos são iguais perante Deus como espírito presente da comunidade. As obras, como tais, são impotentes. Interessa a fé, a disposição de ânimo. O mal conhece-se como nada em si e por si. Esta dor deve penetrar o homem. Ele deve receber livremente a graça de Deus...(George Wilhelm Friedrich Hegel, Propedêutica Filosófica, Edições 70, pág. 84)
Na primeira carta as cristãos, capítulo 2, São João sustenta que o cristianismo implica não amar o mundo, a concupiscência da carne, e ainda que o Anticristo - e aí poderíamos incluir o judaísmo,o islamismo, o budismo, o hinduísmo, as religiões animistas - é aquele que nega o Pai e o Filho Jesus Cristo:
«4 Eu vos escrevi, pais, porque já conhecestes aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno.
15 Näo ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai näo está nele.
16 Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, näo é do Pai, mas do mundo.
17 E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
18 Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora.
19 Saíram de nós, mas näo eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que näo säo todos de nós.
20 E vós tendes a unçäo do Santo, e sabeis tudo.
21 Näo vos escrevi porque näo soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade.
22 Quem é o mentiroso, senäo aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho.»
E no Evangelho de São João, 14: 5-8, o apóstolo assegura que a única via para chegar ao Paraíso, ao Pai Celeste, é Jesus Cristo:
5Disse-lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais, como podemos nós saber o caminho?» 6*Jesus respondeu-lhe: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir até ao Pai senão por mim. 7*Se ficastes a conhecer-me, conhecereis também o meu Pai. E já o conheceis, pois estais a vê-lo.»
Hegel é, portanto, um corruptor do cristianismo ascético, tal como os últimos papas da igreja católica romana, ao defender que todas as religiões e regiões constituem a igreja universal. O cristianismo autêntico é dualista, opondo-se ao ateísmo e às religiões do anti Cristo, ou não é cristianismo e mergulha na sopa do ecumenismo como hoje sucede.
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