Segunda-feira, 14 de Novembro de 2016
Teste de filosofia do 11º ano de escolaridade (9 de Novembro de 2016)

 

Este é o primeiro teste escrito de filosofia de uma turma do 11º ano de escolaridade na capital do Baixo Alentejo, Portugal. O teste é centrado na lógica aristotélica, na retórica e na gnoseologia.

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja

Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja

TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA A

9 de Novembro de 2016. Professor: Francisco Queiroz

I

“Algumas mulheres são doutoradas..

As feministas são mulheres..

As feministas não são doutoradas.».

1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.

1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo.

 

2)Construa o quadrado lógico das oposições à seguinte proposição:

«As vilas alentejanas possuem castelos»».

 

3)Distinga realismo crítico de Descartes do idealismo não solipsista subjetivo e da fenomenologia.

 

4)Tendo como primeira premissa a proposição «Se for a Évora, visito a Pousada dos Lóios», construa:

A) Um silogismo condicional modus ponens.

B)Um silogismo condicional modus tollens.

    

5)Relacione ethos, pathos e logos da retórica com argumentação, persuasão manipulatória e persuasão aleteiológica.

6) Defina e construa um exemplo de cada uma das seguintes falácias: depois de por causa de, do boneco de palha, da divisão, ad hominem, ad ignorantiam.

 

CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES

 

A) Três regras infringidas da validade do silogismo acima foram: de duas permissas afirmativas não se pode extrair uma conclusão negativa; nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas (algumas doutoradas, na permissa maior/ nenhumas doutoradas, na conclusão); o termo médio ( mulheres) tem de ser tomado pelo menos uma vez universalmente e está tomado apenas no sentido de «algumas» e não de «todas». (VALE TRÊS VALORES).

 

1-B) O modo do silogismo é IAE, a figura é SP (sujeito e predicado refere-se à  posição do termo médio nas premissas) ou 1ª figura.(VALE UM VALOR).

 

2) O quadrado lógico é o seguinte:

 

As vilas alentejanas possuem castelos.  As vilas alentejanas não possuem castelos

(TIPO A- Universal Afirmativa)      (TIPO E- Universal Negativa)

 

 

. Algumas vilas alentejanas possuem castelos Algumas vilas alentejanas não possuem castelos

(TIPO I - Particular Afirmativa)       (TIPO O -  Particular negativa)

 

As proposições A e E são contrárias entre si. As proposições I e O são subcontrárias entre si. As proposições I e O são subalternas respectivamente a A e E. A proposição A é contraditória com O e a proposição E é contraditória com I. (VALE DOIS VALORES)

 

3) O realismo crítico de Descartes é a teoria qiue sustenta que há um mundo real de matéria exterior às mentes humanas composto de uma matéria indeterminada, sem peso nem dureza/moleza, apenas formado de figuras geométricas, movimento, números (qualidades primárias, objetivas), sendo subjectivas, isto é exclusivamente mentais, as cores, os cheiros, os sabores, as sensações do tacto, o calor e frio (qualidades secundárias, subjectivas). O idealismo não solpsista ou pluralista e subjetivo é a teoria que sustenta que o mundo material é ilusório, existe apenas dentro de uma multiplicidade de mentes humanas e cada uma delas constrói esse mundo de modo diferente das ( «A torre de Belém que eu invento/vejo não é igual à torre de Belém que tu inventas/ vês»), A fenomenologia é a ontologia, nem realista nem idealista, mas cética no seu fundo, que sustenta não saber se o mundo material subsiste ou não fora das mentes humanas. (VALE QUATRO VALORES).  

 

                  

4) a)  Se for a Évora, visito a Pousada dos Lóios.

          Vou a Évora.

          Logo, visitarei a Pousada dos Lóios.     (VALE UM VALOR)

 

4.b)  Se for a Évora visito a Pousada dos Lóios..

         Não visitei a Pousada dos Lóios.

         Logo, não fui a Évora.

         (VALE UM VALOR)

 

 

5) A retórica é a arte de bem falar e argumentar de modo a convencer os interlocutores. Tem três dimensões: o logos, isto é, a racionalidade do discurso, articulando ideias e raciocínios; o pathos, o sentimento de arrebatamento ou paixão posto na oratória e reflectido no público; o ethos, isto é, o currículo e o carácter exibido  pelo orador. A persuasão ou arte de convencer outrém é essência da retórica e reveste.se de duas modalidades: manipulatória, quando convence com sofismas e paralogismos; aleteiológica (aletheia, em grego, é desvelação da verdade) quando conduz o auditório a descobrir a verdade.  A argumentação ou arte de encadear juízos e raciocínios, com certa dose de subjetividade ou intersubjectividade (ideologia), inclui a persuasão em ambas as modalidades. (VALE TRÊS VALORES).

 

6) A falácia depois de por causa de é o erro de raciocínio  que atribui uma relação necessária de causa efeito a dois fenómenos vizinhos por acaso (exemplo: «Há 10 dias vi um gato preto e caí da bicicleta, há 5 dias vi outro gato preto e perdi a carteira, ontem vi um gato preto e o meu telemóvel avariou, logo ver gatos pretos dá-me azar).  (VALE UM VALOR). A falácia do boneco de palha é aquela que falsifica a posição, os argumentos do adversário, de modo a assustar o auditório. Exemplo: «O governo de António Costa vai impor um imposto extraordinário sobre casas de valor patrimonial superior a 600 000 euros. Esse tipo de imposto é exigido pelos comunistas. Logo, o governo de António Costa vai dar aos comunistas o domínio do país.» A falácia da divisão ou indutiva é aquela que particulariza, de forma abusiva, do todo para a parte. Exemplo: «Os espanhóis falam todos muito alto. Juanito é nome de muitos espanhóis. Logo, esse Juanito (qualquer que seja) fala muito alto» (VALE UM VALOR). A falácia ad hominem é aquela que desvia a argumentação racional para o campo do ataque pessoal ao adversário (exemplo: «Ele´ganhou o concurso para gestor de empresas, mas é gay, vamos impedi-lo de subir a gestor da empresa»).(VALE UM VALOR). A falácia do apelo à ignorância ou ad ignorantiam é a que raciocina sobre um fundo desconhecido e o usa de forma tendenciosa, sustentando que uma tese fica demonstrada se a não se conseguiu demonstrar a sua contrária (exemplo: Nunca ninguém demonstrou que Deus existe, logo Deus não existe).(VALE UM VALOR)

 

 

www.filosofar.blogs.sapo.pt

f.limpo.queiroz@sapo.pt

 

© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)

 



publicado por Francisco Limpo Queiroz às 17:23
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
pesquisar
 
Janeiro 2024
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
16
17
18
19
20

21
22
23
24
25
26
27

28
29
30
31


posts recentes

Teste de filosofia do 11º...

arquivos

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

tags

todas as tags

favoritos

Teste de filosofia do 11º...

Suicídios de pilotos de a...

David Icke: a sexualidade...

links
blogs SAPO
subscrever feeds