Este é o primeiro teste escrito de filosofia de uma turma do 11º ano de escolaridade na capital do Baixo Alentejo, Portugal. O teste é centrado na lógica aristotélica, na retórica e na gnoseologia.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA A
9 de Novembro de 2016. Professor: Francisco Queiroz
I
“Algumas mulheres são doutoradas..
As feministas são mulheres..
As feministas não são doutoradas.».
1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.
1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo.
2)Construa o quadrado lógico das oposições à seguinte proposição:
«As vilas alentejanas possuem castelos»».
3)Distinga realismo crítico de Descartes do idealismo não solipsista subjetivo e da fenomenologia.
4)Tendo como primeira premissa a proposição «Se for a Évora, visito a Pousada dos Lóios», construa:
A) Um silogismo condicional modus ponens.
B)Um silogismo condicional modus tollens.
5)Relacione ethos, pathos e logos da retórica com argumentação, persuasão manipulatória e persuasão aleteiológica.
6) Defina e construa um exemplo de cada uma das seguintes falácias: depois de por causa de, do boneco de palha, da divisão, ad hominem, ad ignorantiam.
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES
A) Três regras infringidas da validade do silogismo acima foram: de duas permissas afirmativas não se pode extrair uma conclusão negativa; nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas (algumas doutoradas, na permissa maior/ nenhumas doutoradas, na conclusão); o termo médio ( mulheres) tem de ser tomado pelo menos uma vez universalmente e está tomado apenas no sentido de «algumas» e não de «todas». (VALE TRÊS VALORES).
1-B) O modo do silogismo é IAE, a figura é SP (sujeito e predicado refere-se à posição do termo médio nas premissas) ou 1ª figura.(VALE UM VALOR).
2) O quadrado lógico é o seguinte:
As vilas alentejanas possuem castelos. As vilas alentejanas não possuem castelos
(TIPO A- Universal Afirmativa) (TIPO E- Universal Negativa)
. Algumas vilas alentejanas possuem castelos Algumas vilas alentejanas não possuem castelos
(TIPO I - Particular Afirmativa) (TIPO O - Particular negativa)
As proposições A e E são contrárias entre si. As proposições I e O são subcontrárias entre si. As proposições I e O são subalternas respectivamente a A e E. A proposição A é contraditória com O e a proposição E é contraditória com I. (VALE DOIS VALORES)
3) O realismo crítico de Descartes é a teoria qiue sustenta que há um mundo real de matéria exterior às mentes humanas composto de uma matéria indeterminada, sem peso nem dureza/moleza, apenas formado de figuras geométricas, movimento, números (qualidades primárias, objetivas), sendo subjectivas, isto é exclusivamente mentais, as cores, os cheiros, os sabores, as sensações do tacto, o calor e frio (qualidades secundárias, subjectivas). O idealismo não solpsista ou pluralista e subjetivo é a teoria que sustenta que o mundo material é ilusório, existe apenas dentro de uma multiplicidade de mentes humanas e cada uma delas constrói esse mundo de modo diferente das ( «A torre de Belém que eu invento/vejo não é igual à torre de Belém que tu inventas/ vês»), A fenomenologia é a ontologia, nem realista nem idealista, mas cética no seu fundo, que sustenta não saber se o mundo material subsiste ou não fora das mentes humanas. (VALE QUATRO VALORES).
4) a) Se for a Évora, visito a Pousada dos Lóios.
Vou a Évora.
Logo, visitarei a Pousada dos Lóios. (VALE UM VALOR)
4.b) Se for a Évora visito a Pousada dos Lóios..
Não visitei a Pousada dos Lóios.
Logo, não fui a Évora.
(VALE UM VALOR)
5) A retórica é a arte de bem falar e argumentar de modo a convencer os interlocutores. Tem três dimensões: o logos, isto é, a racionalidade do discurso, articulando ideias e raciocínios; o pathos, o sentimento de arrebatamento ou paixão posto na oratória e reflectido no público; o ethos, isto é, o currículo e o carácter exibido pelo orador. A persuasão ou arte de convencer outrém é essência da retórica e reveste.se de duas modalidades: manipulatória, quando convence com sofismas e paralogismos; aleteiológica (aletheia, em grego, é desvelação da verdade) quando conduz o auditório a descobrir a verdade. A argumentação ou arte de encadear juízos e raciocínios, com certa dose de subjetividade ou intersubjectividade (ideologia), inclui a persuasão em ambas as modalidades. (VALE TRÊS VALORES).
6) A falácia depois de por causa de é o erro de raciocínio que atribui uma relação necessária de causa efeito a dois fenómenos vizinhos por acaso (exemplo: «Há 10 dias vi um gato preto e caí da bicicleta, há 5 dias vi outro gato preto e perdi a carteira, ontem vi um gato preto e o meu telemóvel avariou, logo ver gatos pretos dá-me azar). (VALE UM VALOR). A falácia do boneco de palha é aquela que falsifica a posição, os argumentos do adversário, de modo a assustar o auditório. Exemplo: «O governo de António Costa vai impor um imposto extraordinário sobre casas de valor patrimonial superior a 600 000 euros. Esse tipo de imposto é exigido pelos comunistas. Logo, o governo de António Costa vai dar aos comunistas o domínio do país.» A falácia da divisão ou indutiva é aquela que particulariza, de forma abusiva, do todo para a parte. Exemplo: «Os espanhóis falam todos muito alto. Juanito é nome de muitos espanhóis. Logo, esse Juanito (qualquer que seja) fala muito alto» (VALE UM VALOR). A falácia ad hominem é aquela que desvia a argumentação racional para o campo do ataque pessoal ao adversário (exemplo: «Ele´ganhou o concurso para gestor de empresas, mas é gay, vamos impedi-lo de subir a gestor da empresa»).(VALE UM VALOR). A falácia do apelo à ignorância ou ad ignorantiam é a que raciocina sobre um fundo desconhecido e o usa de forma tendenciosa, sustentando que uma tese fica demonstrada se a não se conseguiu demonstrar a sua contrária (exemplo: Nunca ninguém demonstrou que Deus existe, logo Deus não existe).(VALE UM VALOR)
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Em Portugal, nem todos os professores de filosofia cedem ao reducionismo de fazer perguntas de escolha múltipla (indicar uma única resposta como certa de um total de quatro hipóteses) para testar os conhecimentos do aluno no campo da filosofia. Um x colocado na hipótese correcta citada na folha de teste escrito pode demonstrar que o aluno sabe...ou que acertou à sorte ... ou que copiou pelo colega do lado.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B
2 de Novembro de 2016. Professor: Francisco Queiroz
I
“Alguns sindicalistas não são anarquistas.
Alguns operários são sindicalistas.
Logo, os operários são anarquistas.”
1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.
1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo.
2)Construa o quadrado lógico das oposições à seguinte proposição:
«Os alentejanos são portugueses».
3)Distinga realismo crítico de Descartes do idealismo não solipsista objetivo e da fenomenologia.
4)Tendo como primeira premissa a proposição «Se passar de ano, vou a Londres», construa:
A) Um silogismo condicional modus ponens.
B)Um silogismo condicional modus tollens.
5) Distinga a indução amplificante/científica, da dedução e do raciocínio de analogia.
6) Defina e construa um exemplo de cada uma das seguintes falácias: depois de por causa de, ad misericordiam, de composição, ad hominem, ad ignorantiam.
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES
A) Três regras infringidas da validade do silogismo acima foram: de duas premissas particulares (alguns...alguns) nada se pode concluir; nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas (alguns operários / os (todos) operários); o termo médio ( sindicalistas) tem de ser tomado pelo menos uma vez universalmente e está tomado apenas no sentido de «alguns» e não de «todos». (VALE TRÊS VALORES).
1-B) O modo do silogismo é OIA e a figura é SP (sujeito e predicado refere-se à posição do termo médio nas premissas) ou 1ª figura.(VALE UM VALOR).
2) O quadrado lógico é o seguinte:
Os alentejanos são portugueses. Nenhum alentejano é português.
(TIPO A- Universal Afirmativa) (TIPO E- Universal Negativa)
Alguns alentejanos são portugueses. Alguns alentejanos não são
portugueses
(TIPO I - Particular Afirmativa) (TIPO O - Particular negativa)
As proposições A e E são contrárias entre si. As proposições I e O são subcontrárias entre si. As proposições I e O são subalternas respectivamente a A e E. A proposição A é contraditória com O e a proposição E é contraditória com I. (VALE DOIS VALORES)
3) O realismo crítico de Descartes é a teoria qiue sustenta que há um mundo real de matéria exterior às mentes humanas composto de uma matéria indeterminada, sem peso nem dureza/moleza, apenas formado de figuras geométricas, movimento, números (qualidades primárias, objetivas), sendo subjectivas, isto é exclusivamente mentais, as cores, os cheiros, os sabores, as sensações do tacto, o calor e frio (qualidades secundárias, subjectivas). O idealismo não solpsista ou pluralista e objetivo é a teoria que sustenta que o mundo material é ilusório, existe apenas dentro de uma multiplicidade de mentes humanas e cada uma delas constrói esse mundo de modo igual às outras ( «A torre de Belém que eu invento/vejo é igual à torre de Belém que tu inventas/ vês»), A fenomenologia é a ontologia, nem realista nem idealista, mas cética no seu fundo, que sustenta não saber se o mundo material subsiste ou não fora das mentes humanas. (VALE QUATRO VALORES).
4) a) Se passar de ano, vou a Londres.
Passei de ano.
Logo, vou a Londres. (VALE UM VALOR)
4.b) Se passar de ano, vou a Londres.
Não fui a Londres.
Logo, não passei de ano.
(VALE UM VALOR)
5) O raciocínio de analogia é a inferência que estabelece uma senelhança de forma, função ou posição entre entes muito diferentes entre si. Exemplo: o homem é análogo a uma árvore, os pés equivalem às raízes, os braços aos ramos. Isto implica realmente uma dose de imaginação superior A indução amplificante é a generalizaçao de alguns exemplos empíricos segundo uma lei necessária, infalível. Exemplo. Verificamos 250 árvores implantadas no solo e todas tinham raízes, logo induzo que os milhões de árvores implantados no solo da Terra terão, necessariamente, raízes. A dedução é a inferência que parte de uma premissa geral para chegar, apenas pela necessidade lógica apoiada na memória, a uma conclusão geral ou particular. Exemplo: «Todas as árvores têm raízes, os pinheiros são árvores, logo os pinheiros têm raízes» (VALE TRÊS VALORES).
6) A falácia depois de por causa de é o erro de raciocínio que atribui uma relação necessária de causa efeito a dois fenómenos vizinhos por acaso (exemplo: «Há 10 dias vi um gato preto e caí da bicicleta, há 5 dias vi outro gato preto e perdi a carteira, ontem vi um gato preto e o meu telemóvel avariou, logo ver gatos pretos dá-me azar). (VALE UM VALOR).A falácia ad misericordiam é o vício de raciocínio que apela à misericórdia para anular ou postergar uma decisão ou medida de justiça racional. Exemplo: o aluno diz «Senhor professor, sei que nunca tive uma única nota positiva ao longo do ano e que a média dos meus testes escritos é 7 valores mas, por favor, dê-me um 10 como nota final porque senão o meu pai não me deixa passar férias no estrangeiro e fico deprimido. Tenha compaixão.» (VALE UM VALOR). A falácia da composição ou indutiva é aquela que generaliza, de forma abusiva, da parte para o todo. Exemplo: «André Silva é um jogador de excepcional qualidade. André Silva é futebolista do Futebol Clube do Porto. Portanto, os jogadores do Futebol Clube do Porto são de excepcional qualidade.» (VALE UM VALOR). A falácia ad hominem é aquela que desvia a argumentação racional para o campo do ataque pessoal ao adversário (exemplo: «Ele´ganhou o concurso para gestor de empresas, mas é gay, vamos impedi-lo de subir a gestor da empresa»).(VALE UM VALOR). A falácia do apelo à ignorância é a que raciocina sobre um fundo desconhecido e o usa de forma tendenciosa, sustentando que uma tese fica demonstrada se a não se conseguiu demonstrar a sua contrária (exemplo: Nunca ninguém demonstrou que Deus existe, logo Deus não existe).(VALE UM VALOR)
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
.Eis um teste do 11º ano de filosofia, o primeiro do primeiro período lectivo, numa escola secundária onde se pensa em profundidade, no Baixo Alentejo e em Portugal. .
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B
28 de Outubro de 2015.
Professor: Francisco Queiroz
I
“Alguns operários são sindicalistas.».
Alguns sindicalistas não são anarquistas.
Logo, os operários são anarquistas.”
1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.
1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo
2) Construa o quadrado lógico das oposições à seguinte proposição«Os alentejanos são democratas».
3) Distinga realismo crítico de Descartes do idealismo não solipsista objetivo e da fenomenologia.
4) Aplique o princípio do terceiro excluído ao conjunto destas 3 correntes.
5) Tendo como primeira premissa a proposição «Se passar de ano, vou a Sevilha», construa:
A) Um silogismo condicional modus ponens
B) Um silogismo condicional modus tollens.
6)Construa um silogismo disjuntivo Tollendo/ ponens tendo como premissa inicial a frase «Ou és ateu ou és crente em divindades».
7) Distinga a percepção empírica, intuição inteligível, e do juízo.
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES
1-A) Três regras infringidas da validade do silogismo acima foram: de duas premissas particulares (alguns...alguns) nada se pode concluir; nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas (alguns operários / os (todos) operários); o termo médio (alguns sindicalistas) tem de ser tomado pelo menos uma vez universalmente. (VALE TRÊS VALORES).
1-B) O modo do silogismo é IOA e a figura é PS (predicado e sujeito é a posição do termo médio nas premissas) ou 4ª figura.(VALE DOIS VALORES).
2) O quadrado lógico é o seguinte:
Os alentejanos são democratas Nenhum alentejano é democrata.
(TIPO A- Universal Afirmativa) (TIPO E- Universal Negativa)
Alguns alentejanos são democratas. Alguns alentejanos não são democratas.
(TIPO I - Particular Afirmativa) (TIPO O - Particular negativa)
VALE TRÊS VALORES
3) O realismo crítico de Descartes é a teoria qiue sustenta que há um mundo real de matéria exterior às mentes humanas composto de uma matéria indeterminada, sem peso nem dureza/moleza, apenas formado de figuras geométricas, movimento, números (qualidades primárias, objetivas), sendo subjectivas, isto é exclusivamente mentais, as cores, os cheiros, os sabores, as sensações do tacto, o calor e frio (qualidades secundárias, subjectivas). O idealismo não solpsista ou pluralista e objetivo é a teoria que sustenta que o mundo material é ilusório, existe apenas dentro de uma multiplicidade de mentes humanas e cada uma delas constrói esse mundo de igual às outras ( «A torre de Belém que eu invento/vejo é igual à torre de Belém que tu inventas/ vês), A fenomenologia é a ontologia que sustenta não saber se o mundo material subsiste ou não fora das mentes humanas. (VALE CINCO VALORES).
4) O princípio do terceiro excluído diz que uma coisa ou uma corrente de pensamento pertence ao grupo A ou ao grupo não A, excluindo a terceira hipótese. Comparando as três correntes da pergunta anterior pode enunciar-se assim: ou se é realista, afirmando a certeza de um mundo material extramental, ou não se é realista negando isso (idealismo) ou duvidando disso (fenomenologia). (VALE TRÊS VALORES)-
5) a) Se passar de ano, vou a Sevilha.
Passei de ano.
Logo, vou a Sevilha. (VALE UM VALOR)
5.b) Se passar de ano, vou a Sevilha..
Não fui a Sevilha.
Logo, passei de ano.
(VALE UM VALOR)
6) Ou és ateu ou és crente em divindades
Não és ateu.
Logo és crente em divindades. (VALE UM VALOR)
7) A intuição intelígivel é uma apreensão imediata de algo metafísico, invisível, que pode até não ser real. Exemplo: a intuição de Deus, dos quarks e leptons, etc. O juízo é uma articulação lógica de dois ou mais conceitos mediante uma forma verbal, é uma frase simples que afirma ou nega algo. Exemplo:«Beja é a capital do Baixo Alentejo». A percepção empírica é um conjunto ordenado de sensações visuais, auditivas, tácteis, olfactivas. Exemplo: «Vejo esta paisagem de oliveiras e sinto uma suave brisa no rosto». (VALE DOIS VALORES).
www.filosofar.blogs.sapo.pt
f.limpo.queiroz@sapo.pt
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Eis um teste de filosofia . Evitamos as perguntas de escolha múltipla que, por vezes, enfermam de um deformado espírito de «minúcia» -
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA A
17 de Outubro de 2014. Professor: Francisco Queiroz
“Alguns bejenses são alentejanos.
Mariana Palma é alentejana.
Mariana Palma não é bejense.”
1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.
1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo.
2) Construa o quadrado lógico das oposições à seguinte proposição:
«Os habitantes de Moura gostam de festas populares».
3) Explique, concretamente, o seguinte texto:
«O raciocínio de analogia é mais imaginativo do que a indução amplificante necessitarista e do que a dedução. O realismo crítico de Descartes é diferente do idealismo não solipsista objectivo.»
4) Construa, tendo como primeira premissa a proposição «Se for a Serpa, almoço açorda de bacalhau»:
A) Um silogismo condicional modus ponens.
B) Um silogismo condicional modus tollens.
5) Disserte sobre o seguinte tema: «As falácias ad hominem, da petição de princípio, da generalização precipitada, do falso dilema integram a lógica informal, não a lógica formal».
CORRECÇÃO DO TESTE COTADO PARA UM TOTAL DE 20 VALORES
1-A) Foram violadas as seguintes regras do silogismo: de duas premissas afirmativas não pode extrair-se uma conclusão negativa; o termo médio (neste caso: alentejano) tem de estar distribu+ido ao menos em uma das premissas, o que não sucede pois está sempre considerado no sentido de «alguns alentejanos»; nenhum termo pode ter na conclusão maior extensão do que nas premissas, ora isso não sucede com o termo maior «bejenses» que na primeira premissa tem extensão particular («Alguns bejenses») e na conclusão apresenta extensão universal («Nenhum bejense "). Note-se que o termo "Mariana Palma" é universal porque apenas existe aquela Mariana Palma no universo que estamos a considerar (VALE TRÊS VALORES).
1-B) O modo do silogismo é IAE (VALE UM VALOR). A figura do silogismo é PP (2ª figura). (VALE UM VALOR)
2-A) A E
I O
Prposição tipo A (universal afirmativa): Os habitantes de Moura gostam de festas populares.
Proposição tipo E (universal negativa): Os habitantes de Moura não gostam de festas populares.
Proposição tipo I (particular afirmativa): Alguns habitantes de Moura gostam de festas populares.
Proposição tipo O (particular negativa): Alguns habitantes de Moura não gostam de festas populares.
A relação entre as proposições é a seguinte: A é contrária de E e viceversa; I é subcontrária de O e viceversa; I é subalterna de A; O é subalterna de E; A é contraditória de O e viceversa, I é contraditória de E e viversa. (VALE DOIS VALORES)
3) O raciocínio de analogia é a inferência que estabelece uma senelhança de forma, função ou posição entre entes muito diferentes entre si. Exemplo: o homem é análogo a uma árvore, os pés equivalem às raízes, os braços aos ramos. Isto implica realmente uma dose de imaginação superior A indução amplificante é a generalizaçao de alguns exemplos empíricos segundo uma lei necessária, infalível. Exemplo. Verificamos 250 árvores implantadas no solo e todas tinham raízes, logo induzo que os milhões de árvores implantados no solo da Terra terão, necessariamente, raízes. A dedução é a inferência que parte de uma premissa geral para chegar a uma conclusão geral ou particular. Exemplo: «Todas as árvores têm raízes, os pinheiros são árvores, logo os pinheiros têm raízes» (VALE TRÊS VALORES).
O realismo crítico de Descartes sustenta que há um mundo real fora das mentes humanas mas estas não o apreendem tal como é: o mundo exterior é composto de formas, tamanhos, movimentos, números e de uma matéria indeterminada (qualidades primárias, objectivas); as cores, sons, cheiros, sabores, sensações tácteis, calor e frio, prazer e dor só pertencem ao mundo interior do sujeito (qualidades secundárias), à sua psique, são causadas por movimentos de partículas exteriores que embatem nos olhos, nos ouvidos, etc, e fazem nascer cores, sons, etc. O idealismo não solipsita objectivo é a doutrina que diz que o mundo material se reduz a ideias e sensações dentro das múltiplas mentes humanas e é uma ilusão objectiva, todos o vêem da mesma maneira (exemplo: todos vêem a mesma torre do castelo de Beja que, no entanto desaparece ao extinguir-se a mente - idealismo! ). Há uma diferença de grau entre o realismo crítico de Descartes («Há formas fora das mentes humanas») e o idealismo não solipsita («Todas as formas e todas as coisas são mentais, estão dentro das mentes humanas»).- VALE TRÊS VALORES.
4-A) Silogismo tipo modus ponens:
«Se for a Serpa, almoço açorda de bacalhau»
«Vou a Serpa».
«Logo, almoço açorda de bacalhau». (VALE 1 VALOR)
4-B) Silogismo tipo modus tollens:
«Se for a Serpa, almoço açorda de bacalhau».
«Não almocei açorda de bacalhau»-
«Logo, não fui a Serpa» (VALE DOIS VALORE
5) A falácia ad hominem é aquela que desvia a argumentação racional para o campo do ataque pessoal ao adversário (exemplo: «Ele´ganhou o concurso para gestor de empresas, mas é gay, vamos impedi-lo de subir a gestor da empresa»). A falácia da petição de princípio é aquela em que a conclusão repete a premissa e viceversa (Exemplo: O cristianismo é a melhor religião porque é mais adequada, é a mais adequada porque é a melhor religião"). A falácia da generalização precipitada é a que extrai uma conclusão geral de uma amostra particular insuficiente (exemplo: "ouvi três cantores magníficos da Amareleja, logo todos os habitantes da Amareleja são bons cantores"). A falácia do falso dilema é a que coloca uma falsa alternativa entre duas vias ou dois entes, estando uma dentro da outra (exemplo: "Ou és homem ou és macho alentejano"). Estas falácias integram a lógica informal ou material que é a lógica formal submetida aos factos e leis da natureza, ou seja, a lógica dos acontecimentos físicos, concretos. Lógica formal é a ordem abstracta do pensamento, das regras, abstraindo dos objectos naturais. O silogismo «As abelhas são cães/ os cães são elefantes/ Logo as abelhas são elefantes» possui lógica formal - o modo de raciocínio está correcto - mas não tem lógica material, é falso no seu conteúdo. (VALE QUATRO VALORES)
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