Sexta-feira, 27 de Março de 2020
Manuel Joaquim Gandra: a China gerou o Coronavírus pela astrologia e a tecnociência

 

Manuel Joaquim Gandra (27 de Outubro de 1953), esoterista português de renome, fundador do Museu Hermético Português, revela como a China, utilizando astuciosamente a astrologia chinesa, escolheu o Ano do Rato, o animal disseminador de pestes, ano iniciado em 25 de Janeiro de 2020, para criar e difundir um vírus que contamina os povos do ocidente industrializado de modo a destruir a economia mundial e tornar-se hegemónica na reconstrução desta. Com a devida vénia, transcrevemos o artigo de Manuel Joaquim Gandra, fruto de um pensamento holístico  que os colunistas da imprensa oficial e os académicos, «racionalistas» estreitos,  são incapazes de produzir: 

 
Nenhuma descrição de foto disponível.
Manuel J. Gandra

O MOMENTO ACTUAL

Caríssimos, proponho-vos que entremos em “modo chinês”, i. e., que adoptemos as categorias da mundividência chinesa, para recolocar tudo no contexto adequado de onde brota o sentido para o que está a acontecer hoje no mundo.
Dispensarei a lenga-lenga habitual, martelada pela comunicação social, pelo que nem sequer serei “correcto” na minha análise.
Em suma, estou convicto que a pandemia actual é o corolário de uma golpada chinesa e à chinesa, na sequência das resoluções emanadas do último congresso do Partido Comunista da China, as quais preconizaram, aliás, como o próprio Presidente Xi propôs, que o próximo passo a dar pela China visaria o controlo da economia mundial.
A China não inventou as condições adequadas, apenas esperou paciente e manhosamente a Ocasião propícia (também astrológica) para desencadear a acção.
E ela finalmente surgiu, após testado o comportamento ocidental face às duas anteriores pandemias que disseminou.
Esta será, portanto, a terceira o que bate certo, consoante o Lema da Tripeça segundo o qual toda e qualquer profecia (genuína) tem três realizações distintas em três tempos diferentes.
A pandemia foi profetizada? Quem a profetizou?
Não foi Nostradamus, como demonstrei recentemente, mas o caso ganha contornos relevantes se tivermos à vista o Corpo V das Trovas do Bandarra, onde o “perigo amarelo” é iniludivelmente apontado.
Com efeito, na quadra 42, depois da referência à Tripeça e à circunstância, que Bandarra expressamente sublinha, de ela possuir três pés (tempos), lê-se:

 

Lá donde o Sol vem nascendo
Um dragão vejo vir vindo,
A seu cabo vêm correndo
Mais bichos que o vêm seguindo.

 

Dirão alguns de vós que isto são patranhas urdidas por gente supersticiosa e néscia, não realizando que as tradições uma vez transformadas em factos culturais se tornam verdadeiras, sem embargo de poderem não ser verdade.
A cegueira engendrada pelo positivismo e pelo cientismo e suas visões unilaterais e exclusivistas da realidade distorcem-na e impedem de ver para além do estritamente literal.
Esclareço:
A pandemia tornou-se evidente concomitantemente com o início do Ano Chinês do Rato (cujo advento ocorreu oficialmente no dia 25 de Janeiro). Será necessário recordar que o rato é, por excelência, o animal disseminador de pestes?
Ora na cosmovisão tradicional chinesa, o Rato é o primeiro signo do zodíaco.
E como chegou ele a ocupar esse lugar?
De forma ardilosa!
Segunda a lenda, todos os animais ansiavam ser o primeiro na ordenação zodiacal. Colocando-se lado a lado para conhecerem o veredicto, eis que, sem nenhum se dar conta, o rato subiu para o dorso do boi e saltando daí, ficou à frente deles, tornando-se o primeiro.
Para quem está desatento aos detalhes esta lenda é apenas um episódio pitoresco.
Seria, com efeito, se o Rato chinês não fosse a personificação da maldade, da mesquinhez e da baixeza, tal como é associado ao dinheiro, à indústria e à prosperidade em consequência da sua habilidade para localizar e reunir grande quantidade de alimentos.
Sintomaticamente, um ditado chinês diz que quando se ouve um Rato a foçar por comida, ele está “a contar dinheiro”.
Asseveram ainda as tradições chinesas que:
1. o Rato se metamorfoseia em demónios masculinos (tal como a raposa em femininos);
2. durante a Primavera, o Rato se transforma em codorniz, consensualmente associada à coragem e à combatividade, mas igualmente à prostituta (que vende o seu corpo) vendendo até as penas para se livrar de algum adversário;
3. Quando um rato surge, logo imediatamente aparecerá um gato e com este chegará a pobreza.
O Rato e a codorniz já adivinhastes quem são, mas quem será o Gato?
Abraço.» 

MANUEL JOAQUIM GANDRA©

(Direitos de autor para Manuel J.Gandra; o destaque a negro é colocado por nós)

 

A China fez o mal e a caramunha. Com a pandemia que criou em expansão, vende por dezenas de milhões de euros máscaras, testes, ventiladores e outro material aos países do ocidente que infectou e está a levar à miséria. O capitalismo de Estado chinês baptizado de comunismo quer dominar o mundo segundo uma concepção imperial antiga. É um inimigo das sociedades abertas, das liberdades democráticas e do proletariado mundial. 

 

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Domingo, 30 de Outubro de 2016
Área 5º-9º do signo de Sagitário e sismos em Itália

Os graus 5, 6, 7, 8 e 9 do signo de Sagitário são cinco graus do Zodíaco ou circunferência celeste responsáveis pela eclosão de sismos notáveis em Itália. A passagem de  um planeta, Sol ou Nodo da Lua na área 5º-9º do signo de Sagitário - área onde se situa a estrela Antares da constelação de Escorpião; signos são diferentes de constelações do mesmo nome -  é condição necessária mas insuficiente para gerar sismos relevantes em Itália. Não é somente esta área a causadora dos sismos em Itália. Há outras que concorrem para a produção de cada terramoto. Vejamos exemplos.

 

Em 28 de Dezembro de 1908, com Vénus em 6º 24´/ 7º 39´de Sagitário, um sismo em Messina, na Sicília, Itália, causa a morte de 84 000 pessoas.

 

Em 13 de Janeiro de 1915, com  Vénus em 7º 54´/ 8º 39´ de Sagitário,  eclode um terrível sismo em Itália, na região dos Abruzes e na cidade de Roma, onde na catedral de San Giovanni a estátua de São Pedro tomba do pedestal e no Campo dei Giori carros carregados de fruta viram-se, provocando a morte de 29 978 pessoas fora da capital. 

 

Em 7 de Outubro de 1997, com  Marte em 5º 41´/6º 23´ de Sagitário, dois novos sismos, o mais intenso de 4,9 na escala de Richter, abalam a região central da Itália, abrindo duas novas fendas na parede da Basílica católica de Assis.

 

Em 21 de Março de 1998, com  Plutão em 8º 2´de Sagitário,  três sismos abalam a região central da Itália, a Umbria e Marche, o mais forte dos quais de magnitude 4,1 na escala de Richter.

 

Em 20 de Maio de 2012, com Nodo Norte da Lua em 5º 2´ de Sagitário,   na região à volta de Bolonha, em Itália,entre Modena e Mantova, cerca de 35 quilómetros do Nordeste de Bolonha, eclode de madrugada um tremor de terra de magnitude 6.0 com um epicentro de profundidade de 5 quilómetros, morrendo 7 pessoas, 4 delas operários que trabalhavam durante a noite numa fábrica de cerâmica que colapsou em Sant’Agostino, Ferrara, ficando feridas 50, escreve o Corriere della Será, vários telhados colapsam, torres de igreja ficam em pedaços e muitos tijolos de fachadas ficam caídos pelas ruas

 

 Em 29 de Maio de 2012, com Nodo Norte da Lua em 5º 3´ de Sagitário, um sismo de magnitude 5.8 com  epicentro  na província de Modena, na região de Emília-Romanha, a  40 quilómetros de Bolonha e a 60 quilómetros de Parma.abala às 9 horas locais o norte de Itália, havendo quatro réplicas até às das 13 horas locais, sendo 15 o número de mortes confirmadas.

 

Em 3 de Junho de 2012, Nodo Norte da Lua em 5º 4´ de Sagitário, eclode um sismo com epicentro na cidade de Nova Modena, na região de Emília-Romana, a mesma onde os dois sismos anteriores (a 20 e a 29 de Maio deste ano) mataram mais de 20 pessoas e obrigaram mais de 14.000 pessoas a deixar as casas, sentido até cerca de 200 quilómetros, em Milão, colapsando a torre da igreja de Nova Modena, já danificada com os abalos das últimas semanas.

 

Em 24 de Agosto de 2016, com Saturno em 9º 52´/ 9º 53´de Sagitário, um terramoto de magnitude 6,2 atinge a região central da Itália às 3h36min CEST (1h36min GMT), próximo ao município de Nórcia, 75 km a sudeste de Perúgia e 45 km ao norte de Áquila, em uma área de tríplice fronteira entre as regiões da Úmbria, do Lácio e das Marcas havendo ao menos 291 mortos (só em Amatrice, completamente destruída, na província de Reiti são encontrados 224 corpos) e cerca de 368 feridos, havendo dezenas de mortos na província de Ascoli, sobretudo em Arquata de Tronto e Pescara e Tronto, sendo o sismo maior seguido por mais 159 tremores de terra com magnitude entre os 3,0 e os 4,0 e um na zona de Nórcia, Perugia, com 5,4 de magnitude.

 

Em 26 de Outubro de 2016, com Vénus em 9º 19´/ 10º 31´de Sagitário, dois sismos no centro de Itália causam um morto por ataque cardíaco, o primeiro sismo com magnitude de 5,4 na escala de Richter e às 18h11 de Lisboa, mais uma hora em Roma, com o epicentro em Marcas (província de Macerata, na fronteira este do país) e atingindo a capital, Roma, bem como as cidades deL’Aquila, Perugia, Terni, Nápoles e Florença, sem vítimas registadas mas causando danos materiais, e o hipocentro a apenas nove quilómetros de profundidade. região, entre Terni e Perugia, que foi a mesma onde se registou o epicentro que devastou Amatrice em agosto de 2016 e o segundo sismo por volta das 21h18 locais (mais uma hora do que em Portugal) na mesma zona com uma magnitude a rondar os 6,1.

 

Eis algumas datas em que um planeta, Nodo da Lua ou o Sol passarão em 5º- 6º-7º-8º-9º do signo de Sagitário - ou graus 245- 246-247-248-249 de longitude eclíptica - elevando a probabilidade de ocorrerem sismos em Itália: de 15 a 19 de Novembro de 2016 (Mercúrio); de 26 a 30 de Novembro e 1 de Dezembro de 2016 (Sol); de 9 a 12 de Novembro de 2017 (Mercúrio); de 27 a 30 de Novembro e 1 e 2 de Dezembro de 2017 (Sol); de  a 9 de Dezembro de 2017 (Vénus); de 3 a 11 de Fevereiro de 2018 (Marte).

 

Creias ou não, amiga/o, tudo está predestinado pelos movimentos planetários no Zodíaco. Baseamo-nos em factos histórico-astronómicos indesmentíveis e induzimos leis parcelares ou gerais. Isto é ciência histórica e astronómica. Fizemos avançar a astrologia como ciência, destronando o dogmatismo anti determinismo astral de Popper, o preconceito anti-astrologia da filosofia analítica, da fenomenologia  e das universidades em geral. Repara como eles evitam debater o que escrevemos: estão derrotados, recorrem à censura do silenciamento.

 

Se és professor de filosofia ou cientista e atacas a predestinação planetária de todos os acontecimentos sociais, políticos e biofísicos, só posso desejar que te livres da tua errónea posição, fundada na ignorância, e que a tua inteligência se torne holística sem perderes o pé na terra dos factos históricos.

 

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Terça-feira, 3 de Junho de 2014
Equívocos no manual «Ousar Saber, Filosofia 11º ano» da Porto Editora (Crítica de Manuais Escolares- LXV)

 

Diversos equívocos caracterizam o manual do professor da Porto Editora «Ousar saber, filosofia 11º ano» de João Simas, Luís Salvador, Artur Morão, André da Silva Costa, José Manuel Moreira, com revisão científica de Mendo Castro Henriques, sem embargo de possuir alguns textos de boa qualidade.

 

AMBIGUIDADE E ERRO EM PERGUNTAS DE ESCOLHA MÚLTIPLA

 

Diversos erros pautam exercícios com questões de escolha múltipla neste manual. Vejamos exemplos:

 

«Assinala com uma cruz a opção correcta.»

 

«1. Um argumento por analogia é um argumento...

 

A) dedutivo que faz uma comparação entre realidades diferentes.

B) não dedutivo que parte de diferenças significativas entre realidades análogas.

C) dedutivo que parte de um certo número de parecenças entre realidades díspares.

D) não dedutivo que parte de parecenças entre realidades dispares.»

 

 (João Simas, Luís Salvador, Adelino Cardoso, Artur Morão, André da Silva Costa, José Manuel Moreira, «Ousar saber, filosofia 11º ano», Parte 2, com revisão científica de Mendo Castro Henriques, Porto Editora, p. 74).

 

 O manual não indica «a única resposta correcta»... Porquê?  Receio de revelar a fragilidade de um pensamento hiper-analítico e deformador da realidade?

 

Crítica minha: Há duas respostas correctas: B e D. São quase indistinguíveis uma da outra: a analogia é uma semelhança intuída superiormente (ana, para cima) entre dois entes ou situações diferentes entre si. Por exemplo: o homem é análogo ao chimpanzé, possuem dentição e tubo digestivo de 6 a 8 metros de comprimento, mãos, nariz, etc. Portanto, a pergunta está mal construída.

 

Vejamos outro exemplo.

 

«Assinala com uma cruz a opção correcta.»

3. A manipulação pode ser definida como...

(A) a imposição de uma tese a um dado auditório.

(B) o contrário da sedução.

(C) a livre aceitação de uma tese por parte de um auditório.

(D) o contrário de demagogia.»

 

(João Simas, Luís Salvador, Adelino Cardoso, Artur Morão, André da Silva Costa, José Manuel Moreira, «Ousar saber, filosofia 11º ano», Parte 2, com revisão científica de Mendo Castro Henriques, Porto Editora, p. 105 )

 

Segundo os autores do manual, só uma  resposta está correcta mas não dizem qual.

 

Crítica minha: ao contrário deste manual que sustenta só uma hipótese correcta, há duas respostas correctas: A, C. De facto, a manipulação pode ser uma imposição do tipo «Ou aceitam um corte de 20% nos vossos salários ou eu, empresário, serei forçado a despedir dois terços dos trabalhadores». Mas também pode ser ou incluir a «livre aceitação de uma tese por parte de um auditório» como, por exemplo, o argumento manipulatório pró-vacinação «Deves vacinar-te porque os vírus atenuados e as toxinas da vacina ensinam o teu corpo a defender-se contra uma versão maior dessa doença». A apologia da vacinação é uma manipulação de milhões de pessoas com aceitação livre dos argumentos por parte desses milhões.

Persuasão racional não se opõe a manipulação porque esta inclui, muitas vezes, a persuasão racional. Manipulação opõe-se a não manipulação ou seja, a aleteia (desvelação da verdade) e heurística, descoberta da verdade por si mesmo.

 

HIPER-ANALITISMO NA DESCRIÇÃO DO ACTO COGNTIVO

 

A descrição do acto cognitivo neste manual padece de hper-analitismo, isto é, fragmentação excessiva de aspectos de um mesmo conceito, uma vez que oferece nove determinações ou momentos daquele acto, sem distinguir a substância do acidente, o sujeito do predicado:

 

«Momentos intrínsecos à actividade cognitiva

Imaginemos uma cena de laboratório (de física, de química, de biologia, erc).

 

a) Nos que ali trabalham, com empenho, concentração e entusiasmo, conseguimos reconhecer, em primeiro lugar, o momento psicológico: vibra no esforço e no desejo de entender, umas vezes no desânimo (...)

 

c) também lá se agita o momento pessoal, que muitos filósofos olham com desconfiança no plano cognitivo (...)

 

h) E, claro, da faina científica não podia estar ausente o momento metafísico que, de certo modo, está subjacente a todos os outros (...)

 

i) Rematando o processo cognitivo, emerge finalmente o momento transcendental: constitui o cerne da consciência (do cientista enquanto homem pleno) (...)

 

(João Simas, Luís Salvador, Adelino Cardoso, Artur Morão, André da Silva Costa, José Manuel Moreira, «Ousar saber, filosofia 11º ano», Parte 2, com revisão científica de Mendo Castro Henriques, Porto Editora, pp. 239-242 )

 

Há certa confusão neste texto. Se, ao contrário do que o texto indica, o momento psicológico está contido no momento pessoal, porque hão-de estar separados nesta divisão como alíneas distintas? A pessoa é substância e a sua  psique, um estado de alma, é qualidade, acidente dessa substância.

O momento transcendental está contido no momento metafísico, é por assim dizer, a metafísica interna do sujeito, - se por transcendental entendermos não o transcendente, o que está além de e fora de, mas a estrutura originária, a priori, do sujeito ou da relação sujeito-objecto. Não há pois razão para colocar metafísico e transcendental como momentos do conhecimento com igual estatuto, em alíneas separadas.

 

 

OCULTAÇÃO DA ESSÊNCIA DO PENSAMENTO DE PAUL FEYERABEND

 

Este manual refere o filósofo Paul Feyerabend, maior em amplitude pensante que Karl Popper e Thomas Khun, de forma superficial e parcelar:

 

«...o filósofo austríaco Paul K. Feyerabend (1924-1994) . Diz ele: "a ciência é uma empresa essencialmente anarquista, "houve teorias científicas que se impuseram apesar de numerosas incoerências", "todas as metodologias têm os seus limites, e a única regra que sobrevive é: tudo serve!" E juntamente com Kuhn partilha a ideia da incomensurabilidade das teorias, ou seja, que elas não são comparáveis...»

 

(João Simas, Luís Salvador, Adelino Cardoso, Artur Morão, André da Silva Costa, José Manuel Moreira, «Ousar saber, filosofia 11º ano», Parte 2, com revisão científica de Mendo Castro Henriques, Porto Editora, p. 236 )

 

Não é verdade que Paul Feyerabend defendesse a incomensurabilidade das teorias tal como Thomas Khun. No seu livro «Diálogo sobre o método», Feyerabend afirma, ao contrário de Kuhn e de Popper, o carácter científico da astrologia (não da astrologia comercial, degradada). Por isso, entre o paradigma astrológico, determinista, e o paradigma anti-astrológico, indeterminista, ele optou a favor do primeiro, porque é mensurável e não incomensurável. Escreveu, para demonstrar o princípio de que os astros (em cima) influenciam decisivamente os fenómenos terrestres (em baixo):

 

«Tomemos a ideia de que os cometas anunciam guerras .(..) Acreditava-se que os cometas eram fenómenos atmosféricos, uma espécie de incêndio nas camadas superiores da atmosfera. (...) Ademais a excessiva quantidade de fogo e os movimentos da atmosfera alterariam a normal composição de esta e afectariam o metabolismo de homens e animais. (...) As pragas propagar-se-iam mais facilmente, o sobreaquecimento do ar originaria também um sobreaquecimento dos cérebros que, por sua vez, provocaria um aumento de decisões irresponsáveis entre os homens poderosos, o que significaria em uma palavra, a guerra. É possível que a aparição de quatro ou cinco cometas se tenha visto acompanhada dos fenómenos descritos anteriormente. De facto, Kepler, que acumulou uma grande quantidade de material importante, advertiu sobre estas relações e utilizou-as quando tratou de edificar uma astrologia empírica.» (Paul Feyerabend, Diálogo sobre el método, Ediciones Cátedra, Madrid, pág. 90).

 

De igual modo, entre as medicinas alternativas e naturais (acupunctura, naturopatia, ervanária, etc) e a medicina ultramoderna das biópsias, raios X, medicação quínica, Feyerabend pronunciou-se a favor da superioridade das primeiras e da perigosidade das segundas e do tratamento em hospitais. Criticando o erro ( a ) da medicina universitária actual encontrar uma causa local específica para cada tipo de doença e recusar a ideia de Hipócrates de que a causa de todas as doenças é geral e uma só (a intoxicação dos humores, líquidos que banham os orgãos corporais), Feyerabend escreveu:

 

« Outro exemplo é a fé de que a investigação científica, não a experiência clínica, leva a descobrir os melhores tratamentos. Estreitamente relacionada com esta fé se encontra a ideia de que toda a doença tem uma causa próxima, que é altamente teórica e que se deve descobrir. Como se supõe que o diagnóstico revela a causa próxima, eis que se fazem radiografias, explorações cirúrgicas, biópsias e outras estupidezes do estilo.»

(Paul Feyerabend, Diálogo sobre el método, Ediciones Cátedra, Madrid, pág. 41).

 

Este conteúdo essencial do pensamento de Feyerabend , isto é, apologia da astrologia e da medicina natural, é ocultado neste manual, como em  todos os outros manuais de filosofia do ensino secundário, porque fere a ideologia dominante dos interesses dos grandes laboratórios e das classe médicas, académico-catedrática  e política que os representa. A universidade é, com a alta-roda da política, serva da indústria e do poder da finança. Não existe neutralidade nos currículos da universidade, em termos globais. Os manuais de filosofia em vez de serem contrapoderes teoréticos são vergonhosos agentes de doutrinação da ideologia dominante da democracia formal em que vivemos, democracia sequestrada.

 

A filosofia analítica contemporânea, juntamente com a fenomenologia, mais uma vez o dizemos, não é neutra: é a ideologia universitária da burguesia mundialista, está a monitorizar o ensino da filosofia, expurgando-o de astrologia, anarquismo, marxismo, esoterismo tradicional (Julius Évola, René Guenon, Jean Hanu, etc), sociologia holística (Ivan Ilich, etc), antroposofia, e de todo o pensamento metafísico livre ou não alinhado em geral. Vivemos, pois, sob um criptofascismo académico que proibe pensar em modo holístico livre e em certas áreas do conhecimento.

 

 

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Sábado, 20 de Fevereiro de 2010
O conceito dúbio de Manuel Maria Carrilho sobre perspectivismo segundo Nietzsche

Manuel Maria Carrilho não entendeu o que Nietzschze definiu como perspectivismo. Escreveu o catedrático português:

 

«O perspectivismo, ao postular a ubiquidade de interpretação, radicaliza de modo inédito e cheio de consequências o papel da linguagem. É que uma posição perspectivista não se traduz só na reivindicação da prioridade da interpretação face à ordem dos factos, mas sobretudo no carácter geral que essa prioridade apresenta e que, portanto, corta o passo ao privilégio de uma qualquer perspectiva particular.» (Manuel Maria Carrilho, O que é filosofia, Difusão Cultural, Pág. 92; a letra negrita é posta por mim).

 

 

 

Ora o perspectivismo, segundo Nietzschze, não postula a ubiquidade de interpretação nem tão pouco impede de privilegiar uma perspectiva particular em relação às outras . Quem postula a ubiquidade da interpretação é o holismo, que desemboca no fenomenalismo. A perspectiva é sempre mais ou menos fanática, convicta, porque é fragmento visual da realidade que se toma a si mesma como «visão total» ou «a visão mais credível». O perspectivismo é uma metaética individual: afirma que a pessoa («eu») está certa na sua perspectiva, e que esta é suprema, única. O perspectivismo funda o existencialismo – no sentido kierkgaardiano, como doutrina da liberdade do «eu» – enquanto doutrina de que a verdade é íntima a cada indivíduo e intransponível para outros. Em regra, o perspectivismo é incapaz de, por si mesmo, se colocar em dúvida. Ao fazê-lo, deixa de ser perspectivismo.

 

Que escreveu Nietzschze sobre o tema? ,

 

 

 

«Todos os nossos actos são bem, no fundo, supremamente pessoais, únicos, individuais, incomparáveis, certamente; mas desde que a consciência os traduz na sua língua, deixam de parecer assim...Eis o verdadeiro fenomenalismo, eis o verdadeiro perspectivismo, tal como eu o compreendo: a natureza animal faz com que o mundo de que nos podemos tornar conscientes não passe de um mundo de superfícies e signos, um mundo generalizado, vulgarizado» (Nietzsche, A gaia ciência, Guimarães Editores, Lisboa 1977, pag 251; a letra negrita é posta por mim).

 

  

Este texto é algo difícil de interpretar. Fenomenalismo é o mesmo que perspectivismo? Julgo que o fenomenalismo – a concepção de que não podemos atingir senão os fenómenos, o que nos aparece, sem chegarmos à essência oculta da realidade – é consequência do antiperspectivismo ou correlativo a este, ou seja, é consequência da superação do perspectivismo do indivíduo A resultante do facto de este constatar que há perspectivismos infinitos, B: C,D, E, F, etc. A meu ver, o perspectivismo, enquanto dogmatismo, está no início, é geneticamente anterior ao fenomenalismo, enquanto cepticismo parcial. Não são, pois, o mesmo: o segundo deriva dialecticamente do primeiro.

 

Nietzschze escreveu ainda:

 

 

«374- O nosso novo «infinito»- Até onde vai o carácter perspectivo da existência? Possui ela mesmo outro carácter? Uma existência sem explicação, sem «razão», não se torna precisamente uma «irrisão»? E, por outro lado, não é qualquer existência essencialmente «explicativa»? É isso que não podem decidir, como seria necessário, as análises mais zelosas do intelecto, as mais pacientes e minuciosas introspecções: porque o espírito do homem, no decurso destas análises, não se pode impedir de se ver conforme a sua própria perspectiva e só pode ver de acordo com ela. Só podemos ver com os nossos olhos; é uma curiosidade sem esperança de êxito procurar saber que outras espécies de intelectos e de perspectivas podem existir; se, por exemplo, há seres que sentem passar o tempo ao invés, ou ora em marcha para diante, ou ora em marcha para trás (o que modificará a direcção da vida e inverterá igualmente a concepção da causa e do efeito). Espero, contudo, que estejamos hoje longe da ridícula pretensão de decretar que o nosso cantinho é o único de onde se tem o direito de se possuir uma perspectiva. Muito pelo contrário, o mundo, para nós, voltou a tornar-se infinito, no sentido em que não lhe podemos recusar a possibilidade de se prestar a uma infinidade de interpretações.» (ibid, pag 287; a letra negrita é de minha autoria).

 

 

 

À tolerância ou visão holística relativista expressa na ubiquidade chama Carrilho «perspectivismo». Não é essa, parece-me, a ideia de Nietzshze. O perspectivismo não é a ubiquidade de visões, é a unilateralidade da visão de cada um. A infinidade de interpretações no seu conjunto é o antiperspectivismo, retira convicção e força aos fragmentos: cada interpretação isolada é perspectivismo. A ubiquidade é o antiperspectivismo, um ecletismo, ou melhor, um holismo que nasce em consequência da constatação do perspectivismo como hidra de muitas cabeças, uma em cada homem.  

 

 

 

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