Não creio no livre-arbítrio. As forças planetárias que moldam o nosso destino a cada momento são tão poderosas que não permitem a deliberação, a escolha meditada e racional (livre-arbítrio). Assim perfilho a heresia dos cátaros do século XIII segundo a qual o pecador peca por necessidade - o ladrão ou o assassino rouba ou mata em tal dia ou tal hora porque Marte e Saturno o forçam a isso - e o justo, a pessoa bondosa faz o bem por necessidade (obrigatoriedade fatalista, lei da natureza) - o filantropo que dá a sua fortuna aos sem abrigo não é livre de o fazer, é compelido por Júpiter ou Vénus ou Marte a fazê-lo. Deus não condena ninguém porque é Amor puro mas só pode abrir as portas do Paraíso, do Pleroma, às almas que se purificaram da matéria regida por Satã.
Quanto a mim, não existe o livre-arbítrio mas sim o "livre-arbítrio retroactivo": posso reflectir no acto que pratiquei por instinto/determinação planetária há dois dias e aceitar ou não racionalmente, mas não o posso apagar, posso pedir perdão a Deus e orar ou ser indiferente por aceitar o mal que fiz cuja responsabilidade descarto de mim por ser obra de Satã. Este livre-arbítrio é impotente, operacionalmente falando, porque os actos estão no passado, no tempo pretérito, mas é uma reflexão livre, predispõe ou não o espírito a ascender ao Mundo da Luz Eterna, que não é obviamente o Mundo de Lúcifer.
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