É sabido que a Árvore da Vida, da Cabala Judaica, é composta de 10 Sefirotes (Esferas) cada uma delas representando um atributo de Deus ou da sua criação. Em cima tem um triângulo com Kether (Coroa) no vértice superior e Hokmah, a sabedoria masculina, no cimo da coluna da direita, e Binah, a inteligência feminina, no cimo da coluna da esquerda. A última Sefirote, Malkut, é o Reino, composto de matéria física, do qual Deus está ausente. Deus, o Ein Sof (Nada Infinito) só intervém directamente na tríade superior da Árvore.
Kheter
Binah Hokmah
Guevurah Chesed
Thipheret
Hod Netzac
Yesod
Malkut
Philip Gardiner escreveu:
«Os amuletos são manifestações físicas mágicas de uma crença. (...) O Olho de Hórus dos templos egípcios era um amuleto semelhante, usado em associação com a regeneração do Eu, da saúde e da prosperidade. Hórus era chamado de Hórus, aquele que governa com dois olhos, o que é uma indicação do equilíbrio que Hórus alcançou a partir dos seus olhos esquerdo (Sol) e direito (Lua). Hórus, claro, partilha muitas semelhanças com a figura do Cristo retratado na Bíblia.»
(Philip Gardiner, Gnose, Editorial Estampa, pp. 103; o destaque a negrito é posto por nós)
E sobre a Shekinan escreve ainda:
«A Shekinah é o princípio feminino, o Espírito Santo, e mais. É a rota para o conhecimento divino ou gnose e, se se reveste de roupagens, basicamente temos de aprender a despi-la, como o cântico de Salomão relata com tanta beleza. É a árvore, mais uma vez, que é usada simbolicamente para explicar como podemos tornar-nos unos com a Shekinah. A árvore produz frutos graças à água que Deus providencia. A água de Deus é chamada hokmah, que significa sabedoria. É a Sofia (ou sabedoria) que torna possível à árvore produzir o fruto, que é a alma do homem recto. A Shekinah só habita com os justos, e só através da hiero gamos ou União Sagrada dos princípios masculino e feminino isso é possível.»
(Philip Gardiner, Gnose, Editorial Estampa, pág. 107; o destaque a negrito é posto por nós)
A ideia de que o Espírito Santo é o Princípio Feminino não está visível na teologia católica que o representa na forma de uma pomba. E se a Virgem Maria concebeu do Espírito Santo, isto é, o feminino Maria concebeu Jesus a partir do princípio Feminino isto sugere a reprodução biológica sem a intervenção do princípio Masculino. São José era um varão casto, que não possuiu Maria.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
O simbolismo da Serpente é interpretado pela gnose de forma diversa da interpretação da igreja católica. Como é sabido, a gnose é dualista, admite que o ser ou essência geral do universo tem uma linha de fractura a meio, é metade Bem e metade Mal, metade Luz e metade Matéria.
Philip Gardiner, talvez o mais brilhante estudioso da gnose, das sociedades secretas e das religiões a nível mundial, rivalizando com David Icke e Alex Jones, escreveu referindo-se à proibição de comer os frutos que o Deus descrito no Antigo Testamento terá prescrito a Adão e Eva :
«Comer os frutos da árvore que está no meio do jardim, que só pode ser a Árvore do Conhecimento do bem e do mal, ou Árvore da Vida, tornar-vos-á semelhantes a Deus. Ou seja: isso ajudar-vos-á a perceber o vosso potencial verdadeiro, a libertar o deus que há dentro de vós, a descobrir a Divindade Interna. Isto porque estareis comendo uma coisa que está dentro de vós próprios! (...)».
«Voltando ao Génesis, descobrimos que tudo isto emana da serpente que se encontra enrolada na árvore. Ela é a força ou energia da Kundalini ( nota nossa: Kundalini é a energia serpentiforme que liga o chakra ou roda da coroa existente no alto da cabeça do ser humano com os outros sete chakras que descem até ao chakra do sexo) - é o prana, e portanto, também o Espírito Santo. Isto contrasta flagrantemente com a percepção popular cristã de que a serpente era Satanás. Já agora, afirmar que havia o conhecimento do mal (sendo Satanás a serpente) antes do pecado original de Eva, é, em si mesmo, um paradoxo, o que mergulha no caos a totalidade da percepção cristã.»
«A Eva original não aparece como mulher, antes revelando a sua natureza como a própria serpente. O nome Eva escrevia-se havah, que significa mãe de todas as coisas vivas, mas também significa serpente fêmea, estando associado ao nome Hévila, na Índia. Ela é a mãe de todos, a parte feminina do processo criador, que é, ao mesmo tempo, uma verdade física e uma verdade psicológica. Não admira que a linha feminina da descendência (a relação matriarcal) seja tão importante para o judaísmo. Até em árabe, as palavras usadas para designar cobra, vida e doutrina estão intimamente relacionadas com o nome Eva.»
«Os textos gnósticos primitivos consideravam Eva como sendo ela própria uma serpente, guardiã dos segredos da imortalidade e da sabedoria divinas. Os textos ensinavam que os hebreus tinham encarado Eva com inveja e roubado a criação da humanidade à serpente, atribuindo-a a Iavé - e estavam certíssimos - e, no entanto, foram apodados de hereges pelas suas afirmações e, muitas vezes assassinados.»
«Noutros aspectos da tradição, o mito de Eva assume um ângulo masculino , quandoela desposa Ofion, Hélio ou Agathodaemon - tudo grandes divindades serpentinas reveladoras de que a história do Génesis se baseia no culto da serpente e na união das energias serpentinas.» (...)
«Adão e Eva simbolizam serpentes de energia existentes no interior do homem, que devem unir-se para produzir o verdadeiro filho do Homem (que é Cristo) à superfície. É por isso que a Bíblia nos diz que "Cristo é tudo e em tudo está".»
(Philip Gardiner, Gnose, Editorial Estampa, pp. 86-89; o destaque a negrito é posto por nós)
As alusões de Gardiner ao carácter da Serpente benévola como fundadora e arquétipo de religiões e sociedades secretas não coincidem com as de David Icke que identifica a Serpente com o ser malévolo, com raças extraterrestres reptilianas inimigas, em geral, da humanidade. Gardiner é, na opinião de alguns, o Anti Cristo, uma incarnação do Diabo e, na opinião de outros, um criativo investigador de antropologia gnóstica e das sociedades secretas. O seu livro «Os Seres de Luz: a mais poderosa sociedade secreta mundial revelada», lançado em 2002 no Reino Unido e logo posto fora do mercado, expõe uma teoria da conspiração segundo a qual uma organização sacerdotal de mais de 5000 anos antes de Cristo modelou todos os monumentos, religiões, governos, incluindo as linhagens reais, e o mundo actual, manipulando os cidadãos.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Em «Ritos e Mistérios Secretos do Wicca» Gilberto de Lascariz, nascido na Venezuela, esoterista da Bruxaria Iniciática e Neo-Pagã adverso à sua superficialização New-Age, escritor que, em 1989 criou em Portugal o Conventículo TerraSerpente de Wicca Alexandriano e lançou a Confraria Sol-Negro, revela-se um conhecedor profundo de uma religião da Natureza, o Wicca, e das suas componentes bruxaria e feitiçaria, dos seus arquétipos primordiais.
Não se trata de um livro «light», isto é, superficial ao alcance de qualquer semi-analfabeto como há livros de divulgação que deturpam o Wicca, mas de um estudo sério e denso. Referirei apenas alguns apontamentos sobre este livro rico em sabedoria filosófica e antropológica.
O ANJO-BODE E A NUDEZ SAGRADA DAS BRUXAS
Lascariz refere que os Anjos Guardiões ou Grigori desobedeceram a Deus ao darem aos homens livre-arbítrio e conhecimentos de tecnologias da guerra e da beleza, da agricultura e da medicina, e Deus puniu-os ao expulsá-los do éter superior e fazê-los descer ao mundo da matéria visível. Passaram a ser Demónios ou Daimonius. Estes anjos amaldiçoados uniram-se a mulheres da Terra e deram origem à mais antiga linhagem das bruxas. São os autores da civilização, os libertadores da humanidade, ao promoverem a ciência e a gnose (conhecimento global, dos princípios do universo) que se opõem ao obscurantismo das religiões cristã, islâmica e outras. Escreve Lascariz:
«O líder desta campanha prometeica foi Azael, o Anjo-Bode. Trata-se do bode saudado e reverenciado na Bruxaria Arcaica e que, em lembrança da sua origem estelar, traz uma tocha entre os seus cornos, símbolo do meteoro incandescente que no passado remoto da humanidade desceu do céu para a primeira assembleia de bruxos e bruxas. Ele foi o primeiro nascido do Fogo Divino, antes de todas as demais criaturas! Foi através da atração sexual que estes seres desceram à essência da humanidade. Esta lenda revela a emergência da sacralidade do sexo oposta à sexualidade animal e reprodutiva, celebrada pelas bruxas antigas e modernas ao exigirem que a nudez fosse o seu único vestuário. Vestuário branco de carne e que na sua alvura lembra as sombras do Submundo onde reina Azael! Mas também vestuário celeste de um corpo que está coberto apenas pelas estrelas de onde vieram os Grigori. A Instrução do Wicca, por isso, é muito clara: E como sinal que estais verdadeiramente livres estais nús nos nossos ritos. Gardner que, provavelmente conhecia a lenda dos Grigori, transvasada no Aradia de Charles Leland dizia que a nudez era «estar vestido de céu», isto é, no estádio primeiro em que os Anjos viram as primeiras feiticeiras e as fecundaram com o fogo cósmico do seu espírito. Os Grigori são a corrente da Iniciação Primordial ainda hoje invocada no seio da Bruxaria Tradicional pela críptica palavra "atalaia" quando o Alto Sacerdote clama por exemplo: Eu vos evoco, convoco e chamo Senhores do Fogo, Senhores das Atalaias do Sul.
(Gilberto de Lascariz, «Ritos e mistérios secretos do Wicca», Zéfiro, Sintra, 2ª edição, Novembro de 2014, pag.281; o destaque a old é colocado por nós)
Há, pois, um erotismo mágico, sagrado, fundador da Wicca, visto como demoníaco e anti sagrado por parte da igrejas católica, evangélicas, judaica e outras. Note-se que o bode sagrado é, decerto, o Baphomet venerado secretamente pelos templários que eram um elo da cadeia não cristã da sabedoria primordial, da tradição hermética.
O REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE VÒS
Em Platão, um gnóstico da antiguidade, a anamnese é a recordação intuitiva dos arquétipos de Bem, Belo, Justo, Círculo, Triângulo, Número, etc. Ora a Iniciação na Magia é uma anamnese operacionalizada através de ritos. A divindade está dentro do iniciado e ao mesmo tempo extravasa-o, está por toda a natureza biofísica, é esta natureza. Escreve Gilberto Lascariz:
«O que determina o processo de Iniciação é um acto de vontade dinamizada pela meditação e o ritual, transfigurando o indivíduo e fazendo-o transitar para um outro estado de consciência: o da anamnese. Por isso, a palavra Iniciação vem da palavra in re, ir para dentro de si mesmo. Neste estado transfigurado de recordação das suas origens ele pode comunicar com os princípios arquetípicos e as forças divinas dentro de si mesmo. O Iniciado é, assim, aquele que se recorda! Ele torna-se um Portador da Luz da Gnose. Daí o epíteto que se dava antigamente aos Iniciados de Portadores do Fogo. Eles eram aqueles que seguravam as tochas de Hécate durante a Iniciação ao Mundo Subterrâneo e lhes revelavam os Mistérios! A religião com o seu misticismo depende, pelo contrário, de um estado de graça concedida pela imprevisibilidade do seu Deus e de um sacrifício do seu "eu" para o receber, até alcançar o estado de êxtase. Visto de outro ângulo, pode dizer-se que enquanto a religião vê Deus fora de si e apela para a sua misericórdia, o Iniciado vê Deus dentro de si e apela para a sua força de vontade. Deus est Hommo, como dizia Crowley com o seu travo poético nietzschiano. Na Magia, o Iniciado gira à volta de si-mesmo, do seu Daimon. Deuses e Demónios existem dentro de nós! Os Demónios somos nós próprios.»(...)
«Na Instrução do Wicca a Deusa adverte de forma semelhante ao Evangelho de Tomé: se o que procuras não o encontras dentro de ti mesmo então nunca o encontrarás fora de ti próprio. (...) O wiccan tem uma religiosidade que é fundamentalmente mágica, caracterizada pela re-santificação do corpo e do mundo natural, síntese exaltante do Cosmos que ele abençoa pela quíntupla benção dos seus beijos veneráveis sobre o corpo desnudado da Grande Sacerdotisa nos ritos do plenilúnio».
(Gilberto de Lascariz, «Ritos e mistérios secretos do Wicca», Zéfiro, Sintra, 2ª edição, Novembro de 2014, pag.109; o destaque a bold é de nossa lavra)
UNIR-SE COM A FLORESTA E NÃO CONQUISTAR A FLORESTA
O templo por excelência da maggia wicca é a floresta, o mundo da natureza vegetal e mineral e não os templos em pedra ou tijolo construídos por mão humana. Escreve Lascariz:
«O efeito da floresta e da natureza selvagem, seja num deserto ou numa floresta, é de quatro ordens:
1. Expor-se a um lugar de forte ionização negativa.
2. Desencadear uma forte dinamização dos sonhos visionários e de arquétipos específicos da sua criação.
3. Dissolver as limitações do ego.
4. Estimular energicamente o duplo astral.
«Para que este efeito seja garantido é necessário ir para a floresta, não na perspectiva dos desportos radicais, que se baseiam numa filosofia que está totalmente centrada no ego e nos seus valores de domínio e auto-suficiência, mas na perspectiva mágica. Os desportos radicais são um sucedâneo do cartesianismo e do materialismo moderno, que vêem o mundo natural apenas como um obstáculo a ser vencido e conquistado, reforçando assim a sua alteridade em relação à Natureza. No ideário mágico-pagão vamos para a Natureza com o fim de regressar, na medida do possível, ao estado selvagem e numa perspectiva não de controlo mas de empatia».
(Gilberto de Lascariz, «Ritos e mistérios secretos do Wicca», Zéfiro, Sintra, 2ª edição, Novembro de 2014, pag.149; o destaque a bold é de nossa lavra).
BRUXARIA, SIMBOLIZADA NO SAPO, É DIFERENTE DE FEITIÇARIA
Gilberto de Lazcariz distingue a bruxaria, um poder inato em muitas pessoas, como por exemplo, a intensidade do olhar capaz de «mau olhado» e a crença em Hecate e no Bode Sagrado, da feitiçaria, a técnica operativa de mediante rituais alcançar efeitos mágicos.
«O povo português tem um provérbio antigo que diz: «feiticeira é quem quer e bruxa é quem puder» (...)
«Existe um sapo chamado bruca, que em castelhano se pronuncia brucha, que foi aplicado às mulheres que praticavam as artes da goetia. O bruca é um sapo dos pântanos que condensa a ideia, muito em voga em Espanha, de que a bruxa vive nos lugares isolados da terra, como o Caim bíblico, onde o ser humano não pode viver. Neste sentido a bruxaria integra-se num mito europeu de origem xamânica, que acredita que ela habita "entre os mundos": de um lado o mundo civilizado e do outro o mundo sobrenatural.»
«(Gilberto de Lascariz, «Ritos e mistérios secretos do Wicca», Zéfiro, Sintra, 2ª edição, Novembro de 2014, pag.102-103; o destaque a bold é de nossa lavra).
A ESTACA DO WICCA, SÍMBOLO DA ÁRVORE DO MUNDO
A religião Wicca contrapõe à cruz de Cristo a Estaca, símbolo do martírio de milhoes de mulheres e homens dissidentes ou contrários à igreja católica e a outras. Escreve Gilberto de Lascariz:
«A Bruxaria Tradicional conserva no seu memorial um símbolo fundamental que traz consigo recordações angustiosas: a Estaca. Sobre ela os cristãos amarraram milhares de pessoas inocentes acusadas de bruxaria, cujo única nota de culpa era o de terem uma opinião diferente daquela que a leitura eclesiástica da Bíblia impunha. Trata-se de um genoicídio macabro, executado por uma religião cega e embebedada pelo seu poder. (...) Na realidade, eles não adoravam estátuas da mesma forma que o cristão não adora os títeres de pau que vemos nos seus altares, mas adoravam o princípio espiritual que eles representavam. Os objectos de culto são suportes visuais que facilitam à nossa imaginação os meios físicos para transpor as dificuldades de apreensão do mundo invisível. Símbolo da Árvore do Mundo, Eixo cósmico que perfura a terra no seu eixo norte-sul, a Estaca Tradicional apresenta a particularidade de ser bifurcada na sua extremidade superior e, por vezes, adornada de um círio onde brilha e lembrança dos nossos antepassados.»
«A Estaca é o altar mais básico e fundamental de um feiticeiro tradicional e é o símbolo do Deus de Chifres, com as suas duas pontas erguidas e abertas como se fossem cornos. A sua origem aparece sugerida num outro Deus de Chifres da antiguidade pagã: Hermes. O seu nome deu o epíteto às pedras fálicas que se encontravam distribuídas pela Grécia Arcaica e marcavam os cruzamentos dos caminhos por entre florestas e montanhas, desde que Pisístrato (527-514 A.E.C.) as mandara restaurar. Deus das Encruzilhadas como a Deusa das bruxas Hécate, Hermes era o protector da transição entre os mundos visíveis e invisíveis, subterrâneo e cósmico».
(Gilberto de Lascariz, «Ritos e mistérios secretos do Wicca», Zéfiro, Sintra, 2ª edição, Novembro de 2014, pag.263-264; o destaque a bold é de nossa lavra).
Note-se que na teologia esotérica de Aleister Crowley (1875-1947), fundador da igreja católica gnóstica, Hermes era o deus protector da homossexualidade: Crowley colocava a estátua deste deus grego no centro do quarto quando iniciava uma magia sexual, uma cópula com o seu amante.
HECÁTE, A DEUSA DAS TRÊS FORMAS E DAS TRÊS FASES DA LUA VISÍVEL
A figura de Hecaté, deusa do mundo subterrâneo, protectora das bruxas na Ibéria, representada em três posições, com três corpos, na mesma estátua - de frente, de perfil direito e de perfil esquerdo, isto é, como se fossem três mulheres encostadas umas às outras - é merecedora de nota. As três figuras unidas numa só são as três fases da lua visíveis: o quarto crescente, a lua cheia (a figura daestátua voltada de frente para nós) e o quarto minguante. Escreve Lascariz:
«O erro da concepção tripla da divindade feminina no Wicca é vê-la dividida quando ela é apenas uma só! Isso deve-se ao facto de esta triplicidade ser as três fases visíveis e principais da lua. Nós devemos habituar.nos a vê-las as três ao mesmo tempo. É esse o caminho do trabalho mágico e a solução do paradoxo tão difícil de compreender durante a aprendizagem wiccan. Através de exercícios meditativos e rituais o wiccan acaba por apreender os fenómenos da sua existência a partir de uma matriz tripla e não de maneira dualista. Essa triplicidade permite aceder à unidade subjacente de todas as coisas. Esse ponto de fusão e exclusão das três forças é a Lua Negra que não se vê no horizonte. É o olho da visão panorâmica e da clarividência que permite essa experiência da Alma. Assim a esmeralda perdida é restituída à fronte do Antigo Portador da Luz» (...)
«Deve-se lembrar que a Deusa por excelência da Bruxaria, segundo a tradição greco-romana, é Hecáte, conhecida por muitos nomes, sobretudo como Hecáte Trimorphus, a das Três Formas. (...)
«A encruzilhada tornou-se pela possessão hecatiana, o lugar onde, com as suas chaves simbólicas, se abrem as portas de comunicação com o Mundo dos Mortos e dos Antepassados. A encruzilhada é um perigoso ponto de colisão entre transeuntes visíveis e invisíveis e um lugar de poder. Lugar de sacrifício, como os automobilistas sabem pela experiência, onde ela sacrificava com o cutelo as suas vítimas e com a sua corda amarrava os encantamentos de benção e maldição, a Hécate Tripla tornou-se desde muito cedo, por isso, a figura predilecta das bruxas latinas.»
(Gilberto de Lascariz, «Ritos e mistérios secretos do Wicca», Zéfiro, Sintra, 2ª edição, Novembro de 2014, pag.354-355; o destaque a bold é de nossa lavra).
A encruzilhada, note-se, é a interseção de três caminhos que formam, simbolicamente, vistos do céu, a Estaca sagrada, dois cornos e um tronco vertical de onde eles saem - os quartos crescente e minguante e a lua cheia ou plenilúnio. É pois, de certo modo, a figuração estilizada do Deus Cornudo ou do Anjo-Bode na superfície da terra. E a realidade é, de facto, triádica como dizia Hegel: tese, antítese e síntese. Infância (tese), velhice (antítese) e idade adulta jovem (síntese). Dia de plena luz, noite escura e crepúsculo. Marte (masculinidade), Vénus (feminilidade), Mercúrio (hermafroditismo, androginia). Capitalismo (patrões e assalariados), Comunismo (Partido único marxista e assalariados) e Produtores Independentes.
A ESPADA E O CALDEIRÃO
A espada e o caldeirão, instrumentos da liturgia Wicca, são, como se detecta intuitivamente, materializações do princípio masculino e do princípio feminino, do Yang (luz, fogo, grande, movimento) e do Yin (escuridão, água, pequeno, imobilidade). Escreve Lascariz:
«O caldeirão de ferro, redondo como um ventre prenhe de vida e assente sobre os seus três pés, como um tripé de pitonisa, é um dos objectos mais belos e mais ricos de significado entre os wiccans (...).»
«O caldeirão, seja pela sua função de suporte à transformação das plantas alimentares ou das poções e dos metais na forja, era o recipiente sagrado das transmutações.»
«Na realidade, o caldeirão que vemos no círculo nada mais é do que uma representação da "alma do lugar". (...) Se o caldeirão representa a Água Cósmica, então o seu princípio complementar é o Fogo Cósmico. O símbolo ideal desse Fogo Cósmico é a Espada. Antigamente, o caldeirão seria feito de ferro terrestre extraído das minas enquanto a espada seria feita do ferro cósmico dos meteoros caídos do céu». (...)
«No Wicca tradicional, a Espada está profundamente ligada ao Mundo Subterrâneo. No mito wiccan, ela é conferida pelo Deus Cornígero à Deusa quando ela se encontra com ele nas suas profundezas. Esse mito iniciático em que o Deus Cornígero deposita a Espada aos pés da Deusa, nas trevas do Mundo Subterrâneo, refere-se ao facto do poder da Deusa ser um poder delegado, da mesma maneira que a luminosidade da Lua é um dom delegado do Sol. Esta alegoria subverte o mito a que estamos habituados nas lendas arturianas, em que a espada é concedida a um soberano por uma entidade feminina guardiã do Submundo, como vemos na história da Dama do Lago e do Rei Artur.»
(Gilberto de Lascariz, «Ritos e mistérios secretos do Wicca», Zéfiro, Sintra, 2ª edição, Novembro de 2014, pag.255-257; o destaque a bold é de nossa lavra).
A VASSOURA E A TÚNICA NEGRA COM CAPUZ
A dualidade masculino-feminino está igualmente presente na estrutura da vassoura das Bruxas. Eis uma passagem muito bonita desta obra de Gilberto de Lascariz:
«No Wicca a vassoura ritual é um símbolo bicéfalo: é o emblema do triângulo público da Deusa, quando erguida e fincada no solo, mas quando usada para montar, cavalgar e dançar à volta do Circulo, torna-se a insígnia do Falo Divino do Deus de Chifres. Na essência, é um símbolo ambivalente: o bastão é o princípio masculino e as ramagens o elemento feminino, unidos um ao outro. Mas nem todas as tradições usam este símbolo litúrgico, que pode ser completamente dispensado da prática wiccam. Depois de usada para limpar o espaço cerimonial a vassoura ritual deve ser deitada a noroeste ou mantida pela Donzela nesse ponto do círculo. Existem muitas variações na escolha da madeira utilizada na vassoura ritual, variando de grupo para grupo e de indivíduo para indivíduo (...) Na Tradição Nórdica, por exemplo, o primeiro homem e mulher nasceram de um freixo e de um ulmeiro. Tradicionalmente o cabo da vassoura é de freixo e as suas ramagens são de bétula, unidas por flexíveis ramos de salgueiro, símbolismo das forças lunares. Algumas tradições usam uma mistura de varas de aveleira, bétula e sorveira, na sua ramagem, simbolizando a Sabedoria, Purificação e a Protecção.»
(Gilberto de Lascariz, «Ritos e mistérios secretos do Wicca», Zéfiro, Sintra, 2ª edição, Novembro de 2014, pag.260; o destaque a bold é de nossa lavra).
Note-se que no Feng Shui, filosofia e ciência chinesa da geografia cósmica milenar, o noroeste é a região dos antepassados, dos deuses e isso coaduna-se com a colocação nessa orientação da vassoura do Wicca. No que respeita à túnica, escreve Lascariz:
«Sempre fez parte dos hábitos rituais do Wicca, na sua fase gardneriana, estar em círculo completamente desnudado. Chamava-se a isto Skyclad, isto e, vestido de céu.» (..)«
«O uso do vestuário cerimonial que vemos em algumas fotos da época, com Alexander Sanders ou Doreen Valiente, na sua fase em que era discípula de Robert Cochrane, apresenta algumas diferenças subtis do vestuário usado noutros grupos mágicos como os da Golden Dawn. Em ambos os casos o vestuário é um robe negro que cobre o corpo inteiro, da cabeça à ponta dos pés mas o vestuário ritual wiccan tem um pormenor muito específico: o do seu capuz ser pontiagudo.»(...)
«Num culto mistérico onde a Deusa predomina, haveria razão para o Grande Sacerdote estar sugestivamente vestido de vestes femininas. Assim se passava no culto de Hércules, na Lídia, e de Sabazius, na Frigia, onde os sacerdotes se vestiam de mulheres, e o mesmo se passava entre as tribos germânicas do norte e entre os sacerdotes de Cibele, em Creta e em Roma, e um pouco por todo o mundo desde a Patagónia ao Equador. (...) Os longos robes não deixam de estar associados às vestes femininas no subconsciente do homem ocidental e o seu porte cria um sentimento de incontida feminilidade na rígida mentalidade masculina do homem de hoje».
(Gilberto de Lascariz, «Ritos e mistérios secretos do Wicca», Zéfiro, Sintra, 2ª edição, Novembro de 2014, pag.261-263; o destaque a bold é de nossa lavra).
Note-se que o negro da túnica associa-se á terra, ao mundo subterrâneo, ao mundo das Bruxas e inspira-se na veste negra com capuz dos cátaros, gnósticos cristãos dos séculos XI-XIV perseguidos e chacinados pela igreja católica romana como «herejes».
O CÍRCULO MÁGICO E O SAGRADO EM TODA A PARTE
Sabe-se o rico simbolismo do círculo: representa a eternidade, em contraposição ao ponto, que representa um dado instante; representa o seio feminino, um orgão comunitário, antes de mais porque o bebé aí suga o seu alimento inicial; representa a ágora ou praça pública na antiga Grécia, lugar de igualdade entre os cidadãos, a mesa da Távola Redonda onde todos os cavaleiros são iguais, a roda do Zodíaco de onde parte a predestinação de todos os nossos actos na Terra, o Sol etc. Lascariz escreve:
«Todos os rituais do Wicca iniciam-se com a realização do Círculo Mágico. Chama-se a esse acto litúrgico "talhar o círculo", porque ele é tradicionalmente efectuado com uma faca ou adaga consagrada. Trata-se de criar um círculo à nossa volta e compor um lugar fora do espaço-tempo ou, como se costuma dizer, "entre os mundos". (...) A flexibilidade de, em qualquer altura e lugar, poder transfigurar o espaço profano em espaço sagrado e o Caos e Cosmos. Isso só é possível porque o wiccan reconhece que qualquer lugar é sagrado. (...)
«Há uma outra função subentendida na prática do Círculo Wiccan: a da possibilidade do Passado e do Futuro se reencontrarem no Eterno Presente do Círculo Mágico. (...) Traçá-lo ou desenhá-lo no ar, como é costume entre os wiccans, funciona como uma gestalt geometrizada no espaço que rememora o nosso passado de imersão no ventre da mãe. O círculo é o primeiro acto cerimonial porque reactualiza o estado de gestação antes do nascimento. Ele é o simbólico Ventre da Grande Mãe que protege e sustém todas as coisas.» (...)
«Por si só o Círculo Mágico só poderá representar um estado de caos e indiferenciação no Todo Universal. Pode colocar lá dentro a vida inteira mas se não puder perceber que o círculo é um movimento dotado de ritmos, nunca compreenderá o seu significado cosmológico! Coloque-se dentro de um círculo desenhado no chão ou visualizado no espaço e tente meditar sobre a sua forma arquetípica e verá que o que obterá é muito insubstancial ! É insubstancial porque um círculo significa a Totalidade, esse cume da experiência que é incognoscível e nos escapa à nomeação. Foi Jung o primeiro a notar que, quando os seus pacientes sonhavam com formas circulares, estavam próximos da cura, porque no círculo está subentendido a completa integração da complexidade humana, até aí fragmentada e alienada, num todo funcional e criativo».
(Gilberto de Lascariz, «Ritos e mistérios secretos do Wicca», Zéfiro, Sintra, 2ª edição, Novembro de 2014, pag. 169-175; o destaque a bold é de nossa lavra).
O ALTAR WICCA OU PANTÁCULO
O altar é uma espécie de mesa onde se oferece um banquete propiciatório aos deuses. E a forma importa: cúbica não tem o mesmo significado que rectangular ou circular. No Wicca tradicional o altar seria uma placa ou mesa circular com um pentagrama no centro mas diversos grupos wiccan usam altares rectangulares ou cúbicos. Escreve o sábio Lascariz:
«O altar de muitos povos antigos era apenas uma superfície vulgar de pedra, a conhecida pedra de cúpula. Tratava-se de um bloco de rocha com cúpulas semi-esféricas gravadas ou naturais, datando do neolítico. (...) »
«Esta pedra original que veio mais tarde desembocar estilisticamente na ara romana, o araceli, o altar do céu, é representada no Wicca pelo pantáculo com os seus símbolos sacrais gravados, de sugestão estelar, sobre os quais se fazem todas as consagrações do coventículo»
«O altar wiccan é, como o altar cristão, um altar de culto que funde os dois tipos de altares supracitados: o altar da celebração das Forças da Vida, sob a forma do altar da comunhão, e o altar de celebração das Forças da Morte, sob a forma do altar cúbico do sacrifício.»
(Gilberto de Lascariz, «Ritos e mistérios secretos do Wicca», Zéfiro, Sintra, 2ª edição, Novembro de 2014, pag. 205-207; o destaque a bold é de nossa lavra).
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Eis algumas notas de vida pessoal com reflexões avulsas que só interessarão a uma parte dos leitores deste blog.
NÃO HÁ O «FAZER AMOR»-O amor não se faz: sente-se, como contemplação estética de outrém ou como comunhão espiritual com outrém. Aquilo que se «faz» com uma parceira ou um parceiro é troca física de carícias, manipulação do corpo da/o outra/o de modo a atingir o orgasmo e isso não é fazer amor, mas fazer actos sexuais que são, sobretudo,amor-próprio
O AMOR É, DE CERTO MODO, UMA EXPLORAÇÃO DE ALGUÉM. Não «exploração» no sentido de descobrir ou percorrer o corpo ou a alma do ser amado. Exploração no sentido de apropriação do que não é nosso, da beleza, do corpo, da personalidade da outra pessoa, no sentido de extração de mais valia: amo-te mas quero que me sejas fiel, que me beijes e acaricies e ajudes na lida da casa, no prestígio social (estar casado dá estatuto) ou no aumento da conta bancária. Estou a desfrutar-te e a explorar-te subtilmente.
O VERDADEIRO AMOR É NÃO GOSTARES DE MIM MAS VIVERES COMIGO E EU TER DESEJO SEXUAL DE TI. E assim continuarmos pelos anos fora, deitando fora essas baboseiras do «amo-te muito». Eu amo o teu corpo - a ti não sei se amo porque és invisível. Onde está a tua alma? Mas sou-te leal e apoio-te sempre.
O QUE MAIS ME ATRAI NA MULHER? O rosto e os seios.
AMO-TE TANTO QUE O AMOR DESAPARECEU. O ser e o nada remetem um para o outro.
O DUPLO CARÁCTER DO CASAMENTO. Para as feministas, defensoras da mais radical liberdade individual, o casamento é uma capitulação da mulher face ao homem que, assim, a aprisiona e submete ao seu capricho (os homens são porcos, só pensam em sexo físico). Para os noivos apaixonados, o casamento é o alicerce de uma relação de «amor eterno» e não carece de ser alvo de ironia ou desmontagem - mas Saturno ou Cronos, senhor do tempo, acaba por enrugar a relação entre os cônjugues e introduzi-la no deserto da monotonia.
AS MULHERES BELAS SÃO COMO OS CASTELOS ALTANEIROS. Inconquistáveis. Podes conquistar-lhes o corpo mas nunca a alma, a não ser temporariamente, no momento do riso, do beijo ou do orgasmo. Elas são superiores a nós, homens, em engenho e arte de sedução. O Don Juan, o mais feminino dos homens, é capaz de conquistar muitas mas no final sai derrotado. As mulheres só se deixam conquistar por homens com algo de feminino na alma - e um orgão sexual masculino, claro.
QUANDO FORES VELHA E FEIA DEIXAREI DE AMAR-TE. Mas isso nunca acontecerá porque te escolhi, mulher, dezenas de anos mais nova que eu. Assim o amor não falhará porque o amor é sempre o amor da forma bela e da harmonia de carácter
É TÃO BOM TER UM CORPO JOVEM DE MULHER NA NOSSA CAMA. E quando não se tem? Há uma sensação de privação estética e orgástica. Mas isso não significa que valha a pena arrastar qualquer mulher para a cama. Afinal o acto sexual é anti higiénico e só pode levar-se a cabo mediante uma alta emoção estética, um encantamento. É por isso que rejeito sexo com mulheres da minha idade ou até 10-15 anos mais novas. A carne deve ser o mais espiritual possível e para isso o adequado é uma jovem de 25 a 30 anos de idade. Rejeito também comer carne: é um caldo de purinas e cadaverinas. Rejeito, na minha vida pessoal, qualquer acto homossexual entre homens, é repulsivo biologicamente - mas defendo os gays e as lésbicas, o direito a serem como são, felizes ou em busca da felicidade. Só gosto da mulher que me habita interiormente. E de algumas mulheres exteriores fisicamente. E hoje, às 7 horas da manhã, havia uma circunferência luminosa projectada na parede do meu quarto pela luz solar vinda da janela de um outro quarto..sinal de quê?
DOIS DIAS E MEIO NO PORTO POR CAUSA DO MEU FILME NO FANTASPORTO. À 1.40 da madrugada, de sexta feira, 4 de Março de 2016, chego ao Porto, após 8 horas de viagem desde Beja por autoestrada - eu guio a 80-90 km por hora, poupo o carro antigo e paro em locais diversos para comer algo, tomar café e descontrair. Na sexta de tarde, pelas 16 horas e pico entro no cineteatro Rivoli onde decorre, desde 26 de Fevereiro, o Festival Internacional de Cinema do Porto denominado Fantasporto. Um grande festival com mais de uma centena de filmes a ser exibidos ora no grande auditório ora no pequeno auditório.
A minha curta-metragem de 11 minutos «Adão Andrógino no Alentejo» feita com a magnífica equipa da Videoplanos ( Frederico e Nelson) é exibida cerca das 18 horas em competição com outras 10 curtas metragens portuguesas selecionadas: «O que é feito dos dias na cave», de Rafael Almeida ; «Quarto em Lisboa» de Francisco Carvalho ( vencedor; inclui a actriz conhecida Custódia Galego); «Cinestesias» de Luís Miranda; «A peça» de Bruno Canas; «Nature experiences» de Martin Dale; «São João» de Maria Nery; «Motorphobia», de Isabel Pina e Ricardo Figueira; «Senhor Jaime» de Cláudio Sá; «Esta noite vi dois marcianos de smoking» de Filipe Canêdo e «Palhaços» de Pedro Crispim. Fui chamado ao palco, frisei que nasci no Porto e sou mais de Beja onde vivo e trabalho há 28 anos. Ser selecionado já é uma vitória, um reconhecimento de qualidade.
No final da exibição, Josep C, fotógrafo do festival, intelectual catalão, do bairro de Graciá em Barcelona vem ter comigo e diz-me: «O teu filme encantou-me quando começas a cantar uma canção a Buenaventura Durruti, o grande líder anarquista espanhol, morto em 19 de Novembro de 1936, em Madrid. Durruti é venerado na Catalunha pelas esquerdas revolucionárias. Em Portugal ninguém o conhece». E falamos do Partido Obrero de Unificación Marxista (POUM), de que fui simpatizante, esmagado em Junho-Agosto de 1937 pelos estalinistas que assassinaram Andreu Nin, o líder poumista. Josep narra que na comemoração dos 60 anos da fundação do POUM, portanto em 1995, na sede do Parti Socialista de Catalunya, em Barcelona, um velho militante do POUM octogenário emocionou-se ao evocar um camarada e morreu de ataque cardíaco. Enfim, se há vidas anteriores eu creio que posso ter combatido nas fileiras da 83ª Brigada Mista do Exército Popular da República Espanhola , criada no sector Este da frente de Teruel, em 1937, com base nos batalhões anarquistas da antiga Coluna de Ferro saída de Valencia...
Janto em casa de um irmão, no Porto, e, já na madrugada de domingo, saio com o irmão e um primo e respetivas consortes para a zona dos Clérigos, na baixa do Porto, onde há centenas de bares abertos e milhares de pessoas a divertir-se, apesar do frio da noite. Entramos na «Galeria de Paris» e depois no grande bar «Destilaria», na Rua Cândido Reis, com dois grandes espelhos em duas paredes uma em frente da outra. Muito agradável estar ali. Ao fim de semana, o Porto supera Beja para quem precisa de música entre a multidão. Mas tudo é relativo. Ser jovem, audaz e optimista é que é bom. Os jovens é que beijam bem, não usam placas dentárias...Almoço com a filha, neste domingo, uma querida que põe reticências às incursões cinematográficas do pai, e volto a Beja às 16,30 horas, guiando, orando e cantando fados. Só nesta madrugada de 7 de Março entro em casa. Para levantar às 7.30 horas da manhã e voltar às aulas. Tudo correu bem
OS MACHOS LATINOS- Há pouco eu disse a uma amiga: os machos latinos sao apenas mulheres musculadas viradas do avesso. Mantenho esta tese.
GOSTAVA DE VIVER MARITALMENTE COM DUAS MULHERES JOVENS E BELAS (20-25 ANOS) NA MESMA CASA. Seria amor a três. Assim, o ciúme diminuiria. Seria possível um diálogo não asfixiante, a constituição de alianças táticas no plano afectivo. Seria a Trindade: a Mãe, a Filha e o Santo Espírito. E Deus proibe isto? Afinal amar duas mulheres ao mesmo tempo, uma em presença da outra, não é trair, nem cometer adultério. É sinceridade, generosidade no amor. A fidelidade exclusiva a uma parece ser demasiado egoísta. Somos gnósticos, não católicos romanos. Não cremos no papa Francisco mas sim nos Eóns do Pleroma, no Deus da Luz. A única lei divina é a Lei do Amor: ama como quiseres desde que não oprimas os seres a quem amas e lhes permitas devolver-te livremente o amor e ser feliz.
VIVER COM UMA «MIÚDA» DE 20 A 27 ANOS DE IDADE FAZ BEM. Porque ela está no auge da beleza física e esta corresponde, muitas vezes, a maior beleza espiritual. Porque não tem «pneus» nem teve muitos homens a conhecer-lhe o corpo. Porque não tem filhos. Porque acredita, moderadamente, no amor romântico, o amor de toda a vida. Porque ainda tem os pulmões pouco poluídos do fumo do tabaco. Porque é gentil e ardente a fazer amor. Porque usa sutiã que lhe realça os seios firmes. Porque a mãe dela critica; «Ai filha foste juntar te com um homem que podia ser teu pai, pela idade»
DEUS AMA MAIS AS PROSTITUTAS E OS TRAVESTIS DO QUE AS MULHERES CASADAS E OS HOMENS NÃO TRAVESTIS. Porque as prostitutas e os travestis correm riscos e são perseguidos por grupos violentos e homófobos ao passo que as mulheres casadas e os homens vestidos no masculino, como eu, estamos tranquilos no redil da normalidade dos costumes sociais felizes.
O PROBLEMA É O CORPO. Estive sentado na esplanada do «Luís da Rocha». Uma senhora de uns 70 anos, magra, muito enrugada senta-se na mesa ao lado. Era certamente bela, aos 20 ou 22 anos, as idades da B., da K., da M., etc. E penso: «O problema é o corpo, no amor conjugal. Um corpo de mulher jovem é sempre preferível ao de uma mulher velha. Isto é incontornável. Coitada ou coitado de quem transporta as marcas do envelhecimento visível e real. Já não pode amar como os jovens. Não me venham dizer que a idade não conta.»
NÓS, OS VIVOS, SOMOS UM BANDO DE REFUGIADOS que atravessamos o continente da existência para escapar à morte.
PARA QUE EXISTE A BELEZA? Para suportar a dureza, a crueldade sem limites da existência. A beleza é o véu de Maya, a deusa da ilusão das formas, como diria Nietzsche. A beleza do bebé e da criança dão alento e recompensa a quem cuida deles. A beleza da mulher jovem atrai os homens, leva-os a lutar por conquistá-la com um comportamento adequado, automóveis, jantares, bailes, idas ao cinema - onde a vida flui e palpita. A beleza é aliada da vida mas a desigualdade existe: há mulheres muito belas e há mulheres feias (as muito velhas em especial). As mulheres maquilham-se porque sabem que isso acrescenta beleza ao seu ser exterior.
UMA SIMPLES FOTO PODE DISSIPAR UMA PAIXÃO. Gostamos das mulheres por causa da sua beleza física, revestida de simpatia e graciosidade. Mas uma simples foto delas, desfavorável - sobretudo quando não conhecemos ao vivo essa mulher por quem nos apaixonamos idealmente - pode destruir a paixão. Porque esta obedece a estritos cânones de beleza
BEJA VERSUS LISBOA- Em Beja, há uma calma e uma qualidade ecológica superior a Lisboa. Encontro na rua a S. que me diz: «Agora trabalho em Lisboa. Não tem nada a ver com Beja. Nunca acontece nada em Beja, há um controlo social grande, as pessoas olham-nos como se estivessem a cobrar-nos algo. Em Lisboa, somos livres, ninguém nos conhece. Podemos ir aqui e ali, ter aventuras amorosas, ninguém nos vai pedir satisfações.» E não será verdade?
SUICÍDIO - 15 de Março de 2015. Em final de período, os alunos do 11º pedem-me um tema livre para discutir na aula inteira. Escolhem: o suicídio. O Miguel acha que suicidar-se é uma cobardia. Pergunto: e os samurais japoneses que, por se sentirem desonrados, espetam uma espada no seu próprio ventre, são cobardes? Falamos do suicídio por amor: «é uma estupidez» dizem os alunos, significa que «a pessoa se fechou obsessivamente no afeto a uma só pessoa». A Claire diz: «Bom é não estar preso amorosamente a ninguém e viver a adrenalina de se interessar, no momento, por esta ou por aquela pessoa»....Fora da escola, alguém me diz que num estabelecimento de ensino X, um aluno fala em suicidar-se por ter tido notas baixas e não se sentir bem tratado por alguém docente. Preocupante. Os adolescentes escolares são a nossa razão de ser enquanto professores. Temos de falar, sem culpar ninguém.
NICOLAU BREYNER E O AZAR DE CORAÇÃO EM SERPA-Em 13 de Março de 2016, discuti com uma mulher que amo, originária do concelho de SERPA, e ficamos um pouco «azedados» de CORAÇÂO (eu não, porque tenho sentimentos firmes de amor terno e eterno, já não sou adolescente). Em 14 de Março de 2016, o célebre ator Nicolau Breyner, originário de SERPA, morreu de ataque de CORAÇÂO. Fui eu ou ela quem matou telepaticamente Nicolau Breyner? Ou fomos ambos? Se não tivessemos discutido - ela uma SERPENSE - teria Nicolau (SERPENSE) morrido no dia seguinte?.
BEBER ALHO FERVIDO EM LEITE CURA. Uma amiga enviou-me a seguinte mensagem: «Venho informa-lo de um argumento para a sua tese de que os medicamentos não prestam. Como sabe, tenho estado doente e receitaram-me um xarope e um spray, que apenas me fizeram ficar pior. No entanto, soube de uma receita que é ferver alho em leite e beber tudo, incluindo o alho. Apenas bebi 3 vezes e melhorei quase que instantaneamente. O que acha?».
O que acho? Penso, de acordo com Ivan Ilich e outros, que a medicina oficial alopática é uma indústria do lucro, que mantém artificialmente a multiplicidade de doenças em toda a humanidade ao não proibir o consumo de carne, alcool, tabaco, açúcar refinado, fármacos iatrogénicos, vacinas, pão branco e cereais refinados.
ACREDITAR QUE UM VÍRUS ATENUADO OU UMA TOXINA INJECTADA NO CORPO ATRAVÉS DA VACINA ENSINA O CORPO A DEFENDER-SE CONTRA UMA DOENÇA É UMA ENORME INGENUIDADE... OU UMA ENORME ESTUPIDEZ. Um tóxico (vacina) introduzido no corpo só acrescenta mais toxicidade ao sangue e envenenamento lento aos orgãos internos. Mas a medicina oficial que temos, herdeira das «poções mágicas» de feiticeiros, acredita na imbecil doutrina da vacinação. Não vacines os teus filhos. Muita gente nos EUA se está a revoltar contra a vacinação que o Estado quer tornar obrigatória ou semi obrigatória.. Luta! O corpo é teu! Ninguém tem direito de o infectar com a picada mórbida da linfa de animais doentes.
SINCRONISMO CAVACO SILVA-PERDA DE RELÓGIO. Em 9 de Novembro de 1995, o candidato presidencial Aníbal CAVACO SILVA visitou a sua sede de candidatura na cidade de Beja. Eu passei no local com minha filha mais nova e peguei nela ao colo para ver, de entre a multidão, o político em causa. Ao chegar a casa, notei que PERDERA O RELÓGIO que tinha no pulso. Voltei ao local de onde a pequena multidão se evaporara e, perguntando, consegui que alguém me devolvesse o RELÓGIO.
Em 9 de Março de 2016, CAVACO SILVA foi substituído por Marcelo Rebelo de Sousa como presidente da República Portuguesa. Horas depois fui à pastelaria O RELÓGIO, na vila da Vidigueira, ver na TV o jogo de futebol Zenit-Benfica e a PULSEIRA METÀLICA DO MEU RELÓGIO DE PULSO quebrou.
Que significa este sincronismo entre destaques de CAVACO SILVA e PERDA OU DANO DO RELÓGIO que levo no pulso esquerdo? Que Cavaco Silva «é» um relógio, um autómato? Que acelera ou atrasa a marcha do tempo?
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De acordo com o bispo Hipólito de Roma, autor de «Refutação de todas as heresias», publicada cerca do ano 222, a corrente gnóstica dos Peratas (péros, em grego, significa limite) sustentava a divisão do universo em três partes: o Pai, o Filho e a Matéria. Escreveu Hipólito:
«Segundo eles, o universo consiste em Pai, Filho e matéria. No espaço que medeia entre a matéria e o Pai, tem a sua sede o Filho, o Logos, a serpente em perpétuo movimento junto ao Pai imóvel, a qual move a matéria. O Filho ora se volta para o Pai e recebe as potências na sua própria pessoa, ora assume as potências e se volta para a matéria e esta, por si mesma carente de qualidade e de figura, recebe do Filho a configuração das formas, formas com as que o Filho tinha sido previamente configurado pelo Pai.»
(Los gnósticos, volume II, Hipólito de Roma, Refutación de todas las herejías, página 80, Biblioteca Clásica Gredos, Madrid).
É interessante constatar a ideia do Cristo Serpente ou Cristão Dragão Celeste que contraria a imagem que o cristianismo oficial fornece do Salvador oposto ao demónio simbolizado pela Serpente. E apesar de este texto sugerir o contrário, este Cristo não actua como o demiurgo em Platão o deus operário que não cria a matéria, mas imprime nela, segundo Platão, as formas arquetípicas. Há uma quarta entidade, situada entre Cristo e a matéria, que é o demiurgo, o arconte, que toma as formas perfeitas existentes no Filho, a serpente celeste e comete o erro de imprimir, através de um fluxo, essas formas na matéria em devir permanente. Escreve Hipólito:
«Assim, pois - prosseguem - quando o Senhor diz «Vosso Pai que está nos céus» refere.se àquele de quem o filho assumiu as formas para as introduzir neste mundo. Quando diz «vosso pai, desde o princípio, é homicida» refere-se ao arconte e demiurgo da matéria, o qual recolheu as formas fornecidas pelo Filho e engendrou as coisas deste mundo, desde o princípio é homicida. A sua obra opera a corrupção e a morte.»
«Assim pois - prossegue - ninguém pode salvar-se nem ascender a não ser por meio do Filho, que é a serpente.»
(Los gnósticos, volume II, Hipólito de Roma, Refutación de todas las herejías, páginas 81-82, Biblioteca Clásica Gredos, Madrid; o destaque a bold é posto por nós).
Sendo a matéria corruptível e fonte de corrupção, os gnósticos salvam-se, com a sua racionalidade, da enorme falácia teológica das igrejas católica, protestantes e judaica que é considerar Deus o autor de todas as coisas visíveis e invisíveis, isto é, não só dos céus, dos mares e das paisagens terrestres belas, da beleza e da saúde juvenil mas também dos vulcões, dos furacões e dos tsunamis que matam pessoas, da velhice decrépita, das criaturas disformes, dos cancros e outras doenças.
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Eis algumas reflexões de circunstância em Junho de 2015, inscritas no meu quotidiano.
A MISSA CATÓLICA, ORTODOXA OU PROTESTANTE É A MAQUILHAGEM DE DEUS- O rosto de Deus, se existir, é desconhecido. Só vemos a maquilhagem ~os altares e a talha dourada, os ícones, os crucifixos, as vestes cerimoniais dos padres, pastores ou bispos - mas não se conhece o rosto do Supremo. A maquilhagem, normalmente, melhora o poder de atração sexual e transforma alguém feio ou vulgar em alguém belo e incomum.
HÁ SEIS OU SETE PECADOS CAPITAIS?- A luxúria, ou sensualidade erótica exacerbada e livre, é apontada como um dos 7 pecados capitais segundo o catolicismo. Diversas correntes gnósticas veem o problema de outra maneira: a luxúria é um estado de união com a deusa ou o deus através da união sexual física com uma ou várias pessoas. Por que razão a luxúria é um pecado mortal e não é pecado mortal o capitalismo selvagem que despede arbitrariamente os trabalhadores e favorece, em certos casos, o suicídio ou a degradação física acelerada destes? Os sete pecados capitais refletem, em parte, a ideologia da teocracia, da aristocracia ou da burguesia dominante. «Não cobiçarás as coisas alheias» é um mandamento que impede a reforma agrária e a expropriação dos capitalistas.
AS MAIORES DESCOBERTAS NA FILOSOFIA E NA CIÊNCIA E A CRENÇA NOS DEUSES - A astrologia histórica, com as duas teorias que descobri - a do significado político, religioso, económico, biofísico, etc, das pequenas áreas do Zodíaco, de 2 a 10 graus de arco, e a dos graus-minutos numericamente homólogos entre si - é a ciência holística suprema e a filosofia suprema. É superior às filosofias de Kant, Hume, Hegel, Husserl, Heidegger, Sartre, Singer, Rorty, etc, e mesmo à teoria da relatividade de Einstein. A astrologia histórica teoriza que tudo está predestinado nas movimentações planetárias e desvenda as leis que são métodos de calcular com grande exactidão o futuro de cada indivíduo, de cada família, empresa, partido político, nação, erc. Curioso é ser eu, um insignificante intelectual que diariamente invoca as divindades, o autor dessas duas teorias. Sinal de que ser crente no divino expande a inteligência e ser ateu fracciona e reduz a inteligência?
A BANALIZAÇÃO DA EUCARISTIA. Embora sendo gnóstico (adepto da teoria de que dois deuses, o da Luz e o da Matéria, fizeram o mundo e o ser humano), participo, de vez em quando, na missa católica. Ouvi, neste 7 de Junho de 2015, na igreja de Santa Maria, em Beja, a homilia do bispo auxiliar D. João Marcos, um discurso inteligente no qual o prelado criticou a «banalização da Eucaristia» interpretada por muitos como um rito sem espírito de Cristo que é o do sacrifício a favor dos outros e do auto-aperfeiçoamento.
Banalização é fazer sempre as mesmas coisas que, a princípio eram sagradas ou dotadas de um valor único, e se tornam vulgares, despidas de sacralidade, de vida espiritual, de criatividade... Mas a própria igreja é fonte de banalização dos sacramentos. A maioria das pessoas presentes numa missa vai comungar, tomar a hóstia na mão ou na boca. Estarão espiritualmente preparadas para «receber o corpo de Deus alojado nesse círculo de farinha branca»? Duvido.
O próprio casamento é banalizado pela igreja ao torna-lo indissolúvel, o que é contra a natureza humana, ávida de novidade. Até os gays e lésbicas banalizaram o amor-paixão ao consagrar na lei o casamento homossexual. A paixão que está, muitas vezes, na origem dos casamentos acaba ao fim de 2 meses, 6 meses, um ano, quatro anos, sete anos.. Fica só a amizade. E a casa comum de família. E os filhos. E o álbum de fotos do dia do casamento ou da viagem a Madrid, a Paris ou a Roma... Nós, gnósticos, valorizamos a paixão, hétero ou homo. A meio da missa, estava-me a apetecer «saltar em cima» de uma mulher provocante que estava perto de mim...Seria uma tentação do Diabo, como diz a igreja católica? Ou uma indicação do Deus do Amor que diz «Ama e faz o que quiseres» (mandamento de Aleister Crowley)?
A verdade é que saí da missa a meio, como convém a quem não é um seguidor do Vaticano e protesta contra a inquisição, a repressão bárbara da igreja católica romana às heresias, em particular aos cátaros e aos templários. Aqui, no Alentejo, está bastante calor. E esta madrugada estive na Nora de Serpa, a ouvir músicas do festival Encontro de Culturas e depois fui a Pias, a um espaço musical que me agrada, porque se pode entrar e sair à vontade sem porteiro, mas onde sou completamente desconhecido. Nem sequer a mulher mais bonita de Pias lá estava...São elas que nos escolhem e não nós a elas - é a regra que sigo. Ainda parei o carro na estrada Serpa-Beja e dormi 5 minutos, às 2 horas da manhã, de porta aberta, a sentir o erotismo das estrelas e da planície...O universo é todo ele sexual, feito de pares macho-fêmea. O céu é masculino (yang), a terra é feminina (yin). A chave é masculina e a fechadura onde entra é feminina. O lado direito do cérebro é masculino e o lado esquerdo do cérebro é feminino. O Sol é masculino, a Lua é feminina. O vermelho é cor masculina, o azul é cor feminina. A seta ascendente, símbolo do PSD, é masculina. A rosa, símbolo do PS, é feminina. A foice, do símbolo do PCP é feminina, e o martelo é masculino. A torre do castelo de Beja é masculina, os lagos e planos horizontais são femininos. O telhado de uma casa é masculino, o chão da casa é feminino. O pénis é masculino e o rabo é feminino (é por isso que todos os homens possuem um lado mulher ainda que dizer isso seja heresia, aqui no Alentejo, onde nós, homens, «somos todos muito machos e marginalizamos os panilas»...ahahah, toma que já levaste).
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Os temas de alquimia incluídos neste texto conexionam-se com a visita de estudo a Sevilha que o liceu de Beja (ESDG) realiza anualmente. Nenhum manual do 10º ano de filosofia do ensino secundário em Portugal inclui textos sobre alquimia, filosofia hermética, astrologia - temas obrigatórios para quem queira pensar a sério filosofia - o que diz da qualidade bastante medíocre desses manuais. E diz do clima de monolitismo cinzento e da estreiteza de horizontes impostos pelos catedráticos de filosofia analítica e fenomenologia que dominam a universidade e a construção de manuais escolares do 10º e 11º ano. Vive-se um clima de censura na universidade portuguesa e mundial, pretensamente racionalista, comparável à censura da inquisição: é proibido, dentro das universidades, pensar e investigar os astros como causa dos acontecimentos sociais e políticos!
A maioria dos actuais professores universitários são incompetentes, anti filosóficos. A universidade está infiltrada de doutorados que são alunos «marrões» que fizeram «copy paste» de trabalhos dos «mestres», fizeram o «beija-mão», pagaram milhares em propinas e foram cooptados. Os doutoramentos em filosofia enfermam de erros graves, em regra, e superabundam em verniz retórico. É um show-off. Vamos ao nosso teste que, certamente, ensina algo a muitos desses ignorantes donos de cátedras e autores ou co-autores de manuais escolares, agentes da burguesia inculta e endinheirada que domina o Estado e o sistema de ensino.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA B
9 de Fevereiro de 2015. Professor: Francisco Queiroz
"Os alquimistas falavam em dois princípios originais da matéria e da Grande Obra, aos quais se aplicam as noções de Yang e de Yin. O templo cristão na idade média foi construído segundo o princípio das correspondências microcosmo-macrocosmo, que exprime a lei dialética do uno. Alguns dizem que isto é puro subjectivismo, outros são cépticos sobre a gnose e preferem o pragmatismo pois detestam os factos metafísicos.”
1) Explique, concretamente este texto.
2) Relacione, justificando:
A) As quatro fases do processo alquímico e respectivas aves- símbolos, por um lado, e os quatro arkês segundo Pitágoras de Samos, por outro lado.
B) O imperativo categórico em Kant e o princípio moral do utilitarismo de Stuart Mill.
3) Enuncie a lei dialética da contradição principal e aplique-a a três ou quatro esferas (sefirós) da Árvore da Vida da Cabala judaica.
CORRECÇÃO DO TESTE ESCRITO (COTADO PARA 20 VALORES)
1) Os dois princípios de que os alquimistas falavam são o princípio masculino, representado pelo enxofre e pelo salitre, sólidos, designado de «homem vermelho» e o princípio feminino, o mercúrio filosófico, líquido e volátil, designado de «mulher branca». No taoísmo, yang significa princípio masculino, dilatação, calor, verão, vermelho, som e yin significa princípio feminino, contração, inverno, azul ou branco, silêncio. Embora o yang corresponda de modo geral ao enxofre e o yin ao mercúrio, a correspondência não é perfeita porque no taoísmo o sólido é o feminino e na alquimia o sólido é o masculino. (VALE TRÊS VALORES) O templo cristão da idade média obedecia ao princípio hermético das correspondências «o que está em baixo é como o que está em cima, o microcosmo espelha o macrocosmo»: o templo é um microcosmo que espelha o macrocosmo, o corpo gigantesco de Cristo que atravessa o universo. Na planta da catedral, a abside corresponde à cabeça de Cristo, o transepto aos braços abertos, o altar ao coração, as naves ao tronco e pernas. A catedral tinha a abside virada a Leste, onde nasce o Sol, símbolo de Cristo. A lei do uno diz que tudo se relaciona: Cristo com o Sol e com o templo em pedra, por exemplo. Outra expressão deste princípio é a correspondência entre a catedral e a natureza física envolvente: o altar equivale à montanha sagrada, as colunas às árvores, as abóbadas ao céu, as janelas de vitrais às estrelas e planetas, as paredes aos desfiladeiros, a pia baptismal aos lagos e mares (VALE TRÊS VALORES). Alguns dizem que isto é puro subjectivismo, isto é, verdade para uma só consciência - portanto discutível, aparentemente ilusão - outros são cépticos, isto é, duvidam da gnose, doutrina dualista que diz que há dois princípios na origem do universo, o Bem e o Mal, a Luz e as Trevas, o Espírito e a Matéria, e preferem o pragmatismo, ou seja, a doutrina que diz que a verdade está nos factos empíricos reais e na sua utilidade e que põe de parte a metafísica, os ideais utópicos, pois detestam os factos metafísicos, que estão além do mundo empírico quotidiano como «deus», «paraíso e inferno», «reencarnação da alma», etc (VALE TRÊS VALORES).
A) As quatro fases do processo alquímico e respectivas correspondências com a teoria de Pitágoras - esta é uma interpretação entre outras - são:
1ªNIGREDO ou fase negra, da putefração do cadáver. A ave é o corvo. Pode equiparar-se ao ponto que em Pitágoras representava o número um (Do vazio veio um ponto).
2ªALBEDO ou fase branca, da separação das impurezas.A ave é o cisne. Pode equiparar-se, na teoria de Pitágoras, à linha recta que representa o número dois e se forma da separação em dois do ponto, pontos que se vão afastando.
3ªCITREDO ou fase amarela e polícroma. A ave é o pavão. Pode equiparar-se ao plano, número três, segundo Pitágoras, que se formou quando um ponto se destaca da recta e se projecta sobre ela através de infinitas rectas. É esta multiplicidade de cores, onde existe Sol e Lua, que irá originar o lapis da última fase.
4ª RUBEDO ou fase vermelha na qual se produz o lapis ou elixir da longa vida ou pedra filosofal que permite ao homem regressar ao estado adâmico, adquirir um corpo andrógino desmaterializado, que atravessaria as pedras e a matéria densa e viveria no Paraíso Terrestre. A ave é o pelicano ou a fénix. Pode equiparar-se, na teoria de Pitágoras, ao tetraedro ou pirâmide de três lados, porque este sólido é o mais completo dos arkhês.
(VALE QUATRO VALORES)
B) O imperativo categórico é a verdadeira lei moral em Kant, é formado na razão ou eu numénico, que se opõe aos instintos corporais e ao eu fenoménico ou inferior. Enuncia-se assim: «Age de modo a transformares a tua máxima em princípio universal, como se fosse uma lei universal da natureza que não beneficia em particular ninguém, nem sequer a ti mesmo». Este imperativo é formal e autónomo, varia de pessoa a pessoa no seu conteúdo concreto. Para uns, o imperativo é dar sempre esmola aos pedintes, para outros é nunca dar esmola nem aceitar esmolas.
O princípio moral de Stuart Mill é o da maximização social do prazer: é bem promover a felicidade da maioria dos envolvidos numa situação, mesmo à custa da infelicidade da maioria ou do próprio autor da acção.
Teoricamente, é imoral, na doutrina de Kant, expropriar 20 famílias que vivem em casas de um bairro que a câmara municipal da cidade quer destruir para aí fazer uma circular rodoviária exterior para satisfazer 20 000 famílias que vivem nessa cidade porque cada pessoa é um fim em si mesma e deve-se aplicar a todas a mesma lei respeitando a sua dignidade. Mas, segundo a ética de Stuart Mill seria legítimo destruir esse bairro porque a felicidade da maioria (20 000 famílias) se sobrepõe à felicidade da minoria (20 famílias). Ainda que se classifique habitualmente a moral de Kant como «deontológica», centrada no dever («déon»), e a de Mill como «teleológica» («télos» é finalidade. em grego), centrada nos resultados da acção, a verdade é que esta última é igualmente «deontológica» porque para Mill os fins não justificam qualquer meio, há princípios morais a respeitar. (VALE QUATRO VALORES).
C) A lei dialética da contradição principal consiste em reduzir um conjunto de contradições a uma só composta por dois blocos, passando a ser secundárias entre si todas as contradições no interior de cada um dos blocos ou polos. Exemplo: na 2ª Guerra Mundial, a URSS aliou-se à Inglaterra, aos EUA, ao Canadá, Brasil e formaram o bloco dos Aliados, e a Alemanha aliou-se à Itália e Roménia fascistas e ao Japão formando o bloco do Eixo. A árvore da Vida, cabalística é composta por dez esferas ou sefirós que exprimem as qualidades conhecidas de Deus- porque há um Deus inatingível e incognoscível, o Ein Sof, ou Nada Infinito. A forma da árvore é um hexágono tendo por baixo um triângulo de vértice para baixo e no final, abaixo do triângulo, uma esfera isolada. Podemos escolher três esferas, duas do lado direito da árvore - a Sabedoria (Hocmah) e a Misericórdia (Chesed) - e uma do lado esquerdo - a Justiça- Severidade (Gueburah).. Neste caso a Justiça, de um lado, opõe-se à Sabedoria e à Misericórdia, do outro. (VALE TRÊS VALORES)
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Eis um teste de final de 3º período de uma turma que escolheu tratar os valores religiosos no programa de 10º ano de filosofia em Portugal. Um teste sem perguntas de escolha múltipla, que permite aos alunos exprimir uma opinião própria, relacionar criativamente conteúdos e mostrar que sabem filosofar.
Escola Secundária Diogo de Gouveia com 3º Ciclo, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA C
3 de Junho de 2013. Professor: Francisco Queiroz
I
“A religião, segundo Freud, implica neurose e sublimação e terá tido origem num parricídio. Nietzshe, no século XIX, defendeu a teoria do eterno retorno e propôs a transmutação dos valores.»
1) Explique concretamente este texto.
II
2) Relacione, justificando:
A) As três fases da Ideia Absoluta na História segundo Hegel e o dualismo do Tao.
B) Os três estádios da existência segundo Kierkegaard, o existencialismo e o essencialismo.
III
3) Exponha, em síntese, os seguintes temas:
«Como a gnose resolveu filosoficamente o problema da existência do mal no mundo. Os dharmas e o nirvana no budismo. O argumento ontológico de Santo Anselmo para demonstrar Deus. O panteísmo, o teísmo e a metafísica.»
.
CORRECÇÃO DO TESTE (COTADO PARA 20 VALORES)
1) A religião, isto é, a veneração de deuses ou Deus, da natureza física como sagrada ou de anjos e almas metafísicas, implica a neurose, isto é, a tristeza ou frustração resultante da repressão da energia sexual e a sublimação ou seja espiritualização de instintos recalcados, em especial do instinto sexual. Exemplo: «Procura ser pura, abstém-te de práticas sexuais, imita a Virgem Maria». Segundo Freud, em tempos primordiais, no seio de um clã, os filhos, cansados da autoridade do pai que os proibia de possuir as mulheres que quisessem, mataram o pai (parricídio) e comeram o corpo em banquete. Depois, arrependeram-se imaginando que o espírito do Pai os perseguia desde o «Além» e aplacaram-no mediante preces e sacrifícios religiosos que, no caso do catolicismo, se exprimem no «comer o meu Corpo» (a hóstia na missa) e «beber o meu sangue» (o vinho no cálice). (VALE TRÊS VALORES). Nietzsche defendeu o eterno retorno: a história repete-se, o tempo gira em círculo. Aos «gloriosos» tempos dos valores nobres, em que a aristocracia, feliz e cruel, reinava (escravatura, feudalismo) sucedem-se os «tenebrosos» tempos da civilização dos escravos e da plebe, isto é, da democracia liberal, em que a burguesia, classe intermédia reina, ou do socialismo, do comunismo e do anarquismo, episódios em que o proletariado reina e que são o ponto «mais baixo» da escala de valores. Mas o regresso ao antigo é inevitável e para isso Nietzsche propõe a transmutação ou inversão dos valores: o bem, que para os cristãos era cuidar dos fracos, dos doentes e idosos, estabelecer a igualdade social, fazer a paz, passa a ser, na preferência de Nietzsche, esmagar os fracos, os velhos e os doentes e impor a desigualdade social, os direitos desiguais, com a ditadura dos nobres e fazer a guerra; o mal passa a ser a piedade cristã, a repressão dos instintos sexual e guerreiro, o sacrifício da cruz, o niilismo (reduzir a vida ao nada) em nome do «Além». (VALE TRÊS VALORES).
2) a) Para Hegel, a ideia absoluta ou Deus desenvolve-se em três fases: a primeira é o Ser em si, ou Deus espírito, sozinho, antes de criar o universo, o espaço, o tempo, a matéria e pode comparar-se ao Tao, a mãe do Universo, algo invisível e misterioso que circula por toda a parte; a segunda é o Ser fora de Si ou transformação de Deus no seu oposto (alienação), a matéria física, em astros, céus, montamnhas, oceanos, vulcões, plantas e animais e pode equiparar-se ao Yang, dilatação, sair fora de si, visto que Deus se exteriorizou em matéria; a terceira é o Ser para si ou transformação de Deus em humanidade que vai progredindo lentamente em direcção à liberdade - desde o mundo oriental, em que só um homem é livre, até ao cristianismo reformado por Lutero e completado pela revolução francesa de 1789, em que todos os homens são livres - que é o fim da história, fase que pode comparar-se ao Yin, isto é, à contracção ou movimento para dentro, uma vez que, através da humanidade, Deus volta a si mesmo.Yang-Yin, ou seja, dia-noite, sol-lua, alto-baixo, verão-inverno, expansão-contracção, são as duas partes da onda que perpetuamente agita o universo. (VALE TRÊS VALORES).
2) B) Segundo Kierkegaard, filósofo existencialista cristão, há três estádios na existência humana: estético, ético e religioso. No estádio estético, o protótipo é o Don Juan, insaciável conquistador de mulheres que vive apenas o prazer do instante, e sente angústia se está apaixonado por uma mulher e teme não a conquistar. O desespero é posterior à angústia: é a frustração sobre algo que já não tem remédio ou que se esgotou. Ao cabo de conquistar e deixar centenas de mulheres, o Don Juan cai no desespero: afinal nada tem, o prazer efémero esvaiu-se. Dá então o salto ao ético: casa-se. No estado ético, o paradigma é do homem casado, fiel à esposa, cumpridor dos seus deveres familiares e sociais. Este estado relaciona-se com o essencialismo, doutrina que afirma que a essência, o modelo do carácter ou do comportamento vem antes da existência e condiciona esta. A monotonia e a necessidade do eterno faz o homem saltar ao estádio religioso, em que Deus é o valor absoluto, apenas importa salvar a alma e os outros pouco ou nada contam. Abraão estava no estádio religioso, de puro misticismo, quando se dispunha a matar o filho Isaac porque «Deus lhe ordenou fazer isso». O estádio religioso é o do puro existencialismo, doutrina que afirma que a existência vive-se em liberdade e angústia sem fórmulas (essências) definidas, buscando um Deus que não está nas igrejas nem nos ritos oficiais. Neste estádio, o homem casado pode abandonar a mulher e os filhos se «Deus lhe exigir» retirar-se para um mosteiro a meditar ou para uma região subdesenvolvida a auxiliar gente esfomeada. A escolha a cada momento ante a alternativa é a pedra de toque do existencialismo. (VALE TRÊS VALORES).
3) A gnose é uma filosofia de carácter dualista que explica o mal no mundo através da existência da matéria e do seu criador, o demiurgo ou Satã ou Iavé, e o bem através da existência de um mundo espiritual, da Luz (o Pleroma) acima da sete esferas de planetas, mundo aquele onde vivem Cristo, Sofia e os Éons . Assim, o mal é intrinseco ao corpo, ao mundo material. Estes não são obra do verdadeiro deus da Luz. (VALE DOIS VALORES). Os dharmas são qualidades psíquicas e psicofísicas (inteligência, imaginação, memória, visão, audição, olfacto, tacto, etc) que existem por si mesmas no espaço e quando se reunem num feixe formam a personalidade de uma pessoa. Desaparecem ou dispersam-se com a morte corporal, restando apenas a consciência que pode estar, ou não, apta para atingir o nirvana, espaço vazio de repouso absoluto, sem desejos, segundo o budismo. (VALE DOIS VALORES). O argumento ontológico de Santo Anselmo diz o seguinte: Deus é um ser sumamente perfeito, é omnipotente, omnisciente, bondade, justiça e misericórdia absolutas, possui todas as perfeições, logo tem de ter a perfeição de existir (VALE DOIS VALORES). O panteísmo identifica a natureza biofísica com Deus ou deuses. O teísmo diz que Deus ou deuses são transcendentes à natureza biofísica, podendo ser os criadores desta. Ambas as correntes são metafísicas, isto é, doutrinas que descrevem o invisível, o impalpável, o transcendente, ainda que o teísmo seja, aparentemente, mais metafísico.(VALE DOIS VALORES).
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Na teologia gnóstica do bispo Valentim, do século II da era cristã, esquerda e direita surgem vinculadas a dois tipos de homem. Os hílicos ou homens materialistas, ateus, que não se salvam, são os da esquerda; os psíquicos ou homens da Igreja cristã oficial que poderão salvar-se mediante obras, são os da direita.
Achamot, a Intenção da Sabedoria Superior, expulsa do pleroma , o mundo dos eóns divinos, e depois liberta da paixão, por acção do Salvador, formou o Demiurgo ou Deus-pai, arquitecto do mundo inferior da matéria:
«En primer lugar, dicen, formó a partir de la sustancia psíquica al que es Dios, Padre y rey de todos, tanto de los que están consubstanciales, es decir, a los psíquicos, a los que llaman de derecha, como de los procedentes de la pasión y de la materia, a los que llaman de izquierda.» ( Irineo de Lyón, Contra las Herejías in Los gnósticos, Editorial Gredos, pags 116-117).
Interessante é constatarmos as funções arquetípicas de Direita e Esquerda: Direita significava os homens da Igreja, na teologia gnóstica do século II, e ainda hoje, no século XXI, a Igreja, os psíquicos, está ancorada à direita, conservadora ou liberal e centrista; Esquerda significava os homens hílicos, materialistas, os que não crêem em Deus ou deuses e ainda hoje, no século XXI, a maioria das pessoas de esquerda (comunistas, socialistas, anarquistas) são ateus, agnósticos ou panteístas, não concebem a existência de deuses salvadores, espíritos puros no reino do Além.
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