Terça-feira, 30 de Maio de 2017
Teste de Filosofia do 11º Ano (17 de Maio de 2017)

Contrariamente à nossa posição habitual de não fazer perguntas de escolha múltipla nos testes de filosofia a que se responde com uma simples cruz, construímos, por razões de disciplina comunitária uma matriz comum solicitada pela Inspeção Geral de Ensino, e construímos um teste em que entra este tipo de perguntas.

 

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja

Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja

TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA A

17 de Maio de 2017. Professor: Francisco Queiroz

 

GRUPO I (10 pontos x 5)

Em cada questão, indique a única resposta correcta de entre 4 hipóteses

 

1) O realismo gnoseológico ou ontognoseológico é a corrente que sustenta que…

A) A matéria física está dentro da nossa mente e fora da nossa mente.

B) A ideia e a matéria são uma e a mesma coisa.

C) A matéria física está fora da nossa mente e do nosso corpo.

D) O cepticismo é o mesmo que o realismo.

 

2) Paul Feyerabend sustentou que

A) A metafísica deve ser abolida.

B) As ciências universitárias estão livres de ideologia e de interesses de lobbies

C) A inteligência do homo sapiens do mito era superior à do homem de hoje.

D) A indução amplificante não vale nada.

 

3) São ciências hermenêuticas:

A) A matemática e a lógica.

B) A filosofia, a psicologia, a antropologia.

C) A biologia, a geologia, a química.

D) Aquelas que excluem qualquer interpretação e só fazem experiências.

 

4)O idealismo não solipsista subjectivo sustenta que:

A) A matéria é real em si mesma.

B) A matéria não é real em si mesma e cada um a inventa a seu modo pessoal.

C) Não se sabe se a matéria é real ou irreal e cada um pensa de modo diferente.D) O cepticismo é a única teoria válida.

D) O cepticismo é a única teoria válida.

 

5)O princípio da falsificabilidade em Popper:

A) Impede que se escolha qualquer teoria como científica.

B) Não impede que se escolha uma teoria em cada ciência na condição de ela ser tida como conjectura.

C) É a mesma coisa que o princípio da incerteza de Heisenberg.

D) Afirma que não há demarcação entre astrologia e astrofísica, valem o mesmo.

 

GRUPO II (60+40 pontos)

1)Explique concretamente o seguinte texto:

 

«O positivismo lógico difere do conjecturalismo de Popper na posição face à indução amplificante. A incomensurabilidade dos paradigmas não dá vantagem nem à ciência normal nem à ciência extraordinária segundo Kuhn. O ultra-objecto de Bachelard exige arredar os obstáculos epistemológicos

 

2)Explique os três estádios da existência segundo Kierkegaard e a afirmação «Deus é, não existe, o homem não é, existe».

 

GRUPO III (50 pontos)

Explique concretamente o seguinte texto:

«O ser-aí de Heidegger equivale ao ser-para-si de Sartre mas o primeiro transporta o ser ao passo que o ser-para-si carrega o nada. Para Heidegger o homem é o pastor do ser e a linguagem é a casa do ser

 

CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 200 PONTOS (20 VALORES)

 

GRUPO I (50 PONTOS)

 

1-C)......................................10 PONTOS

2-C).......................................10 PONTOS

3-B).......................................10 PONTOS

4-B)........................................10 PONTOS

5-B).........................................10 PONTOS

 

GRUPO II (6O  PONTOS)

1) O positivismo lógico, doutrina que sustenta que a verdade se limita aos factos empíricos e suas relações lógico-matemáticas, baseia-se no paradigma da indução amplificante: a partir de alguns ou muitos exemplos empíricos pode induzir-se uma lei geral necessária. Isto opõe-se ao paradigma conjecturalista anti-indutivo de Karl Popper pois, segundo este, as teses das ciências empíricas e empírico-formais não passam de conjecturas e é impossível verificar todos os exemplos correspondentes a uma dada lei (exemplo: mesmo que eu só veja milhares de cisnes brancos ninguém garante que não haja cisnes azuis ou verdes), logo a indução amplificante não tem valor dogmático científico. Apenas se pode corroborar isto é tornar verosímil uma tese de base empírica(VALE VINTE PONTOS) . A incomensurabilidade dos paradigmas é a impossibilidade de medir e comparar globalmente dois ou mais paradigmas, de os medir no seu todo. Por exemplo, é incomensurável preferir o heliocentrismo ao geocentrismo e vice-versa. Sendo a ciência normal aquela que é dominante entre a comunidade científica de uma dada época - por exemplo, a teoria do Big Bang na astrofísica é hoje a ciência normal - e a ciência extraordinária é aquela que é marginal - a teoria do universo estacionário, que não nasceu de um ovo infinitamente pequeno, de Fred Hoyle é hoje ciência extraordinária - nenhuma delas se superioriza à outra sob este ponto de vista da incomensurabilidade. (VALE 20 PONTOS). O ultra-objecto em Bachelard, que é um objecto empírico-racional, invisível no todo ou em parte, concebido pela razão (exemplo: os átomos, os quarks e leptões; os buracos negros e a matéria escura do cosmos) só é idealizado ou descoberto se removermos todo e qualquer  obstáculo epistemológico, ou seja,  todo e qualquer entrave ao conhecimento científico (por exemplo: a primeira experiência, algo enganadora; o preconceito; a falta de microscópios, computadores, telescópios e outros aparelhos necessários, etc)(VALE 20 PONTOS).

 

2)Segundo Kierkegaard, filósofo existencialista cristão, há três estádios na existência humana: estético, ético e religioso. No estádio estético, o protótipo é o Don Juan, insaciável conquistador de mulheres que vive apenas o prazer do instante, e sente angústia se está apaixonado por uma mulher e teme não a conquistar. O desespero é posterior à angústia: é a frustração sobre algo que já não tem remédio ou que se esgotou. Ao cabo de conquistar e deixar centenas de mulheres, o Don Juan cai no desespero: afinal nada tem, o prazer efémero esvaiu-se. Dá então o salto ao ético: casa-se. No estado ético, o paradigma é do homem casado, fiel à esposa, cumpridor dos seus deveres familiares e sociais. Este estado relaciona-se com o essencialismo, doutrina que afirma que a essência, o modelo do carácter ou do comportamento vem antes da existência e condiciona esta. A monotonia e a necessidade do eterno faz o homem saltar ao estádio religioso, em que Deus é o valor absoluto, apenas importa salvar a alma e os outros pouco ou nada contam. Abraão estava no estádio religioso, de puro misticismo, quando se dispunha a matar o filho Isaac porque «Deus lhe ordenou fazer isso». O estádio religioso é o do puro existencialismo, doutrina que afirma que a existência vive-se em liberdade e angústia sem fórmulas (essências) definidas, buscando um Deus que não está nas igrejas nem nos ritos oficiais. Neste estádio, o homem casado pode abandonar a mulher e os filhos se «Deus lhe exigir» retirar-se para um mosteiro a meditar ou para uma região subdesenvolvida a auxiliar gente esfomeada. A escolha a cada momento ante a alternativa é a pedra de toque do existencialismo. Kierkegaard acentuava a noção de angústia, essa liberdade bloqueada, essa intranquilidade que surge antes ou durante muitos actos decisivos (exemplo: a angústia do aluno antes de saber a nota do teste, a angústia da mãe antes do parto, etc). Kierkegaard situa o paradoxo no interior do estado religioso e diz que se deve amar e seguir a vontade de Deus apesar de não compreendermos esta. (VALE TRINTA PONTOS).a afirmação «Deus é, não existe, o homem não é, existe» significa que Kierkegaard atribui ao termo «ser» e «é» o sentido de eternidade e imutabilidade, própria de um Deus incriado e indestrutível, e ao termo «existe» os sentido de nascimento/crescimento/eclínio/morte e alteração a cada momento, traços da condição humana (VALE 10 PONTOS).

 

 

GRUPO III (50 PONTOS)

1) O ser-aí, na teoria de Heidegger, é cada homem na sua subjectividade que carrega dentro de si o ser, isto é, a essência geral do universo e da humanidade e equivale ao ser-para-si que, em Sartre, é a consciência pensante, distinta do ser em si que é o mundo dos corpos (árvores, automóveis, animais, etc ) - que carrega em si o nada porque Sartre afirma que, ao nascer, não somos nada, psíquicamente falando, nem bons nem maus (VALE 30 PONTOS). Para Heidegger, o homem é o pastor do ser significa que o ser, a essência geral humana e inumana, é o patrão do ser-aí, isto é de cada homem: o ser chama uns a ser pintores, outros a ser operários fabris, outros a ser professores, sacerdotes, navegadores, agricultores, obriga todos a respeitar a tradição cultural do seu país, etc. A linguagem é a casa do ser significa que, apesar da sua natureza transcendente e imanente ao homem e ao mundo, a linguagem não é arbitrária, não diz ao acaso, refere-se a uma estrutura ordenada a que chamamos ser e designa as várias modalidades deste: ser-aí, ser com, ser no mundo, ser junto a, ser para a morte, etc. (VALE 20 PONTOS).

 

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Domingo, 8 de Maio de 2011
A equívoca divisão realismo-empirismo-racionalismo em Gaston Bachelard

Gaston Bachelard (1884-1962), sem embargo da sua grande erudição, procedeu a uma arrumação não dialéctica, algo confusa, das correntes gnoseológicas. Não é um pensador de síntese, dialéctico, por excelência. E quantos pensadores deste tipo dialéctico de excelência passaram pelas cátedras universitárias? Um número ínfimo. Quase todos os filósofos, e mais ainda os catedráticos de filosofia, cometem erros de classificação das doutrinas.

 

Sobre a noção de massa, Bachelard estruturou a seguinte divisão: realismo ingénuo, empirismo claro e positivista, racionalismo clássico da mecânica racional, racionalismo completo (relatividade), racionalismo discursivo

A respeito da noção de energia, criou a seguinte divisão pentádica: realismo ingénuo, empirismo claro e positivista, racionalismo clássico de macânica racional, racionalismo completo (relatividade), racionalismo discursivo.

 

Bachelard escreveu sobre esta divisão:

 

«Com efeito, não vemos como se poderiam dispor de forma diferente as filosofias que tomamos por base. As numerosas tentativas de modificação que levámos a cabo falharam todas a partir do momento em que as referimos a um conhecimento particular. Tentámos assim o nosso método de dispersão na base realismo-racionalismo-empirismo claro. » (Gaston Bachelard, Filosofia do novo espírito científico, Editorial Presença / Livraria Martins Fontes, páginas 64-65; a letra negrito é colocada por mim)

 

O defeito desta divisão em Bachelard está em misturar espécies do género ontologia (realismo) com espécies do género gnosiologia (empirismo, racionalismo). Há uma sobreposição de géneros extrínsecos entre si. Bachelard confunde realismo com realismo natural ou ingénuo e chama racionalismo ao realismo crítico/ racionalista, à fenomenologia e ao idealismo crítico que são correntes ontológicas.

 

O REALISMO NÂO SE PODE DIALECTIZAR?

Bachelard escreveu:

 

«Com efeito, segundo pensamos a dialectização de uma noção prova o carácter racional dessa noção. Um realismo não se pode dialectizar. Se a noção de sunstância se pode dialectizar, teremos a prova de que ela pode funcionar verdadeiramente como uma categoria.» (Gaston Bachelard, Filosofia do novo espírito científico, Editorial Presença / Livraria Martins Fontes, páginas 73; a letra negrita é colocada por mim).

 

Bachelard confunde realismo com descritivismo naturalista. Confunde o ontológico com o gnoseológico, a matéria com a forma. Por que razão "um realismo não se pode dialectizar", isto é, dividir em forças opostas entre si, experiência e razão? Há dialéctica na realidade em si mesma, no realismo, ou seja mundo real de matéria exterior às mentes humanas: a luta e o movimento dos contrários, a água contra o fogo, o electrão contra protão, a força gravítica versus força antigravítica são dialectização no interior da realidade. O realismo não exclui a realidade invisível à qual só a racionalidade tem acesso, como parece supor Bachelard. A esse realismo que exige a razão para construir o ultra-ojecto (exemplo: o protão e os quarks up e down em que se divide, supostamente) chama Bachelard, equivocamente, racionalismo, em vez de o denominar realismo racionalista ou crítico ou epistémico..

 

O KANTISMO CLÁSSICO OPÕE-SE AO RACIONALISMO DA TABELA PERIÓDICA DOS ELEMENTOS NA QUÍMICA?

 

Bachelard escreveu ainda sobre o racionalismo da química contemporânea e do seu insubstancialismo:

 

«Raciocina-se sobre uma substância química desde que se tenha estabelecido a sua fórmula desenvolvida. Vemos pois que a uma substância química está de ora em diante associado um verdadeiro númeno. Este númeno é complexo e reune várias funções. Seria rejeitado por um kantismo clássico; mas o não-kantismo, cujo (papel é o de dialectizar as funções do kantismo, pode aceitá-lo.» (Gaston Bachelard, Filosofia do novo espírito científico, Editorial Presença / Livraria Martins Fontes, página 83).

 

Não se percebe por que razão o conceito de substância expresso em número atómico ou número de massa seria rejeitado pelo kantismo clássico. Kant era racionalista: na sua doutrina, o entendimento impõe leis à sensibilidade, isto é, à natureza física. Se a tabela periódica dos elementos tivesse sido descoberta em vida de Kant, este poderia perfeitamente integrá-la na actividade do entendimento. A tabela é um conjunto de conceitos de recorte pitagórico. Bachelard parece ter sofrido deste mal geral das universidades que é a incompreensão global da ontognoseologia de Kant...

  

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