Que diferenças há entre os conceitos de ontologia e ontognosiologia?
Na década de 90, enviei à Guimarães &Editores um ensaio sobre a ontognosiologia de Kant que a editora não publicou - creio ter sido o primeiro a usar este termo ao menos na língua portuguesa; um ou dois anos mais tarde constatei que Miguel Reale usava este termo «ontognosiologia de Kant» em publicação de Guimarães &Editores. Talvez tenha lido o meu ensaio e aproveitado o título...
O realismo, doutrina que postula que há um mundo de matéria real em si mesmo anterior à existência da humanidade e independente das mentes humanas, é uma corrente do género ontológico (respeitante ao ser: a matéria é ser, existe fora de nós) e simultaneamente é corrente do género gnosiológico (respeitante ao conhecer: conheço a matéria fora de mim). Por isso ontognosiologia realista é um conceito com razão de ser. E ontognosiologia idealista, como é o caso da teoria de Kant, também é um conceito justificado. Considerei, no meu «Dicionário de Filosofia e Ontologia» que o género ontologia comporta quatro modalidades: realismo, idealismo, fenomenologia, objectualismo. Este último, como corrente que faz desaparecer o sujeito cognoscente, inserindo-o na matéria («Não há nada senão as coisas» dizia Sartre), é ontologia mas não ontognosiologia. Portanto, é possível distinguir ontognosiologia de ontologia sem embargo de se fundirem em diversos casos.
Mas onde inserir os conceitos de materialismo, espiritualismo e dualismo hilonoético? Na gnosiologia? Não. Não são ontologias? São. Para as distinguir de realismo-idealismo-fenomenologia- objectualismo, que são do género ontologia, coloquei-as no género ontologia principial porque o espírito/deuses é, para alguns, o começo de tudo e a matéria, no caos ou ordenada é, para outros, o começo de tudo.
Realismo não pode confundir-se com materialismo e idealismo não pode confundir-se com espiritualismo, confusões estas perfilhadas por Karl Marx e Vladimir Lenin. Este, chamava idealismo objectivo à visão realista e simultaneamente espiritualista do mundo, aos cristãos que acreditavam na matéria como real e em Deus. Há realistas (pessoas que crêem na realidade do mundo material) que são espiritualistas (crêem em Deus ou Deuses ou na consciência individual (alma) imortal) e há realistas que são materialistas (não crêem em Deus, Deuses nem em vida além da morte).
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© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz
Há teses de Hegel que são notáveis e compreensíveis na Fenomenologia do Espírito, como por exemplo a seguinte:
«O verdadeiro é o todo. Mas o todo é somente a essência que se completa mediante o seu desenvolvimento. Do absoluto, há que dizer que é essencialmente resultado, que só no final é o que é de verdade, e em isso precisamente estriba a sua natureza, que é a de ser real, sujeito ou devir de si mesmo. »
(G.W.F. Hegel, Fenomenología del espíritu, Fondo de Cultura Económica, México, 2007, pág. 16; o destaque a negrito é colocado por nós).
Hegel sustenta que no princípio está o Espírito, o mais universal de tudo. Adiciona ao teísmo da primeira fase do Espírito, o panteísmo da segunda fase (Deus é as árvores, os rios, as plantas e os animais «irracionais») e o panenteísmo da terceira fase (Deus é a humanidade nos seus diferentes povos e tipos de estado, de arte, de religião e de filosofia, evoluindo para a liberdade e ao mesmo tempo Deus é espírito puro, transcendente, no Além). O resultado acima referido é a terceira fase, a da humanidade, que resulta da união e síntese entre a fase de Deus pensante e a fase de Deus impensante, alienado em natureza física em corpos físicos.
Hegel fala de quatro etapas na fenomenologia do Espírito, isto é, nas sucessivas formas que este vai assumindo: consciência, autoconsciência, razão e espírito. Ponho reservas a esta divisão: a autoconsciência já é, em si mesma, razão. Hegel dá a seguinte definição de autoconsciência:
«Mas de facto, a autoconsciência é a reflexão, que desde o ser do mundo sensível e percebido, é essencialmente o retorno a partir do ser outro. Como autonsciência é movimento(....) A diferença não é, e a autoconsciência é somente a tautologia sem movimento do eu sou eu.»
(G.W.F. Hegel, Fenomenología del espíritu, Fondo de Cultura Económica, México, 2007, pág. 108; o destaque a negrito é colocado por nós).
Fixemo-nos: quando Descartes intui «eu penso logo existo» isso é autoconsciência; quando Albert Camus infere que a vida humana é destituída de sentido pois não há Deus nem é possível garantir o triunfo perene da verdade e da justiça para toda a humanidade isso é autoconsciência.
Mas há numerosos parágrafos da Fenomenologia que são ambíguos devido às múltiplas divisões que ele introduz no mesmo conceito tipo bonecas russas Matrioska, umas dentro das outras. Veja-se por exemplo, esta passagem em que se refere à substância ética:
«A substância é, deste modo, espírito, unidade autoconsciente do si mesmo e da essência; mas ambos têm também o significado da estranheza de um face ao outro. O espírito é consciência de uma realidade objectiva para si livre; mas a esta consciência se enfrenta àquela unidade do si mesmo e da essência, à consciência real se enfrenta a consciência pura. Por um lado, mediante a sua alienação, a autoconsciência real passa ao mundo real e este retorna àquela; mas, por outro lado, superou-se precisamente esta realidade, a pessoa e a objectividade. Esta estranheza é a pura consciência ou essência.»
(G.W.F. Hegel, Fenomenología del espíritu, Fondo de Cultura Económica, México, 2007, pág. 287; o destaque a negrito é colocado por nós).
Na primeira frase da citação acima a substância aparece como a unidade entre o si mesmo e a essência. Ora o que é o si mesmo senão o espírito do indivíduo? Neste caso, a essência terá de ser a objectividade, a realidade, o bem e o mal que se encontram fora da consciência. Mas na última frase da citação Hegel muda o significado de essência, que no início era lei exterior, realidade exterior para... consciência pura. Não bate certo.
(G.W.F. Hegel, Fenomenología del espíritu, Fondo de Cultura Económica, México, 2007, pág. 108; o destaque a negrito é colocado por nós).
Estamos pois perante um exercício de sofística em que Hegel, sem embargo do seu brilhantismo, é pródigo.
AUTOCONSCIÊNCIA EM GERAL E AUTOCONSCIÊNCIA LIVRE, O PARADOXO DE "O SER SÓ PARA A CONSCIÊNCIA" SER SIMULTÂNEAMENTE "REAL EM SI MESMO"
Vejamos um entre muitos exemplos da falta de clareza, ou pelo menos da falta de concreção do pensamento de Hegel:
«A razão é a certeza da consciência de ser toda a realidade; de este modo exprime o idealismo o conceito da razão. Do mesmo modo que a consciência que surge como razão abriga de um modo geral imediato esta certeza, assim também o idealismo a exprime de modo imediato; eu sou eu, no sentido, no sentido de que o eu que é o meu objecto, é objecto com a consciência do não ser de qualquer outro objecto, é objecto único, é toda a realidade e toda a presença, e não como na autoconsciência em geral, nem tão pouco como na autoconsciência livre, já que ali é só um objecto vazio em geral e aqui somente um objecto que se retira dos outros que continuam a governar junto dele. Mas a autoconsciência só é toda a realidade não somente para si mas também em si ao devir esta realidade ou mais exactamente ao demonstrar-se como tal. E se demonstra assim no caminho pelo qual, primeiro no movimento dialétco da suposição, da percepção e do entendimento , o ser outro desaparece como em si, e logo no movimento que passa pela independência da consciência no senhorio e na servidão, pelo pensamento da liberdade, a libertação céptica e a luta da libertação absoluta da consciência desdobrada dentro de si, o ser outro enquanto é para ela, desaparece para ela mesma. Apareceriam sucessivamente dois lados, um em que a essência ou o verdadeiro tinha para a consciência a determinabilidade do ser e outro em que a sua determinabilidade era ser somente para ela. Mas ambos os lados se reduziam a uma verdade, a de que o que é ou o em si só é enquanto é para a consciência e o que é para ela é também em si.»
(G.W.F. Hegel, Fenomenología del espíritu, Fondo de Cultura Económica, México, 2007, pág. 144; o destaque a negrito é colocado por nós.)
Percebe-se neste texto o que significa a tese de Hegel de que no idealismo «o ser outro desaparece como em si»: no idealismo material ou ontológico, a árvore, a casa ou o cão que em relação a mim são ser outro que desaparecem em si, isto é, desaparecem como realidades independentes de mim, reduzem-se a simples ideias na minha mente que é o universo inteiro. Mas Hegel não define o que é a autoconsciência livre - é o pensamento de alguns filósofos destacados do vulgo?- e em que se distingue da autoconsciência em geral - esta já sabemos ser reflexão e não absorção acrítica das percepções do mundo exterior.
A última frase do texto «Mas ambos os lados se reduziam a uma verdade, a de que o que é ou o em si só é enquanto é para a consciência e o que é para ela é também em si.» é em si mesma um paradoxo: Hegel começa por dizer que o que é ou existe só é para a consciência - posição do idealismo e da fenomenologia: a árvore que vejo só é real para a minha consciência - e depois contradiz-se ao dizer que o que existe para a consciência existe também em si mesmo, como realidade independente - posição do realismo: a árvore está fora da minha mente e subsiste quer eu a veja e pense ou não.
O ESPÍRITO, SUBSTÂNCIA ÉTICA, VERSUS A SUBSTÂNCIA QUE SÓ SURGE NELE QUANDO O ESPÍRITO AGE
Ideias que Hegel repete são a do desdobramento da consciência e a da luta entre a essência e a autoconsciência, entre o universal e o singular. Hegel define o espírito assim, ora identificando-o como substância ora diferenciando-o desta:
«Mas a essência que é em si e para si e que ao mesmo tempo é ela mesma real como consciência e se representa a si mesma é o espírito.»
«A sua essência espiritual já foi definida como a substância ética; mas o espírito é a realidade ética. É o si mesmo da consciência real, à qual se enfrenta, ou que mais precisamente se enfrenta a si mesma, como mundo real objectivo, o qual, sem embargo, perdeu para si mesmo toda a significação de algo estranho, do mesmo modo que o si mesmo perdeu toda a significação de um ser para si, separado, dependente ou independente de aquele. O espírito é a substância e a essência universal, igual a si mesma e permanente - o inabalável e irredutível fundamento e ponto de partida do agir de todos - e o seu fim e a sua meta, como o em si pensado de toda a autoconsciência».
(G.W.F. Hegel, Fenomenología del espíritu, Fondo de Cultura Económica, México, 2007, pp. 259-260; o destaque a negrito é colocado por nós.)
Esta passagem, relativamente obscura - Como é que o si mesmo perdeu toda a significação de um ser para si? Refere-se a quando Deus se alienou em natureza física e deixou de pensar? - está em contradição com a seguinte:
«Na sua verdade simples, o espírito é consciência e desdobra os seus momentos. A ação cinde-o em substância e em consciência da mesma, e cinde tanto a substância como a consciência. A substância, como essência universal e como fim, enfrenta-se consigo mesma como a realidade singularizada...»
(G.W.F. Hegel, Fenomenología del espíritu, Fondo de Cultura Económica, México, 2007, pág. 261; o destaque a negrito é colocado por nós.)
A incoerência está em considerar o espírito como substância ética, depois como realidade ética e por último dizer que o espírito é apenas consciência e só a ação o cinde em substância e consciência de esta. Substância era qualidade do espírito, eterno e imóvel, tese primeira, mas só surge quando o espírito se põe em ação e divide em substância e consciência, tese segunda. Há aqui imprecisão conceptual.
O espírito é o quarto degrau mas engloba os outros três degraus. Há aqui uma visão eclética, algo confusa: espírito é tomado em dois sentidos diferentes, ora como consciência em geral, mesmo não ética, ora como essência ética:
«Aqui, onde se põem o espírito ou a reflexão de estes momentos em si mesmos, a nossa reflexão a respeito deles pode recordá-los brevemente conforme a este lado; os ditos momentos eram a consciência, a autoconsciência e a razão. O espírito é pois consciência em geral, que abarca em si a certeza sensível, a percepção e o entendimento»
(G.W.F. Hegel, Fenomenología del espíritu, Fondo de Cultura Económica, México, 2007, pág. 26o; o destaque a negrito é colocado por nós.)
Há falta de concreção no pensamento hegeliano, oscilações de vagueza em conceitos como essência, substância, ser em si, ser para si. Talvez por isso Schopenhauer classificasse Hegel de «charlatão», do mesmo modo que nós acusamos Heidegger de um certo grau de charlatanismo retórico em O Ser e o Tempo.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
José Ortega y Gasset, (9 de Maio de 1883, Madrid; 18 de Outubro de 1955), foi o grande representante da fenomenologia na filosofia espanhola do século XX, que, desiludido com os políticos e a guerra civil de Espanha, se exilou em 1936 para voltar a Espanha em 1945, no final da guerra mundial. Ortega foi, em minha opinião, superior intelectualmente a Heidegger e a Zubiri, e superior a qualquer celebridade da filosofia analítica dos séculos XX e XXI como por exemplo, Wittgenstein, Bertrand Russel, Peter Singer, John Searle, Simon Blackburn. Registe-se que a fenomenologia, como ontologia, é a corrente que sustenta não podermos saber se o mundo de matéria é exterior à nossa mente ou se faz parte dela. Ortega escreveu sobre a ciência:
«Conste pois que o que costumamos chamar mundo real ou «exterior» não é a nua, autêntica e primária realidade com que o homem se encontra mas que já é uma interpretação dada por ele a essa realidade, portanto uma ideia. Esta ideia consolidou-se em crença. Crer em uma ideia significa crer que é a realidade, portanto deixar de vê-la como mera ideia.»
«Mas é claro que essas ciências começaram por não ser mais que ocorrências ou ideias sensu stricto. Surgiram um belo dia como obra da imaginação de um homem que se ensimesmou nelas, desatendendo em dado momento o mundo real. A ciência física, por exemplo, é uma destas arquitecturas ideais que o homem constrói. Algumas dessas ideias físicas estão hoje actuando em nós como crenças, mas a maior parte delas são para nós ciência - nada mais, nada menos. Quando se fala, pois, do «mundo físico» advirta-se que na sua maior porção não o tomamos como mundo real, mas que é um mundo imaginário ou "interior".»
«E a questão que proponho ao leitor consiste em determinar com todo o rigor, sem admitir expressões vagas ou indecisas, qual é essa atitude em que o físico vive quando está pensando as verdades da sua ciência. Ou dito de outro modo: o que é para o físico o seu mundo, o mundo da física? É para ele realidade? Evidentemente, não. As suas ideias parecem-lhe verdadeiras, mas esta é uma qualificação que sublinha o carácter de meros pensamentos que aquelas lhe apresentam. Já não é possível, como em tempos mais venturosos, definir galantemente a verdade dizendo que é a adequação do pensamento à realidade. O termo "adequação" é equívoco. Se se toma no sentido de "igualdade", resulta falso. Nunca uma ideia é igual à coisa a que se refere. E se se toma mais vagamente no sentido de "correspondência", já se está reconhecendo que as ideias não são a realidade, mas o contrário, a saber, ideias e só ideias. O físico sabe muito bem que o que diz a sua teoria não existe na realidade»
(José Ortega y Gasset, Ideas y creencias y otros ensayos, Alianza Editorial, Madrid, 2019, pp. 52-54; o destaque a negrito é posto por nós).
Como se pode provar que quarks e leptões existem? Como provar que o Big Bang existiu? Não pode. Cálculos matemáticos não bastam porque são precisas comprovações físicas, experienciais, que a física e a astrofísica não conseguem.
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Contrariamente à nossa posição habitual de não fazer perguntas de escolha múltipla nos testes de filosofia a que se responde com uma simples cruz, construímos, por razões de disciplina comunitária uma matriz comum solicitada pela Inspeção Geral de Ensino, um teste em que entra este tipo de perguntas.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B
19 de Maio de 2017 Professor: Francisco Queiroz
GRUPO I (10 pontos x 5, 50 PONTOS)
Em cada questão, indique a única resposta correcta de entre 4 hipóteses
1) O idealismo gnoseológico ou ontognoseológico é a corrente que sustenta que…
A. A matéria física está dentro do universo e fora da mente humana
B A ideia e a matéria são uma e a mesma coisa.
C- A matéria física está fora da nossa mente e do nosso corpo.
D- A fenomenologia é o mesmo que o pragmatismo.
2) Paul Feyerabend sustentou que:
A) A metafísica deve ser abolida.
B) As ciências universitárias estão livres de ideologia e de interesses de lobbies.
C)Não se devem experimentar métodos fora do que a universidade permite.
D) Devem-se improvisar métodos ad hoc.
3) No método hipotético-dedutivo
A) Rejeita-se a indução amplificante
B) Aceita-se a indução amplificante
C) Não se usam fórmulas matemáticas
D) Não se recorre à experiência, à observação directa de factos..
4)O idealismo não solipsista objectivo sustenta que
A) A matéria é real em si mesma
B) A matéria não é real em si mesma e cada um a inventa ou vê a seu modo pessoal.
C) A matéria não é real em si mesma e todos a inventam ou veem de igual modo.
D) O cepticismo é a única teoria válida.
5)O princípio da falsificabilidade em Popper:
A) Impede que se escolha qualquer teoria como científica
B) Não impede que se escolha uma teoria em cada ciência na condição de ela ser tida como conjectura
C) É a mesma coisa que o princípio da incerteza de Heisenberg
D) Afirma que não há demarcação entre astrologia e astrofísica, valem o mesmo.
GRUPO II (60 +40 pontos)
1). Explique concretamente o seguinte texto:
«Revisibilidade e falsificabilidade na teoria de Popper coadunam-se com as noções de obstáculo epistemológico e ultra-objecto da teoria de Gaston Bachelard. A incomensurabilidade dos paradigmas defendida por Thomas Kuhn não parece concordar com o positivismo lógico».
2)Explique os três estádios da existência segundo Kierkegaard e a afirmação «Deus é, não existe, o homem não é, existe».
GRUPO III (50 pontos)
Explique concretamente o seguinte texto:
«O ser-aí de Heidegger equivale ao ser-para-si de Sartre mas o primeiro transporta o ser ao passo que o ser-para-si carrega o nada. Para Heidegger o cuidado, o porvir e o ser-para-a-morte são traços do ser-aí e o ôntico opõe-se ao ontológico.»
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 200 PONTOS (20 VALORES)
GRUPO I (50 PONTOS)
1-B)......................................10 PONTOS
2-D).......................................10 PONTOS
3-B).......................................10 PONTOS
4-C)........................................10 PONTOS
5-B).........................................10 PONTOS
GRUPO II (60+ 40 PONTOS)
1) A revisibilidade, isto é, a qualidade inerente às teorias científicas de verem as suas teses alteradas, revistas ou mesmo anuladas de todo, segundo Popper, coaduna-se ou harmoniza-se com a noção de ultra-objecto em Bachelard, que é um objecto empírico-racional, invisível no todo ou em parte, concebido pela razão (exemplo: os átomos, os quarks e leptões; os buracos negros e a matéria escura do cosmos): a razão idealiza o ultra-objecto e revê de tempos a tempos esse conceito. O princípio da falsificabilidade em Popper sustenta que todas as teorias científicas são conjecturas, hipóteses que podem vir a revelar-se falsas e isso liga-se a obstáculo epistemológico que é todo e qualquer entrave ao conhecimento científico (por exemplo: a primeira experiência, algo enganadora; o preconceito; a falta de microscópios, computadores, telescópios e outros aparelhos necessários, etc) e que, por isso, falsifica o conhecimento. (VALE 30 PONTOS). A incomensurabilidade dos paradigmas é a impossibilidade de medir e comparar globalmente dois ou mais paradigmas, de os medir no seu todo. Por exemplo, é incomensurável preferir o heliocentrismo ao geocentrismo e vic-versa. Ora o positivismo lógico, doutrina que sustenta que a verdade se limita aos factos empíricos e suas relações lógico-matemáticas, pondo de parte a metafísica, não defende essa incomensurabilidade: opta pelo paradigma da indução amplificante contra o paradigma conjecturalista anti-indutivo de Karl Popper e Khun...(VALE 30 pontos).
2)Segundo Kierkegaard, filósofo existencialista cristão, há três estádios na existência humana: estético, ético e religioso. No estádio estético, o protótipo é o Don Juan, insaciável conquistador de mulheres que vive apenas o prazer do instante, e sente angústia se está apaixonado por uma mulher e teme não a conquistar. O desespero é posterior à angústia: é a frustração sobre algo que já não tem remédio ou que se esgotou. Ao cabo de conquistar e deixar centenas de mulheres, o Don Juan cai no desespero: afinal nada tem, o prazer efémero esvaiu-se. Dá então o salto ao ético: casa-se. No estado ético, o paradigma é do homem casado, fiel à esposa, cumpridor dos seus deveres familiares e sociais. Este estado relaciona-se com o essencialismo, doutrina que afirma que a essência, o modelo do carácter ou do comportamento vem antes da existência e condiciona esta. A monotonia e a necessidade do eterno faz o homem saltar ao estádio religioso, em que Deus é o valor absoluto, apenas importa salvar a alma e os outros pouco ou nada contam. Abraão estava no estádio religioso, de puro misticismo, quando se dispunha a matar o filho Isaac porque «Deus lhe ordenou fazer isso». O estádio religioso é o do puro existencialismo, doutrina que afirma que a existência vive-se em liberdade e angústia sem fórmulas (essências) definidas, buscando um Deus que não está nas igrejas nem nos ritos oficiais. Neste estádio, o homem casado pode abandonar a mulher e os filhos se «Deus lhe exigir» retirar-se para um mosteiro a meditar ou para uma região subdesenvolvida a auxiliar gente esfomeada. A escolha a cada momento ante a alternativa é a pedra de toque do existencialismo. Kierkegaard acentuava a noção de angústia, essa liberdade bloqueada, essa intranquilidade que surge antes ou durante muitos actos decisivos (exemplo: a angústia do aluno antes de saber a nota do teste, a angústia da mãe antes do parto, etc). Kierkegaard situa o paradoxo no interior do estado religioso e diz que se deve amar e seguir a vontade de Deus apesar de não compreendermos esta. (VALE TRINTA PONTOS).a afirmação «Deus é, não existe, o homem não é, existe» significa que Kierkegaard atribui ao termo «ser» e «é» o sentido de eternidade e imutabilidade, própria de um Deus incriado e indestrutível, e ao termo «existe» os sentido de nascimento/crescimento/eclínio/morte e alteração a cada momento, traços da condição humana (VALE 10 PONTOS).
GRUPO III (50 PONTOS)
1) O ser-aí é cada homem na sua subjectividade que carrega dentro de si o ser, isto é, a essência geral do universo e da humanidade e equivale ao ser-para-si que, em Sartre, é a consciência pensante, distinta do ser em si que é o mundo dos corpos (árvores, automóveis, animais, etc ) - que carrega em si o nada porque Sartre afirma que, ao nascer, não somos nada, psíquicamente falando, nem bons nem maus (VALE 20 PONTOS). Para Heidegger, o cuidado ou cura (sorge) é a preocupação em que vive o homem a cada instante de ter alimento, habitação, executar um trabalho com competência, agradar às outras pessoas, ter família e dinheiro, cuidar dos filhos, etc. O porvir é o sentido do futuro que engloba expectativas, esperanças, projectos. O ser-para-a-morte é a consciência de que se morrerá (finitude) um dia, novo ou velho, e isso condiciona as escolhas da vida humana. O ôntico é a realidade aparente (exemplo: eu e o mundo somos realidades separáveis, quando eu morrer o mundo permanece, realismo natural) e o ontológico é a realidade profunda, oculta (exemplo: o meu eu é indissociável do mundo exerior, fenomenologia). (VALE 30 PONTOS)
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Em Portugal, nem todos os professores de filosofia cedem ao reducionismo de fazer perguntas de escolha múltipla (indicar uma única resposta como certa de um total de quatro hipóteses) para testar os conhecimentos do aluno no campo da filosofia. Um x colocado na hipótese correcta citada na folha de teste escrito pode demonstrar que o aluno sabe...ou que acertou à sorte ... ou que copiou pelo colega do lado.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B
2 de Novembro de 2016. Professor: Francisco Queiroz
I
“Alguns sindicalistas não são anarquistas.
Alguns operários são sindicalistas.
Logo, os operários são anarquistas.”
1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.
1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo.
2)Construa o quadrado lógico das oposições à seguinte proposição:
«Os alentejanos são portugueses».
3)Distinga realismo crítico de Descartes do idealismo não solipsista objetivo e da fenomenologia.
4)Tendo como primeira premissa a proposição «Se passar de ano, vou a Londres», construa:
A) Um silogismo condicional modus ponens.
B)Um silogismo condicional modus tollens.
5) Distinga a indução amplificante/científica, da dedução e do raciocínio de analogia.
6) Defina e construa um exemplo de cada uma das seguintes falácias: depois de por causa de, ad misericordiam, de composição, ad hominem, ad ignorantiam.
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES
A) Três regras infringidas da validade do silogismo acima foram: de duas premissas particulares (alguns...alguns) nada se pode concluir; nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas (alguns operários / os (todos) operários); o termo médio ( sindicalistas) tem de ser tomado pelo menos uma vez universalmente e está tomado apenas no sentido de «alguns» e não de «todos». (VALE TRÊS VALORES).
1-B) O modo do silogismo é OIA e a figura é SP (sujeito e predicado refere-se à posição do termo médio nas premissas) ou 1ª figura.(VALE UM VALOR).
2) O quadrado lógico é o seguinte:
Os alentejanos são portugueses. Nenhum alentejano é português.
(TIPO A- Universal Afirmativa) (TIPO E- Universal Negativa)
Alguns alentejanos são portugueses. Alguns alentejanos não são
portugueses
(TIPO I - Particular Afirmativa) (TIPO O - Particular negativa)
As proposições A e E são contrárias entre si. As proposições I e O são subcontrárias entre si. As proposições I e O são subalternas respectivamente a A e E. A proposição A é contraditória com O e a proposição E é contraditória com I. (VALE DOIS VALORES)
3) O realismo crítico de Descartes é a teoria qiue sustenta que há um mundo real de matéria exterior às mentes humanas composto de uma matéria indeterminada, sem peso nem dureza/moleza, apenas formado de figuras geométricas, movimento, números (qualidades primárias, objetivas), sendo subjectivas, isto é exclusivamente mentais, as cores, os cheiros, os sabores, as sensações do tacto, o calor e frio (qualidades secundárias, subjectivas). O idealismo não solpsista ou pluralista e objetivo é a teoria que sustenta que o mundo material é ilusório, existe apenas dentro de uma multiplicidade de mentes humanas e cada uma delas constrói esse mundo de modo igual às outras ( «A torre de Belém que eu invento/vejo é igual à torre de Belém que tu inventas/ vês»), A fenomenologia é a ontologia, nem realista nem idealista, mas cética no seu fundo, que sustenta não saber se o mundo material subsiste ou não fora das mentes humanas. (VALE QUATRO VALORES).
4) a) Se passar de ano, vou a Londres.
Passei de ano.
Logo, vou a Londres. (VALE UM VALOR)
4.b) Se passar de ano, vou a Londres.
Não fui a Londres.
Logo, não passei de ano.
(VALE UM VALOR)
5) O raciocínio de analogia é a inferência que estabelece uma senelhança de forma, função ou posição entre entes muito diferentes entre si. Exemplo: o homem é análogo a uma árvore, os pés equivalem às raízes, os braços aos ramos. Isto implica realmente uma dose de imaginação superior A indução amplificante é a generalizaçao de alguns exemplos empíricos segundo uma lei necessária, infalível. Exemplo. Verificamos 250 árvores implantadas no solo e todas tinham raízes, logo induzo que os milhões de árvores implantados no solo da Terra terão, necessariamente, raízes. A dedução é a inferência que parte de uma premissa geral para chegar, apenas pela necessidade lógica apoiada na memória, a uma conclusão geral ou particular. Exemplo: «Todas as árvores têm raízes, os pinheiros são árvores, logo os pinheiros têm raízes» (VALE TRÊS VALORES).
6) A falácia depois de por causa de é o erro de raciocínio que atribui uma relação necessária de causa efeito a dois fenómenos vizinhos por acaso (exemplo: «Há 10 dias vi um gato preto e caí da bicicleta, há 5 dias vi outro gato preto e perdi a carteira, ontem vi um gato preto e o meu telemóvel avariou, logo ver gatos pretos dá-me azar). (VALE UM VALOR).A falácia ad misericordiam é o vício de raciocínio que apela à misericórdia para anular ou postergar uma decisão ou medida de justiça racional. Exemplo: o aluno diz «Senhor professor, sei que nunca tive uma única nota positiva ao longo do ano e que a média dos meus testes escritos é 7 valores mas, por favor, dê-me um 10 como nota final porque senão o meu pai não me deixa passar férias no estrangeiro e fico deprimido. Tenha compaixão.» (VALE UM VALOR). A falácia da composição ou indutiva é aquela que generaliza, de forma abusiva, da parte para o todo. Exemplo: «André Silva é um jogador de excepcional qualidade. André Silva é futebolista do Futebol Clube do Porto. Portanto, os jogadores do Futebol Clube do Porto são de excepcional qualidade.» (VALE UM VALOR). A falácia ad hominem é aquela que desvia a argumentação racional para o campo do ataque pessoal ao adversário (exemplo: «Ele´ganhou o concurso para gestor de empresas, mas é gay, vamos impedi-lo de subir a gestor da empresa»).(VALE UM VALOR). A falácia do apelo à ignorância é a que raciocina sobre um fundo desconhecido e o usa de forma tendenciosa, sustentando que uma tese fica demonstrada se a não se conseguiu demonstrar a sua contrária (exemplo: Nunca ninguém demonstrou que Deus existe, logo Deus não existe).(VALE UM VALOR)
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Nicolai Hartmann, (Riga, Letónia, 20 de fevereiro de 1882 - Göttingen, 9 de outubro de 1950) destacado fenomenólogo, escreveu:
«O que é a priori não pode ser transcendente nem incognoscível, posto que pela sua própria essência, pertence ao conhecimento como tal. Mas esquece-se que há aspetos no ser nunca podem pertencer ao conhecimento como tal; não podem, portanto, ser nem a priori nem a posteriori. A distinção entre o a priori e o a posteriori é uma distinção gnosiológica, não ontológica. Ela não tem nada a fazer com as categorias como tais. Só intervém quando se trata do conhecimento das categorias. Dizer que a causalidade é a priori é mais ou menos tão sensato como dizer que a justiça é azul. Mas ao contrário podemos muito bem dizer que o conhecimento da causalidade é a priori.»
(Nicolai Hartmann, Les principes d´une méthaphisique de la connaissance, Tome I, pag 342 , Aubier, Editions Montaigne, Paris, 1945; o negrito é posto por mim).
Os termos a priori ( termo latino : partindo daquilo que vem antes) e a posteriori (termo latino: o que vem depois de...; o que vem depois da experiência) podem aplicar-se ao ser (ontologia) e não apenas ao conhecer (gnosiologia).
A causalidade é a priori na natureza biofísica, uma região ontológica: existimos, somos o efeito de causas psicobiológicas e sociais. Cada um de nós é a posteriori em relação aos antepassados e à bionatureza anterior ao nosso nascimento.
Na «Metafísica», Aristóteles fala da anterioridade na ordem do ser das qualidades simples em relação aos seres compostos: a brancura é, na ordem do ser, anterior ao campo branco e ao lenço branco ou ao cavalo branco. Ora um dos ingredientes da causalidade é a anterioridade da causa em relação ao efeito. O outro é o da eficiência ou acção da causa no sentido de produzir aquele efeito.
Na teologia, Deus ou deuses é a priori em relação à generalidade dos entes do mundo (pessoas humanas, animais, árvores, montanhas, céu) e estes são a posteriori em relação a Deus.
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Heidegger designou cada homem, a consciência individual de cada pessoa como o "ser aí" (Dasein). Mas este pensador alemão, nazi numa dada época, fora do comum na sua perspicácia, entrou no surrealismo, na liquidificação e confusão de conceitos, quando escreveu em «Ser e tempo»:
«O "ser aí" se mantém, enquanto "ser no mundo", essencialmente em um des-afastar. Não pode cruzar nunca este desafastamento, a lonjura do "à mão" para ele mesmo. A lonjura de algo "à mão" relativamente ao "ser aí" é sem dúvida algo que ele pode encontrar diante de si como distância, ao precisá-la em relação de uma coisa concebida "diante dos olhos" no sítio ocupado anteriormente por ele, "o ser aí". Este pode atravessar posteriormente o intervalo da distância mas só fazendo da própria distância uma distância des-afastada. O "ser aí" conseguiu tão pouco cruzar o seu des-afastamento, que mais precisamente o foi refazendo e refaz constantemente, porque ele mesmo é essencialmente des-afastamento , quer dizer, espacial. O "ser aí" não pode ir e vir dentro do círculo dos seus des-afastamento do caso, só pode mudar uns por outros. O "ser aí" é espacial naquele modo de descobrimento do espaço do "ver em redor" que consiste em conduzir-se relativamente aos entes que estão diante de si espacialmente assim des-afastando-os constantemente (Martin Heidegger, El Ser y el Tiempo, pag 123, Fondo de Cultura Económica; o destaque a bold é posto por nós).
Desafastamento é o mesmo que aproximação ou que imobilização ou congelamento da distância. Ao fixar o meu olhar numa montanha distante, estou a desafastá-la, a travar a sua desaparição do meu horizonte visual. Heidegger entra em contradição quando afirma que cada homem, isto é, o "ser aí" «não pode cruzar nunca este desafastamento, a lonjura do "à mão" para ele mesmo» e, mais à frente, diz sobre o ser aí: «Este pode atravessar posteriormente o intervalo da distância mas só fazendo da própria distância uma distância des-afastada».
Primeiro, o ser aí não pode atravessar a distância que o separa dos entes em redor, por último já pode fazendo-o posteriormente. Porquê, posteriormente? E como se faz da distância uma distância desafastada ? Distância é um fenómeno objectivo ou é uma construção subjectiva do «ser aí»? Ao caracterizar o ser aí «essencialmente como des-afastamento, isto é, espacial» Heidegger identifica, o espaço com o desafastar. Mas não há espaço no afastamento? Nada disto é claro na prosa de Heidegger, muito avaro em exemplos concretos.
O que é fazer da distância uma distância desafastada, se afastamento está incluído no próprio conceito de distância? É possível encurtar a distância por meios extrasensoriais e intelectuais? Sim, se falarmos no domínio da telepatia e da clarividência. É possível desafastar os 305 quilómetros entre Porto e Lisboa ou estes são inamovíveis, reais, independentes do ser aí?
Heidegger brinca com as palavras, torna-as obscuras, dotadas de sentidos diversos, faz poesia e apresenta isso como ciência fenomenológica mas isso não mostra como a realidade é. O reino do verbo sem referentes sólidos é o grande pecado da filosofia: fala-se ou escreve-se «caro», com certa obscuridade, e escrevem-se livros de títulos sonantes, tiram-se doutoramentos. Desde que se tenha verbosidade retórica pode chegar-se às mais «altas teorias» e o público, que não entende, venera e cala-se. Heidegger era um filósofo? Sim, mas enquanto escritor surrealista, era um charlatão inteligente, em matéria de ontognoseologia...A filosofia está cheia de catedráticos pseudo-racionais.
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Eis um teste de filosofia fora do estereótipo dos testes que os autores dos manuais escolares da Porto Editora, Leya, Santillana, Areal Editores, etc, divulgam. E sem questões de escolha múltipla que, frequentemente, são incorrectamente concebidas por quem não domína o método dialético e desliza para a horizontalidade da filosofia analítica vulgar.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA C
14 de Março de 2016. Professor: Francisco Queiroz.
I
“Bachelard afirma que «a opinião não pensa, traduz necessidades em conhecimentos» e que «na ciência nada é dado». A ciência normal e a ciência extraordinária, segundo Kuhn, são paradigmas incomensuráveis. Feyerabend, anarquista epistemológico, sustentou que, hoje, com o racionalismo fragmentário dominante, mera ideologia, « temos uma religião sem ontologia, uma arte sem conteúdos, e uma ciência sem sentido».."
1)Explique, concretamente este texto
2)Explique como, na ontognoseologia de Kant, se formam o fenómeno CHUVA e o juízo a priori «Os três ângulos internos de um triângulo somam 180 graus».
3) Relacione, justificando:
A) Positivismo lógico do círculo de Viena, por um lado, e falsificacionismo de Karl Popper, por outro lado .
B) Internalismo e externalismo nas Ciências Empírico-Formais e nas Ciências Hermenêuticas.
C) Núcleo Duro e Cinto Protector na teoria de Lakatos sobre a ciência e obstáculo epistemológico na teoria de Gaston Bachelard-
D) Realismo crítico, fenomenologia, e idealismo em David Hume.
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES
1) A opinião, isto é, o senso comum, não pensa, isto é, traduz necessidades em conhecimentos, fabrica a explicação que mais lhe convém. Exemplo: a maioria das pessoas que sentem frequentes dores de cabeça não perdem tempo a investigar a causa dessas dores, tomam um comprimido de farmácia que faz desaparecer o sintoma mas não a causa que lhe está subjacente. Na ciência nada é dado porque tudo ou quase tudo é construção racional. Exemplo: a teoria do espaço-tempo de Einstein, que diz que o espaço encurva na proximidade de grandes massas não nos é dada pelos orgãos dos sentidos, é pensada na razão (VALE UM VALOR). A ciência normal é a ciência oficial, dominante, em cada época ou sociedade, o paradigma (modelo teórico ou teórico-prático) aceite pela grande maioria . Nos séculos XV-XVI era, na astrofísica europeia, o geocentrismo. A ciência extraordinária é a ciência dos dissidentes, que combate a ciência oficial e procura tomar o lugar desta. No século XVI, na cosmologia, era o heliocentrismo de Copérnico e Galileu. A incomensurabilidade dos paradigmas é a impossibilidade de medir exactamente o valor de cada doutrina científica e das suas rivais: não se pode dizer que o heliocentrismo é melhor que o geocentrismo, em termos globais, ainda que se possa dizer que, neste ou naquele aspecto (exactidão/experimentação, fecundidade, etc) um deles é superior ao outro (VALE DOIS VALORES). Segundo Feyerabend as actuais universidades funcionam como igrejas dotadas de «infalibilidade ciêntífica». Ele critica os filósofos e académicos que acham que a ciência é a nossa religião, o que significa que a mentalidade científica actual é dogmática como a teologia, acreditando em dogmas que não podem ser postos em causa, como por exemplo, « O Big Bang deu-se há 15 000 milhões de anos e foi o começo do universo», «as vacinas conferem imunidade», «os astros não comandam o comportamento humano». Os cientistas de hoje são os bispos e papas da nova religião da ciência. Por isso, Feyerabend proclama-se anarquista epistemológico: no anarquismo não há chefes e assim devia ser no campo das ciências, a astrologia, a medicina hopi, a cura através dos cristais, a dança da chuva deveriam ser disciplinas universitárias a par da física, da medicina alopática, da biologia molecular. As ciências actuais nasceram com o emergir da burguesia industrial e financeira actual e por isso estão impregnadas de ideologia - sistema de ideias e valores de uma classe social- neste caso, a burguesia. A ciência e a tecnologia do automóvel como veículo de transporte individual ou familiar insere-se na ideologia individualista da burguesia: «Enriquece, compra um carro próprio, viaja livremente».
Que significa dizer que hoje temos uma religião sem ontologia? Significa que temos um conjunto de ritos cujo simbolismo profundo já perdemos, em cuja filosofia original já não penetramos. Por exemplo, ignoramos que o facto de a pia de baptismo de antigas igrejas e catedrais ser octogonal é porque o oito significava a oitava esfera que, em alguma gnose, era a esfera de Sofia, a Virgem Maria do cristianismo, a Stela Maris representada na rosa dos ventos ou estrela de oito pontas que orientava os navegantes (as almas) perdidos . Constroem-se hoje igrejas com uma arquitectura moderna ignorando o número de oiro (1,618), número mágico de proporção entre o comprimento e a largura e a altura de um compartimento. Que significa dizer que hoje impera uma arte sem conteúdos? Significa, por exemplo, que uma tela branca salpicada de pontos vermelhos é um quadro sem conteúdo, um significante sem significado. A arte abstracta é sem conteúdo. Que significa dizer que há uma ciência sem sentido? Significa, por exemplo, que há uma medicina que não percebe o sentido da febre - acção de autodefesa do organismo, expulsando as toxinas através do suor ou de urinas escuras - e manda reprimir os sintomas, tomando anti piréticos. (VALE QUATRO VALORES).
2-A) Segundo a gnoseologia de Kant, o fenómeno chuva forma-se na sensibilidade, no espaço exterior ao meu corpo físico, do seguinte modo: de '«fora» da sensibilidade, os númenos afectam esta fazendo nascer nela um caos de matéria (exemplo: água, ferro, areia, etc, em um magma) que as duas formas a priori da sensibilidade, o espaço (com figuras geométricas) e o tempo (com a duração, a sucessão e a simultaneidade) moldam, fazendo nascer uma ou mais fenómenos de chuva. O entendimento, com as categorias de unidade, pluralidade, necessidade, confere consistência ao fenómeno galo. Não existe númeno «chuva», «chuva» é fenómeno na sua totalidade.(VALE UM VALOR E MEIO).
O juízo a priori «A soma dos três ângulos de um triângulo é 180 graus» forma-se no entendimento por acção das categorias de unidade, pluralidade, totalidade com dados a priori vindos da sensibilidade. a imagem de triângulo vinda da forma a priori do espaço, os números (180, etc) vindos da forma a priori do tempo. (VALE UM VALOR E MEIO)
3. A) O positivismo lógico do círculo de Viena considera sem sentido a metafísica e afirmações desta como «Deus criou o Paraíso e o Inferno e pune os maus» porque não podem ser comprovadas empiricamente. Para este positivismo, só os factos empíricos ( exemplo: maçã, tornado, etc) e as suas relações lógico-matemáticas são verdade e a indução amplificante - generalização segundo uma lei necessária de alguns casos empíricos semelhantes entre si - é perfeitamente legítima. Karl Popper opõe-se ao positivismo lógico pois, na linha de David Hume, duvida da indução amplificante, achando que há sempre excepções a uma dada lei da natureza e considera ser impossível verificar essa lei pois teríamos de estudar centenas de milhar ou milhões de exemplos concretos. Popper diz que só é possível a corroboração ou confirmação de alguns exemplos através da testabilidade, isto é, realização de testes experimentais. Falsificacionismo de Popper significa que as teorias científicas não passam de conjecturas, hipóteses, falsificáveis, isto é potencialmente falsas.(VALE TRÊS VALORES).
3-B) O internalismo, posição sustentada por Lakatos, é a doutrina segundo uma teoria já é ciência mesmo que confinada a um só cientista, o seu autor, desde que apresente coerência interna e a experimentação a confirme, ao passo que o externalismo diz que uma teoria só é ciência se obtiver o assentimento externo do resto da comunidade científica, do governo e ministério da ciência, das revistas da especialidade, dos fóruns televisivos, do grande. As ciências empírico-formais são as ciências da natureza biofísica - química, física, astronomia, biologia, geologia - e baseiam-se em leis necessárias ou tendencialmente necessárias e por isso assentam na indução amplificante. As ciências hermenêuticas, ou seja, as que se baseiam em interpretações mais ou menos subjectivas e leis estatísticas - psicologia, sociologia, história, economia, - não recorrem ou recorrem pouco à indução amplificante. Mas tanto umas como outras podem ser validadas segundo o internalismo ou segundo o externalismo, ainda que a tendência mais frequente seja ligar o internalismo às hermenêuticas, subjectivas, e o externalismo às empírico-formais, objetivas (VALE TRÊS VALORES)
3-C) Imre Lakatos, epistemólogo, defendeu que a ciência se estrutura em Programas de Investigação Científica (PIC). Cada um destes tem três níveis: o núcleo duro, conjunto das teses imutáveis; o cinto protector, conjunto das teses revisíveis, que podem ser rectificadas ou substituídas; a heurística, conjunto dos métodos de investigação livre, teórica e prática, que pode confirmar ou anular o PIC. O obstáculo epistemológico em Bachelard é todo o entrave ao conhecimento científico: a primeira impressão, o realismo natural ( o mundo exterior como parece ser: o céu é azul, o mármore é frio, etc, o preconceito do senso comum, a falta de tecnologia apropriada (exemplo: a falta de telescópios, microscópios, reagentes químicos, máscaras antigás, fatos de amianto, bússolas, aparelhos de refrigeração, etc.). Pode dizer-se que o racionalismo enfrenta o obstáculo epistemológico que, muitas vezes, é um facto bruto, uma primeira impressão sensorial. Como o obstáculo epistemológico leva, dialeticamente, à rectificação parece relacionar-se com o cinto protector em Lakatos, isto é, com as teses revisíveis (VALE DOIS VALORES) . .
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3-D- O realismo crítico é a teoria segundo a qual a matéria é real e exterior às nossas mentes mas estas não espelham como ela é. O realismo crítico de Descartes é a teoria qiue sustenta que há um mundo real de matéria exterior às mentes humanas composto de uma matéria indeterminada, sem peso nem dureza/moleza, apenas formado de figuras geométricas, movimento, números (qualidades primárias, objetivas), sendo subjectivas, isto é exclusivamente mentais, as cores, os cheiros, os sabores, as sensações do tacto, o calor e frio (qualidades secundárias, subjectivas). A fenomenologia é a ontologia que sustenta não saber se o mundo material subsiste ou não fora das mentes humanas. O idealismo é a corrente que afirma que o universo material não é real em si mesmo mas está dentro da nossa mente, como imagens e ideias. Por exemplo, o"eu" em David Hume não é uma realidade, mas uma ideia ilusória, uma vez que somos apenas uma corrente de percepções empíricas a que a memória e a imaginação atribuem um núcleo invariável chamado «eu». Do mesmo modo, a substância (exemplos: as substâncias cadeira ou nuvem) é uma ideia fabricada pela nossa imaginação servindo-se das sete relações filosóficas que são disposições sensório-intelectuais a priori da mente humana: semelhança, identidade, relações de tempo e lugar, proporção de quantidade ou número, graus de qualidade, contrariedade e causação. (VALE DOIS VALORES)
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.Eis um teste do 11º ano de filosofia, o primeiro do primeiro período lectivo, numa escola secundária onde se pensa em profundidade, no Baixo Alentejo e em Portugal. .
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B
28 de Outubro de 2015.
Professor: Francisco Queiroz
I
“Alguns operários são sindicalistas.».
Alguns sindicalistas não são anarquistas.
Logo, os operários são anarquistas.”
1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.
1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo
2) Construa o quadrado lógico das oposições à seguinte proposição«Os alentejanos são democratas».
3) Distinga realismo crítico de Descartes do idealismo não solipsista objetivo e da fenomenologia.
4) Aplique o princípio do terceiro excluído ao conjunto destas 3 correntes.
5) Tendo como primeira premissa a proposição «Se passar de ano, vou a Sevilha», construa:
A) Um silogismo condicional modus ponens
B) Um silogismo condicional modus tollens.
6)Construa um silogismo disjuntivo Tollendo/ ponens tendo como premissa inicial a frase «Ou és ateu ou és crente em divindades».
7) Distinga a percepção empírica, intuição inteligível, e do juízo.
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES
1-A) Três regras infringidas da validade do silogismo acima foram: de duas premissas particulares (alguns...alguns) nada se pode concluir; nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas (alguns operários / os (todos) operários); o termo médio (alguns sindicalistas) tem de ser tomado pelo menos uma vez universalmente. (VALE TRÊS VALORES).
1-B) O modo do silogismo é IOA e a figura é PS (predicado e sujeito é a posição do termo médio nas premissas) ou 4ª figura.(VALE DOIS VALORES).
2) O quadrado lógico é o seguinte:
Os alentejanos são democratas Nenhum alentejano é democrata.
(TIPO A- Universal Afirmativa) (TIPO E- Universal Negativa)
Alguns alentejanos são democratas. Alguns alentejanos não são democratas.
(TIPO I - Particular Afirmativa) (TIPO O - Particular negativa)
VALE TRÊS VALORES
3) O realismo crítico de Descartes é a teoria qiue sustenta que há um mundo real de matéria exterior às mentes humanas composto de uma matéria indeterminada, sem peso nem dureza/moleza, apenas formado de figuras geométricas, movimento, números (qualidades primárias, objetivas), sendo subjectivas, isto é exclusivamente mentais, as cores, os cheiros, os sabores, as sensações do tacto, o calor e frio (qualidades secundárias, subjectivas). O idealismo não solpsista ou pluralista e objetivo é a teoria que sustenta que o mundo material é ilusório, existe apenas dentro de uma multiplicidade de mentes humanas e cada uma delas constrói esse mundo de igual às outras ( «A torre de Belém que eu invento/vejo é igual à torre de Belém que tu inventas/ vês), A fenomenologia é a ontologia que sustenta não saber se o mundo material subsiste ou não fora das mentes humanas. (VALE CINCO VALORES).
4) O princípio do terceiro excluído diz que uma coisa ou uma corrente de pensamento pertence ao grupo A ou ao grupo não A, excluindo a terceira hipótese. Comparando as três correntes da pergunta anterior pode enunciar-se assim: ou se é realista, afirmando a certeza de um mundo material extramental, ou não se é realista negando isso (idealismo) ou duvidando disso (fenomenologia). (VALE TRÊS VALORES)-
5) a) Se passar de ano, vou a Sevilha.
Passei de ano.
Logo, vou a Sevilha. (VALE UM VALOR)
5.b) Se passar de ano, vou a Sevilha..
Não fui a Sevilha.
Logo, passei de ano.
(VALE UM VALOR)
6) Ou és ateu ou és crente em divindades
Não és ateu.
Logo és crente em divindades. (VALE UM VALOR)
7) A intuição intelígivel é uma apreensão imediata de algo metafísico, invisível, que pode até não ser real. Exemplo: a intuição de Deus, dos quarks e leptons, etc. O juízo é uma articulação lógica de dois ou mais conceitos mediante uma forma verbal, é uma frase simples que afirma ou nega algo. Exemplo:«Beja é a capital do Baixo Alentejo». A percepção empírica é um conjunto ordenado de sensações visuais, auditivas, tácteis, olfactivas. Exemplo: «Vejo esta paisagem de oliveiras e sinto uma suave brisa no rosto». (VALE DOIS VALORES).
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.Eis um teste do 11º ano de filosofia, o primeiro do primeiro período lectivo, numa escola secundária de vanguarda no campo da filosofia e em outros, no Baixo Alentejo e em Portugal. .
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TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA C
26 de Outubro de 2015.
Professor: Francisco Queiroz
I
“Alguns operários são sindicalistas.».
Alguns sindicalistas são marxistas.
Logo, os operários são marxistas..”
1-A) Indique, concretamente, três regras do silogismo formalmente válido que foram infringidas na construção deste silogismo.
1-B) Indique o modo e a figura deste silogismo
2) Construa o quadrado lógico das oposições à seguinte proposição«Os alentejanos são bons cantores».
3) Distinga realismo crítico de Descartes do idealismo não solipsista subjetivo e da fenomenologia.
4) Aplique o princípio do terceiro excluído ao conjunto destas 3 correntes.
5) Tendo como primeira premissa a proposição «Se for ao aeroporto de Beja viajo de avião», construa:
A) Um silogismo condicional modus ponens
B) Um silogismo condicional modus tollens.
6) Construa um silogismo disjuntivo Tollendo/ ponens tendo como premissa inicial a frase «Ou és sportinguista ou és benfiquista»
7) Distinga a intuição inteligível, do raciocínio e do conceito empírico.
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES
1-A) Três regras infringidas da validade do silogismo acima exposto foram: de duas premissas particulares (alguns...alguns) nada se pode concluir; nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas (alguns operários / os (todos) operários); o termo médio (alguns sindicalistas) tem de ser tomado pelo menos uma vez universalmente. (VALE TRÊS VALORES).
1-B) O modo do silogismo é IIA e a figura é PS (predicado e sujeito é a posição do termo médio nas premissas) ou 4ª figura.(VALE DOIS VALORES).
2) O quadrado lógico é o seguinte:
Os alentejanos são bons cantores Nenhum alentejano é bom cantor
(TIPO A- Universal Afirmativa) (TIPO E- Universal Negativa)
Alguns alentejanos são bons cantores.Alguns alentejanos não são bons cantores
(TIPO I - Particular Afirmativa) (TIPO O - Particular negativa)
VALE TRÊS VALORES
3) O realismo crítico de Descartes é a teoria qiue sustenta que há um mundo real de matéria exterior às mentes humanas composto de uma matéria indeterminada, sem peso nem dureza/moleza, apenas formado de figuras geométricas, movimento, números (qualidades primárias, objetivas), sendo subjectivas, isto é exclusivamente mentais, as cores, os cheiros, os sabores, as sensações do tacto, o calor e frio (qualidades secundárias, subjectivas). O idealismo não solpsista ou pluralista e subjectivo é a teoria que sustenta que o mundo material é ilusório, existe apenas dentro de uma multiplicidade de mentes humanas e cada uma delas constrói esse mundo de modo diferente das outras ( «A torre de Belém que eu invento/vejo não é igual à torre de Belém que tu inventas/ vês), A fenomenologia é a ontologia que sustenta não saber se o mundo material subsiste ou não fora das mentes humanas. (VALE CINCO VALORES).
4) O princípio do terceiro excluído diz que uma coisa ou uma corrente de pensamento pertence ao grupo A ou ao grupo não A, excluindo a terceira hipótese. Comparando as três correntes da pergunta anterior pode enunciar-se assim: ou se é realista, afirmando a certeza de um mundo material extramental, ou não se é realista negando isso (idealismo) ou duvidando disso (fenomenologia). (VALE DOIS VALORES)-
5) a) Se for ao aeroporto de Beja, viajo de avião.
Fui ao aeroporto de Beja.
Logo, viajei de avião. (VALE UM VALOR)
5.b) Se for ao aeroporto de Beja, viajo de avião.
Não viajei de avião.
Logo, não fui ao aeroporto de Beja (VALE UM VALOR)
6) Ou és sportinguista ou és benfiquista.
Não és sportinguista.
Logo és benfiquista. (VALE UM VALOR)
7) A intuição intelígivel é uma apreensão imediata de algo metafísico, invisível, que pode até não ser real. Exemplo: a intuição de Deus, dos quarks e leptons, etc. O raciocínio é uma articulação lógica de juízos que desembocam numa conclusão. Exemplo: As lareiras acesas deitam fumo/ Há fumo a sair pela chaminé daquela casa/ Logo, a causa deve ser uma lareira com lenha ou carvão a arder. O conceito empírico é uma ideia nascida das percepções empíricas, do que vemos, tocamos, ouvimos. Exemplo: a ideia de girassol, nascida de eu ter visto um campo de girassóis (VALE DOIS VALORES).
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