Segunda-feira, 5 de Janeiro de 2015
Equívocos da «Nova teoria da felicidade» de Miguel Reale

 

 Em «Nova Teoria da Felicidade», o filósofo Miguel Reale brinda-nos com teses que merecem uma reflexão cuidada. 

 

A FELICIDADE É UM VALOR RACIONAL?

 

Escreve Miguel Reale:

 

«1. A felicidade é um valor racional que se fundamenta em sentimentos de ordem e equilíbrio e em vivências harmónicas de carácter psíquico e social. Não em estados eufóricos e jubilosos momentâneos» ( Miguel Reale, Nova Teoria da Felicidade, Editora Dom Quixote, Março de 2013, pág. 25).

«3. A felicidade procede de uma decisão racional, de um juízo deliberativo, pelo qual a consciência conclui (emotiva, mas sobretudo logicamente) ser feliz ou estar em estado de felicidade. »( Miguel Reale, Nova Teoria da Felicidade, Editora Dom Quixote, Março de 2013, pág. 91).

 

Esta é uma posição intelectualista sobre a felicidade, de raíz aristotélica e estóica. Discordo: a felicidade é essencialmente, o prazer que comporta uma grande dose de irracionalidade, isto é, uma harmonia com o instinto não com a razão. Reale opõe-se a Freud e a Nietzsche na medida em que estes sustentaram que a felicidade deriva dos sentidos, da realização dos instintos básicos do homem - a vontade de poder sobre os outros em Nietzsche: fazer a guerra, vencer os outros através da força; o id ou infra-ego, em Freud, incluindo os instintos de comer, beber e, sobretudo, o instinto sexual, a pulsão de Eros. A felicidade do filósofo é a felicidade tranquila, a eudaimonia. Mas há uma outra felicidade, dionisíaca, orgíaca, gastronómica, sensual que Reale apaga ou rejeita: é o sensualismo, o prazer físico ou psicofísico puro.

 

O OUTRO É O PONTO ÉTICO CENTRAL DA FELICIDADE?

 

E prossegue Miguel Reale:

 

«15. No futuro, o outro, como ponto ético central, será estabelecido como critério primeiro, último da felicidade pessoal. Neste sentido,  resgatam-se igualmente de modo pacífico ( é o único modo de o fazer sem a contestação radical de Nietzsche, de Freud e de Foucault), sem revoluções violentas, apenas acompanhando as mudanças sociais provocadas pela terceira revolução industrial (tecnologias da informação), os antigos valores éticos (sem carga religiosa, apenas humana) que fizeram da Europa o continente mais importante dos últimos 3.000 anos: o valor da solidariedade, do companheirismo, da amizade desinteressada, da cooperação inter-pares, da lealdade e fidelidade, mas também os antigos e sempre actuais valores humanistas cristãos da misericórdia, da caridade e da piedade, hoje mais propriamente designados como assistência, solidariedade e cooperação sociais, os valores comunitários vicinais da fraternidade e interajuda, os valores confucionistas de respeito e veneração pelos ancestrais e pela hierarquia não imposta do mérito e da competência, e os valores budistas vinculados à compaixão como comoção própria pelo destino do outro.»( Miguel Reale, Nova Teoria da Felicidade, Editora Dom Quixote, Março de 2013, pág. 25; o destaque a negrito é posto por mim).

 

Ora, é falso que o critério primeiro e último da felicidade pessoal seja o outro. Não é. É o eu, o id (instintos primordiais) de cada pessoa. Por muito bem que façamos aos outros, fazemo-lo porque isso satisfaz o nosso ego ou o nosso id (instintos de conservação e reprodução). Isto é de uma evidência elementar. O combatente da democracia que combate as forças da reacção e do totalitarismo fá-lo, antes de mais, por si mesmo e em segundo lugar, pelos outros: ele deseja ser livre e que todos sejam livres e sente prazer em abater o poder de fascistas, nazis ou burocratas comunistas. Mas proclamará que se bate a favor do povo e não do seu ego pessoal singular. Miguel Real não desmonta esta ilusão altruísta e aliocêntrica. Recusa a psicologia das profundidades, que revela o egocentrismo essencial como mola da ética.

 

O homem que ama apaixonadamente a sua esposa ou namorada e lhe oferece jantares e estadia de luxo em hotéis, jóias, roupas lindíssimas, viagens a lugares maravilhosos, quantias avultadas em dinheiro, beijos e prazeres eróticos frequentes,  ama-se a si mesmo. O seu cônjugue, isto é, o outro é a mediação (no  sentido temporal de, como antítese ser o segundo momento da tríade dialéctica), porque o amor dirige-se ao outro com bilhete de retorno, a síntese hegeliana.  Só se pode tornar felizes os outros se nós próprios o formos - esta é a regra geral, que comporta algumas excepções.

 

Portanto, o ponto central da ética é a felicidade de cada indivíduo sem destruir ou menorizar a felicidade de outros - objectivo que é, ao menos em parte impraticável. A felicidade dos escritores triunfantes no mercado e nas idas à televisão acarreta a infelicidade dos escritores rejeitados e ignorados.

 

A FELICIDADE NÃO EXISTE?

Miguel Reale sustenta que a felicidade não existe a não ser mentalmente, como ilusão:

 

«1. A felicidade, como ser ético, não tem existência concreta.

«2. A felicidade, como ser ético, estatui-se unicamente como ser mental. Possui existência mental.»

«3. Neste sentido, a felicidade ´é uma ilusão, uma construção mental. »

«4. Enquanto construção mental, a felicidade não corresponde, porém, a um flatus mentis. A felicidade está para a mente como a miragem para a visão. Não existe oásis naquela zona do deserto mas o viajante vê-o, objectivamente.»

 

( Miguel Reale, Nova Teoria da Felicidade, Editora Dom Quixote, Março de 2013, pág. 92-93; o destaque a negrito é posto por mim).

 

É uma visão errada de Reale, unilateral, intelectualista, da felicidade, que é prazer (hedoné, em grego). O que é a «felicidade como ser ético»? Isto não é esclarecido. Miguel Reale parece não detectar que a saúde física - respirar e mover-se saudavelmente, saborear e digerir maçãs ou outros alimentos agradáveis ao paladar - é felicidade, isto é, prazer continuado. Parece ignorar que o acto sexual entre dois parceiros que se amam ou desejam intensamente é dez ou vinte ou trinta minutos de felicidade psicofísica que culmina no orgasmo. A felicidade existe a cada momento, misturada com um certo grau de infelicidade. É isso que Miguel Reale não consegue ou não quer ver.

 

Um amoroso não correspondido por uma mulher sente-se, afectivamente infeliz, e simultaneamente é feliz ao contemplar a bela paisagem de sobreiros ou ao beber uma cerveja ou comer uma iguaria e é sempre feliz - ainda que não se dê conta- a cada minuto que respira e se move com saúde. Para muitas pessoas, especialmente para os adolescentes, a saúde física não é uma ilusão, uma miragem,  mas um oásis permanente no deserto da vida.

 

O MAL É O ÚNICO CONCEITO ONTOLÓGICO REAL?

 

«10. Com excepção do mal, único conceito ético real, ontológico, todos os restantes conceitos éticos se estatuem como construções mentais culturais e civilizacionais (humanas, portanto). Bem, responsabilidade, dever moral, liberdade, justiça, culpa e perdão são meros flatus mentis, sem outra existência ôntica que a de prevenirem o domínio do mal no seio das sociedades.» 

(Miguel Reale, Nova Teoria da Felicidade, Editora Dom Quixote, Março de 2013, pág. 94; o destaque a negrito é posto por mim).

 

A visão antidialética de Miguel Reale é patente. Segundo ele, o ser é o mal e tudo o resto (regras morais, tribunais e sistema de justiça, etc.) é não-ser. Se há o mal, há igualmente o seu contrário, o bem, ao nível ontológico, profundo e principial. Se uma pessoa ajuda outra sem nada esperar em troca a não ser um sorriso isso prova que o bem é ontológico, tanto quanto o mal.

 

NÃO EXISTE SENTIDO ÚLTIMO DA VIDA?

Miguel Reale escreve:

«17. A máxima ilusão social: ser feliz.»

«18  Caracterizada desde Aristóteles como o sentido último da vida.»

«19. Porém, não existe sentido último da vida.».»

( Miguel Reale, Nova Teoria da Felicidade, Editora Dom Quixote, Março de 2013, pág. 98; o destaque a negrito é posto por mim).

 

Ao contrário de Reale, sustento que há um duplo sentido último da vida:

1) Ser feliz, realizar a felicidade, motor e sentido subjectivo de todos os seres humanos ( vivemos porque temos esperança de ser felizes amanhã e nos anos vindouros, felizes no amor, na saúde, no dinheiro, nas visitas ao estrangeiro, no trabalho; e se somos religiosos, vivemos para nos elevarmos a um mundo divino).

2) Cumprir a vontade do Zodíaco e da movimentação planetária que tudo comanda, motor objectivo, científico, dos estados de espírito e   actos humanos, e este segundo sentido escapa à vontade e à intencionalidade humana racional porque é pura predestinação em que se misturam a busca da felicidade e da infelicidade.

 

Como desconhece a astrologia científica a partir da qual se induz que tudo está predestinado, Miguel Reale ignora, como todos os académicos, o sentido real imanente da vida: ordem cósmica, em que uns (pessoas singulares, classes sociais, países, religiões, etc) sobem num prato da balança cósmica e outros (pessoas singulares, classes sociais, países, religiões, etc) descem no outro prato da mesma balança conforme a revolução dos planetas no círculo celeste.

 

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Domingo, 7 de Dezembro de 2014
Breves reflexões de Dezembro de 2014

 

 

 Aqui exponho algumas breves e recorrentes reflexões neste Dezembro de 2014 em que o planeta Júpiter se mantém até 28 de Dezembro no grau 22 do signo de Leão (grau 142º em longitude eclíptica).

 
1- ESTAMOS EM RISCO DE QUE O AMOR NÃO EXISTA porque a maioria dos casamentos são apenas uma forma estável de ter sexo (duas a quatro vezes por semana) habitação e despesas domésticas compartilhadas ( muitos casais já nem fazem sexo entre os cônjugues). Proclamamos pois: o VERDADEIRO AMOR é o AMOR PRÓPRIO e nem sequer o amor a um Deus exterior pois esse Deus é o nosso próprio EGO projectado «para fora» - como se houvesse fora!

 

2- ISTO NÃO INVALIDA QUE A VIRGEM MARIA OU VÉNUS EXISTAM NO INTERIOR DE NÓS. É eficaz invocar os deuses - ou melhor: é, plausivelmente eficaz - para obter favores (emprego, amores, solução de conflitos interpessoais e político-sociais, melhorias climatéricas, etc). Há certamente muitas Virgens do Carmo - uma para cada um dos católicos que a idealizam e invocam. E cada uma está na mente exterior de cada crente e pode manifestar-se.

 

3- AS MULHERES SÃO DEUSAS ENTRE OS 17 E OS 27 ANOS DE IDADE. E nem todas. Só aquelas que são, objectivamente, belas, fisicamente falando. Objectivamente quer dizer: por largo consenso entre homens e mulheres. É evidente que há uma beleza interior que pouco se reflecte na beleza física exterior. Mas as deusas são, fisicamente, belas. Uma mulher de 40, 50 ou 60 anos não pode pretender ser uma deusa pois descobre em si as rugas e a flacidez do envelhecimento corporal. A alma espiritual, essa, não envelhece: tem sempre 16, 18 ou 20 anos de idade.

 

4- O AMOR ENTRE DUAS PESSOAS é a intersecção acidental de DOIS AMORES-PRÓPRIOS. Nada mais que isso. O  amor existe onticamente, em linguagem heideggeriana - nos fenómenos de superfície - mas ontologicamente, na parte oculta e profunda, só existe o amor-proprio.

 

5- UMA VEZ QUE O AMOR É UMA GRANDE MENTIRA convido todos os casais a manterem-se unidos sob o lema do «Amo-te muito» porque «uma mentira mil vezes repetida transforma-se em verdade».

 

6- PARA SERMOS FELIZES TEMOS QUE ACEITAR UM CERTO GRAU DE INFELICIDADE. Somos confrontados a cada passo com imperfeições, psíquicas ou físicas ou sociais, das pessoas que amamos, das pessoas com quem convivemos no dia a dia, dos lugares, dos bairros ou casas onde moramos. E isso constitui um segmento de infelicidade com que temos de nos contentar, que «temos» de aceitar. Mas não devia ser assim. O mundo está mal feito - responsabilidade do deus da matéria ou demiurgo.

 

7- PORQUE SOMOS HOMENS HETEROSSEXUAIS VESTIMO-NOS DE MULHER. Porque somos maduros, para não dizer velhos, gostamos de mulheres muito mais novas. Lei da contradição. Polaridade que forma a vida.

 

8- O PROBLEMA ONTOLÓGICO DO AMOR- Como se chega a amar alguém? De modo grego, só pela simples visualização do arquétipo (a beleza do rosto e do corpo dela coincide com os arquétipos de Mulher e de Belo) ? De modo indiano, pelo contacto físico, táctil, do beijo, do toque nos seios, nos genitais, isto é, da prática do acto sexual (mesmo que ela seja feia é óptima na cama, leva-me ao paroxismo)? Ou de outro modo?

 

9- OS DEUSES ROUBARAM A BELEZA DAS MULHERES DA MINHA GERAÇÃO. Ou terá sido só Cronos, o deus do tempo, pai de Zeus-Júpiter e este e outros deuses estão isentos de culpa? Por isso procuro mulheres de gerações mais jovens a quem os deuses, ou o deus Cronos, ainda não roubaram a beleza.

 

10- MULHERES SUPERFICIAIS - Uma mulher, por mais bela que seja, é para mim uma criatura superficial se não for capaz de orar comigo à Deusa Vénus, em ritual mágico, ou à Virgem Maria, em ritual cristão. E tem que ser autêntica na oração: uma oração sem fé é como um orgasmo fingido. Se essa mulher não crê na divindade, será incapaz de sustentar a fidelidade e manter as chaves do conhecimento hermético.

 

11- SE UM HOMEM DISSESSE «AMO-TE» A CERTAS MULHERES QUE AMA, SENSUALMENTE OU NÃO, IRIA PRESO OU SERIA AGREDIDO OU DESPEDIDO DO EMPREGO. Por isso, é preciso calar, fingir que não se ama.

 

12- UM CASAMENTO É UMA TRÉGUA NA GUERRA DAS ATRAÇÕES SEXUAIS. Para ter paz e um domínio seguro, casamo-nos. Ás vezes, pode ser preciso cortar todos os «amigos/as» do facebook para tranquilizar o conjugue e concentrar a relação em si mesma, no ovo do lar. E que são os amigos/as? Quantos nos amam? Quem tem 1500 amigos no FB, só tem 3 ou 4 amigos reais...

 

13- OS OUTROS SÃO APENAS O BÁLSAMO, OS PENSOS HIGIÉNICOS NA FERIDA ABERTA QUE É A SOLIDÃO ONTOLÓGICA DE CADA UM. Precisamos dos outros porque eles nos salvam de nós mesmos. Mas não devia ser assim. Devíamos ser autossuficientes, possuir os dois sexos, não depender de outrem. Pois deus é «bissexual», possui os dois princípios, o masculino e o feminino.

 

14- O VERDADEIRO AMOR É AQUELE QUE PRESCINDE DO ACTO SEXUAL - Ela tem uma qualquer doença no útero e não pode ter relações sexuais genitais e ele diz. «Amo-te na mesma, não te preocupes». Isto sim, é o puro amor. A contemplação da beleza dela como arquétipo. Só a visão sem o contacto íntimo.

 

15- O ENVELHECIMENTO. O envelhecimento é uma prova da maldade dos deuses ou do deus único, ou do deus da matéria, o demiurgo, que nos moldou numa fraca matéria-prima. Ao ler este meu comentário, a  aluna Jéssica acrescenta: «Num ponto de vista mais científico-filosófico é mesmo a terra e todas as suas forças que estão fartas do mal que lhes fazemos e resolvem expulsar nos daqui envelhecendo-nos do dia para a noite ahah». É uma tese plausível.

 

16- AS UNIVERSIDADES E A HISTÓRIA DA FILOSOFIA FORAM E SÃO GOVERNADAS POR FILÓSOFOS E CATEDRÁTICOS ESTÚPIDOS. Karl Popper, Saul Kripke,  Bertrand Russel, Peter Singer, Simon Blackburn e Martin Heidegger eram ou são tão estúpidos que nem sequer se deram conta de que as duas guerras mundiais do século XX  se fizeram acompanhar da presença de planetas lentos, trans-saturnianos, na área 1º-9º do signo de Leão (graus 121º a 129º da eclíptica): de 1 de Agosto de 1914 a 11 de Novembro de 1918, Neptuno moveu-se desde 28º-27º do signo de Caranguejo a 9º do signo de Leão, e decorreu a 1ª Guerra Mundial; de 1 de Setembro de 1939 a 2 de Setembro de 1945, Plutão moveu-se de 2º-1º a 10º do signo de Leão, e decorreu a 2ª Guerra Mundial. O fenomeno astronómico - um planeta lento ocupar a área 0º-9º de Leão por um período de 4 ou 5 anos - é muito raro. As guerras mundiais são raras. Sincronizaram-se guerra mundial e primeiro decanato do signo de Leão, o que indicia uma lei.

 

E o que disseram ou dizem sobre isto as «luminárias» da filosofia portuguesa, os José Marinho, Cunha Leão, Agostinho da Silva, José Gil, Eduardo Lourenço, Miguel Reale, Luís de Araújo, António Barreto, José Pacheco Pereira, Vasco Pulido Valente, Boaventura Sousa Santos, António Teixeira Fernandes, José Reis, Irene Borges-Duarte, Maria Luísa Ribeiro Ferreira, Maria Leonor Xavier, Maria do Carmo Themudo, João Branquinho, Ricardo Santos, Olivier Feron, Pedro Alves, Manuela Bastos, Alexandre Franco de Sá? Nada. Não disseram, não dizem, nada sabiam e não sabem nada disto. Não conceberam e não concebem sequer que os planetas, anteriores à existência da humanidade, determinem nos seus movimentos no Zodíaco, até aos mas ínfimos pormenores, a evolução da humanidade, os períodos de guerra e paz, a sucessão dos regimes político-sociais, o comportamento de cada indivíduo, o seu tempo de vida. Como puderam ou podem, com tão elevado grau de ininteligência anti-astrologia, ocupar cátedras universitárias?

 

Muito simples: a universidade não é a cúpula do saber autêntico, os mestrados e doutoramentos não significam verdadeira inteligência mas apenas fragmentos de inteligência, na universidade só triunfam os que se moldam ao deficiente pensamento colectivo de que «os astros não determinam a existência humana, não pode haver astrologia científica, o homem é livre de traçar o seu destino, o futuro está em aberto». Os grandes filósofos iluministas e racionalistas dos séculos XVII e XVIII - Descartes, Spinoza, Montesquieu, Voltaire, Rousseau, etc. - que pretendiam "libertar a humanidade" da "tirania da superstição e da astrologia" eram, afinal, obscurantistas, obscureceram ou esconderam a influência decisiva e permanente dos planetas sobre a vida humana.

 

E a universidade contemporânea, racionalista (fragmentária), ignorante da filosofia hermética e da dialética holística, nasceu desses cérebros retorcidos e retóricos, pretensamente superiores. A universidade é uma instituição de massas, está contra a grande maioria dos pensadores autênticos que são poucos, superiormente excêntricos e alvo de censura.

 

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Segunda-feira, 20 de Junho de 2011
Utilitarismo dos actos, um equívoco de Pedro Galvão e de Simon Blackburn

 

Úma falácia em voga entre os "novos filósofos" da ética é a distinção entre utilitarismo dos actos e utilitarismo das regras. No prefácio de "Fundamentação da Metafísica dos Costumes", de Kant, publicado por Edições 70, Pedro Galvão, da Universidade de Lisboa, escreveu, com a supervisão ou cooperação de Desidério Murcho:

 

«Um defensor do utilitarismo dos actos, dado que pensa que um acto é moralmente presumível apenas se maximizar a felicidade geral, tem de defender o seguinte:

«1. É permissível fazer seja o que for (ex, mentir, roubar, trair) se fazê-lo for útil para promover a felicidade geral.

«2. É obrigatório fazer tudo o que esteja ao nosso alcance (por muito sacrifíciopessoal que isso envolva) para promover a felicidade geral

«A alternativa principal ao utilitarismo dos actos é a deontologia, uma perspectiva que se caracteriza em parte pela oposição a estas duas teses. E Kant, sem dúvida, diria que o imperativo categórico conduz a uma perspectiva deontológica, e não ao utilitarismo dos actos (Pedro Galvão, Prefácio de "Fundamentação da Metafísica dos Costumes", de Kant, pag XVIII, Edições 70; o negrito é da minha autoria).

 

 

Aquilo que Pedro Galvão define como utilitarismo dos actos não é utilitarismo. Porque o utilitarismo comporta em si mesmo uma deontologia, não é uma mera obtenção de resultados. Proporcionar a felicidade a uma maioria, sem olhar a meios, não é a doutrina de Stuart Mill. Este escreveu referindo-se ao indivíduo e aos seus desejos de dinheiro, poder, fama e outros:

 

«..Nada há que faça tão benéfico aos outros como o cultivo do amor desinteressado à virtude. E, por consequência, a doutrina utilitária, embora tolere e aprove estes outros desejos adquiridos, até ao ponto para além do qual se tornariam mais prejudiciais do que conducentes à felicidade geral, ordena e exige o cultivo do amor à virtude, até ao máximo que for possível, porque a considera acima de todas as coisas importantes para a felicidade geral.» (Stuart Mill, Utilitarismo, Atlântida, pag 64; o negrito é posto por mim).

 

Esta citação prova que o utilitarismo possui uma deontologia: cultivar a virtude e aplicá-la em proveito da maioria dos sujeitos envolvidos numa dada situação. É pois um erro instituído no campo da ética académica a dicotomia moral utilitarista/ moral deontológica. O utilitarismo de Mill, tal como o prescritivismo universalista de Kant, são ambos éticas deontológicas, O que Pedro Galvão denomina "utilitarismo dos actos" é hedonismo amoral de maiorias:  é suscitar, através do vício, a felicidade geral da maioria. Não é utilitarismo, mas pragmatismo sem escrúpulos.

 

 

Decerto, o equívoco de Pedro Galvão e Desidério Murcho é o reflexo do equívoco de Simon Blackburn, o catedrático inglês, cujas posições fielmente reproduzem. Blackburn escreve no seu "Dicionário Oxford de Filosofia":

 

«utilitarismo dos actos  Versão do utilitarismo especialmente associada a Bentham, de acordo com a qual a medida do valor de um acto consiste no grau em que este aumenta a utilidade ou felicidade geral. Um acto deve ser preferido a actos alternativos em função da maior felicidade que proporciona comparativamente a eles. Uma acção é asim boa ou má proporcionalmente ao grau em que aumenta ou diminui a felicidade geral, comparado com o grau que poderia ter sido alcançado ao agir-se de modo diferente. O utilitarismo dos actos distingue-se não apenas por sublinhar a utilidade, mas pelo facto de cada acção individual ser o objecto primitivo da avaliação ética. Isto distingue-o dos vários tipos de utilitarismo indirecto, bem como dos sistemas éticos que dão prioridade ao dever ou à virtude pessoal.»  (Simon Blackburn, Dicionário de Filosofia, páginas 447-448, Gradiva; a letra negrito é de minha autoria).

 

Esta definição de Blackburn é vaga. Não se percebe nela a diferença entre utilitarismo e utilitarismo dos actos. Nem sequer refere que «os piores meios servem, desde que se atinjam os fins práticos» como teoriza  acima Pedro Galvão ao definir "utilitarismo dos actos".  Blackburn tem erudição mas carece de profundidade de pensamento, de espírito de síntese radical e dialéctico.

 

 

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Quinta-feira, 26 de Fevereiro de 2009
É claro distinguir entre éticas dos móbiles e éticas dos fins?

Certos autores, como Adela Cortina, estabelecem uma distinção entre éticas dos móbiles e éticas dos fins.

 

Escreve a filósofa espanhola:

 

«Tanto las llamadas "éticas de móviles" como las "éticas de fines" coinciden en considerar la naturaleza humana como pauta de la conducta. La diferencia entre ellas consiste en que acceden a tal naturaleza por diferentes métodos y la entienden, por tanto de modo diverso.»

«Las éticas de móviles investigam empiricamente las causas de las acciones; pretenden descubrir cuáles son los móviles que determinan fácticamente la conducta humana. El bien o fin moral consiste para ellas en satisfacer estas aspiraciones fácticas, que una investigación psicológica puede descubrir (...)

 

«Entre las éticas de móviles cabría considerar como paradigmáticas al epicureísmo, parte de la sofística, y las distintas versiones del hedonismo, muy especialmente la versión utilitarista. » (...)

«Las éticas de fines, por su parte, superarían tales dificultades, conscientemente o inconscientemente, tratando de investigar, no tanto qué mueve de hecho a los hombres a obrar, sino sobre todo en que consísten el perfeccionamiento y la plenitud humanas. El acceso a la naturaleza humana no es, pues, empírico, sino que se intenta llegar a la esencia del hombre.» (...)

«En las éticas de fines podríamos incluir a Platón, Aristóteles o los estoicos, en lo que al mundo antiguo se refiere, y a las corrientes que han restaurado este tipo de éticas, tanto en la Edad Media como en la Contemporanea. Sus grandes ventajas consisten en poder pretender objetividad para el concepto de bien y fin que proponen, bien y fin ligado al querer de los sujetos, en cuanto supone el perfeccionamiento al que su esencia tiende, y en eludir la falacia naturalista porque el «es» de que se deriva un «debe»no es empírico, sino ya normativo.»

(Adelia Cortina, Ética sin moral, Tecnos, ags 46-48; o negrito é nosso)

 

Em suma, seria a contradição entre éticas subjectivistas e empiristas- chamadas de «móbiles» ou agentes irracionais, sentimentais que impulsionam a acção - e éticas objectivistas e racionalistas- chamadas «éticas de fins», isto é, dotadas de modelos fixos e perfeitos, independentes da subjectividade, apreensíveis por via intelectual ou racional-sentimental.

 

Tenho relutância em aceitar esta dicotomia móbiles/fins.

No meu entender, não existe nenhuma ética que não seja teleológica. Há, sim, vários tipos de télos ou finalidades: um télos interior , um télos exterior, um télos interior-exterior.

Podemos considerar, por exemplo, a ética utilitarista destituída de fins, isto é, não teleológica? É óbvio que não. Os fins são a felicidade, directa ou indirecta, do maior número de pessoas a que uma acção diz respeito e essa felicidade é, em parte, traduzível em factos/valores objectivos, como por exemplo, levar comida de avião a uma população do terceiro mundo imersa em crise de fome.

 

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Domingo, 7 de Maio de 2006
Diferem entre si eudemonismo e hedonismo?

É possível distinguir claramente eudemonismo (do grego eudaimonismós, felicidade) de hedonismo (hedoné, em grego,  prazer)?

Pedro Madeira, no seu prefácio ao Utilitarismo de John Stuart Mill, uma edição da Gradiva, supõe possível essa distinção nos seguintes moldes(o negrito é nosso):

 

«O hedonismo afirma que certas experiências mentais são boas e certas experiências mentais são más; mas por que razão pensar que são as experiências mentais que são boas ou más? Os exemplos precedentes parecem mostrar o contrário. A melhor coisa a fazer, para um utilitarista, é simplesmente abandonar o hedonismo e adoptar uma versão de eudemonismo. O eudemonismo é a posição, de inspiração aristotélica, de que o bom é a felicidade. De acordo com o eudemonismo ser feliz não é ter experiências mentais prazenteiras, mas sim ter uma vida boa. Se todos os nossos amigos falassem mal de nós,  mas agissem como nossos amigos na nossa presença, então, de acordo com o  eudemonismo, talvez pudéssemos ter experiências mentais prazenteiras decorrentes de os tomarmos como amigos, mas não seríamos verdadeiramente felizes.» (Pedro Madeira in prefácio de Utilitarismo, de John Stuart Mill,  Gradiva, Lisboa, 2005, pag. 22; o destaque ).

 

Considero confuso este texto. O que é a felicidade? Um estado de prazer ou uma  sucessão de estados de prazer (mental, emocional, físico). A felicidade é o prazer espiritualizado, sentido e depois rememorado.

Separar a felicidade do prazer é impossível, tal como é impossível separar a luz da cor.

 

O prazer - intelectual da contemplação, sentimental da família e amigos, vital da saúde plena e sensorial do momento- é a determinação essencial da felicidade. O exemplo dado por Pedro Madeira, para tentar distinguir hedonismo (doutrina que assimila o prazer ao bem, e tem, o que Madeira não diz, duas modalidades:  epicurista e cirenaísta) de eudemonismo (doutrina que considera a felicidade a contemplação e a filosofia desprendida de interesses materiais; à letra: a prevalência do  bom génio interior ou daimon), consistindo na atitude  dúplice dos amigos que falam mal de nós nas costas e nos agradam ou nos favorecem diante de nós, é nebuloso: por que razão não poderíamos ser felizes enquanto acreditássemos na bondade aparente de amigos que, por detrás, diziam mal de nós?

 

Não parece possível, pois, extrair o eudemonismo do ovo do hedonismo  a que pertence, como gema. De facto, hedonismo  é géneroeudemonismo uma sua espécie:  o eudemonismo de Aristóteles, expresso no "Ética a Nicómano", coincide praticamente com o hedonismo dos prazeres superiores ( intelecto, amizade intelectual, desprezo das paixões corporais intensas) teorizado por Epicuro e ambos se opõem ao hedonismo dos prazeres inferiores (sensualidade gastronómica, sexual, etc) postulado por Aristipo de Cirene. Hedonismo e eudemonismo não são, globalmente falando, conceitos absolutamente extrínsecos, correntes independentes  entre si, como supõem Pedro Madeira e outros estudiosos da ética. Aliás, ao contrário do que propõe o texto acima, um utilitarista nunca pode abandonar o hedonismo porque utilitarismo é, em si mesmo, um hedonismo não egocêntrico.

 

Pedro Madeira sustenta ainda que só se transitarmos do hedonismo ao eudemonismo podemos hierarquizar consistentemente os prazeres em superiores e inferiores (no texto o negrito é posto por nós):

 

«Como vimos, Mill defende que certos tipos de prazeres são superiores a outros. Há quem objecte que isso é inconsistente com o hedonismo. Se uma pessoa sente tanto prazer a jogar xadrez como outra a ver televisão, então por que razão pensar que o prazer de jogar xadrez é superior ao prazer de ver televisão?»

«Essa é uma boa objecção, e não é claro como poderia Mill responder-lhe. No entanto, a objecção desaparece se abandonarmos o hedonismo e adoptarmos o eudemonismo. Uma das ideias implícitas no eudemonismo é que podemos estar enganados acerca daquilo que seria uma vida boa para nós. Uma pessoa poderia pensar que o objectivo supremo da sua vida era construir réplicas da Torre Eifel em palitos, e tal actividade poderia até dar-lhe muito prazer; mas um eudemonista típico defenderia que essa pessoa não teria uma vida boa. Por isso, a distinção entre prazeres superiores e inferiores não é, certamente, inconsistente com o eudemonismo.» (Pedro Madeira, in prefácio a Utilitarismo, pags 22 -23).

 

Neste texto, Pedro Madeira esforça-se por distinguir - quanto a nós de forma confusa e não conseguida - o hedonista do eudemonista.  Este levantaria dúvidas ao prazer como fonte de uma vida boa. Mas quem não levanta essas dúvidas? É o hedonista superior menos reflexivo do que o eudemonista?  Que se saiba, o hedonismo hierarquiza os prazeres em superiores e inferiores. Por exemplo, o epicurismo, um hedonismo superior, considerava os prazeres da amizade e da filosofia superior aos prazeres da comida e da bebida e da luxúria.

 

Por que razão um eudemonista típico acharia que construir réplicas da Torre Eifel em palitos não faria feliz um artesão?  Pedro Madeira, cujo raciocínio é um modelo do labiríntico "pensar analítico" em voga, sem arquitectónica holística, não no-lo explica racionalmente. Mistério... Sustentamos que, pelo contrário, um artesão que soubesse que as múltiplas torres Eifel que construía para venda ao público, além de o recompensarem monetariamente, ajudavam, com uma fracção do lucro cedida á UNICEF, a matar a fome de milhares de crianças desnutridas em África, teria uma vida boa, sentir-se-ia feliz. E um filósofo eudemonista pode ocupar-se a construir uma torre Eifel de palitos e sentir-se feliz com a sua obra do mesmo modo que Heidegger se sentiu feliz ao construir a sua cabana de madeira numa floresta alemã...Um eudemonista típico subscreveria, decerto, a nossa posição.

 

Podem distinguir-se entre si eudemonismo e hedonismo? Podem, na medida em que se distingue eudemonismo, que é o hedonismo filosófico e ascético-religioso,  da modalidade cirenaísta ou sensualista do hedonismo.

 

f.limpo.queiroz@sapo.pt

(Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)

 



publicado por Francisco Limpo Queiroz às 06:10
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