Que diferenças há entre os conceitos de ontologia e ontognosiologia?
Na década de 90, enviei à Guimarães &Editores um ensaio sobre a ontognosiologia de Kant que a editora não publicou - creio ter sido o primeiro a usar este termo ao menos na língua portuguesa; um ou dois anos mais tarde constatei que Miguel Reale usava este termo «ontognosiologia de Kant» em publicação de Guimarães &Editores. Talvez tenha lido o meu ensaio e aproveitado o título...
O realismo, doutrina que postula que há um mundo de matéria real em si mesmo anterior à existência da humanidade e independente das mentes humanas, é uma corrente do género ontológico (respeitante ao ser: a matéria é ser, existe fora de nós) e simultaneamente é corrente do género gnosiológico (respeitante ao conhecer: conheço a matéria fora de mim). Por isso ontognosiologia realista é um conceito com razão de ser. E ontognosiologia idealista, como é o caso da teoria de Kant, também é um conceito justificado. Considerei, no meu «Dicionário de Filosofia e Ontologia» que o género ontologia comporta quatro modalidades: realismo, idealismo, fenomenologia, objectualismo. Este último, como corrente que faz desaparecer o sujeito cognoscente, inserindo-o na matéria («Não há nada senão as coisas» dizia Sartre), é ontologia mas não ontognosiologia. Portanto, é possível distinguir ontognosiologia de ontologia sem embargo de se fundirem em diversos casos.
Mas onde inserir os conceitos de materialismo, espiritualismo e dualismo hilonoético? Na gnosiologia? Não. Não são ontologias? São. Para as distinguir de realismo-idealismo-fenomenologia- objectualismo, que são do género ontologia, coloquei-as no género ontologia principial porque o espírito/deuses é, para alguns, o começo de tudo e a matéria, no caos ou ordenada é, para outros, o começo de tudo.
Realismo não pode confundir-se com materialismo e idealismo não pode confundir-se com espiritualismo, confusões estas perfilhadas por Karl Marx e Vladimir Lenin. Este, chamava idealismo objectivo à visão realista e simultaneamente espiritualista do mundo, aos cristãos que acreditavam na matéria como real e em Deus. Há realistas (pessoas que crêem na realidade do mundo material) que são espiritualistas (crêem em Deus ou Deuses ou na consciência individual (alma) imortal) e há realistas que são materialistas (não crêem em Deus, Deuses nem em vida além da morte).
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Eis um teste de filosofia centrado no tema religião, opção escolhida pelos alunos da turma.
Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA A
24 de Maio de 2016. Professor: Francisco Queiroz.
I
«O rito é a reactualização do mito que se refere à transcendência. O realismo crítico não se liga necessariamente ao espiritualismo ou ao materialismo”.
1) Explique estes pensamentos.
2)Faça corresponder a cada um dos cinco elementos da filosofia chinesa do Feng Shui e do taoísmo, o respectivo ponto cardeal, animal, campo de vida (profissão, casamento, etc), cor, sentido humano (audição, visão, etc.), estação do ano, hora do dia, percentagem de yang (jovem, velho) e de yin, e aplique a lei da contradição principal a esse conjunto
.3)Relacione, justificando:
A) Dharmas, eu e impermanência, no budismo.
B) Ser fora de si, alienação e panteísmo, na doutrina de Hegel sobre a ideia absoluta.
CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES
1) O rito é um conjunto de gestos e cerimónias (exemplo: a missa dos católicos, o passar as contas de um rosário entre as mãos dos budistas) que visam reacender os mitos sagrados do princípio do mundo, isto é, as cenas lendárias dos deuses, anjos, demónios ou antepassados de uma tribo ou povo. O partir do pão (rito) na missa católica evoca ou põe na ordem do dia a morte de Cristo na cruz (mito). Transcendência é estar fora de ou além de e neste contexto mito da transcendência significa o mito que fala de seres sobrenaturais, em regra deuses que criam o mundo ou nele intervêm. (VALE TRÊS VALORES). O realismo crítico é a teoria que afirma que há um mundo material anterior às mentes humanas e independente destas que o captam de maneira distorcida. O realismo crítico em Descartes consiste em postular o seguinte: há um mundo de matéria exterior às mentes humanas, feito só de qualidades primárias, objetivas, isto é, forma, tamanho, número, movimento. As cores, os cheiros, os sons, sabores, o quente e o frio só existem no interior da minha mente, do organismo do sujeito, pois resultam de movimentos vibratórios de partículas exteriores já que o mundo exterior é apenas composto de formas, movimentos e tamanhos. Ora esta teoria é compatível com o materialismo, doutrina que afirma que a matéria é o princípio eterno do mundo, que Deus e deuses não existem nem almas no «Além», e que o espírito é uma forma subtil de matéria. É também compatível com a maioria das formas de espiritualismo, doutrina que afirma que o espírito (Deus, deuses, espíritos humanos) é eterno ou criador do universo de matéria e que esta deriva do espírito. (VALE QUATRO VALORES)
2) Os cinco elementos da filosofia chinesa do taoísmo são: madeira, fogo, terra, metal e água. As correspondências de cada um são:
MADEIRA. Este. Dragão verde. Crescimento, família. Cor verde. Visão. Nascer do sol. Jovem Yang.
FOGO. Sul. Fénix. Fama. Fala. Verão. meio dia, velho Yang (máximo Yang ou máxima luz e calor).
TERRA. Sudoeste (ou Centro, segundo algumas interpretações). Serpente. Cor: amarelo. Fim do verão. Casamento, amores. Sabor. Meio da tarde. Igual proporção de Yang e Yin.
METAL. Oeste. Tigre branco. A criatividade, os filhos. O olfato. Outono. Cor branca. Pôr do sol. Jovem yin (algum frio e humidade).
ÁGUA. Norte. Tartaruga negra. A profissão, os negócios. Audição. Inverno. Meia noite, velho Yi ( máximo Yin ou máxima escuridão e frio).
A lei da contradição principal diz que um sistema de múltiplas contradições pode ser reduzido a uma só, organizando-as em dois blocos, podendo haver uma ou outra contradição na zona neutra. Assim podemos, por exemplo, colocar de um lado o bloco Yang (Madeira/primavera ; Fogo/Verão) e do outro lado o bloco Yin (Metal/ Outono, Água/Inverno), ficando na zona neutra a Terra/Fim do Verão na qual Yang e Yin se equilibram. Há outras maneiras de estruturar a contradição principal. (VALE SEIS VALORES)
3) A) Dharma em sentido geral significa Lei da Natureza. Dharmas em sentido particular são as qualidades físicas, psíquicas e intelectuais que, por assim dizer, flutuam no cosmos como átomos, sem sujeito, e se juntam para formar o eu mutável, a personalidade de uma pessoa. Assim a cor dos olhos, a forma do rosto e do corpo, as sensações de prazer e dor, os impulsos sentimentais, a consciência são dharmas que formam o eu em mudança ou impermanência de cada um: quem fica cego perdeu o dharma da visão, quem fica em coma perdeu o dharma da consciência. O eu é impermanente, na verdade nem existe, porque os dharmas que o formam mudam a cada instante, embora haja um eu superior, o Atmã, destituído de dharmas e imortal. (VALE QUATRO VALORES)
3-B) O ser fora de si é a segunda fase da ideia absoluta: Deus, que era ser em si, pensamento puro, alienou-se em matéria física, isto é, separou-se de si mesmo enquanto espírito pensante, transformou-se em espaço, tempo, em astros, montanhas, rios, plantas e animais. Isto é panteísmo, doutrina que afirma que a natureza biofísica é divina: o sol e a lua são olhos de Deus, os mares são a linfa de Deus, erc. (VALE TRÊS VALORES).
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David Vaughan Icke, escritor e filósofo espiritualista, (Leicester, Reino Unido, 29 de Abril de 1952) teórico da conspiração mundial dos illuminati e da invasão da Terra por reptilianos, é um autor famoso que promove conferências sobre as suas ideias. Em 1991, após uma viagem ao Peru, Icke, que fora porta-voz do partido Os Verdes de Inglaterra começou, a usar, por razões místicas, apenas roupas na cor azul turquesa - a cor do chakra do alto da cabeça.
Em 27 de Março de 1991, fez uma conferência de imprensa para anunciar: "eu sou um canal para o espírito de Cristo. O título foi-me conferido muito recentemente por Deus." Isto valeu-lhe acusações de «ser louco» mas sobreviveu como autor mediático. Vou destacar aqui algumas das suas ideias sobre o mundo e a vida extraídas de «Eu sou eu, eu sou livre, o guia para os robôs obterem a liberdade», livro que, em Portugal, foi retirado das grandes livrarias talvez por ordem da «mão invisível» illuminati.
A DISTORSÃO DA SEXUALIDADE PELAS RELIGIÕES E PELO CASAMENTO
David Icke, numa modalidade de pensamento gnóstico libertino, sustenta que a repressão da sexualidade livre, incluindo a condenação do homossexualismo gay e lésbico, é um erro da humanidade que acaba por atar esta ao preconceito, submetê-la aos líderes políticos e religiosos do «rebanho» e aumentar a violência existente. Escreve, referindo-se à teoria dos chakras (rodas de luz), centros energéticos, sete no mínimo, que se distribuem verticalmente no corpo humano, e à kundalini ou energia vital sexual :
« A mesma força quadridimensional que criou e usou as religiões. particularmente o Cristianismo, Judaísmo e o Islão, para destruir a verdade sobre o sexo, também inspirou a cultura da pornografia e da "queca" rápida. O denominador comum entre estes oposi-mesmos está a fechar o chacra da raíz, a desiquilibrar os chakras emocionais e sacral, a reter o fluxo da kundalini, que, se não fosse perturbada, iria activar e ligar todos os níveis da existência num todo. A religião transformou o sexo num foco de explosão de culpa, a um nível atómico. A instituição do casamento está no próprio centro disso, mas não é de todo a única razão. O casamento institucionaliza as separações. Ele é meu, ela é minha. Caso contigo, por isso sou teu dono. É esta a realidade expressa ou oculta do casamento e das relações em geral. São os meios através dos quais as pessoas compram um falso sentimento de segurança e uma visão desesperadamente limitada do "amor".» (David Icke, «Eu sou eu, eu sou livre, o guia para os robôs obterem a liberdade», Lux-citania, 1ª Edição, Dezembro de 2009, pág 169; o destaque a negrito é da minha autoria).
E sobre a homossexualidade escreve Icke, divergindo de Freud, Carl Jung e Wilhelm Reich:
«Por exemplo, o que é a homossexualidade? É uma experiência, apenas isso, uma forma de expressar amor por outro ser humano. Dois homens ou duas mulheres que se amam profunda e sexualmente é considerado uma afronta moral, ao passo que um homem e uma mulher que se odeiem e que se mantenham num casamento por ter medo de acabá-lo, já é considerado aceitável. A minha filosofia é permitir todas as experiências, desde que as pessoas nelas envolvidas tenham feito essa decisão da sua livre vontade, sem pressão ou imposição de qualquer espécie.» (David Icke, «Eu sou eu, eu sou livre, o guia para os robôs obterem a liberdade», Lux-citania, 1ª Edição, Dezembro de 2009, pág 181).
O CRISTIANISMO, A FRANCO-MAÇONARIA, A NOVA ORDEM MUNDIAL E OS DESMANDOS DA ELITE GLOBAL
Referindo-se à elite global, uma aristocracia do mal que integra personagens como Rockfeller, a família Rothschild, Henry Kissinger, George Bush, a rainha Isabel II de Inglaterra, Bill Clinton, Brian Mulroney, Tony Blair, George Soros, Kris Kristofferson, Boxcar Willie, José Luís Cebrián, Alan Greenspan, Pinto Balsemão, Durão Barroso, etc, muitos dos quais «são reptilianos», escreve David Icke:
«O objectivo da Elite é um governo mundial, ao qual os estados-nação e mesmo os continentes sejam subordinados. Chamam a isto a Nova Ordem Mundial. O processo contínuo de centralizar o poder político ao longo de centenas de anos não aconteceu por acaso: foi estipulado que assim fosse. A centralização a um nível global, com o governo mundial, é o resultado natural destas políticas. quem controlar o governo mundial (Elite Global) controlará o banco central mundial e a moeda mundial, que também fazem parte dos planos da Nova Ordem Mundial. »(David Icke, «Eu sou eu, eu sou livre, o guia para os robôs obterem a liberdade», Lux-citania, 1ª Edição, Dezembro de 2009, pág 37; o destaque a negrito é posto por mim).
Icke denuncia a colonização extra europeia feita pela igreja católica romana nos séculos XV-XVIII, cristianizando à espada e escravizando os índios, os negros e os asiáticos, e denuncia a igreja ortodoxa e as igrejas protestantes, os templários, a rosa-cruz e a franco-maçonaria, incluindo a sociedade secreta Skull and Bones que iniciou George W.Bush, como sendo outros tantos veículos do governo mundial em marcha:
«À medida que o Cristianismo continuou a espalhar o seu credo através da morte e da destruição, pelas Américas, África, Austrália, e por aí adiante, as culturas nativas foram sendo destruídas e "Cristianizadas" e o conhecimento esotérico foi perdido. (...). À medida que os séculos passavam e o Cristianismo retirava o conhecimento da arena pública, o trabalho destas Escolas de Mistério evoluiu para a rede gigantesca das sociedades secretas que existem actualmente e que incluem os Franco-Mações e os Cavaleiros de Malta, que controlam ambas, o Papa e o Vaticano. Que forma maravilhosa de dirigir e influenciar todos aqueles Católicos Romanos, espalhados por todo o mundo. Se um Papa não alinha no jogo, é retirado, tal como aconteceu com o assassínio do Papa João Paulo I , em 1978 (ler "E a Verdade vos libertará"). A moderna rede de Franco-Mações é a única detentora do conhecimento antigo, disfarçada de um clube de cavalheiros. Na época das Cruzadas, surgiram várias ordens de Cavaleiros, sendo os mais famosos de todos os Cavaleiros Templários. Eles envergavam o símbolo da cruz vermelha num fundo branco, que simbolizava sangue e fogo e que representava o poder da energia sexual, da força criativa, seja positiva ou negativa, no seu uso. Os Templários afirmavam ser uma organização cristã - uma mera fachada para o seu conhecimento e crenças secretas, com origem no antigo Egipto e talvez mesmo antes. Eles foram purgados pelo Papa e pelo rei de França, mas continuaram a funcionar como uma rede clandestina, até reemergirem publicamente como... Franco-Mações. Trata-se da mesma organização; os cavaleiros Templários sob outro nome e uma das maiores ferramentas da Elite Global, no controlo do mundo.»
«A conspiração Grupo Bilderberg/ Instituto Real de Assuntos Internacionais/ Conselho de Relações Internacionais/ Comissão Trilateral é supervisionada por uma sociedade secreta chamada Távola Redonda. (...) No topo da pirâmide e, mesmo noutros níveis, a mentalidade por detrás da manipulação é baseada no Satanismo e na Magia Negra. Chamo-lhe o "Culto do Olho que Tudo vê " porque um dos seus símbolos é uma pirâmide com um olho que tudo vê - a própria imagem que pode ser encontrada na nota de 1 dólar americano».
(David Icke, «Eu sou eu, eu sou livre, o guia para os robôs obterem a liberdade», Lux-citania, 1ª Edição, Dezembro de 2009, pág 53-55; o destaque a negrito é posto por mim).
Mesmo admitindo exageros de Icke na crítica ao processo de globalização em marcha - nomeadamente, a discutível tese dos reptilianos que viverão em grutas na Terra e estarão a assumir forma humana - perguntamos: por que estão os filósofos, os sociólogos, os politólogos e os historiadores institucionais tão silenciosos sobre o «bloco central dos illuminati» - os EUA, a União Europeia, a ONU, o grupo de Bilderberg, a Comissão Trilateral, etc - e apenas criticam a extrema-direita nacionalista e o comunismo? Não estará corrompida a filosofia institucional?
Há filósofos livres? Ou são apenas académicos bem pagos, subornados pelo poder oligárquico para cantar loas à «democracia liberal», puramente formal, sem substância verdadeiramente popular porque manipulada?
ELIMINAR OS JUROS DOS EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS
O sistema de juros bancários é o garrote que aperta a maior parte da população de cada país. É imoral cobrar juros - este tema é comum a muitos pensadores desde há séculos. Sobre o óbvio disto escreveu David Icke:
«Ao pedir um empréstimo bancário de 50 000 euros, o mais provável é que se acabe por pagar mais de 150 000 euros, no final das contas. O triplo! (...) O débito do Terceiro Mundo que crucifixa milhões de pessoas por dia, é um débito assombroso de dinheiro que nunca existiu nem irá existir. E toleramos isto!
«É uma aldrabice. Não é necessário. Existe para nos controlar. Foi para isso que o sistema foi criado.»
«Apesar da loucura óbvia deste roubo legalizado, as nossas mentes ainda estão condicionadas a acreditar que cobrar juros por dinheiro que não existe é essencial, e sem isso a economia mundial iria colapsar. Não é assim. A ditadura bancária global, ditada pela Elite Global, iria acabar e isso seria fantástico. Mas as pessoas escravizadas a pagar juros sobre dinheiro que não existe, defendem o sistema e dizem que deve continuar! Hei, guarda prisional: não te atrevas a abrir essa porta, estás-me a ouvir? O sistema de juros não é uma salvaguarda contra o sofrimento económico. Em boa verdade, o sistema de juros cria pobreza e desigualdade, permitindo a acumulação do poder global. Responde-me a isto: o que aconteceria se, em vez de pedirmos dinheiro inexistente ao sistema bancário privado, os nossos governos imprimissem dinheiro, em quantidade suficiente e livre de juros, e o emprestassem às pessoas com uma taxa de juro reduzida, para cobrir taxas administrativas? Já não seríamos capazes de comprar tudo o que precisamos? Claro que seríamos e com maior facilidade, já que o custo de tudo baixaria. O custo de uma hipoteca baixaria em dois terços e já não seria necessário pagar juros. Os sem abrigo teriam casas e não teríamos de ver pessoas a dormir na ruas, por não conseguirem juntar pedaços de papel em número suficiente ou números não existentes num computador.»
(David Icke, «Eu sou eu, eu sou livre, o guia para os robôs obterem a liberdade», Lux-citania, 1ª Edição, Dezembro de 2009, pág 47; o destaque a negrito é posto por mim).
O MATRIX CRIADO POR NÓS MESMOS
David Icke defende uma teoria espiritualista: o mundo material é criação do meu espírito. Somos então o Matrix, a matriz geradora da realidade do nosso corpo físico e de tudo o que nos acontece. Escreveu:
«As pessoas falam de viver num mundo real, como se estas divisões, dor e controlo, da densa realidade física deste planeta, fossem o "mundo rea"l. É a última coisa que isto é. O "mundo real" , se lhe quisermos chamar assim, é o nível de existência altamente evoluído chamado Unicidade. O mundo que vemos diante dos nossos olhos é um jogo de realidade virtual, tridimensional, criado pela Unicidade, como uma vasta experiência de aprendizagem.(...) Este mundo não é real, é uma Hollywood espiritual. Um cenário.(...) Somos nós que escrevemos o guião e criamos uma realidade física para equivaler à imaginação de nós próprios e do nosso papel, no filme. Pode ser um bonito filme de família repleto de amor e de respeito, ou pode ser um filme de terror. Nós, tu, eu, todos nós, decidimos qual é. Mais ninguém. Não há "Deus", não há "acontecimentos aleatórios"; somos só nós. Pensas que a tua vida é um filme de terror? Então é isso que será. Pensas em ti como o tipo que morre logo no início do filme? Então é isso que acontecerá. Vês-te como uma daquelas pessoas que acaba o filme a rir e em felicidade? Assim será. »
(David Icke, «Eu sou eu, eu sou livre, o guia para os robôs obterem a liberdade», Lux-citania, 1ª Edição, Dezembro de 2009, pág 113-114; o destaque a negrito é posto por mim).
Esta teoria, apesar de interessante no destaque que dá ao optimismo, ao pensamento positivo, tem um ou vários calcanhares de Aquiles. Se a nossa imaginação desencadeia a realidade, por que motivo milhões de apostadores no euro milhões se imaginam milionários, ao concorrerem anos a fio a esse sorteio, e esse enriquecimento nunca se concretiza? Se este mundo não é real ,para quê preocuparmo-nos em combater a Elite Global e o seu projecto de escravatura universal?
Então os biliões de pessoas que vivem mal neste mundo, atormentados por fome, doenças, guerras, falta de água potável e habitação condigna escolheram esse destino antes de nascer e são responsáveis da má situação em que vivem? Escolhem o mal só para ter uma aprendizagem? Isso lembra a estúpida doutrina da vacinação: «Temos de inocular vírus mortos e toxinas no sangue para ensinar o corpo a defender-se...» Mas para quê "ensinar" o corpo de forma negativa, lesando as suas defesas orgânicas com invasores estranhos ? E foram esses biliões de pessoas que escolheram a Elite Global de reptilianos que tende ao domínio absoluto da Terra? Os pais que perdem os filhos ou que morrem, eles mesmos, em guerras absurdas mas reais escolheram esse destino?
Esta explicação mentalista, espiritualista, de David Ike é conversa de guru ou de cidadão médio burguês ou grande burguês com dinheiro para pagar a professores de ioga e gurus que lhe garantem que, meditando, altera a sua vida para melhor, que «o pensamento é tudo e a matéria é nada». É certo que a meditação altera o rumo da vida, melhora psicologicamente muitos seres humanos, pode salvar do suicídio, do alcoolismo e da droga, mas não altera o destino deles. Ninguém pode fugir ao determinismo planetário. Icke ignora a astrologia histórica, as leis planetárias inexoráveis. O mundo material não é criação nossa: ele impõe-se-nos com a sua opacidade, a sua densidade.
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En su célebre Diccionario de Filosofía, José Ferrater Mora se equivoca sobre lo que es idealismo, asignando la designación de idealismo a la doctrina de Leibniz. Escribe:
«En Leibniz, el idealismo aparece bajo forma monadológica y es, en rigor, un espiritualismo y también un pampsiquismo. Como sólo las mónadas son reales, hay que sostener la idealidad del espacio y del tiempo y en general, de muchas de las llamadas "relaciones". En cierto modo, el idealismo de Leibniz es menos obvio que el de Descartes. En todo caso no es un idealismo subjetivo, ni siquiera en el sentido cartesiano de "sujeto" »
(José Ferrater Mora, Diccionario de Filosofía, Ariel, Tomo II, E-J, pag. 1737; la negrita es destacada por nosotros)-
Que la doctrina de Leibniz es un espiritualismo no hay dudas, si por espiritualismo se concibe la teoría que sostiene que el Espíritu (dioses, Díos) es el principial, el creador de la materia. Mas decir que la doctrina de Leibniz es un idealismo carece de justificación y no está correcto...
Lo que distingue el idealismo (material) del realismo (material) es lo siguiente: para el idealista, el mundo material de árboles, llanuras, casas, etc., es un conjunto de sensaciones y ideas creadas en la mente de un o muchos sujetos y la materia desaparece con la muerte de esas mentes (esta es, de hecho, la posición de Berkeley e Kant); para el realismo, el mundo de materia subsiste por sí mismo a pesar de la extinción de una o todas las mentes humanas.
Leibniz teoriza la existencia de mónadas, es decir, átomos de la naturaleza física y psíquica, indestructibles e inmunes a influencias del exterior, anteriores a la mente humana e independientes de esta y por eso es un filósofo realista como Demócrito y Leucipo, aunque admite mónadas imateriales como el alma:
1
« La Mónada de que hablaremos aquí, no es otra cosa que una sustancia simple, que forma parte de los compuestos; simple, es decir, sin partes.» (Gottfried W.Leibniz, Monadología, Ediciones Folio, Barcelona, pag. 21)
3
« Allí donde hay partes no hay, por consecuencia, ni extensión, ni figura, ni divisibilidad possible. Y estas mónadas son los verdaderos Átomos de la Naturaleza y, en una palabra, los Elementos de las cosas.»
4
«No hay que temer en ningún caso la disolución y no es concebible ninguna manera mediante la cual una sustancia simple pueda perecer naturalmente.»
7
«No hay medio tampoco de explicar como una Mónada pudiera ser alterada o cambiada en su interior por alguna otra criatura; pues no se puede transponer nada, ni concebir en ella ningun movimiento interno que pueda ser excitado, dirigido, sustentado o disminuido dentro de ella, como ocurre en los compuestos, donde hay cambio entre las partes. Las Mónadas no tienen ventanas, por las cuales algunas cosas puedan entrar o salir en ellas». (Gottfried W.Leibniz, Monadología, Ediciones Folio, Barcelona, pag. 21)
No se confirma en estes textos la «idealidad del espacio y del tiempo» de los que Ferrater Mora habla. La doctrina de Leibniz es un realismo, aunque no es realismo natural, sino crítico, esotérico, constructivista, que sigue la teoría de los princípios homeoméricos de Anaxágoras: en el microcosmos hay numerosos macrocosmos reducidos. Por ejemplo, según el filósofo griego antiguo, una zanahoria se compone de zanahorias muy pequeñas y de ojos humanos y hígados muy pequeños e invisibles porque la zanahoria fortalece los ojos y el hígado. Leibniz escribió:
66
«Por donde se ve que hay un mundo de criaturas, de Vivientes, de Animales, de Entelequias, de Almas en la más pequeña porción de materia».
67
«Cada porción de la materia puede ser concebida como un jardín lleno de plantas; y como un Estanque lleno de peces. Pero cada ramo de la planta, cada miembro del animal, cada gota de sus humores es, a su vez, un jardín o un estanque semejante.»(Gottfried W.Leibniz, Monadología, Ediciones Folio, Barcelona, pag. 43).
Es cierto que se puede llamar pampsiquismo a la doctrina de Leibniz. El pampsiquismo sostiene que hay una psique universal, presente en todas las cosas materiales: los árboles e incluso las piedras y los ríos sienten, tienen un psiquismo muy rudimentario. El escribió:
19
« Si queremos llamar Alma a todo lo que tiene percepciones y apetitos en el sentido general que acabo de explicar, todas las substancias simples o Mónadas creadas podrían ser llamadas Almas; pero como el sentimiento es algo más que una simple percepción, concedo que el nombre general de Mónadas y de Entelequias basta para las sustancias simples que no tengan sino eso; y que se llama Almas solamente a aquéllas cuya percepción es más distinta y está acompañada de memoria.».»(Gottfried W.Leibniz, Monadología, Ediciones Folio, Barcelona, pag. 27).
Esto puede interpretarse así: el fuego que está devorando un trozo de madera tiene apetito en hacerlo y la madera tiene la percepción de que está siendo reducida a cenizas. Es un hilozoísmo: la materia( hylé) es animada, tiene vida (zoé).
Solo la filosofía marxista, que califica todas las filosofías que admiten Díos como "idealismos", seguirá proclamando el "idealismo de la monadalogía de Leibniz". Pero no es así: se trata de realismo material, al contrario de la doctrina de Kant y Berkeley, porque las mónadas no son creaciones del espíritu humano y constituyen la naturaleza material y los almas imateriales.
Ferrater Mora desliza en el pantano de la confusión intelectual, al igual que la comunidad académica, cuando se trata de verificar los sentidos de la palabra «idealismo». Él no sabe distinguir, con claridad, al igual que la generalidad de los profesores universitarios, el idealismo material de Kant del idealismo formal / realismo material de Hegel.
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Eduardo Lourenço, nascido em Almeida, em 23 de Maio de 1923, filósofo universitário e prémio Pessoa em 2011, não compreendeu integralmente a ontologia hegeliana. Escreveu:
«Toda a verdade é devir do pensamento para Hegel. Todo o devir do pensamento é verdade para Gentile. Verum et factum comvertuntur. Num caso e no outro, as duas doutrinas postulam logicamente a negação de toda a transcendência, com um rigor e uma coerência de que a história não oferece exemplo segundo.» (Eduardo Lourenço, Heterodoxias I, página 63, Gradiva; ).
Ora, ao menos no que se refere a Hegel, Eduardo Lourenço equivoca-se plenamente: Hegel não postula a negação de toda a transcendência, uma vez que a ontologia, a história da eternidade começa com a ideia absoluta - Deus, o Espírito puro sem matéria, sem espaço nem tempo - em si mesma, na fase do Ser em si e por si. É a essência imóvel, a transcendência absoluta, o sem limites.
Só na segunda fase da teoria da ideia absoluta na história, de Hegel, existe a absoluta imanência e começa o movimento dialético da Ideia: Deus desaparece do não lugar onde se encontra e transforma-se no seu contrário, em universo material, dotado de espaço e tempo. A Ideia-Deus converte-se em astros, oceanos, rios, montanhas, pedras, árvores e reino vegetal, animais não humanos.
A terceira fase da história da Ideia Absoluta inicia-se com o aparecimento da humanidade, que é Deus encarnado na humanidade (mistura de espírito e matéria), e desenvolve-se através das sucessivas formas de estado - oriental, do déspota; grego, das pequenas democracias com escravos; romano, do império com escravos e homens livres; do cristianismo reformado por Lutero e ampliado com a revolução francesa de 1789, em que todos os homens são livres. Esta fase é simultaneamente imanência e transcendência: nesta fase, Deus, que adormecera em natureza bruta, acordou em forma de humanidade e simultaneamente restabeleceu a primeira fase, a do Deus Espírito fora do mundo, como o Deus de Aristóteles. Se assim não fosse, a quem se dirigiriam as preces dos homens religiosos ? Ao vazio? Sim, na opinião de Marx e Engels. Não na opinião de Hegel que era um filósofo espiritualista, protestante, que preservou a transcendência, excepto na segunda fase, a do Ser fora de si, ou natureza física anterior à existência da humanidade.
Eduardo Lourenço, à semelhança da generalidade dos catedráticos portugueses, não entendeu esta "minúcia", estes "detalhes" do pensamento hegeliano. De forma errónea, qualifica a doutrina de Hegel de «negadora de toda a transcendência».Ora Hegel, repito, era cristão protestante no plano religioso, e afirmava o valor da oração (dirigida a quem, senão ao ser transcendente?) e a realidade de Deus-espírito. Para que servem as cátedras universitárias? Em regra, servem para serem desmascaradas como estruturas de tipo eclesiástico incompatíveis com o pensar filosófico livre, habitadas não pelos que sabem em profundidade mas por aqueles que aparentam saber muito.
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Dualismo é toda e qualquer teoria que sustenta haver dois princípios originários na existência, no universo, no pensamento. É uma definição formal (entendendo por formal a figura abstracta, lógico-relacional) não uma definição substancial como por exemplo «idealismo», «realismo», «materialismo», etc. Assim, por exemplo, não tem suficiente clareza a proposição:« Platão é dualista, Hegel é espiritualista, Marx é materialista, Feuerbach é naturalista». Nela se misturam qualificações formalistas («dualista») com qualificações substancialistas, que têm certo conteúdo, certa substância («idealismo» supõe ideia; «realismo» e «materialismo» remetem para matéria).
Para ser absolutamente clara, a proposição deveria ser a seguinte «Platão é hilo-espiritualista, Hegel é espiritualista, Marx é materialista, Feuerbach é naturalista».
Dualismo opõe-se directamente a monismo e pluralismo.
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