A lógica proposicional, uma pseudo-ciência emanada da filosofia analítica que se pretende de matriz matemática, distingue entre disjunção inclusiva, de que um exemplo seria «Deus existe ou Satã existe» (AvB), e disjunção exclusiva, de que um exemplo seria «Ou Deus existe ou Satã existe» (A wB).
Ora toda a disjunção é exclusão: «Ou...ou». Não há disjunção inclusiva. Dizer disjunção inclusiva é o mesmo que dizer exclusão inclusiva ou ainda rectângulo circular, o que é uma contradição nos termos. Dizer «Vou a São Paulo ou vou ao Rio de Janeiro» tem o mesmo conteúdo que dizer «Ou vou a São Paulo ou vou ao Rio de Janeiro», estas proposições só diferem levemente na forma, são iguais em conteúdo, só mentes estúpidas inventam tabelas de verdade diferenes para cada uma delas.
Só a falta de profundidade da grande maioria dos professores de filosofia, que são treinadores mecânicos de alunos para exame, permite que este erro basilar da «lógica proposicional» continue a ser ensinado nas aulas do secundário e elevado a matéria de exame nacional. O Rouledge Dicionário de Filosofia, de Michael Proudfoot e A.R.Lacey, o Dicionário de Filosofia de Simon Blackburn, o seminário Lancog de João Branquinho e Ricardo Santos, e os próprios filósofos Fregge, Bertrand Russel, Ludwig Wittgenstein que eram ou são, senão mentes confusas, míopes, estúpidas, nesta e noutras matérias?
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© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
O recente livro de Desidério Murcho (18 de Maio de 1965-) «Lógica Elementar», das Edições 70, espelha os equívocos desta pseudo ciência que é a lógica proposicional tornada obrigatória para todos os alunos dos cursos científicos e humanísticos do ensino secundário em Portugal.
A SUPRESSÃO DA DISTINÇÃO ENTRE DISJUNÇÃO EXCLUSIVA E DISJUNÇÃO INCLUSIVA, UM PASSO EM FRENTE
Em todos os manuais de filosofia do ensino secundário em Portugal, inclusive no de Desidério Murcho e Aires Almeida, se postula que na lógica proposicional há disjunção inclusiva e disjunção exclusiva. Publiquei há um ano, a 5 de Setembro, neste blog o artigo «Equívocos da Lógica Proposicional: disjunção inclusiva e disjunção exclusiva» que desmistifica esta falácia, artigo que afirma o seguinte:
Um dos equívocos da lógica proposicional é a falaciosa distinção entre disjunção inclusiva e disjunção exclusiva. No Manual Essencial Filosofia 11º em voga em muitas escolas do ensino secundário em Portugal lê-se:
«A disjunção inclusiva é representada por V.
«A disjunção exclusiva é representada por W.
Por exemplo:
«Os livros estão escritos em prosa ou em poesia».
PVQ
«Os livros estão escritos ou em prosa ou em poesia».
PWQ
Neste último sentido, é claro que uma alternativa exclui por si só a outra».
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 71).
Esta distinção é uma falácia. Dizer, por exemplo, «Vou ao Porto ou vou a Lisboa» (disjunção inclusiva segundo esta lógica) é o mesmo que dizer «Ou vou ao Porto ou vou a Lisboa» (disjunção exclusiva segundo esta lógica proposicional). A disjunção é exclusiva em ambos os casos: ir ao Porto exclui, no mesmo instante, ir a Lisboa. O «ou..ou» é apenas uma forma mais enfática de dizer «ou». Na substância, não há diferença alguma entre estas «duas» disjunções.» (Francisco Limpo Queiroz, 5 de Setembro de 2018, in Filosofia e Epistemologia)
Neste livro «Lógica Elementar» de Agosto de 2019 que estamos a analisar, Desidério Murcho adopta a nossa tese sem qualquer autocrítica, fala apenas em disjunção, e, claro, sem referir o nome Francisco Limpo Queiroz, cujas publicações estão no Index de Desidério e da Lekton, site da web que recusou difundir a existência do nosso «Dicionário de Filosofia e Ontologia, dialética e equívocos dos filósofos» - uma atitude de fascismo epistémico praticada pelos senhores da universidade. Já Schopenhauer dizia que é incompatível ser filósofo e ser professor universitário de filosofia, visto que este último alinha com a maioria que lhe dá sustento e prestígio institucional e não admite estar errado para brilhar ante os alunos...
O SUJEITO DE UMA PROPOSIÇÃO SÓ PODE SER UM ENTE INDIVIDUAL? NÃO PODE SER UM ENTE COLECTIVO?
Em uma tentativa de derrubar a lógica aristotélica, Desidério escreve:
«Uma deficiência capital da lógica de Aristóteles é encarar a frase "Todo o grego é europeu» como se resultasse de se acrescentar um quantificador a uma frase que tem a mesma estrutura lógica de "Sócrates é europeu", o que é falso. Nesta última frase, atribui-se um predicado a "Sócrates" , que é um sujeito genuíno; mas na primeira "grego" não é realmente o sujeito da frase. (...) Dizer que todo o grego é europeu não é atribuir o predicado "europeu" ao sujeito "grego" mas antes atribuir os predicados "ser grego" e "ser europeu"a particulares: todo o predicado que tem o primeiro predicado tem também o segundo. Para desenvolver a lógica de Aristóteles diz-se então que "grego", naquela frase, é o termo sujeito; mas é da máxima importância não confundir termos sujeitos com sujeitos, pois os primeiros na verdade são predicados que estão num lugar sintático que noutras frases, ilusoriamente vistos como análogos é ocupado por sujeitos genuínos»
(Desidério Murcho, Lógica Elementar, Edições 70, pág. 297; o bold é colocado por nós).
Segundo Murcho, o sujeito de uma proposição não pode ser um ente colectivo, uma multidão: é obrigatório que seja um ente individual. Assim, por exemplo, na proposição «Os benfiquistas celebram o emblema da águia na camisa vermelha" o termo "os benfiquistas" não seria sujeito genuíno, mas sim predicado, Esquece que "os benfiquistas celebram.." é decomponível nas proposições «Rui Vitória celebra o emblema da águia na camisa vermelha», «Bruno Lage celebra o emblema da águia na camisa vermelha», «Luís Filipe Vieira celebra o emblema da águia na camisa vermelha», «Manuel Alegre celebra o emblema da águia na camisa vermelha», «Francisco Louçã celebra o emblema da águia na camisa vermelha», etc, etc. Como é possível que só o ente individual seja sujeito e que no colectivo desapareça o carácter de sujeito? E o termo Portugal? Não passaria a ser um predicado na proposição «Portugal é um país europeu» visto que se compõe de muitas cidades e concelhos como Lisboa, Porto, Beja, Braga, Coimbra, Évora, Faro, etc.?
Esta negação do sujeito universal trata-se de uma subversão falhada, nominalista, da lógica aristotélica. Desidério, como anti dialético pensador (de segunda classe) que é, elimina o termo intermédio. O termo "grego" funciona ora como sujeito ora como predicado consoante o contexto - isto é dialética - mas Murcho não o entende ou finge não entender, na ânsia de inovar no campo da lógica.
MURCHO ACEITA AS ERRÓNEAS LEIS DE MORGAN
Este manual de D.Murcho aceita como válidas as leis de Morgan, um erro colossal que demonstra o carácter enganador desta lógica. A primeira lei de Morgan enuncia-se assim:
«1ª Negação de uma conjunção:
A negação de uma conjunção é equivalente à disjunção das negações das suas proposições ou argumentos.»
Formalizemos:
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© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Aires Almeida, co-autor de manuais de filosofia para o ensino secundário, e o lóbi da filosofia analítica - que inclui Manuel Maria Carrilho, João Branquinho, Ricardo Santos, Desidério Murcho, Célia Teixeira, Pedro Galvão, Rolando Almeida, Domingos Faria, Sara Bizarro, etc.- alteraram o programa de filosofia do 10º e 11º ano do ensino secundário em Portugal, amputando-o da lógica aristotélica e impondo como obrigatória e única a pseudo-ciência da lógica proposicional, expoente máximo do charlatanismo em filosofia.
Porque o fizeram? É possível aduzir várias razões:
1º O negócio e a conquista da hegemonia. Com a abolição programática de quase toda a lógica aristotélica - as 8 regras do silogismo regular, etc. - os promotores da lógica proposicional oferecem ações de formação aos professores de filosofia, pagas. Domingos Faria, entre outros, aí está a oferecer os «seus» cursos mercenários. Este grupo pretende assim obter a hegemonia ideológica no ensino da filosofia e torcer o programa à medida dos novos manuais de filosofia que preparam já..
2º A substituição da filosofia tradicional, incluindo a história da filosofia, por um formalismo de pseudo pensamento, cumprindo as indicações do Clube de Bilderberg. De este grupo de ideólogos , grandes financeiros e donos de grandes grupos de comunicação social, primeiros-ministros, líderes partidários e deputados influentes, que visa construir a Nova Ordem Mundial, um Estado subtilmente fascista com parlamentos e orgãos de imprensa controlados pela Mão Invisível, é membro o socialista Manuel Maria Carrilho. Não há, nas aprendizagens essenciais da filosofia 10º ano, qualquer referência à obrigação de conhecer a filosofia grega antiga (os pré-socráticos, Platão, Aristóteles, os sofistas) e a filosofia oriental antiga (o taoísmo de Lao Tse, o budismo filosófico, etc.). Fala-se apenas nos «grandes temas da filosofia», passando como gato sobre brasas.
O CHARLATANISMO DA DISTINÇÃO ENTRE DISJUNÇÃO INCLUSIVA E DISJUNÇÃO EXCLUSIVA
Um dos equívocos da lógica proposicional, que a qualificam como charlatanismo, é a falaciosa distinção entre disjunção inclusiva e disjunção exclusiva. No Manual Essencial Filosofia 11º em voga em muitas escolas do ensino secundário em Portugal lê-se:
«A disjunção inclusiva é representada por V.
«A disjunção exclusiva é representada por W.
Por exemplo:
«Os livros estão escritos em prosa ou em poesia».
PVQ
«Os livros estão escritos ou em prosa ou em poesia».
PWQ
Neste último sentido, é claro que uma alternativa exclui por si só a outra».
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 71).
Esta distinção é uma falácia. Dizer, por exemplo, «Vou ao Porto ou vou a Lisboa» (disjunção inclusiva segundo esta lógica) é o mesmo que dizer «Ou vou ao Porto ou vou a Lisboa» (disjunção exclusiva segundo esta lógica proposicional). A disjunção é exclusiva em ambos os casos: ir ao Porto exclui, no mesmo instante, ir a Lisboa. O «ou..ou» é apenas uma forma mais enfática de dizer «ou». Na substância, não há diferença alguma entre estas «duas» disjunções.
Andam os professores a ensinar erradamente os seus alunos. Gravíssimo. Uma pseudociência do pensamento, uma formalização parcialmente arbitrária deste, elevada a tema central da filosofia!
A FALSA REGRA DA «DISJUNÇÃO EXCLUSIVA»
Há leis erróneas na lógica proposicional. Como a seguinte:
«Regra da disjunção exclusiva: A disjunção exclusiva é verdadeira quando as proposições simples apresentam valores lógicos diferentes. É falsa quando as proposições são ambas verdadeiras ou ambas falsas.»
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 72).
Eis um exemplo que atesta o erro desta regra: a disjunção exclusiva PWQ «Ou o inverno é necessário à natureza (P) ou o verão é necessário à natureza (Q).» Ambas as proposições P e Q são verdadeiras e a disjunção é verdadeira mas segundo a regra acima deveria ser falsa.
A FALSA REGRA DA «DISJUNÇÃO INCLUSIVA»
A lei da «disjunção inclusiva» é também errónea. É enunciada assim:
«Regra da disjunção inclusiva: a disjunção inclusiva de duas proposições é verdadeira em todos os casos, excepto quando as duas proposições simples são ambas falsas.»
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 72).
Eis um exemplo que atesta o erro desta regra: a disjunção inclusiva PVQ «Somos portugueses (P) ou somos europeus (Q).» Ambas as proposições P e Q são verdadeiras, contudo a disjunção é falsa porque não podemos extrinsecar portugueses de europeus, mas segundo a regra acima é uma disjunção...«verdadeira». É charlatanismo, para não falar em fascismo epistémico, impor que alunos e professores de filosofia memorizem e apliquem em pseudo tabelas de verdade estas "regras" falsas».
A ERRÓNEA TABELA DE VERDADE DA IMPLICAÇÃO
A função de verdade dita condicional ou implicação na lógica proposicional simboliza-se S →P. Por exemplo, «Se chover»(proposição S) «então levarei guarda-chuva» (proposição P).
Escreve um manual do 11º ano de filosofia da Santilhana:
«A implicação material é uma operação intelectual que relaciona condicionalmente os valores lógicos de duas proposições simples.
«Por exemplo: P→Q «Se tirar a carta, então vou comprar carro»
«Qual é a regra da implicação?
«Regra da implicação: A implicação só é falsa se o antecedente for verdadeiro e o consequente falso. Nos outros casos é sempre verdadeira».
«Qual é a tabela de verdade da implicação?
«A tabela de verdade da implicação é a seguinte:
P Q P→Q
V V V
V F F
F V V
F F V
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 73).
É fácil verificar a falsidade desta tabela de verdade aplicando-a a exemplos concretos (lógica material).
Consideremos a proposição complexa «Se há pegadas de dinossauro na Serra de Aire e Candeeiros (P), então a Lua completa em 27,3 dias a sua órbita em torno da Terra (Q)».
Ambas as proposições simples são verdadeiras e, segundo a tabela de «verdade», a implicação será verdadeira. Mas não é, porque a relação entre pegadas de dinossauro na serra X e mês sideral da Lua é meramente acidental, não existe sequer: quer haja ou não pegadas de dinossauro a Lua leva sempre 27,3 dias na sua órbita em torno da Terra.
Consideremos as proposições simples "Os átomos existem" (P) e "As moléculas existem" (Q). Construamos a proposição complexa «Se os átomos não existem ( ¬ P) então (→ )as moléculas existem (Q)». Segundo a tabela de verdade acima, sendo ¬ P falsa (porque os átomos existem) e Q verdadeira (as moléculas existem) a implicação será verdadeira. Ora não é isso que sucede: não havendo átomos implica não haver moléculas porque estas são agregados de átomos, logo a proposição «Se os átomos não existem (¬ P) então as moléculas existem (Q)» é uma implicação falsa.
Não basta considerar o valor de verdade de cada uma das proposições simples é necessário centrar-se no tipo de implicação: se é necessária, fundada na causalidade ou no sincronismo, ou contingente, fundada na ficção, no imaginário... Mas sobre isto a lógica proposicional nada diz. Não está bem construída, não foi bem pensada.
O que fazem os arautos da lógica proposicional em Portugal na universidade e no ensino secundário- João Branquinho, Ricardo Santos, Guido Imaguirre, João Sàágua, Domingos Faria, Aires Almeida, Rolando Almeida, Luís Veríssimo, Pedro Galvão e outros - senão ensinar estas erróneas teses e asim contribuir para estupidificar os alunos de filosofia?
Tenham a coragem de fazer autocrítica e condenar a lógica proposicional! Os vossos mestrados e doutoramentos não impedem que lavreis no erro. Não servem para nada, senão para transmitir conhecimentos fragmentados, mistos de verdade e erro. «Menos lógica, mais pensar! dizia Heidegger». Extingam-se as cátedras de filosofia na universidade, ocupadas por incompetentes que se cooptam entre si, acabe-se com o autoritarismo sectário e pseudo-científico da filosofia analítica e outras: as cátedras são tão prejudiciais ao saber quanto o Tribunal da Santa Inquisição o foi para a descoberta de Deus e o livre pensamento.
AS LEIS DE MORGAN ESTÃO ERRADAS
As leis do matemático Morgan (1806-1871), uma das bases da lógica proposicional, estarão certas? Não.
Atentemos no manual de filosofia do 11º ano do ensino secundário da Santilhana Editora que as expõe:
«Quais são as principais leis de Morgan?
1ª Negação de uma conjunção:
A negação de uma conjunção é equivalente à disjunção das negações das suas proposições ou argumentos.
Formalizemos:
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 99).
Um exemplo prova a equivalência falsa estabelecida nesta lei:
Não vou a Paris ou não vou a Londres é equivalente a Não vou a Paris e Não Vou a Londres. - de acordo com a segunda lei de Morgan.
O facto de não ir a Paris não o impede de ir a Londres, na primeira frase, porque aí figura o ou, e o facto de ir a Londres não o impede de nessa circunstância ir a Paris. Portanto, não há equivalência entre a negação da disjunção e a conjunção das negações.
Tantos milhares de professores catedráticos universitários, tantas centenas de milhar de professores do ensino secundário estudaram/ decoraram e aceitaram acriticamente estas falaciosas «leis de Morgan» que o Ministério da Educação impõe como obrigatórias no ensino secundário em Portugal.
As cátedras universitárias nada valem, porque produzem e alimentam o erro. São títulos honoríficos - o catedrático é como o papa que «representa» Deus na terra e goza de infalibilidade - que embaraçam o livre filosofar profundo. Onde estão os filósofos nas cátedras universitárias? Não estão, salvo raríssimas excepções. Extingam-se estas e regresse-se à democracia filosófica de base. Acabe-se com os privilégios dos autores de manuais associados aos gabinetes que gizam os exames e programas nacionais. Eles não pensam, facturam. Corrompem a filosofia.
NOTA: COMPRA O NOSSO «DICIONÁRIO DE FILOSOFIA E ONTOLOGIA», 520 páginas, 20 euros (portes de correio para Portugal incluídos), CONTACTA-NOS.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz
Há vários equívocos no manual de Domingos Faria, Luís Veríssimo e Rolando Almeida «Como pensar tudo isto? Filosofia 11º ano» da Editora Sebenta, sem embargo de o livro ter méritos.
SÓ O CONHECIMENTO PROPOSICIONAL PODE SER TRANSMITIDO?
Bertrand Russel teorizou haver três tipos de conhecimento: o saber fazer (exemplo: andar de bicicleta, nadar), o conhecimento por contacto (exemplo: olhar o rio Tejo a partir do cais das colunas, saborear gaspacho) e o conhecimento proposicional (exemplo: imaginar que o Big Bang se deu há 15 000 milhões de anos, supor que a matéria é composta de átomos, quarks e leptons).
O manual afirma.
«Apenas o conhecimento proposicional pode ser directamente transmitido de pessoa para pessoa».
(Domingos Faria, Luís Veríssimo e Rolando Almeida «Como pensar tudo isto? Filosofia 11º ano» da Editora Sebenta, pág. 130).
Isto não é verdade. O treinador de guarda-redes transmite o seu saber ao guarda redes rematando para este defender a bola e indicando-lhe se deve sair ou não ao encontro do avançado. Isto é saber fazer e conhecimento por contacto.
DAVID HUME OPUNHA-SE AO CEPTICISMO?
Sobre Hume escrevem os autores do manual:
«Tal como Descartes, David Hume recorre a uma abordagem fundacionalista para responder ao desafio cético.»
(Domingos Faria, Luís Veríssimo e Rolando Almeida «Como pensar tudo isto? Filosofia 11º ano» da Editora Sebenta, pág. 162).
Hume responde ao desafio céptico? Confusão dos autores. Hume sempre foi céptico, sempre duvidou da existência de objectos físicos exteriores à mente humana:
«A razão não nos dá e é impossível que alguma vez nos dê, em qualquer hipótese, qualquer convicção da existência contínua e distinta dos corpos. Esta opinião tem de se atribuir inteiramente à imaginação, que passa a ser o objecto da nossa investigação ».(Hume, Tratado da Natureza Humana, Fundação Calouste Gulbenkian, pag. 238; o destaque a negrito é posto por mim).
O FUNDACIONALISMO OPÕE-SE AO CEPTICISMO?
O manual opõe erroneamente fundacionalismo a cepticismo sem compreender que este é, basicamente, uma modalidade de fundacionalismo. Lê-se o seguinte no manual:
«O fundacionalismo é uma das mais antigas respostas ao problema do cepticismo. Os fundacionalistas rejeitam a primeira premissa do argumento cético da regressão infinita. Para estes autores, nem todas as nossas crenças se justificam com base em outras crenças, pois existem crenças que são de tal modo evidentes que podemos considerar que se justificam a si mesmas».
(Domingos Faria, Luís Veríssimo e Rolando Almeida «Como pensar tudo isto? Filosofia 11º ano» da Editora Sebenta, pág. 139).
Ora, nem todo o cepticismo sustenta a regressão infinita. E há fundacionalistas que sustentam a regressão infinita: por exemplo, os primeiros filósofos gregos como Tales de Mileto, que defendia a água como fundamento do mundo e uma regressão infinita do ciclo caos-cosmos, e Heráclito de Éfeso, que sustentava ser o fogo o fundamento do mundo e postulava a regressão infinita do ciclo caos (fogo em estado puro)- cosmos (fogo convertido em montanhas, rios, animais, homens, etc.). Quando o cepticismo afirma que «nada se pode conhecer, tudo é duvidoso» está a ser um fundacionalismo, estabelece uma verdade primeira que funda todo o seu sistema de pensamento.
A INCAPACIDADE DE DISTINGUIR COM CLAREZA "DISJUNÇÃO INCLUSIVA" DE "DISJUNÇÃO EXCLUSIVA", CONCEITOS FALACIOSOS
Os autores caem na falácia da lógica proposicional de colocar o mesmo tipo de disjunção sob duas formas diferentes baptizando uma de inclusiva e outra de exclusiva. E nem conseguem defini-las teoricamente limitando-se a exemplificar. Escrevem:
«Disjunção inclusiva
«A disjunção inclusiva "O José ganhou o euromilhões ou a Vera ganhou o Euromilhões" só é falsa se ambas as disjuntas forem falsas; será verdadeira se, nas restantes combinações possíveis de valores de verdade, pelo menos uma das proposições for verdadeira.» (...)
«Disjunção exclusiva»
«A disjunção exclusiva "Ou Sócrates nasceu em Atenas ou nasceu em Roma" diz-nos que uma das disjuntas é verdadeira , mas não as duas, pois é falso que Sócrates possa nascer em Atenas e em Roma: ou nasceu numj lugar ou nasceu no outro, não sucede que nasça nesses dois lugares ao mesmo tempo.»
(Domingos Faria, Luís Veríssimo e Rolando Almeida «Como pensar tudo isto? Filosofia 11º ano» da Editora Sebenta, pág. 58).
Afinal o que distingue a "disjunção inclusiva" da "disjunção exclusiva", segundo os teóricos da lógica proposicional? É que a primeira exprime-se por "ou" e a segunda exprime-se por "ou ...ou". Isto é ridículo. É o micropensamento de filósofos analíticos como Wittgenstein ou Bertrand Russel, imitado acriticamente por estes autores do manual. Chegamos a este ponto inacreditável: dizer «Sócrates nasceu em Atenas ou nasceu em Roma» é uma disjunção «inclusiva» mas dizer «Ou Sócrates nasceu em Atenas ou nasceu em Roma» é uma disjunção ...«exclusiva». Não há paciência para tanta ingenuidade «filosófica» que vê diferenças de conteúdo onde elas não existem...
Ou..ou.. é o mesmo que ou.
A ERRÓNEA TABELA DE VERDADE «CONDICIONAL» NA LÓGICA PROPOSICIONAL
Este manual escreve o seguinte sobre a tabela de verdade simples condicional:
«Condicional»
«A condicional "Se o conhecimento é sensação, então os porcos têm conhecimento» apenas é falsa se a antecedente for verdadeira e a consequente falsa. Deste modo na fórmula proposicional (P ⇒Q) todas as possíveis combinações de valor de verdade serão verdadeiras, exceto quando a antecedente for verdadeira e a consequente falsa.»
(Domingos Faria, Luís Veríssimo e Rolando Almeida «Como pensar tudo isto? Filosofia 11º ano» da Editora Sebenta, pág. 59; o destaque a negrito é posto por nós).
Segundo esta "lei" se antecedente e consequente são falsas a implicação é verdadeira. Eis um exemplo que desmente esta tabela de verdade:
Se os mares são imaginários (P), então os unicórnios existem na Terra (Q).
Ambas as frases são falsas e a sua implicação é falsa, ao contrário do que sustenta a lógica proposicional exposta neste manual.
UMA DESVALORIZAÇÃO INJUSTA DA SOFÍSTICA
Sobre a sofística na antiga Grécia, os autores do manual adoptam a posição clássica das filosofias católica e cristãs: Sócrates era «o pesquisador da verdade, o honrado filósofo», e os sofistas eram «filósofos desonestos, mentirosos, mestres na retórica manipuladora», ainda que fossem professores de gramática, dialética, aritmética, geometria, astronomia, música. Lê-se no manual:
«No entanto, os sofistas não olhavam a meios para atingirem os seus fins, ou seja, serem bem-sucedidos e eficientes nas disputas públicas, não se preocupando com a verdade. O que lhes interessava não era chegar à verdade, mas sim ganhar a todo o custo a discussão, por mais incoerentes que fossem as suas teses. Desta forma, a arte de argumentar tornava-se uma arte que recorria apenas a manipulações, falácias, apelo às emoções e sentimentos, entre outras ferramentas, para derrotar os adversários.»
(Domingos Faria, Luís Veríssimo e Rolando Almeida «Como pensar tudo isto? Filosofia 11º ano» da Editora Sebenta, pág. 105; o destaque a negrito é posto por nós).
«Sócrates opôs-se aos sofistas e à retórica manipulativa, e foi fundamentalmente um filósofo que procurou estimular o pensamento crítico na ágora(...) Portanto, a retórica em Sócrates é fundamentalmente distinta da dos sofistas. Vejamos as três características principais da retórica de Sócrates: a ironia, a maiêutica e o diálogo.» (ibid, pág. 107).
Quem pode garantir que a retórica de Sócrates era superior à dos sofistas? Sócrates procurava, por exemplo, demonstrar a imortalidade da alma humana recorrendo à analogia entre o ser humano e a árvore e a semente: a semente perpetuará a vida finita da árvore, etc.. Este raciocínio maieutico está isento de manipulação? A sofística é percursora do idealismo ontológico, do fenomenismo de David Hume, da própria filosofia analítica do século XX. Górgias de Leontinos, um dos mais famosos sofistas, preocupava-se com a verdade quando expôs o seguinte:
«2. No livro intitulado «Do não ser ou da natureza», Górgias definiu três princípios, a saber: primeiro, que nada existe, segundo, se algo existe é incognoscível e, terceiro, se fosse cognoscível não poderia ser nem comunicado, nem divulgado». (Pinharanda Gomes, Filosofia Grega Pré-Socrática, Guimarães & C.ª Editores, pág. 273).
Isto é mentir? De modo nenhum. É buscar a verdade, de uma certa perspectiva. Uma coisa é a sofística como movimento filosófico respeitável, portador do subjectivismo, do cepticismo, do relativismo, do pragmatismo, outra coisa é a prática de sofistas, advogados, professores e políticos que lucraram e ganharam a vida apelando a conceitos filosóficos antiplatónicos ou não platónicos.
Como pode considerar-se Sócrates como o detentor e pesquisador da verdade, quando ele, tal como o seu discípulo Platão, escondia ou ignorava o determinismo planetário, isto é, que a vida humana e a vida em geral na Terra está e sempre esteve completamente submetida aos movimentos dos planetas e do Sol na esfera celeste?
Os filósofos (Descartes, Hume, Kant, Hegel, Heideger, Ludwig Wittgenstein, Bertrand Russel, Edmund Gettier, Richard Swinburne, Simon Blackburn, Jerry Fodor, Thomas Nagel, Collin McGinn, Anthony Kenny, etc.) e os professores de filosofia actuais, ao ignorarem e negarem a predestinação da vida humana pelas posições astronómicas dos corpos celestes, não fizeram ou não fazem mais do que sofismar a verdade, mentir, tal como Sócrates o fez.
E, se têm dúvidas, expliquem por que razão teria de ser «coincidência» e não lei astrofísica o facto de Júpiter, cujo ciclo é de 12 anos no Zodíaco, ter estado praticamente na mesma posição astronómica em duas vitórias do PS em eleições legislativas nacionais em Portugal: 25 de Abril de 1983, Júpiter em 9º do signo de Sagitário, vitória do PS de Mário Soares sobre o PSD de Mota Pinto; 1 de Outubro de 1995, Júpiter em 10º do signo de Sagitário, vitória do PS de António Guterres.
As cátedras universitárias de filosofia e a grande mídia continuam a esconder a verdade, a censurar os que foram mais longe que elas na aventura do conhecimento, na alethéia (desocultação da verdade).
AUSÊNCIA DE REFERÊNCIA AO EU INEXISTENTE, UMA TESE CAPITAL DE HUME
Nas 17 páginas em que expõe a teoria de David Hume, da 162 à 179, o manual «Como pensar tudo isto?» omite um ponto capital, que não é empirista mas racionalista, da doutrina de Hume: a tese contraintuitiva de que o eu não existe.
Escreveu Hume (o negrito não é dele):
« Há certos filósofos que imaginam que temos permanentemente a consciência íntima do que chamamos o nosso eu; que sentimos a sua existência e a sua permanência; e que estamos seguros, mais do que através da evidência de uma demonstração, da sua identidade e simplicidade perfeita. »(....)
«Mas o eu, ou pessoa, não é uma impressão; é aquilo a que supostamente se referem as nossas diversas impressões e ideias. Se uma impressão gera a ideia do eu, essa impressão deve permanecer invariavelmente idêntica ao longo de toda a nossa existência, uma vez que se considera que o eu existe desse modo. Ora, não há nenhuma impressão constante e invariável. A dor e o prazer, as paixões e as sensações sucedem-se umas às outras, nunca existindo todas em simultâneo. A ideia do eu não pode, portanto, ter derivado de nenhuma dessas impressões ou de qualquer outra; consequentemente, uma tal ideia não existe.» (...)
«Pela minha parte, quanto penetro mais intimamente no que designo por eu, defronto-me sempre com uma ou outra percepção particular, de calor ou de frio, de luz ou de sombra, de amor ou de ódio, de dor ou de prazer. Nunca posso apreender-me a mim em momento algum, sem uma percepção, e apenas posso observar a percepção. Quando as minhas percepções deixam de operar por algum tempo, como durante um sono tranquilo, durante esse tempo deixo de ter consciência de mim, podendo realmente dizer-se que não existo».
(David Hume, A treatise of Human Nature, Oxford, Claredon Press, 1978, Livro I, 4ª Parte, Secção VI).
Hume não é um mero empirista porque usa a razão para negar o eu, centro do conhecimento humano. Há uma consciência empírica ou intuitiva do «eu» presente em Descartes e na apercepção pura transcendental em Kant mas que Hume, racionalmente, suprime.
PERSUASÃO OPÕE-SE A MANIPULAÇÃO?
Seguindo a distinção equívoca, estabelecida pelo programa de filosofia, entre persuasão e manipulação, que não são conceitos contrários mas colaterais, o manual expõe o seguinte:
« De acordo com o que foi dito podemos concluir que:
A manipulação consiste em levar alguém a aceitar uma tese sem avaliar criticamente (isto é, sem examinar de ,modo rigoroso e imparcial) as razões que existem a seu favor e contra ela.
A persuasão consiste em oferecer boas razões para que alguém seja conduzido a aceitar uma determinada tese.»
(Domingos Faria, Luís Veríssimo e Rolando Almeida «Como pensar tudo isto? Filosofia 11º ano» da Editora Sebenta, pág. 104; o destaque a negrito é posto por nós).
Ora existe manipulação sem persuasão quando se trata de um auditório que escuta um discurso? Não. Hitler e o partido nazi persuadiram, isto é, manipularam uma parte do eleitorado alemão a darem-lhes uma maioria relativa de deputados no parlamento em Março de 1933.
Há duas formas de persuasão: manipulatória e aleteiológica, isto é, desocultadora da verdade. O programa de filosofia equivoca-se ao opor manipulação a persuasão.
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© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Um dos equívocos da lógica proposicional é a falaciosa distinção entre disjunção inclusiva e disjunção exclusiva. No Manual Essencial Filosofia 11º em voga em muitas escolas do ensino secundário em Portugal lê-se:
«A disjunção inclusiva é representada por V.
«A disjunção exclusiva é representada por W.
Por exemplo:
«Os livros estão escritos em prosa ou em poesia».
PVQ
«Os livros estão escritos ou em prosa ou em poesia».
PWQ
Neste último sentido, é claro que uma alternativa exclui por si só a outra».
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 71).
Esta distinção é uma falácia. Dizer, por exemplo, «Vou ao Porto ou vou a Lisboa» (disjunção inclusiva segundo esta lógica) é o mesmo que dizer «Ou vou ao Porto ou vou a Lisboa» (disjunção exclusiva segundo esta lógica proposicional). A disjunção é exclusiva em ambos os casos: ir ao Porto exclui, no mesmo instante, ir a Lisboa. O «ou..ou» é apenas uma forma mais enfática de dizer «ou». Na substância, não há diferença alguma entre estas «duas» disjunções.
Andam os professores a ensinar erradamente os seus alunos. E o lobby dos catedráticos da filosofia analítica que assenta na lógica proposicional conseguiu impor esta última como obrigatória e exclusiva no programa de filosofia do 10º ano do ensino secundário em Portugal. Gravíssimo. Uma pseudociência do pensamento, uma formalização parcialmente arbitrária deste, elevada a tema central da filosofia!
A FALSA REGRA DA «DISJUNÇÃO EXCLUSIVA»
Há leis erróneas na lógica proposicional. Como a seguinte:
«Regra da disjunção exclusiva: A disjunção exclusiva é verdadeira quando as proposições simples apresentam valores lógicos diferentes. É falsa quando as proposições são ambas verdadeiras ou ambas falsas.»
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 72).
Eis um exemplo que atesta o erro desta regra: a disjunção exclusiva PWQ «Ou o inverno é necessário à natureza (P) ou o verão é necessário à natureza (Q).» Ambas as proposições P e Q são verdadeiras e a disjunção é verdadeira mas segundo a regra acima deveria ser falsa.
A FALSA REGRA DA «DISJUNÇÃO INCLUSIVA»
A lei da «disjunção inclusiva» é também errónea. É enunciada assim:
«Regra da disjunção inclusiva: a disjunção inclusiva de duas proposições é verdadeira em todos os casos, excepto quando as duas proposições simples são ambas falsas.»
(Amândio Fontoura, Mafalda Afonso e Maria de Fátima Vasconcelos, Essencial Filosofia 11º, Santillana, pág 72).
Eis um exemplo que atesta o erro desta regra: a disjunção inclusiva PVQ «Somos portugueses (P) ou somos europeus (Q).» Ambas as proposições P e Q são verdadeiras, contudo a disjunção é falsa porque não podemos extrinsecar portugueses de europeus, mas segundo a regra acima é uma disjunção...«verdadeira».
Esta lógica proposicional é para deitar fora: foi concebida por sujeitos que vivem fora da realidade filosófica e científica. É típica de subpensadores.
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© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz
A reforma do programa de filosofia, que se prevê entrar em vigor em Setembro de 2018, elimina a lógica aristotélica do programa de filosofia e coloca a lógica proposicional como obrigatória e única modalidade lógica na primeira parte do programa de filosofia do 10º ano de escolaridade em Portugal. O resto do programa de 10º ano limitar-se-á à ética, passando a estética e a religião para o programa de 11º ano que deixará de ter a lógica aristotélica e a lógica proposicional em alternativa uma à outra. É mais uma manobra dos pseudo filósofos analíticos - a corrente em que militam João Branquinho, Ricardo Santos, Guido Imaguire, Pedro Galvão, Desidério Murcho, Alexandre Franco de Sá, Sara Bizarro, Aires Almeida, etc. - para afunilar o ensino da filosofia, para o tornar aborrecido, sem horizontes metafísicos, aos olhos dos alunos. O formalismo da lógica proposicional é uma lógica deficiente porque, por exemplo, distingue erroneamente disjunção inclusiva de disjunção exclusiva (na verdade, dizer Vou a Londres ou vou a Paris («d. inclusiva», dizem) é o mesmo que dizer Ou vou a Londres ou vou a Paris («d. exclusiva», dizem), é a mesma disjunção). Outro exemplo: segundo esta lógica a disjunção inclusiva de duas proposições verdadeiras (PVQ) é verdadeira, ora o exemplo «Somos portugueses ou somos europeus» (PVQ) prova que redunda em uma falsa disjunção inclusiva porque portugueses não pode extrinsecar-se de europeus. Esse formalismo pretensamente científico reflecte a ausência de ideias dos novos doutorados e mestres em filosofia da universidade portuguesa. Como podem as universidades ter chegado a este estado de indigência intelectual de instituir regras lógico-formais erradas e propagá-las no ensino da filosofia? É matéria para uma análise sociológica profunda. Schopenhauer já no século XIX denunciava a incompatibilidade de ser filósofo e professor universitário de filosofia, este último movido pelas preocupações de subir e brilhar profissionalmente, mesmo sendo incompetente, não perder a autoridade sobre os alunos mostrando que «sabe tudo» e obter apoios entre os colegas.
Os autores da reforma argumentam que é preciso interdisciplinaridade com a matemática. Mas que interdisciplinaridade há nas turmas de humanísticas e artes com a matemática no 10º e 11º ano de escolaridade? Praticamente, nenhuma. O exame nacional de filosofia, instituído há anos, visou apenas uniformizar, controlar os professores de filosofia, que são perigosos para o sistema político quando são criativos e livres porque rompem a censura existente nas televisões, jornais e nos manuais escolares.
Nada disto é inocente. Estas mudanças de programas obedecem à estratégia do neofascismo «democrático» do clube de Bilderberg que quer expulsar do ensino de massas a filosofia livre e a história social e política crítica: ocupando os alunos com inúteis exercícios de lógica, impede-se estes de conhecer as ideologias marxista, anarquista, teoovniológica, as teorias da conspiração, o taoísmo, o platonismo, o aristotelismo, etc. E o peso da ética (leia-se: a ideologia federalista dos illuminati) cresce imenso no 10º ano. É o doutrinarismo do Estado Novo de Salazar vertido em doutrinarismo do Estado da Nova Ordem Mundial. São os inimigos da liberdade de filosofar quem está a alterar os programas de filosofia do ensino secundário em Portugal. Eles temem os professores mais cultos e amplos no pensar!
Na nova proposta de programa de 10º ano, na abordagem introdutória à filosofia e ao filosofar ignora-se a definição de filosofia como livre interpretação metafísica do universo, da vida e do homem e limita-se a descrevê-la como actividade crítica (apêndice da ciência, como defendia o círculo de Viena fundado em 1929):
«O que é a filosofia?
«Caracterizar a filosofia como actividade conceptual crítica.»
«As questões da filosofia»
«Clarificar a natureza dos problemas filosóficos».
Evita-se falar em grandes temas da filosofia porque isso poderia inclinar os professores a explanar em síntese as doutrinas de Heráclito, Lao Tse, Platão, Aristóteles, etc., que os novos doutorados em filosofia ignoram, de um modo geral, e que tentam suprimir do ensino dado conterem metafísica.
Alerta, professores de filosofia! Mal fomos consultados sobre este afunilamento do programa, sobre este obscurecimento do item grandes temas da filosofia do programa de 10º ano ainda em vigor. Os antifilósofos da lógica proposicional, seres de pensamento robótico, uma minora influente dentro das universidades, decidem amputar os programas à revelia dos milhares de professores de filosofia do ensino secundário em Portugal, à boa maneira dos eurocratas a quem a democracia de base intimida.
É lamentável que sejam governos do Partido Socialista Português a limitar o campo do ensino público livre da filosofia: ligado através de António Costa, de Manuel Maria Carrilho, de Maria de Lurdes Rodrigues, de Porfírio Silva, de António José Seguro ao clube mundialista de Bilderberg, de Henry Kissinger, das famílias Rotschild e Rockfeller, de Pinto Balsemão e Ricardo Salgado, o PS português transforma-se, subtil e gradualmente, num partido social-fascista no campo do ensino da filosofia ao suprimir programaticamente a vastidão dos grandes temas da filosofia, a liberdade de cada professor escolher temas e ensinar à sua maneira. Que medo à individualidade radical tem a burguesia portuguesa e os seus homens de mão socialistas! E Tiago Brandão Rodrigues está ou não consciente desta manobra ditatorial? Ele é, formalmente, o responsável desta reforma de fechamento do horizonte filosófico nas escolas. Protestemos, massivamente, junto do ministro da Educação, do governo, das estações de televisão, das rádios, dos jornais. Vamos à luta contra os neofascistas do pensamento «analítico», os novos inquisidores do século XXI.
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