Popper era um céptico que dava uma no cravo e outra na ferradura, isto é, uma no cepticismo e outra no dogmatismo. Pregava um cepticismo pirrónico - não podemos estar certos de nada, além das aparências dos sentidos - e um dogmatismo simultâneo - exemplos: aceitamos provisoriamente que a tabela periódica dos elementos é verdadeira, que o evolucionismo de Darwin é verdadeiro, que a escatologia marxista de que o comunismo é o fim da história é falsa, etc. Escreveu:
«Estamos, pois, constantemente, em busca de uma teoria verdadeira (uma teoria verdadeira e relevante) ainda que não possamos nunca dar razões (razões positivas) para mostrar que encontrámos realmente a teoria verdadeira que buscávamos. Ao mesmo tempo, podemos ter boas razões - isto é, boas razões críticas - para pensar que aprendemos algo de importante: que progredimos em direcção à verdade.» (Karl Popper, O realismo e o objectivo da ciência, Lisboa, Publicações Dom Quixote, pp 57)
Em termos simples, Popper dizia que a melhor teoria não é a verdadeira, porque a verdade é inatingível, mas a que mais se aproxima da verdade. Se não podemos nunca demonstrar que encontramos a verdade, como podemos falar de «progresso em direcção à verdade»? Não podemos. Seria preciso acreditar que tal tese, tal modelo é a verdade. Mas esta está encoberta por um nevoeiro invencível, de acordo com Popper.
Há em Popper a mesma incoerência que em Kant: este pensava o númeno ou coisa em si incognoscível - equivalente à verdade em Popper - mas dizia ser impossível demonstrar que há númeno - tese equivalente ao cepticismo pirrónico de Popper. É como um corredor de bicicleta que vê a meta e se aproxima dela mas diz que nunca lá consegue chegar porque não a vê nem conhece exactamente onde se situa.
in «Dicionário de Filosofia e Ontologia, Dialética e equívocos dos filósofos», de Francisco Queiroz, pags 510-511
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José Ortega e Gasset, (9 de Maio de 1883, Madrid; 18 de Outubro de 1955) o grande filósofo espanhol do século XX, émulo de Heidegger e, a nosso ver, superior a este, expôs em síntese as ideias do filósofo alemão Johann Friedrich Herbart (Oldenburgo, 4 de Maio de 1776 - Goettingen, 11 de Agosto de 1841) o fundador da pedagogia como disciplina acadêmica. A metafísica, segundo Herbart, implicaria ou apresentaria quatro aspectos: metodologia, ontologia, synecologia e eidolologia.
Escreve Ortega, resumindo Herbart:
c) SYNECOLOGÍA
«A metafísica é "um movimento em forma de arco", que partindo da aparência, que é um problema, vai procurar a realidade absoluta, que é um princípio, e achado este torna a explicar aquela. A ontologia conduz aos problemas do mundo aparente: o espaço, o tempo, a matéria, o movimento que Herbart estuda como formas particulares de um problema geral: a continuidade. De aqui o nome de Synecologia.» (...).
«Todo esse mundo que resulta da metafísica é - dizíamos - uma "aparência objectiva", uma imagem firme, científica, mas, ao fim e ao cabo, uma imagem. Do que seja imagem, já o vimos; mas como "toda a aparência alude a um ser", é forçoso achar quem é o Ser em que a aparência surge, quem é o sujeito que imagina. Conclui, pois, a metafísica com a teoria da aparência ou imagem como tal (Eidolologia) que serve de fundamento e trânsito para a psicologia.»
d) EIDOLOLOGIA
«Toda a imagem apresenta-se como uma dupla referência: de um lado apresenta o imaginado; do outro, declara-se a si mesma como pertencendo a um eu. O mundo da aparência objectiva é um mundo de representações de um eu. Com isto damos com um daqueles temas contradictórios que a experiência iniludivelmente nos coloca. Não posso representar algo sem atribuir ao meu eu, como uma propriedade e parte dele, essa representação. Não obstante o meu eu aparece-me como uma unidade frente às muitas representações que o constituem. (...)»
«O eu é um Real que está em comércio e concorrência com outros Reais: às perturbações com que estes o ameaçam responde com actos de conseração de si mesmo, e estes são a génese das representações, propriamente as sensações, reações elementares da alma. A sua multidão, variedade, as suas idas e vindas, dependem das séries de Reais com quem entre ou deixe de entrar em concorrência».
(José Ortega y Gasset, Obras completas, Tomo I, 1902/1915, Penguin Random House e Fundación Ortega y Gasset, Sabadell, Barcelona, 2017, pp. 693-694; o destaque a negrito é posto por nós).
Na Grécia Antiga, eidolon (plural: eidola or eidolons) é uma imagem espiritual de uma pessoa viva ou morta, uma sombra ou fantasma com forma humana. Os prisioneiros da caverna descrita na alegoria da caverna de Platão viam na parede de fundo da caverna eidola, sombras da realidade que se desenrolava nas suas costas. No meu «Dicionário de Filosofia e Ontologia» plasmei o conceito de eidologia ( eidos, na teoria de Aristóteles, signifca essência ou forma comum a muitas entidades) como designando a ciência das essências incluída na ontologia:
«B) Por sua vez, a metafísica subdivide-se em duas áreas: teologia ou metafísica teológica e eidologia protológica ou teoria das essências principiais, excluindo divindades,»
(Francisco Limpo Queiroz, «Dicionário de Filosofia e Ontologia, Dialética e Equívocos dos Filósofos», Edições Colibri, Lisboa, 2017, pag.127).
É óbvio que eidolologia como ciência das imagens e eidologia como ciência das essências se opõem do mesmo modo que a sensação se opõe ao conceito e a doxa (opinião baseada na aparência) se opõe à episteme (ciência demonstrativa, operando sobre essências). A menos que se considere, como no fluxismo sensista, a essência como imagem efémera ab-rogada ou alterada a cada instante.
Note-se uma diferença entre a visão de David Hume e a de Johann Friedrich Herbart sobre o eu: para Hume, o eu não existe, há apenas um fluxo de sensações mutáveis a cada momento; para Herbart, como para Ortega, o eu existe em mutação devido à multiplicidade das representações.
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O lançamento da obra a nível nacional será na sexta feira 28 de Setembro de 2018, às 21.30 horas, na Biblioteca Municipal de Beja.
Eis um excerto do item DIALÉTICA (LEIS DA):
11. (Lei dos géneros e das espécies; da lavra do autor deste dicionário)
«Correntes ou espécies que, no essencial, pertencem, respectivamente, a espécies e géneros diferentes não podem ser classificadas no mesmo nível, incluídas na mesma espécie ou género porque são colaterais, não directamente relacionadas entre si, não excludentes entre si. Os contrários e semi-contrários são espécies do mesmo género, as espécies que, essencialmente, são de géneros diferentes, designadas de colaterais, não colidem entre si e por isso não se situam no eixo de tese-antítese-síntese que funciona dentro de cada género. Cada espécie está contida integralmente em um ou mais géneros, isto é, nos seus géneros essenciais e intersecta parcialmente outras espécies ou géneros ditos por isso géneros acidentais, formando um sistema de múltiplas argolas». Assim, realismo (a matéria é real em si mesma fora das mentes humanas) e idealismo (a matéria é irreal, é meras ideias e sensações nas mentes humanas) são teorias contrárias que funcionam dentro do mesmo género essencial,o género ontologia, ou teoria do ser, sendo a fenomenologia (vemos o mundo material fora de nós mas não sabemos se é extramental, real, ou não misto, semicontrária ou intermédia. Mas pragmatismo (o que importa é agir e ter resultados práticos, deixando de lado as especulações) é um colateral aos três – a colateralidade pode ser definida como justaposição –. porque pertence ao género praxiologia ou ergologia, isto é, ação/contemplação, e pode haver realismo pragmático, idealismo pragmático e fenomenologia pragmática. Pragmatismo intersecta parcialmente as espécies realismo, idealismo e fenomenologia, não as contém por inteiro como um género, como por exemplo, a espécie homem estar por inteiro contida no género animal. Por isso, pragmatismo deveria ser designado de género transversal ou acidental, isto é, género que intersecta acidental e parcialmente, como colateral, espécies de um outro género contrárias entre si. Também R.M.Hare ignora esta lei dialética ao colocar em oposição naturalismo e intuicionismo: ora naturalismo pertence ao género região ontológica e intuicionismo pertence ao género modo de captar o ser (por intuição; por raciocínio,etc).»
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