Os cátaros, cristãos dualistas dos séculos XI a XIV, herdeiros dos bogomilos, comiam peixe mas não carne. Consideravam o coito um acto impuro e a ingestão de carne uma manifestação de impureza que estimulava as uniões sexuais no plano físico. Escreve o historiador Lohengrin García de Yzaguirre:
«Sobre a alimentação dos cátaros fala-se na carta do prior Evervin de Steinfield a Bernardo de Claraval (1143): " Nas suas comidas proibe-se o leite e os produtos lácteos e qualquer coisa produzida por coito.»
«A Moneta de Cremona responderam uns cátaros: "A carne dos animais vem da fornicação, pois o seu coito é uma fornicação".»
«Segundo Belibaste, Cristo ensinou: " Filhinhos meus, há três tipos de carne, a do homem, a das bestas e a dos peixes que se fazem na água. Não comais mais do que as que estão na água, pois não têm corrupção e os espíritos não se incorporam nelas; mas as outras contêm a corrupção e tornam a carne muito orgulhosa. (Salvo os tubarões, poucos outros peixes copulam: fecundam os ovos fora do corpo da mãe).»
«Os cátaros pirenaicos do século XIV chamavam à carne "ferocidade": comer carne desenvolve no homem a sua agressividade, instintos brutais e paixões sexuais. A força vital contida no sangue animal é transferida para a carne e para o homem, dificultando o desenvolvimento da sua vida psíquica e o acesso à sua vida espiritual.»
«A origem do vegetarianismo ocidental nem sempre foi a Índia: durante o consolament cátaro recitava-se esta passagem do Génesis: Disse também Deus - Aí vos dou quantas ervas de semente há sobre a face de toda a Terra, e quantas árvores produzem fruto de semente, para que todas vos sirvam de alimento (Génesis I, 29).»
(Lohengrin García de Yzaguirre, Los cátaros del siglo XXI sobre la Historia del Catarismo, L´ Associació per l´estudi de la cultura càtara, 2015, España, pp. 216-217; o destaque a negrito é posto por nós).
A Inquisição Medieval e os papas e bispos que ordenaram e dirigiram, com os senhores feudais do norte da França, incultos, brutos e carnívoros, o massacre dos cátaros da Ocitânia e da costa nordeste de Espanha nos séculos XIII e XIV invejavam e vituperavam o regime alimentar dos cátaros.
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Em «Técnica do Coup de Banque» o teólogo islâmico Shayj Abdalqadir As-Sufi desmonta o processo de formação do moderno sistema bancário capitalista, a partir do século XIX, que através do papel-moeda e dos empréstimos geradores de «dívida pública» criou uma minoria ínfima de milionários que controla os Estados, os povos e o mundo inteiro. Escreve:
« Uma nova e moderna dimensão da evolução da banca é a relação que se dá entre a banca mundial e a indústria ilegal da droga. Apesar de saber que as drogas duras matam menos que o alcool e o tabaco, e apesar de que é sabido que estas mortes dependem em grande medida da adulteração que se faz do produto por causa das pressões comerciais, os governantes democráticos persistem em declarar a sua ilegitimidade apesar de se haver provado que se estas mesmas drogas estivessem livres das valorações mercantis o resultado seria a venda de artigos não adulterados e a quase completa eliminação das mortes causadas pelos aditivos químicos. A indústria da droga ocupa, junto com a das armas, o primeiro lugar na produção de riqueza do sistema kafir (nota: o não crente em Alah, o que oculta ou tapa a verdade). Por isso, uma vez mais, e ajudados pelos seus bem pagos peritos em relações públicas, os banqueiros inventaram uma terminologia financeira com a que se quer sugerir que a sua participação na indústria da droga é absolutamente inocente e se deve unicamente às astutas artimanhas dos produtores das mesmas. O termo que inventaram é «branqueamento de dinheiro». Dizer isto supõe uma dupla ironia porque se sugere temerariamente que o resto do sistema monetário está limpo e livre de qualquer mancha. É absolutamente impossível conceber que nos bancos do mundo se possa guardar, administrar, transferir e investir a riqueza dos barões da droga estando ao mesmo tempo sumidos em um estado de total ignorância. É igualmente insustentável pensar que os milhares de milhões gerados por este comércio, socialmente falando, permanecem fora do sistema bancário guardados em sacos de papel castanho debaixo dos colchões das camas dos chefes dos cartéis da droga.» (Shayj Abdalqadir As-Sufi, Técnica del Coup de Banque, Editorial Kutubia, Comunidad Islâmica en España, Granada, 2003, pág.128-129; o destaque a negrito é posto por mim)..
Verificamos pois que os poderes que dominam a chamada «sociedade aberta» que Karl Popper exaltava - a democracia liberal de tipo ocidental - são corruptos e estão vinculados ao tráfico de droga que, aparentemente, combatem. A solução deste sequestro das democracias pelo capitalismo financeiro, segundo o teólogo islâmico, inclui a retirada do dinheiro dos bancos e a sua conversão em moedas ou barras de oiro e prata.
O predomínio absoluto e exclusivo do dinheiro de metal impedirá que o sistema informático dos bancos fabrique, a partir do nada, números de empréstimos, juros e dívidas que, sem corresponderem a riqueza real existente nos bancos e na economia real, escravizam e defraudam os clientes, Estados incluídos. O que é a intervenção do chamado Fundo de Garantia Bancária e do Banco de Portugal no arruinado e fraudulento Banco Espírito Santo, em Agosto de 2014, senão uma defesa dos banqueiros e não dos consumidores que pagam a factura das patifarias de Ricardo Salgado, cúmplices e familiares?
Rejeitando o "terrorismo islâmico" dos waabitas (seita do Islão sunita financiada pela Arábia Saudita) tipo Osama Ben Laden, o teórico Shayj Abdalqadir As-Sufi rejeita igualmente a união dos islâmicos com os judeus e os cristãos, por considerar estes dois últimos povos autores e cúmplices do sistema bancário único multinacional. Critica os banqueiros cristãos e os principais banqueiros de Wall Street, de famílias de origem judaica, por terem financiado o partido Nazi de Hitler nos anos 30 e ajudado este a perpetrar o genoicídio de 6 milhões de judeus:
«Tal como estão as coisas, a união de cristãos e judeus é a que nos conduziu a esta situação desastrosa. Os judeus, exceptuando uma pequena minoria, abandonaram a sua religião e, tal como fizeram outrora, entregaram-se à adoração do bezerro de oiro nas suas cidades sagradas, Las Vegas e Hollywood. Os cristãos já não crêem em nada. A sua destruição económica às mãos dos banqueiros era o mais apropriado depois da sua complacente colaboração no genoicídio. Uma análise mais profunda revela que a sua teologia, que jamais pôde recuperar da crítica racional que fez a Reforma, se viu reduzida ao circo mediático de gente sem cultura e ao culto do Papa. Sem o poder e a fúria da Inquisição e suas técnicas de tortura, é de toda a maneira impossível convencer milhões de pessoas de que o rito central da sua religião implica participar na antropofagia quotidiana da Missa. Esta incessante ingestão ritual de carne crua e de sangue (ou estão cozinhados?) é por si mesma um facto repulsivo, mas quando este rito se converte em garantia de redenção de uma vida pecadora, o intelecto deve protestar. Não há maneira de o Islão se poder unir a estas religiões em ruínas.»(Shayj Abdalqadir As-Sufi, Técnica del Coup de Banque, Editorial Kutubia, Comunidad Islâmica en España, Granada, 2003, páginas 144-145; o destaque a negrito é posto por mim).
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