Osho ou Bhagwan Shree Rajneesh (Kuchwada, Índia 11 de Dezembro de 1931- Puna, Índia, 19 de Janeiro de 1990) filósofo e místico indiano, defende que Deus nunca existiu, que a reencarnação é lei geral da existência, que a sexualidade é a energia libertadora mais poderosa e que o homem que se apercebe disso e medita racionalmente atinge o estado de um Buda ou iluminado:
«É absolutamente necessário que Deus esteja morto. Mas eu quero que compreenda o meu ponto de vista. Foi bom Friederich Nietzsche ter declarado que Deus estava morto. Eu declaro que ele nunca nasceu. É uma ficção criada, uma invenção, não uma descoberta (..)
«Eu quero destruir todos os sistemas de crenças, todas as teologias, todas as religiões. (…) A verdadeira medicina não é um sistema de crenças; a verdadeira medicina é a meditação (Osho, A conspiração de Deus, Editora Pergaminho, pp. 50-51).
E acrescenta:
«O padre sabe perfeitamente que Deus não existe. Ele é a única pessoa que o sabe perfeitamente. Mas é a sua profissão; ele vive de explorar as pessoas. Por isso, persiste em afirmar que Deus existe. Deus é o seu negócio. E quando é uma questão de negócio, é uma questão de subsistência. »
«E há milhões de padres, pertencentes a diferentes religiões. Há diferentes tipos de padres em cada país, mas todos eles exploram as pessoas a oferecer-lhes consolo. "Este casamento vai ser ótimo." E todos os casamentos são uma tragédia. Eu nunca vi um casamento que fosse uma comédia. »
«As pessoas só podem ser felizes se não forem casadas- Assim têm uma certa liberdade. É a partir desta liberdade que decidem permanecer juntas, não a partir de um contrato ou negócio qualquer, ou por serem forçadas pela sociedade. Não por causa de nenhuma lei - mas por causa de amor. - estão juntas apenas por amor e quando o amor falha...»
«E tudo falha, lembre-se. É ficção dos poetas que o amor é eterno. Não, o amor que você conhece não é eterno, e o amor que os poetas conhecem não é eterno; desvanece-se. Mantém-se se os amantes não se encontrarem.»
(Osho, A conspiração de Deus, Editora Pergaminho, pp. 276-277; o negrito é posto por nós).
O CASAMENTO ABERTO OU O FIM DA MONOGAMIA
Osho ataca todas as religiões na medida em que pregam a repressão sexual («Não cometas adultério», «Não penses em outras mulheres ou homens mas apenas no teu cônjugue», «Não vestirá o homem de mulher nem a mulher de homem») fechando as pessoas no casamento monogâmico que traz o sentimento de posse, o ciúme, a raiva no seio do casal.
«Se a sociedade fosse governada por gente inteligente - e não por gente que apenas deseja explorar - que procurasse satisfazera sua natureza até ao limite possível, o ciúme não existiria. A esposa compreenderia que, de vez em quando, o seu marido precisasse de outra mulher, "exatamente como eu também preciso de outro homem", E isso é perfeitamente natural. Somos todos seres humanos.»
«Onde está o mal de mudarmos de parceiro de ténis todos os dias? Há motivos para ciúmes? Claro que não.» (...)
«Quando não há ciúme não há raiva (...) Não acha que isso permitirá que a amizade cresça entre duas pessoas?» Um homem que conceda liberdade à sua esposa, uma esposa que conceda liberdade ao seu marido, isso implica a existência de uma grande amizade, de uma grande intimidade.»
«A mulher pode dizer ao marido como era o outro homem. O marido pode descrever à mulher como eram as coisas com a outra mulher. Não precisam de esconder. A amizade torna possível este tipo de proximidade e intimidade. Porém as sociedades do passado nunca quiseram que isso acontecesse. Queriam que as pessoas vivessem na rotina: unir uma mulher e um homem para sempre é iniciar uma peregrinação em direção ao tédio consumado. Estas pessoas entediadas, sofredoras não podem revoltar-se. Não podem atingir o clímax da inteligência: o tédio não pára de destruir qualquer espécie de possibilidade.» (OSHO, O livro do sexo, Pergaminho, pp. 208-209).
Osho critica não só o casamento por interesse material, difundido na Índia, como o sexo animal puro fácil que impera no Ocidente do «amor ivre»:
«O amor confia sempre ou então chega à conclusão de que a confiança não é possível e parte de uma maneira agradável; sem lutas nem conflitos. O sexo cria o ciúme; encontre, descubra o amor. Não faça do sexo a questão principal - porque não o é.»
«A Índia perdeu esssa possibilidade com os casamentos de conveniência; o Ocidente está a perdê-la devido ao "amor livre". »
«A Índia perdeu a capacidade de amar, porque os pais eram muito calculistas e menipuladores. Não permitiam que os seus filhos conhecessem o amor: isso é perigoso, ninguém sabe no que vai resultar. Foram muito espertos e, devido a essa esperteza, a Índia desperdiçou a sua possibilidade de amar.»«No Ocidente, as pessoas estão todas muito revoltadas, são demasiado jovens; não são espertas - são demasiado jovens e acriançadas. Tornaram o sexo uma coisa livre, disponível em todos os cantos e esquinas; não há necessidade de ir muito longe para descobrir o amor, basta gozá-lo e terminar num instante seguinte.»
«Através do sexo, o Ocidente está a perder-se; através do casamento, perdeu-se o Oriente. Mas, se estiver alerta, não precisa de ser oriental nem ocidental.» (OSHO, O livro do sexo, pp 236-237; o negrito é colocado por nós)
A NATUREZA BISSEXUAL DE TODOS OS SERES HUMANOS
Osho proclamou a bissexualidade psíquica como natureza de todos os seres humanos. Portanto, há que aceitar a diversidade dos comportamentos sexuais, com toda a liberdade, e rejeitar todas as religiões e os respectivos deuses na medida em que estas reprimem ou condicionam a sexualidade livre e espontânea e castram psiquicamente homens e mulheres.
«O Tantra diz que todos os homens e mulheres são bissexuais. Um homem não é simplesmente um homem. Á sua maneira, é também uma mulher. O mesmo se aplica à mulher. No seu íntimo, esconde-se um homem. Donde, todo o indivíduo, homem ou mulher, é bissexual. O oposto está escondido na camada mais profunda.»
«Na meditação profunda, dá-se um orgasmo sexual - não com alguém exterior a si, mas com o seu pólo interior oposto. É ali que se encontram: o seu lado feminino e o seu lado masculino. Esse encontro é espiritual e não físico. O yin e o yang interpenetram-se» (Osho, O livro do sexo, pág. 213).
A CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL É IMORTAL, DEUS NÃO EXISTE
Mas o ateísmo de Osho pressupõe a imortalidade da consciência humana:
«A morte não destrói nada. Os cinco elementos do corpo são reabsorvidos de volta para a sua origem, e quanto à consciência há duas hipóteses: se não conheceu meditação, irá passar para outro ventre; se conheceu a meditação, se conheceu a sua eternidade, passará para o cosmos e desaparecerá na vastidão da existência. E esse desaparecimento é o momento alto da vida, em que se unifica com a sua origem, em que regressa e desaparece nela. »
«A religião autêntica não precisa de nenhum Deus, não precisa de nenhum padre. Não se esqueça: basta que explore o seu mundo interior.
«Essa exploração é o que eu chamo Zen. Em sânscrito chama-se dhyran; em chinês chama-se ch´an; em japonês chama-se zen. Mas é a mesma palavra. Dirigir-se ao seu interior, alcançar o ponto a partir do qual pode olhar, uma porta que se abre para o cosmos divino. Nesse ponto, você é um buda» (Osho, A conspiração de Deus, Pergaminho, pp. 279-280, o negrito é adicionado por nós).
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Há, em Hegel, uma ressonância gnóstica ou neoplatónica quando fala da materialização do espírito divino, da autoconsciência que desce à matéria que ela mesma produz.
Sobre a categoria, que em Aristóteles é uma substância ou particularidade objectiva (exemplo:cavalo, lugar, tempo, posição em pé ou sentado, etc) e em Kant é estrutura subjectiva (exemplos: unidade, pluralidade, causa-efeito), escreveu Hegel:
«A autoconsciência desventurada alienou a sua independência e pugnou por converter o seu ser para si em coisa. Retornou com isso da autoconsciência à consciência, quer dizer, à consciência para a qual o objecto é um ser, uma coisa; mas isto, o que a coisa é, é autoconsciência, é, portanto, a unidade do eu e do ser, a categoria. Enquanto o objecto é determinado assim para a consciência, ela tem razão. A consciência, do mesmo modo que a autoconsciência, é, em si, propriamente razão; mas somente da consciência para a qual o objecto se determinou como a categoria pode dizer-se que tem razão; mas algo distinto disto é ainda saber o que é razão. A categoria, que é a unidade imediata do ser e do si próprio, tem necessariamente de percorrer ambas as formas e a consciência observadora é precisamente aquela ante a qual a categoria se apresenta em forma de ser. (...) A pura categoria, que é para a consciência na forma do ser e da imediatez, é o objecto ainda não mediado, somente presente, e a consciência um comportamento, deste modo, não mediado. O momento daquele juízo infinito é o trânsito da imediatez à mediação ou negatividade. Portanto, o objecto presente determina-se como um objecto negativo e a consciência como a autoconsciência relativamente a ele, ou a categoria, que percorreu a forma do ser no observar e põe-se agora na forma do ser para si, a consciencia não quer já encontrar-se de um modo imediato, mas fazer surgir a si mesma através da sua actividade. »
(Hegel,Fenomenología del espíritu, pag 206, Fondo de Cultura Económica, México; o destaque a negrito é posto por mim).
Note-se que a autoconsciência é Deus que, depois, se exterioriza e converte em coisa, objecto material, ser, e mais tarde regressa a si convertendo-se em consciência (humana). O pensar da consciência nega o conhecimento sensorial, o dado imediato, e por isso, é pura negatividade. Exemplo: vejo o tampo da mesa liso e homogéneo, é o ser imediato, mas racionalizo e concebo que se compõe de átomos com núcleos, órbitas electrónicas e espaços vazios, isto é, concebo a essência do tampo da mesa, negando a lisura e homogeneidade do tampo.
Por este texto, vemos que a categoria é o modo como o objecto se apresenta à consciência, a relação de dois graus entre o ser material e a subjectividade: como ser, mediante a sensação, - e neste caso é objectiva - e como essência, através da reflexão - e, neste caso, é subjectiva, ou melhor, intersubjectiva. Quem faz a mediação do objecto, isto é, a transcrição do seu ser para a nossa consciência? É a essência, a reflexão. Porque a essência é reflexão do ser.
Nota: Este é o post nº 600 deste blog que teve início em Fevereiro de 2006 e que combate, em nome da verdade e do rigor filosóficos, os equívocos de filósofos, catedráticos e professores liceais de filosofia. O blog combate ainda a relativa ininteligência das universidades e do mundo da cultura oficial na rejeição da astrologia histórica, da medicina holística e naturopática, e de outras doutrinas verdadeiras mas marginalizadas pelos néscios cujos doutoramentos nada valem, no mundo real dos sábios que não é o dos diplomas mas das ideias criativas e profundas.
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