Concretividade, na linguagem de Scheler, designa o mesmo que talidade na filosofia de Zubiri e que determinabilidade na filosofia de Hegel. Em Hegel, o termo concreto adquire, ademais, o sentido de unidade ou síntese das diversas determinações dos concretos parcelares isto é um sentido não de tal qualidade mas de tais qualidades em bloco, como unidade estrutural do fenómeno.
A concretividade ou concrecção é a qualidade ou o conjunto de qualidades que essencializam ou individuam, caracterizam algo. Por exemplo, a concretividade de uma rosa é: tal tipo de pétalas, tal cheiro, tais espinhos, tal cor, etc; A concretividade de Portugal continental é: país no extremo ocidental da Europa, com 89 000 quilómetros quadrados, de forma aproximadamente rectangular, com orla marítima a oeste e a sul, tendo Lisboa e Porto como cidades principais, etc.
Scheler escreveu:
«Quien afirma un pensar concreto o un querer concreto, supone sin más el totum de la personalidad, pues de otro modo se trataría unicamente de esencias abstractas de actos. Empero, la concretividad pertenece a la esencia, no a la posición misma de la realidad.» (Max Scheler, Ética, Caparrós Editores, Pág 529; a letra negrita é nossa).
Por que razão diz Scheler que a concretividade pertence à essência e não à posição?
Porque entende por posição a ontologia, a teoria do ser, que cada um adopta. Por exemplo, o realismo ontológico é uma posição que sustenta que o universo material está «ali fora» e é independente da minha e das outras consciências humanas mas o idealismo defende uma posição diversa. Ora a eidologia, a teoria da essência (eidos), não é uma posição entre outras nem um conjunto de posições. É metaposicional, no sentido scheleriano do termo.
Assim tanto materialistas como espiritualistas têm a mesma descrição eidética, essencial, de Deus - ser espiritual, infinito, autosubsistente, omnipresente, omnisciente, etc - mas uma diferente posição ontológica: os materialistas dizem que a essência Deus não existe, a não ser na imaginação dos crentes, e os espiritualistas asseguram que a essência Deus é um ser realmente existente.
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