Artur Schopenhauer( Danzig, 22 de Fevereiro de 1788 — Frankfurt, 21 de Setembro de 1860) escreveu sobre as impressões sensoriais, as palavras e os conceitos:
«Só há uma coisa que não está sujeita a essa desaparição instantânea da impressão nem à paulatina difuminação da sua imagem, ou seja, que está livre do poder do tempo: o conceito. Nele têm de depositar-se os ensinamentos da experiência e só ele está apto para ser um guia seguro dos nossos passos na vida. Com razão diz Séneca: "Se queres submeter tudo a ti, submete-te à razão." Epístolas, 37, 4. Eu acrescento que para impor-se aos outros na vida real, a condição irrecusável é ser reflexivo, quer dizer, operar segundo conceitos. Um instrumento tão importante da inteligência, como é o conceito, não pode identificar-se com a palavra, este mero som que como impressão sensorial desaparece com o presente ou como fantasma auditivo desaparece com o tempo. Sem embargo, o conceito é uma representação, cuja clara consciência e cuja conservação está vinculada com a palavra. Por isso os gregos denominavam "palavra", "conceito", "relação", "pensamentos" e "razão", com o nome do primeiro: o lógos.»
(Schopenhauer, El mundo como voluntad y representación, 2, Alianza Editorial, Madrid, 2016, pp. 90-91 ; o destaque a negrito é posto por mim).
No entanto, o conceito por ser uma abstração indispensável elimina o conhecimento intuitivo:
«Ao meditar a abstração lança fora o equipamento inútil, para facilitar o manejo dos conhecimentos a comparar. Elimina-se das coisas reais o insubstancial e o confuso para operar com poucas, mas essenciais, determinações pensadas em abstracto. (...) Pelo contrário, uma nova compreensão só pode criar-se a partir do conhecimento intuitivo, o único fecundo para isso, com a ajuda do discernimento. Como ademais o conteúdo e a extensão circundante dos conceitos estão em relação inversa, po seja, quanto mais há sob um conceito, tanto menos é pensado nele, os conceitos formam uma graduação, uma hierarquia desde o mais particular até ao mais universal, em cujo extremo inferior leva razão o realismo escolástico, tal como o nominalismo a leva no extremo superior»
(Schopenhauer, El mundo como voluntad y representación, 2, Alianza Editorial, Madrid, 2016, pág. 92 ; o destaque a negrito é posto por mim).
Note-se que o realismo escolástico afirma a existência de essências universais aplicáveis à generalidade dos entes físicos - exemplo: o platonismo estabelece que os arquétipos de Homem e de Mulher existem, imóveis, em um mundo acima do céu visível e se projectam, de certo modo, nos milhões de homens e mulheres vivos - ao passo que o nominalismo diz que as essências ou ideias gerais não existem, são apenas abstrações, nomes, e só existem os indivíduos todos diferentes entre si, singulares.
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