Os filósofos analíticos, pensadores de curto alcance, assentaram entre eles que há libertismo, doutrina segundo a qual o livre-arbítrio existiria e exercer-se-ia sem sofrer pressões do determinismo corporal, socio-político, etc, envolvente de cada indivíduo. E proclamam, unilateralmente, que o tal «libertismo» é um incompatibilismo ao passo que ao determinismo moderado, que inclui igualmente livre-arbítrio, chamam compatibilismo...
Ora, o libertismo é um compatiblismo na medida em que coexiste com o determinismo (fome, sede, sono, etc.). E só é incompatibilismo com o fatalismo, porque este exclui o livre-arbítrio, o acaso e qualquer forma de liberdade. Mas a generalidade dos professores de filosofia não distingue fatalismo de determinismo e por isso não percebe que uma mesma corrente ou conceito possa ser compatível com X e incompatível com Y... Falta-lhes pensar dialeticamente. Daí que repitam, como os burros: «É um incompatibilismo, é um incompatibilismo». Mas como, ó deuses, se coexiste com as leis necessárias da natureza física? Haveria que distinguir entre compatibilismo intrínseco (por exemplo: a social-democracia é compatível intrinsecamente com os patrões privados, são contrários incluentes) e compatibilismo extrínseco (por exemplo, os EUA capitalistas e a URSS socialista stalinista eram compatíveis extrinsecamente, coexistiram, mas não intrinsecamente, eram contrários excludentes).
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