Eis um teste de filosofia sem perguntas de resposta múltipla que exigem responder com cruzes e não desenvolvem a capacidade discursiva escrita do aluno.
Agrupamento de Escolas nº 1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA C
1 de Novembro de 2013. Professor: Francisco Queiroz
1) Considere o seguinte silogismo:
«Algumas coisas belas são azuis.
«Os olhos da Catarina são azuis».
«Os olhos da Catarina não são coisas belas».
Indique, concretamente, três regras da construção formalmente válida do silogismo que foram infringidas no silogismo acima.
2) Construa o quadrado lógico das oposições à proposição: «As mulheres de Castro Verde são independentes».
3) Relacione, justificando:
A) Astúcia da razão, na doutrina de Hegel, e lei dialética dos 2 aspectos da contradição.
B) Ethos, Logos e Pathos, na retórica, e lei dialética da contradição principal.
C) Percepção empírica, Conceito empírico e pragmatismo.
4) Construa um silogismo condicional modus ponens e um silogismo modus tollens a partir da seguinte premissa: «Se reflectir, ultrapassarei o senso comum.»
5) Disserte livremente sobre o seguinte tema:
«As falácias e os argumentos não falaciosos: falácia depois de por causa de, falácia do homem de palha, argumento do apelo à ignorância, argumento/falácia ad populum, falácia da composição, falácia da divisão, argumento circular.
CORRECÇÃO DO TESTE, COTADO PARA 20 VALORES
1) Eis três regras de validade infringidas no silogismo acima: o termo médio deve estar distribuído pelo menos uma vez (ora isso não sucede, sendo o termo médio «azuis»); nenhum termo pode ter na conclusão maior extensão do que nas premissas (ora o termo "coisas belas" é particular na premissa e universal na conclusão); duas premissas afirmativas não podem gerar uma conclusão negativa. (VALE DOIS VALORES).
2) A E
I O
A (proposição universal afirmativa),: As mulheres de Castro Verde são independentes.
E (proposição universal negativa): As mulheres de Castro Verde não são independentes.
I (proposição particular afirmativa): Algumas mulheres de Castro Verde são independentes.
O (proposição particular megativa): Algumas mulheres de Castro Verde não são independentes. ( VALE DOIS VALORES)
3) a) A astúcia da razão, na doutrina de Hegel, é a manipulação das paixões dos grandes homens de Estado no sentido de os levar a conduzir o povo nesta ou naquela direcção. Exemplo: em 1799, a razão universal (Deus) usou a ambição e o carisma do general Napoleão Bonaparte para reduzir a cinzas a revolução popular iniciada em 1789 e, ao mesmo tempo, para impedir a restauração monárquica e criar a França burguesa do século XIX. Aplicando a lei dos dois aspectos da contradição que diz que em uma contradição há dois aspectos, em regra desigualmente desenvolvidos, o principal e o secundário, à astúcia da razão, podemos dizer que Deus ou ideia absoluta é o aspecto dominante e os homens de Estado (Napoleão, Bismarck, Salazar, Álvaro Cunhal, etc) são o aspecto dominado, executam inconscientemente, através da sua paixão pela política, o que a ideia absoluta lhes pede. (VALE TRÊS VALORES).
3) b ) Ethos é o carácter do orador na retórica ou arte de persuadir um público. Pathos é o sentimento colocado no discurso.Logos é o conteúdo intelectual, as ideias e raciocínios estruturantes do discurso. Segundo a lei da contradição principal, que resume a dois blocos a multiplicidade das contradições de um sistema, o Logos opõe-se ao bloco emocional formado pelo Ehos e pelo Pathos. (VALE TRÊS VALORES).
3) c) A percepção empírica é um conjunto ordenado de sensações e o conceito empírico é a ideia que se forma, por abstração, a partir de percepções similares. O pragmatismo é a corrente filosófica de tonalidade empirista que preconiza ser prático e buscar a utilidade das coisas. Aparentemente o pragmatismo apoia-se nas percepções e conceitos empíricos. (VALE TRÊS VALORES)
4) Silogismo condicional tipo modus ponens:
Se reflectir, ultrapassarei o senso comum.
Reflecti.
Logo, ultrapassei o senso comum.
Silogismo tipo modus tollens.
Se reflectir, ultrapassarei o senso comum.
Não ultrapassei o senso comum.
Logo,não reflecti. (VALE DOIS VALORES).
5) As falácias são uma espécie dentro do género argumento: são raciocínios incorrectos, equívocos, deliberados (sofismas) ou não (paralogismos). A falácia depois de por causa de é a que atribui uma relação necessária de causa efeito a dois fenómenos vizinhos por acaso. A falácia do homem de palha é a que falsifica o pensamento do nosso opositor de modo a assustar, como um espantalho assusta os pardais na horta, os que ouvem (exemplo: um homem disse «concordar com as nacionalizações de grandes empresas» e o adversário dele diz que «ele quer tirar a propriedade privada a toda a gente, sejam grandes, médios ou pequenos empresários»). A falácia do apelo à ignorância é a que raciocina sobre um fundo desconhecido e o usa de forma tendenciosa (exemplo: Nunca ninguém viu Deus, logo Deus não existe). A falácia da divisão é a que atribui propriedades do todo a cada uma das partes (exemplo: «O povo alemão é rico, logo o mendigo alemão Hans, que dorme na rua, é rico»). A falácia da composição é a que generaliza precipitadamente atribuindo ao todo as características de uma parte (exemplo: «entre os animais, há muitos cavalos, logo todos os animais são cavalos»). O argumento ad populum é o que invoca a voz do povo ou o sentir maioritário da população (exemplo: «votamos em eleições porque a maioria do povo assim o quer, vacinamo-nos porque a população em geral o faz»). O argumento circular é aquele em que as premissas se fundam na conclusão, é um raciocínio em circuito fechado (exemplo: «Ela é bela porque é fisicamente agradável e é fisicamente agradável porque é bela») (VALE CINCO VALORES).
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
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