A velha questão «Quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha?» é respondida por Aristóteles da seguinte maneira: a galinha. Isto traduz-se no modo de este filósofo grego equacionar a polaridade acto-potência. O acto é a realidade presente de um ser, de uma coisa, a potência é a sua realidade virtual, o que deverá vir a ser. Exemplo: o ovo de galináceo é ovo em acto e galinha em potência.
Escreveu o filósofo grego:
«E sucede que o que está em acto gera-se sempre a partir do que é em potência pela acção do que é em acto, por exemplo, um homem pela acção de um homem, um músico pela acção de um músico, havendo sempre algo que produz o início do movimento.» (...)
«Mas sucede que, ademais, com esta argumentação patentiza-se que o acto é, também neste sentido, anterior à potência quanto à geração e ao tempo.»
«Mas é-o também quanto à substância (ousía). Em primeiro lugar, porque as coisas que são posteriores quanto à geração são anteriores quanto à forma específica, quer dizer, quanto à substância (assim, o adulto é anterior à criança e o homem ao esperma, pois um possui já a forma específica e o outro não)». (Aristóteles, Metafísica, Livro IX, 1049 b-1050 a; o negrito é de nossa autoria).
Por conseguinte, a árvore é anterior à semente no tempo e na geração. Primeiro ter-se-á formado uma árvore, não a partir de semente, mas da forma específica (a forma de árvore adulta) e só depois a árvore gerou frutos contendo as sementes que constituem, em potência, novas árvores.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
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