Domingo, 28 de Fevereiro de 2021
Teste de filosofia 11º ano (Fevereiro de 2021)

 

Eis um teste sem perguntas de escolha múltipla, simplistas, em tempos de suposta pandemia muito útil à indústria das vacinas e ao poder global.

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA C

26 de Fevereiro  de 2021. Professor: Francisco Queiroz


I

“A concepção de ciência em Karl Popper, em particular os seus conceitos de verificação, corroboração e critério de demarcação, não coincidem por completo com a teoria da incomensurabilidade de paradigmas de Thomas Kuhn. Gaston Bachelard afirmou que em ciência «Nada é natural. Nada é dado. Tudo é construído» o que implica haver obstáculos epistemológicos..

 

1) Explique estes pensamentos.

    

 2) Relacione, justificando

A) A lei do salto qualitativo e as revoluções científicas na teoria de Kuhn.

B) Facto bruto, facto científico e racionalidade.

C) Positivismo lógico do Círculo de Viena, Indução e Enunciados Metafísicos

D) Anarquismo epistemológico e inteligência do homo sapiens inventor dos mitos segundo Paul Feyerabend..

E) A observação e outras fases do método hipotético dedutivo e a observação segundo Popper.

F) Lei dialética da contradição principal e princípio do terceiro excluído.

 

CORREÇÃO DO TESTE COM A COTAÇÃO MÁXIMA DE 20 VALORES 

 

1) Karl Popper afastou-se do circulo de Viena, uma vez que adotou em parte  a linha de  pensamento de David Hume, duvidando da indução amplificante. O método que perfilha Popper é o das conjeturas e refutações, método falsificacionista. Para Popper é impossível verificar as teses de uma ciência, excepto a matemática, uma vez que isso implicaria que observássemos milhares de milhões de exemplos e deste modo só é possível a corroboração – confirmação de alguns exemplos através da testabilidade, ou seja, realização de testes experimentais. Segundo Popper nós aproximamo-nos da verdade mas nunca a alcançamos e entra aqui a questão do dogmatismo/ceticismo: Popper é dogmático em acto e cético em potência ou é sempre céptico, conforme as leituras  Aceita como cientificas provisoriamente as teses que resistam a tentativas de refutação e falsificação feitas pelos testes experimentais e pela discussão teórica racional. O critério da demarcação em Popper é a diferenciação. Kuhn não tem uma preferência, ao contrário de Popper que consegue meter-se do lado de uma ciência, uma vez que não acredita nas que designa como pseudo-ciências(astrologia, benzeduras, cura pela argila, cura pelos cristais, xamanismo, etc). Incomensurabilidade dos paradigmas é a impossibilidade de comparar o valor de paradigmas (modelos científicos) opostos. Deste modo não podemos saber se a conceção da Terra esférica é superior em valor à conceção da Terra plana, ainda que algumas pessoas possam dizer que a primeira é a mais correta porque assenta em fotografias tiradas do espaço e a segunda é errónea. Popper mete-se do lado do paradigma que acha mais certo. (VALEQUATRO VALORES).

Bachelard sustenta que na  ciência nada é dado porque tudo ou quase tudo é construção racional, exemplo: a teoria do espaço-tempo de Einstein, em que mostra que o espaço fica mais curvo na proximidade de grandes massas não nos é transmitida pelos orgãos dos sentidos, mas sim pensada na razão. O obstáculo epistemológico em Bachelard é todo o entrave ao conhecimento científico: a primeira impressão, a experiênciainicial, o realismo natural, o preconceito do senso comum, a falta de tecnologia apropriada (exemplo: a falta de microscópios, reagentes químicos, bússolas, aparelhos de refrigeração,etc.) e o preconceito racial ou religioso.(VALE DOIS VALORES)

 

2-A) A lei do salto qualitativo é uma acumulação lenta, em quantidade, por um fenómeno que conduz de repente a um salto brusco, por exemplo: aquecemos a água numa panela e ela lentamente vai aumentando os graus até atingir os 100 graus em que ocorre este salto bruscoe a água entra em estado de vapor. Em Kuhn quando há uma nudança de paradigma, ou seja, quando um paradigma é substituído por outro dá-se um salto qualitativo, brusco, fruto de uma acumulação gradual de anomalias no paradigma normal, isto é, na ciência dominante (ex: o geocentrismo na Idade Média) . anomalias que são apontadas e fazem crescer a ciência extraordinária ou paradigma marginalizado  (ex: o heliocentrismo na Idade Média) que virá a tornar-se ciência normal (ex: o heliocentrismo no século XVII com Galileu). Chama-se revolução científica porque os paradigmas são inconciliáveis entre si e um abole o outro (VALE DOIS VALORES).

 

2-B) O facto bruto é aquele que os orgãos dos sentidos nos oferecem, com carácter ilusório: o mármore é frio, a lã é quente, o céu diurno é azul, etc. O facto científico é a interpretação racional dos dados dos sentidos mediante a racionalidade, isto é, a ordem lógica no pensamento, a análise e síntese do quadro perceptivo e da idealidade: o mármore não é frio simplesmente é bom condutor de calor e retira electrões ao corpo humano que a ele se encosta, a lã não é quente mas é má condutora de calor e não deixa sair este do corpo que reveste, o céu diurno é negro mas parece azul devido à luz solar ao entrar na atmosfera se dispersar, etc. (VALE DOIS VALORES).

 

2-C) O positivismo lógico nascido em 1929 em Viena reduzia a verdade aos factos da experiência ou factos positivos e às suas relações lógicas. Postula a indução amplificante, isto é, a generalização de alguns exemplos empíricos segundo uma lei necessária, É uma corrente antimetafísica: diz que  os enunciados metafísicos tipo «Deus existe, o Diabo existe», «A alma sobrevive no Além» são enunciados sem sentido, porque não podem verificar-se. (VALE DOIS VALORES)

 

2-D) O anarquismo epistemológico de Feyerabend é a teoria que nivela completamente as ciências universitárias com as ciências tradicionais (medicina espagírica, astrologia, numerologia, arquitectura sagrada, etc.) e práticas empíricas tradicionais (dança da chuva, benzeduras, orações). O anarquismo é contra as hierarquias, os chefes, a própria universidade considerada como cúpula do saber com as suas cátedras e doutoramentos, defende a autogestão generalizada, as fábricas e bairros dirigidos por assembleias de operários e moradores. Feyerabend não era anarquista no sentido político era-o no sentido epistémico, dizia que a universidade é dominada por homens maus, ligados a interesses carreiristas servindo a grande indústria, e deve ser aberta à astrologia, às medicinas alternativas, etc. E sustentava que os cientistas de hoje são menos inteligentes que o homo sapiens dos mitos antigos porque se especializaram e perderam a noção do todo, a visão holistica. Os homens antigos descobriram o fogo, a rotação das culturas, o poder curativo das plantas e inventaram os mitos - a psicanálise bebeu o complexo de Édipo no mito de Édipo, os ecologistas inspiram-se na filosofia da natureza viva, de Gea, da idade da pedra - e os cientistas limitaram-se a copiar e muitas vezes mal - o fumo poluidor dos automóveis e da indústria, a energia nuclear - os homens do mito. Feyerabend advoga a adoção de métodos ad hoc, improvisados para situações inesperados. Exemplo: um doente de cancro no intestino, desenganado da medicina artificial, começa a tomar argila diluída em água e a jejuar, o que sai fora da ortodoxia médica. (VALE TRÊS VALORES).

 

2-E) O método experimental divide-se em 4 fases: a observação ; a hipótese matematizada ou não; a dedução da hipótese; a verificação experimental que valida ou não a hipótese. Karl Popper apoiando condicionalmente este método negava que a observação neutra fosse a fase inicial porque toda a observação está impregnada de ideologia, de teoria, da subjectividade do cientista. Assim por exemplo quando observar o céu nocturno onde em 10 de Março de 2021 se verificará a conjunção entre a Lua e Júpiter, pensarei, como especialista de astronomia-astrologia, que ela se dá no grau 18 do signo de Aquário (grau 318 de longitude na eclíptica) mas as pessoas a meu lado observarão o mesmo fenómeno sem o interpretar como eu. (VALE DOIS VALORES).

 

2-F) A lei da contrariedade principal estabelece dois pólos: um sistema de múltiplas contrariedades  é susceptível de ser reduzido a uma só grande contrariedade (dita, com imprecisão: contradição principal) agrupando num dos polos algumas contrariedades (exemplo: a Alemanha de Hitler, a Itália de Mussolini, o Japão de Hirohito, em 1941-1944) e no outro polo quase todas as outras (ex: a França livre do maquis, a Grã-Bretanha, os EUA, o Canadá, o Brasil, etc) havendo uma zona intermédia neutra (Portugal de Salazar, Espanha de Franco, etc.). O princípio do terceiro excluído estabelece a contradição, isto é, dois polos sem intermédio: uma coisa ou ideia é do grupo A ou do grupo não A, não havendo a terceira hipótese (exemplo: qualquer coisa do mundo ou é peixe ou não peixe e neste último grupo cabem os sobreiros, as planícies, os cães, os seres humanos, os computadores, etc.). Ambos, a lei dialética e o princípio, se fundam na dualidade. (VALE TRÊS VALORES).

 

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Astrologia Histórica, a nova teoria dos graus e minutos homólogos,de Francisco Limpo Queiroz,

Astrología y guerra civil de España de 1936-1939, de Francisco Limpo Queiroz

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Nota- O autor deste blog está disponível para ir a escolas e universidades dar conferências filosóficas ou participar em debates. 

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publicado por Francisco Limpo Queiroz às 14:08
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Terça-feira, 14 de Março de 2017
Teste de filosofia do 11º ano de escolaridade (10 de Março de 2017)

 

Eis um teste de filosofia, sem questões de escolha múltipla, o segundo teste do segundo período lectivo de uma turma do ensino secundário, no Baixo Alentejo, Portugal. 

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja, Escola Secundária Diogo de Gouveia,

Beja,

TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B

10 de Março de 2017. Professor: Francisco Queiroz

I

“Se se aprecia a ciência pelos seus resultados, dever-se-ia apreciar os mitos cem vezes mais já que as suas conquistas foram incomparavelmente maiores: os inventores dos mitos…livres do jugo da especializaçãoderam início à cultura, enquanto que os cientistas apenas modificaram esta» (Paul Feyerabend)

 

1) Explique estes pensamentos de Paul Feyerabend, interligando-os com os conceitos de ANARQUISMO EPISTEMOLÓGICO, IDEOLOGIA E CIÊNCIA UNIVERSITÁRIA e outros deste filósofo.

 

2) Explique, como, segundo a gnosiologia de Kant, se formam o fenómeno BARCO, o conceito empírico de BARCO e o juízo a priori «Todos os pontos da circunferência estão à mesma distância do centro ».

      

3) Relacione, justificando:

 

A) Incomensurabilidade dos paradigmas em Thomas Kuhn, de um lado, e conjecturas científicas e corroboração em vez de verificação, em Karl Popper, de outro lado.

 

B) Positivismo lógico do círculo de Viena, e três níveis de um Programa de Investigação Científica segundo Lakatos.

 

C) Realismo crítico e  na teoria de Albert Einstein e ultra-objecto em Bachelard.

 

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO COM COTAÇÃO GLOBAL DE 20 VALORES

 

1) Os homens do mito deram início à cultura porque, por exemplo, inventaram uma cura de plantas para cada doença ao passo que os cientistas do século XXI apenas modificaram essa cura, criando um composto químico, com base nessas plantas e em minerais. Os primitivos descobriram uma ciência dos astros (fases da lua, conjunção de Marte com Júpiter ou Saturno, eetc) ao passo que os astrónomos de hoje apenas a modificaram usando telescópios e outros instrumentos. A inteligência do cientista do século XX-XXI é, para Feyerabend, fragmentária, de um racionalismo deficiente porque não apreende a realidade como um todo físico e metafísico. Isso é o que significa estar sob o jugo da especialização: ter um saber parcelar, como o médico de rins que só sabe deste orgão e não sabe nada de dietética, acupunctura, astrologia, fitoterapia, história social e política, geografia, etc. Para Feyerabend, a dança da chuva feita por povos indígenas do México funciona desde que feita no seu contexto natural invocando os deuses com sinceridade e com o ritualismo apropriado, mas para o cientista universitário actual é «mera estupidez», «crença anticientífica». Embora incorporando forças irracionais, o mito tem uma concepção mais racional, holística, do cosmos do que a ciência especializada que «só vê a árvore e não vê a floresta».

O anarquismo epistemológico de Feyerabend - anarquismo é ausência de hierarquia - diz que há múltiplos métodos válidos, incluindo os das ciências tradicionais que deveriam entrar as universidades e ter tanto estatuto  como as tecnociências que lá estão instaladas: a cura pelos cristais, a cura pelas pirâmides, a fitoterapia, o feng shui, a acupunctura, a astrologia, etc, são tão ou mais importantes que os raios laser, as cirurgias, as análises laboratoriais. Isto é o anarquismo epistemológico, a ausência de doutrinas-chefes: todas estão, em princípio, ao mesmo nível de poder social, não há um conjunto de ciências «superiores» que excluem as outras rotulando-as de «atrasadas, anticentíficas,  perigosas» e absorvem os financiamentos estatais e privados. Quanto ao facto de a ciência universitária estar misturada com ideologia há que dizer que, segundo Feyerabend, para os cientistas de hoje «a ciência é a nossa religião» o que significa que a mentalidade científica actual é dogmática, ideológica, como a teologia, acreditando em dogmas que não podem ser postos em causa, como por exemplo, « O Big Bang deu-se há 15 000 milhões de anos e foi o começo do universo», «as vacinas conferem imunidade», «os astros não comandam o comportamento humano». Os cientistas de hoje são os bispos e papas da nova religião da ciência. As ciências actuais nasceram com o emergir da burguesia industrial e financeira actual e por isso estão impregnadas de ideologia - sistema de ideias e valores de uma classe social- neste caso, a burguesia. A ciência e a tecnologia do automóvel como veículo de transporte individual ou familiar insere-se na ideologia individualista da burguesia: «Enriquece, compra um carro próprio, viaja livremente». Feyerabend recusou o «critério de demarcação» invocado por Popper que dizia, por exemplo, que a biologia molecular e a física quântica eram ciências e a astrologia era pseudo-ciência...

A inteligência do homo sapiens primitivo do mito é holística: ligado à natureza, percebendo o bater do relógio cósmico, o primitivo escuta o silêncio e rejeita uma civilização de tecnologia avançada em que milhares de automóveis atravessam a cada minuto as ruas de uma cidade, os túneis e viadutos, fazendo ruído e poluindo o ar com gases. Os homens do mito tinham uma medicina holística com a utilização de plantas curativas que purificam o sangue e qualquer orgão do corpo, e reflectida ainda na medicina dos séculos XVII-XIX que usava métodos tradicionais como medir as pulsações, ou utilizar as sanguessugas para chuparem sangue das pessoas e reduzir os riscos de AVC.  Feyerabend opõe-se de certo modo à medicina actual, cheia de análises, biópsias e radiografias que classifica como «estupidez». (VALE CINCO VALORES).

 

2) Segundo a gnoseologia de Kant, o fenómeno barco forma-se na sensibilidade, no espaço exterior ao meu corpo físico, do seguinte modo: de '«fora» da sensibilidade, os númenos afectam esta fazendo nascer nela um caos de matéria (exemplo: madeira, ferro, areia, etc, em um magma) que as duas formas a priori da sensibilidade, o espaço (com figuras geométricas) e o tempo (com a duração, a sucessão e a simultaneidade) moldam, fazendo nascer um ou mais fenómenos de barcos. O entendimento, com as categorias de unidade, pluralidade, necessidade, confere consistência ao fenómeno barco. Não existe númeno barco, galo é fenómeno na sua totalidade. O  conceito de barco forma-se no entendimento, faculdade que pensa mas não sente, do seguinte modo: a imaginação, situada entre a sensibilidade e o entendimento, transporta desde aquela a este as imagens de barco e as categorias do entendimento de pluralidade e unidade, realidade, recebem as diversas imagens e transformam-na numa só imagem abstracta, o conceito empírico de barco.

O juízo «todos os pontos da circunferência estão à mesma distância do centro» forma-se no entendimento, na tábua dos juízos, após este ir buscar a intuição pura de circunferência que se encontra no espaço a priori e transformá-la, pelas categorias de unidade, pluralidade, erc, num conceito puro de circunferência (VALE TRÊS VALORES).

 

3.A) A incomensurabilidade dos paradigmas é a impossibilidade de medir exactamente o valor de cada doutrina científica e das suas rivais: não se pode dizer, por exemplo, que o heliocentrismo é melhor que o geocentrismo, em termos globais, ainda que se possa dizer que, neste ou naquele aspecto (exactidão/experimentação, fecundidade, simplicidade, etc) um deles é superior ao outro. É compatível com a teoria das revoluções científicas em Kuhn. Esta consiste em afirmar que as ciências se desenvolvem segundo a lei do salto de qualidade: durante décadas ou séculos uma ciência é aceite pela comunidade científica e designa-se por ciência normal mas vão-se acumulando lentamente anomalias até que surge um paradigma ou modelo teórico oposto, chamado ciência extraordinária que acaba por substituir a ciência até então dominante (revolução científica) .Karl Popper ao contrário de Kuhn, não acha que os paradigmas sejam incomensuráveis entre si, escolhe provisoriamente um em detrimento de outros, mas sustenta que as ciências empíricas ou empírico-formais não passam de conjuntos de conjecturas, hipóteses. Na linha de David Hume, Popper duvida da indução amplificante, achando que há sempre excepções a uma dada lei da natureza e considera ser impossível verificar essa lei pois teríamos de estudar centenas de milhar ou milhões de exemplos concretos. Popper diz que só é possível a corroboração ou confirmação de alguns exemplos através da testabilidade, isto é, realização de testes experimentais que se integram no princípio da falsificabilidade (todas as ciências são potencialmente falsas). Tanto Popper como Kuhn revelam um certo grau de ceticismo sobre as teses das ciências.(VALE QUATRO VALORES)

 

3-B) O positivismo lógico do círculo de Viena considera sem sentido a metafísica e afirmações desta como «Deus criou o Paraíso e o Inferno e pune os maus» porque não podem ser comprovadas empiricamente. Para este positivismo, só os factos empíricos ( exemplo: maçã, tornado, etc) e as suas relações lógico-matemáticas são verdade e a indução amplificante - generalização segundo uma lei necessária de alguns casos empíricos semelhantes entre si - é perfeitamente legítima. Imre Lakatos, epistemólogo húngaro, aceita igualmente a indução amplificante e defendeu que a ciência se estrutura em Programas de Investigação Científica (PIC). Cada um destes tem três níveis: o núcleo duro, conjunto das teses imutáveis; o cinto protector, conjunto das teses revisíveis, que podem ser rectificadas ou substituídas; a heurística, conjunto dos métodos de investigação livre, teórica e prática, que pode confirmar ou anular o PIC. (VALE QUATRO VALORES)

 

3-C) O realismo crítico é a teoria que afirma que há um mundo material anterior às mentes humanas e independente destas que o captam de maneira distorcida. O realismo crítico em Descartes consiste em postular o seguinte: há um mundo de matéria exterior às mentes humanas, feito só de qualidades primárias, objetivas, isto é, forma, tamanho, número, movimento. As cores, os cheiros, os sons, sabores, o quente e o frio só existem no interior da minha mente, do organismo do sujeito, pois resultam de movimentos vibratórios de partículas exteriores já que o mundo exterior é apenas composto de formas, movimentos e tamanhos. .Assim, a rosa não é vermelha, é apenas forma e tamanho. O ramo de rosas é apenas formas, tamanho e um certo número de unidades, não tem cor, nem cheiro, nem peso. O mármore não é frio nem duro, o céu não tem cor. Podemos dizer que a doutrina de Einstein é um realismo crítico na medida em que sustenta as seguintes teses, entre outras, contra-intuitivas, contra as aparências:

1) O espaço e o tempo não são realidades separadas, existe o espaço-tempo variável de lugar a lugar, não há um tempo absoluto universal.

 

2) O espaço-tempo não é feito de planos sobrepostos e linhas rectas como sustenta a geometria euclidiana e a física de Newton, é irregular e encurva na proximidade de grandes massas (exemplo: a esfera de metal deforma o lençol esticado, criando uma cova no centro).

 

3) A luz cuja velocidade é 300 000 quilómetros por segundo acompanha a curvatura do espaço tempo, não viaja em linha recta (um raio de luz lançado em direção a uma estrela tenderia a voltar à Terra dado que o universo é fechado) 

4) Quem viajasse a uma velocidade próxima da da luz envelheceria muito mais lentamente do que os habitantes da Terra;

 

5) A massa de um corpo aumenta com o aumento da sua velocidade de deslocação.

 

O ultra-objecto de Bachelard é o objecto ideal construído racionalmente com base em dados empíricos indirectos como, por exemplo, os quanta, o quark e o Big Bang. A curvatura do espaço-tempo, na teoria de Einstein, é um ultra-objecto.(VALE QUATRO VALORES).

 

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f.limpo.queiroz@sapo.pt

 

 

© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)

 



publicado por Francisco Limpo Queiroz às 18:03
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Quinta-feira, 26 de Fevereiro de 2015
Feyerabend e a fraqueza das ciências contemporâneas universitárias

Paul Feyerabend (Viena, 13 de Janeiro de 1924- Genolier, 11 de Fevereiro de 1994)  talvez o maior filósofo do século XX, desmistificou as ciências contemporâneas, mostrando que elas brotam de um fanatismo «religioso» sectário. São, na sua raíz, ideologia, visão partidária própria de certas classes ou camadas sociais. Nada é absolutamente indiscutível nas ciências académicas: os diagnósticos médicos, os tratamentos hospitalares, os fármacos e as vacinas são métodos questionáveis e não podem ser apresentados como «a verdadeira ciência»; a astrologia não pode ser marginalizada ou reduzida a deturpações como «horóscopos generalistas de jornais», se os sábios antigos ou renascentistas, como Galileu e Kepler, a utilizavam na previsão de ciclos políticos, pessoais, etc. 

 

A ASTROLOGIA, CONDENADA SEM PROVAS, POR UMA «CIÊNCIA» QUE É A NOVA RELIGIÃO

 

Escreveu Feyerabend:

«A ciência é a nossa religião. O que sucede no seu interior é a Boa Nova. O que sucede extramuros de ela são idiotices pagãs. Não obstante, dito isto, devo pedir desculpa aos teólogos pela comparação porque, enquanto eles realizaram cuidadosos estudos sobre todo o tipo de heresias e crenças pagãs, os cientistas só possuem uma noção um tanto vaga das disciplinas que ridicularizam. A condenação da astrologia por cento e oitenta e seis cientistas - uma verdadeira encíclica científica - é um exemplo disso. Por complexa que seja a crítica, limita-se sempre à afirmação de que uma opinião ou um argumento não são correctos porque não são científicos, do mesmo modo que as teologias antigas se limitavam a afirmar que uma religião não era boa porque não era cristã e não era a religião da Santa Igreja Romana. E as palavras utilizadas na condenação - porque não posso qualificar como raciocínio o procedimento seguido - são quase as mesmas. Os padres da Igreja denominavam as teses pagãs de «superstições irracionais», precisamente a mesma expressão utilizada pelos Pais da Ciência para condenar o que não gostam nela. Assim, como não há nada que dispute a sua supremacia, hoje em dia a ciência parece, naturalmente, um assunto muito mais sublime que os demais e os acontecimentos científicos parecem os acontecimentos mais importantes, depois dos assuntos políticos e as bodas das estrelas de rock...« (Paul K. Feyerabend, «Dialogo sobre el metodo», Ediciones Cátedra, 1989, Madrid, pág 69-70; o destaque a negrito é posto por mim).

 

OS FILÓSOFOS SÃO MEROS AGENTES DE UMA OU MAIS CLASSES SOCIAIS

 

Acerca do triunfo dos filósofos sobre os poetas na Grécia antiga, Feyerabend escreveu:

«Ora bem, o problema é o seguinte: porque tiveram os filósofos tanto êxito? Que foi o que assegurou o seu predomínio, de modo que, posteriormente, a poesia pareceu simples emotividade ou simbolismo desprovido de todo o conteúdo? Não pode ter sido a força argumentativa, pois a poesia, adequadamente interpretada, já implicava por si uma argumentação. Podem realizar-se observações similares àcerca da origem da ciência no século XVII. Neste caso, a força motriz foi o nascimento de novas classes que se tinham visto excluídas do campo do conhecimento e que converteram a dita exclusão em proveito próprio, afirmando que o conhecimento era o que elas possuíam, e não o dos seus adversários. Uma vez mais esta ideia foi aceite por todos, nas artes, na ciência, na religião, até ao ponto de que hoje temos uma religião sem ontologia, uma arte sem conteúdos, e uma ciência sem sentido».

(Paul K. Feyerabend, «Dialogo sobre el metodo», Ediciones Cátedra, 1989, Madrid, pág 86-87; o destaque a negrito é posto por mim).

 

Que significa dizer que hoje temos uma religião sem ontologia?  Significa que temos um conjunto de ritos cujo simbolismo profundo já perdemos, em cuja filosofia já não penetramos. Por exemplo, ignoramos  o facto de as pias de baptismo de antigas catedrais e igrejas serem octogonais devido a simbolizarem a oitava esfera celeste, a esfera de Maria ou Sofia, a entidade salvadora das almas no cristianismo e na gnose cristã.   Constroem-se hoje igrejas com uma arquitectura moderna ignorando o número de oiro (1,618), número mágico de proporção entre o comprimento e a largura e a altura de um compartimento. Que significa dizer que hoje impera uma arte sem conteúdos? Significa, por exemplo, que uma tela branca salpicada de pontos vermelhos é um quadro sem conteúdo, um significante sem significado. Que significa dizer que há uma ciência sem sentido? Significa, por exemplo, que há uma medicina que não percebe o sentido da febre - acção de autodefesa do organismo, expulsando as toxinas através do suor ou de urinas escuras - e manda reprimir os sintomas, tomando anti piréticos.

 

E os filósofos de hoje são, na esmagadora maioria, os arautos da civilização tecnológica avançada e biologicamente atrasada em muitos campos que a burguesia promove - as vacinas infectam milhões de pessoas e os filósofos do establishment não as denunciam como erro médico, o omnivorismo é vendido como a natureza biodigestiva do homem quando este é um grande frugívoro como o chimpanzé ou o gorila, etc.

 

 

CONTRA A MEDICINA QUÍMICA QUE REDUZ O PACIENTE A ÁTOMOS E NÚMEROS DE ´GLÓBULOS VERMELHOS E BRANCOS, CONTRA A CONCEPÇÃO FRAGMENTÁRIA DA DOENÇA LOCAL

 

A medicina dos diagnósticos feitos por aparelhos complexos, incluindo computadores, praticada por médicos que não ouvem os pacientes, e os tratam apenas como aglomerados de átomos vivos, ignorando a psicossomática - como as tristezas psíquicas geram doenças físicas - é uma ciência fragmentária, errada. Há pessoas que as análises clínicas revelam estar nos «valores normais» que estão doentes, a ponto de morrerem de ataque de coração ou AVC, e outros com excesso de colesterol ou ácido úrico que estão mais saudáveis que as primeiras.

 

«Já te disse que os conceitos de saúde e doença variam dependendo das culturas e dos indivíduos. Curar significa restituir o estado desejado pelo paciente e não restabelecer uma condição abstracta que parece desjável a partir de um ponto de vista teórico. O tipo de doutor em que estou pensando mantém uma estreita relação pessoal com o paciente, não só porque é médico e o médico devia ser um amigo mais que um engenheiro do corpo, mas também porque necessita do contacto pessoal para aprender o seu ofício: a aprendizagem e as relações pessoais progridem a um ritmo semelhante. Sem embargo, o médico de formação científica observa o paciente através da lente de uma teoria abstracta; conforme a teoria que se adopte, o paciente converte-se num sistema de condutos, em um agregado molecular ou em um recipiente de humores».

(Paul K. Feyerabend, «Dialogo sobre el metodo», Ediciones Cátedra, 1989, Madrid, pág 110-111; o destaque a negrito é colocado por mim).

Feyerabend coloca em causa a teoria da doença localizada ou local que dá origem a tantas especialidades médicas quantos os orgãos do corpo: médico de rins, médico do fígado, médico gastro-intestinal, médico do coração, etc. Na verdade, a doença é geral, segundo os neo-hipocráticos e manifesta-se localmente. Exemplifiquemos: ingerir sal em excesso faz com que este circule no sangue que banha todos os orgãos do corpo e se deposite aqui ou ali causando sintomas e doenças locais diversas, dores nos rins, dores de cabeça, dores nas articulações, etc. A doença é uma só doença geral do organismo mas assume várias máscaras locais. Como diria o falecido biologista Pierre Marchesseau, os vírus não são a causa das doenças mas sim a consequência destas e afinal as doenças  consistem no terreno orgânico sujo por colas (açúcares, gorduras) e cristais (sais úricos e sulfúricos vindos das carnes, peixes, etc). Escreveu Feyerabend:

 

«Estreitamente ligada com essa fé, encontra-se a ideia de que toda a doença tem uma causa próxima, que é altamente teórica e se deve descobrir. Como se supõe que o diagnóstico revela a causa próxima, eis que se fazem radiografias, explorações cirúrgicas, biópsias e outras estupidezes do mesmo estilo. » (....)

«Mas quem nos diz que a causa da doença estriba num fenómeno localizável? Pode acontecer que a doença seja uma modificação estrutural do processo vital, que não tenha uma causa localizável, e a melhor forma de diagnosticá-la poderia consistir em prestar atenção às mudanças gerais do corpo, como por exemplo, o pulso, o tónus muscular...»

(Paul K. Feyerabend, «Dialogo sobre el metodo», Ediciones Cátedra, 1989, Madrid, pág 41; o destaque a negrito é colocado por mim).

 

OS HOMENS DA IDADE DA PEDRA ERAM MAIS INTELIGENTES QUE OS HOMENS DA CIVILIZAÇÃO TECNOLÓGICA DO SÉCULO XXI

 

Feyerabend insistiu em que a visão especializada, fragmentária, das actuais ciências dos séculos XIX a XXI perdeu a percepção holística, global dos fenómenos:

 

«Segundo o mito hopi da criação, a crescente abstração do pensamento humano e o crescente interesse do homem por si mesmo provocou um afastamento deste da natureza e, por consequência, os velhos ritos, que se baseavam na harmonia deixaram de funcionar. Não devemos estranhar em absoluto que os nossos antepassados estivessem em condições de descobrir ideias e procedimentos que são potenciais rivais das nossas teorias científicas mais avançadas. Por que teriam de ser menos inteligentes do que ´nós? O homem da idade da pedra já era um homo sapiens plenamente desenvolvido, tinha diante de si problemas e resolveu-os com grande engenho. Mede-se a ciência pelas suas conquistas, assim não esqueçamos que os inventores dos mitos descobriram o fogo e os meios para o conservar. Domesticaram os animais, criaram novas classes de plantas e identificaram as espécies melhor do que o poderia fazer a actual agricultural científica. Inventaram a rotação das culturas agrícolas e desenvolveram uma arte  que pode competir com as melhores criações do homem ocidental. Livres do jugo da especialização, estavam conscientes da grande quantidade de relações entre os homens e entre estes e a natureza, e serviam-se delas para fazer progredir a ciência e a sociedade: a melhor filosofia ecológica encontra-se na idade da pedra. Se se aprecia a ciência pelos seus resultados, dever-se-ia apreciar os mitos cem vezes mais, e com maior entusiasmo, já que as suas conquistas foram incomparavelmente maiores: os inventores dos mitos deram início à cultura, enquanto que os cientistas só a modificaram, e nem sempre para melhor. Já mencionei um exemplo: o mito, a tragédia e a velha épica tratavam, de forma simultânea, de emoções e estruturas reais e exerceram um profundo e benéfico influxo sobre as sociedades que os criaram.  Separaram-se o pensamento e a emoção, inclusive o pensamento e a natureza, e mantiveram-se afastados por decreto («elaboremos a astronomía sem ter em conta os céus», diz Platão »(Paul K. Feyerabend, «Dialogo sobre el metodo», Ediciones Cátedra, 1989, Madrid, pág 103-105; o destaque a negrito é posto por mim ).

 

A DANÇA DA CHUVA FUNCIONA

 

Feyerabend afirma, contra o racionalismo estreito de agnósticos e ateus, que cerimónias mágicas como a dança da chuva podem funcionar:

«Onde está a teoria incompatível com a ideia de que a dança da chuva traz a chuva? Como é lógico este modo de pensar baseia-se em algumas convicções fundamentais, mas, segundo eu entendo, as ditas convicções não encontram a sua expressão em teorias concretas, que pudessem ser utilizados para excluir os mitos. Tudo o que temos é uma vaga ainda que intensíssuma sensação de que no mundo da ciência a dança da chuva não pode funcionar. Não há um conjunto de observações que contradiga esta ideia». (Paul K. Feyerabend, «Dialogo sobre el metodo», Ediciones Cátedra, 1989, Madrid, pág 88-89; o destaque a negrito é posto por mim ).

 

OS FILÓSOFOS DA CIÊNCIA NÃO SABEM O QUE É CIÊNCIA

 

A informação que nos dão diariamente as televisões e as aulas nas diferentes escolas sobre o que é ciência e o que não é ciência é falaciosa, está contaminada pela ideologia dos filósofos de «mente quadrada» como Karl Popper, John W.Watkins ou Imre Lakatos. Popper, por exemplo, classificou a astrologia de pseudociência e a medicina de ciência que a conjectural - mas que sabia ele de astrologia para a eliminar, sumariamente, do campo das ciências? Nada. Popper ignorava, por exemplo, que a 1ª Guerra Mundial começou em 1 de Agosto de 1914, com Neptuno em 28º de Caranguejo (grau 118 de longitude eclíptica), e que a guerra do Golfo começou em 17 de Janeiro de 1991, com o Nodo Sul da Lua em 28º de Caranguejo. Não ligava factos terrestres similares e factos astronómicos similares. Feyerabend escreveu:

 

«A ciência não é mais que um "depósito" de conhecimentos, mas o mesmo se pode dizer dos mitos, fábulas, tragédias, relatos épicos, e muitas outras criações das tradições não científicas. (...) «És um optimista se crês que os filósofos da ciência têm alguma ideia da complexidade da ciência. (...) Eu diria, pelo contrário, se se trata de explicar ciência a gente de uma inteligência média, os divulgadores como Assimov fazem, no máximo, um trabalho melhor. Quem ler o Assimov sabe mais ou menos o que é ciência mas quem ler Popper, Watkins ou Lakatos aprenderá um tipo de lógica mais precisamente simplista, mas não o que é ciência. Ademais, ainda que a filosofia da ciência fosse melhor do que efectivamente é, continuaria a ver-se afectada pelo problema comum a todas as ciências, já que aceita pressupostos não facilmente comprováveis, que caem fora da esfera de competência dos seus seguidores.Portanto, complementar a ciência com a filosofia da ciêncianão elimina os problemas de que estamos falando, se acaso acrescenta problemas adicionais do mesmo tipo. A pesar de se poder ter opinião contrária, a confusão aumenta, não diminui, devido à ignorância e à mentalidade simplista dos filósofos» (Paul K. Feyerabend, «Dialogo sobre el metodo», Ediciones Cátedra, 1989, Madrid, pág 103-105; o destaque a negrito é posto por mim ).

 

Note-se a desproporção : em todos os manuais escolares de filosofia para o ensino secundário em Portugal dá-se um grande destaque às ideias de Karl Popper, ao passo que as ideias de Paul Feyerabend são omitidas ou truncadas, não havendo em regra nenhum texto deste último filósofo em cada manual. Longe de ser um terreno livre, a filosofia que se ensina aos adolescentes está condicionada, balizada, por escolas de sectários denominados «filósofos analíticos», «positivistas lógicos» e «fenomenólogos» que agem por meio de manuais escolares, da prova de exame nacional para formatar as mentes dos alunos. Os manuais e os programas estão, ao memos em abstracto, ao serviço da ideologia da burguesia democrática mundialista e dos seus agentes nas faculdades de filosofia e cabe a cada professor consciente desmontar este embrutecimento da capacidade de pensar.

 

 

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Segunda-feira, 31 de Março de 2014
Teste de filosofia do 11º B (Março de 2014)

 

Eis um teste de filosofia, o segundo do segundo período lectivo, para o 11º B. O teste centra-se na epistemologia e demonstra, em certa medida, que é possível relacionar autonomamente a filosofia com as diversas ciências - com a astrofísica (teoria da relatividade), com a química (princípio da incerteza de Heisenberg), com a medicina (anarquismo epistemológico de Feyerabend) - superando os néscios que dizem que «a filosofia não pode intervir na área das ciências» como se estas fossem textos sagrados, intocáveis. Evitaram-se as escorregadias questões de escolha múltipla que, em muitos casos, não permitem ao aluno exibir e desenvolver o seu saber filosófico.

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B
28 de Março de 2014. Professor: Francisco Queiroz

 


I

 

“O princípio da incerteza de Heisenberg não implica necessariamente fenomenologia ou idealismo solipsista cartesiano. Imre Lakatos equacionou as perspectivas internalista e externalista na validação das ciências e dividiu em três níveis cada Programa de Investigação Científica.“

1-A) Explique, concretamente, cada uma destas frases                                                       

 

II

 

 

2) Relacione, justificando:
2-A) Realismo crítico e teorias da relatividade geral e da relatividade especial de Einstein.

 

2-B) Fenómeno, númeno, juízos analíticos e juízos sintéticos na doutrina de Kant.

 

2-C) Princípios da falsificabilidade e da testabilidade em Karl Popper e ciência normal/ciência extraordinária e incomensurabilidade dos paradigmas em Thomas Kuhn.

 

2-D) Anarquismo epistemológico em Paul Feyerabend e indução amplificante

 

 

 

 

 

CORRECÇÃO DO TESTE DE FILOSOFIA (COTADO PARA 20 VALORES)

 

1) O princípio da incerteza de Heisenberg estabelece ser impossível conhecer em simultâneo a velocidade e a posição de um electrão ou partícula do mesmo género microfísico: ou se conhece a velocidade ou se conhece a posição, o que sugere a nuvem electrónica, uma «fotografia» de um turbilhão. Isto não implica fenomenologia, corrente céptica da interdependência sujeito-mundo exterior (exemplo: o electrão, embora fora do meu corpo,  é correlato a mim, existe enquanto eu existir e não sei se subsiste sem eu existir) nem implica o idealismo solipsista de Descartes segundo o qual só a minha mente existe e todo o mundo material, electrões incluídos, é ilusão, sensação dentro da minha mente englobante do cosmos. O princípio da incerteza é compatível com o realismo ontológico, que sustenta que os electrões e a matéria em geral podem subsistir sem haver seres humanos (VALE TRÊS VALORES). Imre Lakatos, epistemólogo, defendeu que a ciência se estrutura em Programas de Investigação Científica (PIC). Cada um destes tem três níveis: o núcleo duro, conjunto das teses imutáveis; o cinto protector, conjunto das teses revisíveis, que podem ser rectificadas ou substituídas; a heurística, conjunto dos métodos de investigação livre, teórica e prática, que pode confirmar ou anular o PIC. O internalismo, posição sustentada por Lakatos, é a doutrina segundo uma teoria já é ciência mesmo que confinada a um só cientista, o seu autor, desde que apresente coerência interna e a experimentação a confirme, ao passo que o externalismo diz que uma teoria só é ciência se obtiver o assentimento externo do resto da comunidade científica, do governo e ministério da ciência, das revistas da especialidade, dos fóruns televisivos, do grande público (VALE TRÊS VALORES).

 

 

2) A) A teoria da relatividade geral de Einstein diz que espaço e tempo são uma só realidade, o espaço-tempo, que o universo é esférico, fechado, ainda que um raio de luz possa girar em círculo infinitamente dentro dele dado que a luz encurva na proximidade de grandes massas. Não há, portanto, rectas e planos infinitos como na geometria euclidiana mas o espaço é ondulado, «torcido», e essa visão é realismo crítico já que esta doutrina afirma que há um mundo real de matéria mas os olhos humanos e o senso comum não o captam tal como ele é. A teoria da relatividade especial sustenta, entre outras coisas, que um corpo que atinja a velocidade da luz (300 000 quilómetros por segundo) viaja para o passado, o que é realismo crítico, contrário ao realismo natural que afirma que é impossível viajar ao passado. (VALE TRÊS VALORES).

 

2) B) Fenómeno, em Kant, é "o objecto indeterminado de uma intuição empírica", isto é, um objecto material irreal como uma mesa, árvore, flor, corpo humano, etc, gerado na sensibilidade do sujeito, em particular no sentido externo desta, o espaço, graças às formas a priori, espaço e tempo. O fenómeno é uma aparência muito consistente (realismo empírico). Por detrás do fenómeno, numa outra dimensão, sem espaço nem tempo, está o númeno ou objecto real incognoscível (exemplo: Deus, liberdade, alma imortal).   O fenómeno é a máscara do númeno. O juízo analítico, segundo Kant, é aquele em que o predicado não acrescenta nada de novo ao sujeito (exemplo: «A esfera é redonda») e o juízo sintético é aquele em que o predicado acrescenta algo novo ao sujeito (exemplo: «A esfera é azul»).(VALE TRÊS VALORES).

 

2) C) O princípio da falsificabilidade de Popper estabelece que as ciências são conjuntos de conjecturas, isto é, as suas leis ou teses são potencialmente falsas, falsificáveis, refutáveis. Isso exige aplicar permanentemente o princípio da testabilidade: há que submeter a constantes testes experimentais as teses de uma ciência. Entre as várias teorias na mesma área científica ( exemplo: vacinar ou não vacinar na medicina preventiva; heliocentrismo versus geocentrismo na astrofísica) Popper defende que se deve escolher a mais verosímil, a que dá mais garantias, sublinhando que a ciência é uma aproximação incessante à verdade sem nunca abarcar o todo desta.

Thomas Kuhn discorda da hierarquização das ciências segundo o seu grau de verdade e diz que os paradigmas (modelos teóricos ou teórico-práticos que vertebram as ciências e os mitos) são incomensuráveis, não podem comparar-se entre si. Neste ponto opõe-se a Popper embora ambos coincidam na desvalorização do método hipotético-dedutivo. Kuhn sustenta o descontinuísmo na história das ciências: há longos períodos de lenta evolução ou estagnação do paradigma de uma ciência, chamado ciência normal, durante décadas ou séculos, subitamente as anomalias acumulam-se e originam um paradigma contrário, dito ciência extraordinária, que acabará por destronar a ciência normal e substitui-la mediante uma revolução epistemológica (VALE QUATRO VALORES).

 

2) D)- Anarquismo epistemológico de Feyerabend é a filosofia que nega autoridade às ciências institucionais dominantes - a medicina química ou alopática com as transfusões de sangue, vacinas, exames radiológicos, biópsias e outras «estupidezes»; a física quântica; a psiquiatria com recurso a drogas, etc - e pretende derrubá-las e abrir campo a uma larga democracia de base, tal como a autogestão dos anarquistas, elevando ao mesmo estatuto que as ciências universitárias a medicina natural, a medicina hopi, a ervanária, a acupunctura, a astrologia, os rituais religiosos eficazes na cura, a dança da chuva, etc. Feyeraband considera o homo sapiens das tribos e civilizações primitivas, que sabe usar o ciclo da lua e a energia cósmica, mais inteligente do que o cientista racionalista fragmentário do século XX e XXI que não crê no determinismo planetário nem no mundo dos espíritos supraterrenos.

A indução amplificante é a generalização de alguns exemplos empíricos similares de modo a formar uma lei necessária, infalível. Exemplo: « duzentas pessoas cancerosas ingeriram dia a dia, durante sete semanas, "chás" de Erva de São Roberto e em todos os casos se verificou redução dos tumores ou mesmo a desaparição destes, logo induzimos, de modo amplificante, que a Erva de São Roberto destrói as células malignas do cancro». Feyerabend, ao contrário de Popper, parece ter aceite a indução amplificante que se aplica a tudo: à acupunctura, à ervanária, à astrologia, à dança da chuva,às bençãos religiosas. Desde que estes métodos dêem frutos bons em centenas, milhares ou dezenas de milhares de casos induz-se a universalidade das suas teses, sob certas condições: por exemplo, a dança da chuva só resulta no seu contexto de povos indígenas da América Latina ou dos índios norte-americanos, vestidos a preceito, executando os seus rituais segundo a tradição, não resulta feita, como uma paródia,  por europeus que não acreditem nesses deuses e pratiquem o rito sem o espírito, a forma sem o conteúdo. (VALE QUATRO VALORES)..

 

 

 

 

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Quinta-feira, 30 de Maio de 2013
Teste de filosofia do 11º ano (último do 3º período, em 2013)

Ao finalizar o ano lectivo de 2012-2013, eis um teste de filosofia do 11º ano de escolaridade que não vive da imitação do frágil modelo de perguntas de resposta múltipla com um "X" que a maioria dos professores de filosofia deste país, qual rebanho obediente, mecanicamente parece adoptar.

 

Escola Secundária Diogo de Gouveia com 3º Ciclo, Beja

TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA A

                     Professor: Francisco Queiroz     

28 de Maio de 2013

 

«Segundo Thomas Kuhn, os paradigmas científicos são participantes de revoluções epistemológicas mas incomensuráveis, posição que não coincide exactamente com o conjecturalismo de Karl Popper no qual existe a noção de falsificacionismo

 

1) Explique, concretamente, este texto.

 

 

2) Relacione, justificando:

A) O anarquismo epistemológico de Paul Feyerabend, os mitos e a ciência holística.
B)  Angústia, desespero e estádio estético segundo Kierkegaard.
C) Espaço e tempo segundo Kant, espaço e tempo segundo Einstein.

 

3) Disserte, livremente, sobre os seguintes temas:

«A teleologia dos movimentos no universo segundo Aristóteles. O princípio da incerteza de Heisenberg. Relativismo nas concepções sobre os «buracos negros» do universo. A causa-efeito e a matéria na teoria de Kant»

 

CORRECÇÃO DO TESTE (COTADO PARA UM TOTAL DE 20 VALORES)

 I

1) Paradigma científico é um modelo teórico-prático assente, em regra, no determinismo, uma teoria acompanhada, em regra, por métodos de experimentação. Exemplos: o paradigma do átomo, com um núcleo interior e órbitas electrónicas; o paradigma da psicanálise dividindo a psique em inconsciente, subconsciente e consciente. A revolução epistemológica é a mudança brusca ou total de paradigma. Por exemplo,a teoria do universo geocêntrico, paradigma dominante ou ciência normal na Idade Média, durante séculos, revelou anomalias e foi contestada no século XVII por uma nova ciência, denominada ciência extraordinária, do modelo heliocêntrico defendido por Copèrnico e Galileu. A ciência extraordinária acabou por impor-se na comunidade científica e transformou-se em ciência normal. Os paradigmas são incomensuráveis: não pode medir-se qual deles é o verdadeiro ou o mais verdadeiro que o outro. O conjecturalismo de Karl Popper sustenta que as ciências empíricas não passam de conjuntos de conjecturas ou suposições (exemplo:o átomo de hidrogénio com um só electrão é uma suposição) e supõe o falsificacionismo, isto é, uma ciência precisa de ser submetida a testes de falsificabilidade - a experiências que buscam incoerências ou excepções nas suas leis - e só receberá o título de ciência enquanto não for desmentida por um conjunto de factos relevantes. Mas em Popper é possível hierarquizar as ciências mais plausíveis e demarcá-las das não ciências. (VALE TRÊS VALORES).

 

II

 

2-A) O anarquismo epistemológico de Feyerabend é a concepção segundo a qual todos os saberes devem ter,à partida, um estatuto igual e direitos iguais, à moda da democracia de base anarquista: o astrólogo deve ser tão ouvido e convidado a ir à televisão quanto o astrofísico universitário, o curador através das plantas deve figurar na mesa redonda radiofónica com os médicos alopatas. Ademais, não há um único método científico mas deve-se explorar a pluralidade de métodos e improvisar: se um doente de cancro não obtèm sucesso com a quimioterapia por que não experimentar a medicina natural, os cataplasmas de argila molhada ou a mordedura do escorpião aplicada por um técnico ? Para Feyerabend,  a universidade, o sistema de saúde, a indústria e a esfera política são  controlados por homens arrogantes e desonestos, ligados a interesses financeiros e mediáticos espúrios, que canalizam para os seus projectos e cargos dinheiros do Estado e eliminam as ciências antigas tradicionais que lhes fazem concorrência. O mito, ou história lendária dos primórdios da humanidade, com deuses, heróis e monstros, ligado a um pensamento holístico, isto é global, é mais importante que as ciências . Foram os mitos que lançaram as bases da cultura, são eles que levam as pessoas a invocar os deuses segundo ritos que funcionam, desde que contextualizados, como a dança da chuva, o exorcismo, etc, e superam as modernas psicologia e medicina farmacológica e as ciências especializadas. (VALE TRÊS VALORES).

 

2-B) A angústia é a liberdade travada, não pela necessidade mas por si mesma. É uma ansiedade que normalmente acompanha uma expectativa sobre o futuro. No estádio estético, o protótipo é o Don Juan, insaciável conquistador de mulheres que vive apenas o prazer do instante, e sente angústia se está apaixonado por uma mulher e teme não a conquistar. O desespero é posterior à angústia: é a frustração sobre algo que já não tem remédio ou que se esgotou. Ao cabo de conquistar e deixar centenas de mulheres, o Don Juan cai no desespero: afinal nada tem, o prazer efémero esvaiu-se. (VALE DOIS VALORES)

 

2-C) Espaço e tempo segundo Kant são as formas a priori da sensibilidade, as «paredes» desta. São ambos anteriores à matéria e aos objectos materiais (fenómenos) que se formam dentro do espaço ou sentido externo. Mas espaço e tempo são irreais, nada são fora do sujeito percipiente (idealismo transcendental de Kant). Segundo Einstein, existe o espaço-tempo é inseparável da matéria, não existe espaço vazio. O universo é esférico e fechado, os raios de luz descrevem curvas, ainda que possam circular infinitamente. O espaço-tempo é irregular, possui curvatura, não é plano e infinito como na geometria euclidiana,  encurva na proximidade de grandes massas de matéria, e este espaço-tempo é real em si mesmo, existe independentemente dos sujeitos (realismo ontológico). Em Einstein, o avanço do tempo (a «flecha do tempo», irreversível) seria ralentizado ou anulado à medida que um corpo viajasse a uma velocidade próxima da velocidade da luz ou mesmo atingisse esta. (VALE TRÊS VALORES).

 

 

3) Teleologia é a ciência ou o estudo das finalidades, das causas finais (télos aitía). No mundo sub-lunar, composto por 4 esferas concêntricas e imóveis- Terra, ao centro, água, ar e fogo - os corpos deslocam-se com a intenção de regressar à sua origem. Exemplo:se atirarmos ao ar uma pedra (para a esfera do ar) ela cai porque deseja voltar à Terra, sua origem. No mundo celeste, composto por 54 esferas de cristal, 7 delas com um planeta incrustado e as outras 47 com constelações de estrelas incrustadas , o movimento é circular, perfeito e começou assim: a última estrela, da última esfera, mais próxima de Deus viu Este, que é o pensamento puro e desejou alcançá-lo, iniciando um movimento de rotação da esfera. As outras estrelas e planetas imitaram-na no desejo de alcançar Deus, o télos deste movimento celeste. (VALE DOIS VALORES). O princípio da incerteza de Heisenberg é indeterminista: afirma que é impossível conhecer em simultâneo a posição e a velocidade de um electrão. O simples facto de observamos ao microscópio electrónico interfere com o fluxo de electrões em análise. (VALE DOIS VALORES). Para muitos astrónomos, os buracos negros do universo eram restos do núcleo de estrelas que colapsaram sobre si mesmas mas Hawkins e Penrose, discípulos de Einstein, concebem os buracos negros como singularidades, lugares onde as leis da física conhecidas deixam de funcionar, portas de entrada de outros universos. Isto é relativismo - a verdade científica varia de época a época de cientista a cientista (VALE DOIS VALORES). Em Kant, a causa-efeito é uma das 12 categorias ou conceitos puros do entendimento, não está na matéria, e a matéria é um conjunto de sensações, irreais em si mesmas, existentes na sensibilidade, que desapareceriam caso o nosso espírito se extinguisse.(VALE TRÊS VALORES).

 

 

 

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