Sexta-feira, 23 de Abril de 2021
Equívocos no manual «Do outro lado do espelho, 10º», da Raíz Editora (Crítica de Manuais Escolares- LXI)

 

O manual de filosofia " Do outro lado do espelho", da Raíz Editora, da autoria de Adília Maia Gaspar e António Manzarra, com revisão de João Sàágua, contém várias confusões conceptuais.

 

EQUÍVOCAS DEFINIÇÕES DE LIBERTISMO E DETERMINISMO MODERADO 

 

Lê-se no manual: 

 

«O libertismo traduzido por libertarianismo ou ainda libertarismo (libertarianism) é a perspectiva que defende a existência do livre-arbítrio, opondo-se deste modo à corrente determinista, e por isso rejeita a ideia de haver compatibilidade entre elas. Segundo o libertismo, as ações partem de uma escolha do sujeito não sendo determinadas por acontecimentos anteriores, dado que as escolhas humanas não estão sujeitas aos constrangimentos que regem outros fenómenos».

 

(Adília Maia Gaspar e António Manzarra,Do outro lado do espelho 10",  Raíz Editora, pág.141; o destaque a negro é posto por nós)

 

O primeiro erro deste texto é opor como contraditórios, mutuamente excluentes, determinismo e livre-arbítrio. Não há incompatibilismo. Este existe apenas entre o fatalismo e o livre-arbítrio. Mas determinismo e livre-arbítrio são  apenas contrários, isto é, coexistem apesar de se oporem. Note-se que o manual não dá relevo à noção de fatalismo confundindo-a com determinismo radical, isto é determinismo biofísico sem livre-arbítrio.

 

O segundo erro deste manual nesta temática- erro perfilhado por John Searle,Daniel Dennett, Simon Blackburn e pelos filósofos analíticos em geral - é considerar que há livre-arbitrio dentro do libertismo, o que é impossível pois este, como não leva em conta o determinismo biofísico, não faz um exame racional das circunstâncias e só este exame integra o livre-arbítrio. O libertismo, se existe, é a escolha impensada, emotiva, irracional, isenta de livre-arbítrio.

 

E o manual define assim o determinismo moderado:

«O determinismo moderado é a perspetiva que defende a existência do determinismo, admitindo, todavia, que poderá existir simultaneamente livre-arbítrio, sendo por isso designado de compatibilista (...) No entanto apesar de determinada, uma ação poderá ser livre quando parte do próprio sujeito...»

 

(Adília Maia Gaspar e António Manzarra,Do outro lado do espelho 10",  Raíz Editora, pág.147; o destaque a negro é posto por nós)

 

Este manual, considerando duas hipóteses, a de um indivíduo X que não pode ir a uma festa por estar doente e a do mesmo indivíduo X que não vai à festa porque não tem vontade, comete o erro de afirmar, confusamente, que no determinismo moderado a ação é simultaneamente livre e determinada, o que viola o princípio da não contradição:

 

«De facto, em ambas as hipóteses o resultado é o mesmo, isto é, ambas produziriam o mesmo efeito : X não foi à festa de aniversário. Todavia as causas foram diferentes. Na primeira, X não foi à festa por estar doente; na segunda, X não foi à festa por sua causa, por não ter vontade.»

«O determinismo moderado diria que, neste caso, em ambas as hipóteses, a ação foi determinada pois de uma forma ou de outra não deixaria de acontecer.» (Adília Maia Gaspar e António Manzarra,Do outro lado do espelho 10",  Raíz Editora, pp.147-148; o destaque a negro é posto por nós).

 

Como não deixaria de acontecer a ação? Se houvesse livre arbítrio é óbvio que a ação de estar ausente à festa poderia ser revertida, X poderia comparecer. A confusão em que mergulham os autores é visível. E apoiam-se no confuso Daniel Dennett:

 

«Daniel Dennet, um compatibilista reconhecido, não nega que as ações humanas estejam determinadas, mas também defende que isso não implica necessariamente a inevitabilidade. Falar em inevitabilidade conduz-nos à ideia fatalista de que o ser humano nada pode fazer para alterar o rumo dos acontecimentos;  contudo, Dennett e os compatibilistas consideram que, apesar de estarmos determinados, somos seres racionais e, por isso, capazes de entender o meio e actuar sobre ele de forma a proteger-nos e evitar perigos. Fazendo alusão à célebre frase de Lutero "Estou aqui, não posso fazer diferente" quando revolucionou a Igreja com a reforma protestante no século XVI, elucida como ela poderá ter dois sentidos, descrevendo igualmente o presssuposto compatibilista.»

 

(Adília Maia Gaspar e António Manzarra,Do outro lado do espelho 10",  Raíz Editora, pág.148; o destaque a negro é posto por nós ).

 

Que dois sentidos pode ter a frase fatalista "Estou aqui, não posso fazer diferente" se ela nega o livre-arbítrio? É isto o compatibilismo? Não nos façam rir, Daniel Dennett e seu séquito de compatibilistas, ó fracos filósofos analíticos!

 

UMA IMPERFEITA DEFINIÇÂO DE RELATIVISMO

O manual define assim relativismo:

 

«O relativismo é a teoria que considera que os juízos morais têm valor de verdade, isto é, podem ser verdadeiros. No entanto, tal como o subjetivismo, reconhece a impossibilidade de lhes conferir uma natureza universal e objetiva. O relativismo, demarcando-se da posição subjectivista, considera que a verdade destes juízos não depende da aprovação do indivíduo, mas sim da sociedade, sendo ela a determinar o que é  moralmente correto ou incorreto. »

(Adília Maia Gaspar e António Manzarra,Do outro lado do espelho 10",  Raíz Editora, pág.179; o destaque a negro é posto por nós ).

 

Esta definição de relativismo está incompleta porque ignora a dialética, a diversidade de valores dentro de cada sociedade. Assim, por exemplo, é relativismo os comunistas e anarquistas portugueses sustentarem que «foi boa e justa a ocupação de terras levada a cabo pelos trabalhadores rurais e os sindicatos no Alentejo e Ribatejo em 1974-1977 designada por reforma agrária» e os liberais e conservadores portugueses argumentarem que «a reforma agrária de 1974-1976, com o patrocínio do MFA, do PCP, do MES, da UDP, do PRP, foi  um mal, um roubo aos legítimos proprietários das terras» .

 

O relativismo é a doutrina segundo a qual os valores variam de sociedade a sociedade ou de classe a classe social e de grupo a grupo e etnia a etnia dentro de cada sociedade. Esta última parte da definição é ignorada pelos filósofos analíticos, só vêem a árvore e não a floresta. 

 

HÁ SUBJETIVISMO E RELATIVISMO EMOTIVISTAS E SUBJETIVISMO E RELATIVISMO NÃO EMOTIVISTAS

 

.O manual apresenta a seguinte errónea dIvisão nas posições sobre a natureza dos juízos morais: 

Não cognitivista ---------------------->  Emotivismo

Cognitivista ----------------------------->Subjetivismo

 Cognitivista------------------------------->Relativismo

Cognitivista--------------------------------Objetivismo

(Adília Maia Gaspar e António Manzarra,Do outro lado do espelho 10",  Raíz Editora, pág.174; o destaque a negro é posto por nós ).

 

Ora nem todo o subjetivismo é cognitivista, o subjetivismo tanto se insere no cognitivismo (conhecimento por conceitos, pelo intelecto)  - por exemplo: «A religião jainista é a melhor do mundo porque prescreve o vegetarianismo como alimentação, a oração diante de belas imagens e opõe-se à vivisseção dos animais» como no não cognitivismo (conhecimento pelo sentimento, pela sensação) -por exemplo: «Sinto Deus mas não O conheço».

 

De igual modo, nem todo o  relativismo é cognitivista, o relativismo tanto se insere no cognitivismo (conhecimento por conceitos, pelo intelecto)  - por exemplo: «A democracia parlamentar capitalista é o melhor regime do mundo porque pressupõe eleições livres em multipartidarismo a parlamentos nacionais ou regionais e liberdade de imprensa, de greve, e livre empresa» como no não cognitivismo (conhecimento pelo sentimento, pela sensação) -por exemplo: «A maioria acha preferível o amor heterossexual à atração homossexual, daí que seja errado postular a igualdade de género».

NENHUM TEMA VERDADEIRAMENTE FRACTURANTE COMO SERIA EXIGÍVEL EM FILOSOFIA

 

Estes manual e estes autores são meros instrumentos de propaganda da redutora filosofia oficial: a filosofia analítica, com a sua errónea lógica proposicional (só mentes estúpidas dizem que «Vou ao Porto ou vou a Lisboa» é diferente na estrutura lógica de «Ou vou ao Porto ou vou a Lisboa»). Fazem o discurso politicamente correcto, longe dos "extremismos", se exceptuarmos a dúvida hiperbólica cartesiana ou a teoria das conjecturas e refutações de Karl Popper. Não são filósofos mas funcionários de uma medíocre filosofia com a qual moldam a mente de alunos inteligentes.

 

Nenhum texto sobre astrologia histórica e não falta assunto filosófico: se o Partido Socialista venceu as eleições legislativas de 25 de Abril de 1983, com Júpiter em 9º do signo de Sagitário, e venceu as eleições legislativas de 1 de Outubro de 1995, com Júpiter em 10º do signo de Sagitário, e venceu as eleições de 6 de Outubro de 2019, com Júpiter em 18º-19º do signo de Sagitário, poderá dizer-se que Júpiter no signo de Sagitário (arco de 240º a 270º do Zodíaco) gera necessariamente vitórias do PS?

 

Nenhum texto questionando a vacinação e é tão oportuno fazê-lo.David Icke escreveu. «O processo de fabricação de vacinas inclui o uso de macacos, embriões de frangos e fetos humanos, além de estabilizadores como a estreptomicina, o cloreto de sódio, o hidróxido de sódio, o alumínio, o cloridrato, o sorbitol, a gelatina hidrolisada, o formaldeído,e um derivado do mercúrio chamado timerosal ...» (David Icke, «La conspiración mundial y como acabar con ella», Ediciones Obelisco, Barcelona, pag 819).

 

Os autores deste manual, como bons servos das multinacionais de farmácia, não contrapõem nada à teoria oficial.

 

Nenhum texto de Fernando Pessoa, poeta e filósofo da fenomenologia ou de outros pensadores portugueses metafísicos. Os autores deste manual de filosofia são estrangeirados, no mau sentido do termo. Não se dá importância ao que Pessoa escreveu:

«Não é possível uma futura civilização espanhola, nem uma futura civilização portuguesa. O que é possível é uma futura civilização ibérica formada pelos esforços da Espanha e de Portugal.»

«Todas as forças que se oponham a uma aliança, a um entendimento entre Portugal e Espanha devem ser desde já condenadas como inimigas. Essas forças são: os conservadores, sobretudo os católicos, e a Igreja Católica acima de tudo, que têm por ânsia íntima a união ibérica; a maçonaria, que é também estrangeira de origem, e é agora um organismo estranho metido na carne da Ibéria; a França, que com a sua cultura especial, tem envenenado, por excesso, a alma, ou as almas da Ibéria. A Inglaterra que politicamente tem espezinhado os países ibéricos.» (...)

«Para a criação da civilização ibérica é preciso a rigorosa independência das nações componentes dessa civilização. É um erro crasso supor que a fusão imperialista facilita a actividade civilizacional.»

 

(Fernando Pessoa, «Obra em prosa, Páginas de Pensamento Político-1, 1910-1919», Livros de Bolso Europa-América, páginas 135-136)

 

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Domingo, 16 de Setembro de 2018
Equívocos nas Aprendizagens Essenciais de filosofia do 11º ano: teorias essencialistas versus teorias não essencialistas

A arrumação intelectual das teorias da arte no programa e nos manuais de filosofia em Portugal é confusa. Por exemplo, nas Aprendizagens Essenciais programa de Filosofia do 11º ano, que alguns atribuem a Aires Almeida da SPF,  lê-se como conteúdo a lecionar aos alunos:

 

O problema da definição da arte.

Teorias essencialistas: a arte como representação, a arte como expressão a arte como forma.

Teorias não essencialistas: a teoria institucional e a teoria histórica.

(11º Ano Filosofia, Aprendizagens Essenciais/ Articulação com o Perfil dos Alunos, página 10).

 

Há aqui a confusão de vários níveis: ontológico, sociológico, psicológico. A arte como expressão de emoções- nível psicológico ou psicopoiético- não pode ser posta em concorrência (no mesmo nível) que a arte como imitação da natureza/representação (nível ontológico: relação arte com a realidade exterior): a Mona Lisa de Leonardo da Vinci é simultaneamente arte como representação e arte como expressão de emoções do artista. A arte como expressão de emoções - género psicopoiético - devia emparelhar com a arte como inteleção, isto é, a gestação da obra de arte pelo intelecto mas este conceito é esquecido.

 

A arte como representação é um conceito vago: deveria dizer-se a arte como imitação da natureza e a arte como transfiguração da natureza (neste último caso cabem as grandes correntes artísticas da intura do sécuo XX como o dadaísmo, o surrealismo, o cubismo, o abstracionismo, a concret art, etc.).

 

Aceitemos que tanto a arte como imitação como a arte como transfiguração do real são correntes essencialistas porque assentam em formas imutáveis ou quase imutáveis - as essências. Por exemplo, o surrealismo pode ser considerado essencialista porque, na pintura, desconecta partes de corpos ou objectos reais e combina-os ou refaz aqueles de modo surreal, onírico (exemplo: um quadro representando um corpo de mulher de modo naturalista mas em que a cabeça é substituída por uma maçã ou por uma árvore).

 

a arte como expressão de emoções e sentimentos tanto pode ser essencialista - imaginemos a pintura religiosa de Cristos sofredores de Bartolomé de Las Casas, transmitindo um persistente sentimento de dor e sacrifício - como pode ser existencialista - uma performance improvisada de teatro ou vídeo, entregue ao acaso, à flutuação do momento é arte não essencialista, existencialista, se por existencialismo entendemos a teoria da liberdade e da imprevisivibilidade da vida. Arte existencialista é, por exemplo, a de Christo (13 de Junho de 1935-31 de Maio de 2020) , artista plástico búlgaro do Nouveau Realisme que envolvia o exterior de edifícios com  gigantescas capas  que produziam formas efémeras que duravam uma ou mais semanas ou meses.

 

No que respeita à teoria da arte como forma - refere-se à teoria da forma significante (combinação de formas, cores ou sons, etc.) que, segundo Clive Bell, caracteriza a obra de arte - tanto pode ser classificada como essencialista, na medida em que engloba a teoria da arte como transfiguração da natureza, o neo-impressionismo, o cubismo, o surrealismo, etc., como pode ser classificada de não essencialista uma vez que o subjectivismo existe na atribuição, por cada pessoa, de forma significante a uma pintura abstrata (um diz« Parece-me um cavalo esta forma esfumada», outro diz «A mim parece-me o mapa da Península Ibérica», outra diz «Julgo que representa um orgão genital», etc). Ademais, não tem lógica opor a arte como representação à arte como forma como acima se faz (Teorias essencialistas: a arte como representação, a arte como expressão a arte como forma) uma vez que a arte como representação é uma arte de formas, naturalistas ou surreais.

 

A teoria institucional da arte é assim definida por alguns autores:

«Esta crítica às teorias essencialistas abriu o caminho à teoria da arte como instituição que faz depender o estatuto da obra de arte de factores extrínsecos à própria obra, estabelecendo que é o mundo da arte, artistas, críticos, historiadores da arte, galeristas, etc., quem confere tal estatuto». (Adília Maia Gaspar, António Manzarra, Filosofia 10º, Caderno de Atividades, Raíz Editora, pág. 62).

 

Por que razão a teoria institucional da arte é não essencialista, segundo a estrutura do programa de 11º ano? Não nos explicam. Pelo contrário: é uma teoria essencialista sociológica, situa a essência da arte no consenso social e na sua consagração, expansão e visibilidade ante o público e os críticos e negociantes.

 

Voltando aos conteúdos programáticos do início deste artigo: por que razão a teoria da história da arte é não essencialista se ela engloba os diversos essencialismos que se foram manifestando ao longo da história (o realismo natural da pintura clássica e renascentista, o impressionismo, o expressionismo, o surrealismo, etc.)?  

 

Quem estruturou esta divisão acima entre teorias essencialistas e existencialistas da arte não pensa dialeticamente mas caoticamente, como é próprio da filosofia analítica em voga que justapõe no mesmo nível definições de diferentes níveis ou regiões. E essa confusão vai recair sobre os estudantes nas provas de exame nacional de filosofia concebidas por mentes «analíticas» que querem dividir a meio um fio de cabelo e estabelecem divisões e uniões arbitrárias. Acresce o facto de que estas «Aprendizagens essenciais...» são um documento ilegal pois constituem uma alteração do programa instituído por decreto e que só por decreto pode ser alterado.

 

Senhor Ministro da Educação, destrua a influência nos exames nacionais de filosofia do lobby dos pseudo-filósofos da lógica proposicional e da filosofia analítica - João Branquinho, M.S. Lourenço, Fernando Ferreira,  Teresa Marques,  Célia Teixeira. Ricardo Santos, Elia Zardini, Guido Imaguirre, Aires Almeida, Pedro Galvão, Desidério Murcho, Rolando Almeida, Domingos Faria, Manuel Maria Carrilho, João Sáagua, Alexandre Franco de Sá, etc. - que com as suas definições autoritárias, de vincada falta de racionalidade, representam o protofascismo epistémico que abafa o ensino livre da filosofia.

 

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Domingo, 4 de Maio de 2014
Equívocos no manual «Filosofia 11» da Raíz Editora (Crítica de Manuais Escolares- LXI)

 

 

Vários equívocos integram o livro do professor Filosofia 11º ano, de Adília Maia Gaspar e António Manzarra, tendo como consultor científico o Professor Doutor João Sàágua, da Raíz Editora.

 

 

OMISSÃO DA TEORIA DAS QUALIDADES SECUNDÁRIAS E PRIMÁRIAS EM DESCARTES

 

Uma das pedras de toque que distingue os autores que sabem e os que não sabem ontognosiologia é a explanação que fazem do racionalismo de Descartes, da sua teoria do conhecimento, do percurso desde a dúvida hiperbólica até à demonstração do mundo exterior de matéria. Ora esse percurso não é explanado devidamente neste manual, com os pormenores essenciais: 

 

«Admitida a existência de Deus, Descartes aceita a existência do mundo material e a possibilidade de o conhecer, uma vez que Ele, sendo perfeito, não iria querer que o pensamento estivesse enganado em relação à ideia da existência do mundo. Mas acautela para as exigências metodológicas a que o espírito se deve submeter:

 

  Partir de princípios evidentes -ideias claras e distintas, apreendidas por intuição racional.

  Raciocinar dedutivamente. »

(Adília Maia Gaspar e António Manzarra,  Filosofia 11º ano,  consultor científico Professor Doutor João Sàágua, Raíz Editora, pág. 159).

 

Falta explicar a transição, em concreto, da existência simultanea e única de Deus e do cogito humano ao mundo exterior e a constituição ontológica deste. O raciocínio de Descartes, que o manual ignora, é do seguinte teor:

 

4º PASSO (da Existência de Deus e do eu pensante à existência do mundo material)

 

«Se Deus existe e é verdadeiro nos seus actos, não consentirá que eu me engane em tudo o que vejo, sinto e ouço, logo existe o mundo de matéria, feito só de qualidades primárias, objetivas, isto é, forma, tamanho, número, movimento. As cores, os cheiros, os sons, sabores, o quente e o frio só existem no interior da minha mente, do organismo do sujeito, pois resultam de movimentos vibratórios exteriores já que o mundo exterior é apenas composto de formas, movimentos e tamanhos. .Assim, a rosa não é vermelha, é apenas forma e tamanho. O ramo de rosas é apenas formas, tamanho e um certo número de unidades, não tem cor, nem cheiro, nem peso. O mármore não é frio nem duro, o céu não tem cor.»

 

Nada isto é explicado no manual. É a habitual vagueza da filosofia analítica na ontognosiologia, excepção feita a Johnathan Dancy que, no entanto, comete erros notáveis.

 

Realismo crítico é a teoria gnosiológica segundo a qual há um mundo de matéria exterior ao espírito humano e este não capta esse mundo como é, mas distorcido por alguma percepção empírica. 

 

A RACIONALIDADE FILOSÓFICA NÃO É DEMONSTRATIVA? LIMITA-SE A SER ARGUMENTATIVA?

 

O manual sustenta que «a filosofia não pode demonstrar nada mas apenas pode argumentar críticamente»:

 

«Por outro lado, a própria filosofia, através dos tempos, mostrou bem pouca estabilidade, apresentando uma sucessão de sistemas filosóficos não só diferentes, como, por vezes, contraditórios.»

 

«Por tudo isto, hoje considera-se que a filosofia pode  tão-somente aspirar a ser razoavelmente persuasiva, socorrendo-se de processos retórico-argumentativos para defender as suas teses». (...)

 

« O facto de a racionalidade filosófica ser argumentativa não retira valor à filosofia. Continua a caber-lhe  um importante papel na elucidação de conceitos e de problemas e reveste-se de inegável valor para a humanidade».

(Adília Maia Gaspar e António Manzarra,  Filosofia 11º ano,  consultor científico Professor Doutor João Sàágua, Raíz Editora, pág. 128; o destaque a negrito é de minha autoria).

 

 

A filosofia é apenas argumentativa e a ciência é demonstrativa? Este é o erróneo ponto de vista do positivismo lógico que não descobre a filosofia subjacente a teses científicas. É falsa a dicotomia : «a filosofia argumenta, a ciência demonstra.»  Aliás, segundo Popper, tanto a filosofia como as ciências empíricas argumentam, corroboram, não demonstram. Enganou-se, em parte.

 

O meu ponto de vista é outro. A filosofia de Hegel demonstra, por exemplo, que o processo dialético, inerente a todas as coisas, se caracteriza pela tríade tese-antítese- síntese através de numerosos exemplos: à contra-revolução dominante (tese)  segue-se um período revolucionário em que a radicalização aumenta até outro extremo (antítese) e depois há uma oscilação para o centro, estado de conciliação de extremos (síntese). A lógica triádica exposta por Hegel pode demonstrar-se e não apemas argumentar-se. E isto é mais demonstrativo do que a tese de o universo se ter originado no Big Bang ou de haver «quarks up» e «quarks down» ou de «se adquirir imunidade às doenças através da vacinação».

 

Também o princípio do terceiro excluído - uma coisa ou pertence a uma classe A ou pertence às classes não A, excluindo-se a terceira hipótese - é um princípio lógico, filosófico, que se pode demonstrar sem refutação possível.

 

 

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Quinta-feira, 18 de Abril de 2013
Equívocos no manual de Filosofia do 10º ano da Raíz Editora (Crítica de Manuais Escolares-XLIII)

No manual «Filosofia 10º ano», da Raíz Editora, para o ensino secundário em Portugal, manual cujos autores são Adília Maia Gaspar e António Manzarra - e o catedrárico Michel Renaud como consultor científico - encontram-se, mais uma vez, as confusões inerentes à filosofia analítica contemporânea.   

 

CONFUSÃO DE DETERMINISMO COM FATALISMO E NÃO DISTINÇÃO ENTRE LIBERTARISMO E COMPATIBILISMO

 

Aponta o referido manual quatro concepções acerca do determinismo e do livre arbítrio:

 

«Determinismo- Nega a existência do livre-arbítrio. O ser humano, tal como todos os fenómenos da natureza, está determinado pelo princípio da causalidade.

 

Indeterminismo - Não assume a existência do livre-arbítrio, assim como os fenómenos físicos se dão aleatoriamente e não segundo uma determinação prévia ou uma vontade, o mesmo acontece com a acção humana.

 

Libertarismo - Afirma a existência do livre-arbítrio, pois havendo separação entre a natureza física e a mental, esta última não é determinada pelo princípio da causalidade, mas sim pela vontade.

 

Compatibilismo- Afirma a relação entre determinismo e livre-arbítrio ao admitir que o ser humano é determinado, mas a sua acção pode ser livre dentro dos limites em que não existem constrangimentos.» (Adília Maia Gaspar e António Manzarra, Filosofia 10º ano, pág. 74, Raíz Editora)

 

 

Comecemos por notar a ambiguidade da noção de determinismo: na primeira definição é dito que o determinismo exclui o livre-arbítrio, e é, portanto, uma lei totalitária sobre toda a natureza biofísica, incluindo a vida humana física, psíquica, social, espiritual. Na definição de compatibilismo, dada acima, a noção de determinismo já não exclui o livre-arbítrio. Onde está o erro? Na confusão entre determinismo e fatalismo. Onde se lê determinismo na primeira das quatro definições acima, deveria ler-se fatalismo, doutrina da predestinação absoluta. E note-se que o fatalismo pode, ou não, reger-se por leis fixas e imutáveis. Determinismo não é tudo estar predestinado: é o facto de, nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzirem sempre os mesmos efeitos, o que não exclui factores aleatórios exteriores como o livre-arbítrio.

 

Thomas Nagel, esse académico injustamente elevado à condição de «grande filósofo» por editores e académicos néscios, perfilha o mesmo erro de confundir determinismo com fatalismo:

 

«Algumas (pessoas) pensam que, se o determinismo é verdadeiro, ninguém pode ser razoavelmente elogiado ou condenado por nada, tal como a chuva não pode ser elogiada ou condenada por cair.» (Thomas Nagel, Que quer dizer tudo isto?, pag 57 citado in Adília Maia Gaspar e António Manzarra, Filosofia 10º ano, pág. 75, Raíz Editora).

 

O próprio John Searle cai em contradição:

 

«Naturalmente, tudo no mundo é determinado mas, apesar de tudo, algumas acções são livres. Dizer que são livres não é negar que sejam determinadas; é afirmar que não são constrangidas. Não somos forçados a fazê-las.» ( John Searle, Mente, cérebro e ciência, citado in Adília Maia Gaspar e António Manzarra, Filosofia 10º ano, pág. 77, Raíz Editora; o destaque a negrito é posto por mim).

 

Dizer que uma acção é livre não é negar que seja determinada? Claro que é: livre opõe-se a determinado. Como é que a acção livre de eu escolher entre tomar um café ou comer um bolo é determinada e livre ao mesmo tempo? Se é determinada, não é livre. E o determinismo não é um constrangimento da acção? Claro que é. Eis o «grande»John Searle, paladino da confusão analítica, no seu melhor! Como não hão-de os autores de manuais veicular erros se os teóricos que os inspiram mergulham no magma da confusão?

 

As definições, acima, de libertarismo e compatibilismo não se distinguem uma da outra: em ambas, se postula haver livre-arbítrio; em ambas (na primeira, de forma não explícita) se postula haver determinismo. É, pois, uma duplicação da mesma ideia, formulada em termos diferentes, um erro de «paralaxe». Não distinguindo correctamente os géneros das espécies e as diferentes espécies entre si, por ausência de racionalidade dialéctica, a filosofia analítica (Thomas Nagel, Simon Blackburn, Nigel Warburton, os autores do «Routledge Dictionary of Philosophy» como Michael Proudfoot e A.R. Lacey, e muitos outros) produz deformações teóricas da realidade.

 

A CONFUSÃO DE OBJECTIVISMO AXIOLÓGICO COM REALISMO AXIOLÓGICO

 

O manual define três correntes sobre os valores: subjectivismo axiológico, objectivismo axiológico e concepção relacional dos valores, divisão que só na aparência está certa. Sobre o objectivismo axiológico, escreve o manual:

 

«O objectivismo axiológico representado na época contemporânea por filósofos como Max Scheler (1874-1928) e Nicolai Hartman (1882-1950) que lhe aportaram um contributo próprio e original, remonta a Platão (século IV- a.c) e à Teoria das Ideias por ele defendida.(...)«

«Como podemos depreender, de acordo com esta concepção, os valores são independentes das coisas valiosas; estas só são coisas valiosas na medida em que deles participam; por exemplo, um quadro só é belo se conseguir corporizar o ideal de beleza...»(Adília Maia Gaspar e António Manzarra, Filosofia 10º ano, pág. 92, Raíz Editora).

 

Ora, esta definição não está certa, é redutora. O objectivismo não implica, necessariamente, que os valores sejam independentes das coisas valiosas. A teoria de Aristóteles é um exemplo de objectivismo imanentista dos valores, em que os valores residem apenas nas coisas valiosas: o belo só existe imanente às flores belas, às mulheres belas, às paisagens belas, à escrita e à pintura ou escultura belas e a um sem número de coisas ou actos reais; não existe o Belo como arquétipo num mundo inteligível de Ideias, como teorizava Platão.

 

Por outro lado, a axiologia de Max Scheler não é um realismo axiológico mas fenomenologia axiológica: os valores são objectivos mas não existem por si mesmos, sem humanidade e sem homens individuais que os definam e experienciem. Ora isto é a «concepção relacional dos valores» que Adília Gaspar, António Manzarra e Michel Renaud distinguem, erroneamente, de objectivismo dos valores. De facto, Scheler veiculava essas duas posições: objectivista e correlacional dos valores, posições que pertencem a géneros diferentes e, portanto, podem coexistir na mesma teoria. Mais uma vez a superioridade da dialéctica, contida na minha crítica, sobre a filosofia analítica, desengonçada e caótica.

 

OS UTILITARISTAS ACTUAIS SUBSTITUIRAM A FELICIDADE PELA PREFERÊNCIA?

O manual escreve:

 

«Na época contemporânea, utilitaristas como Richard Hare e Peter Singer substituiram o conceito de felicidade pelo de preferência. Singer pretende mesmo explicar o comportamento moral recorrendo à teoria da evolução.» ...»(Adília Maia Gaspar e António Manzarra, Filosofia 10º ano, pág. 151, Raíz Editora; o destaque a negrito é posto por mim).

 

Mesmo que esta frase, assumida por Adília Maia Gaspar, António Manzarra e Michel Renauld, se possa imputar a Richard Hare e Peter Singer ela revela apenas a confusão intelectual dos filósofos analíricos e dos autores deste manual: a felicidade não pode ser substituída pela preferência porque são espécies de géneros diferentes, felicidade é um conteúdo hedónico e preferência é uma forma, um meio de manipular aquele conteúdo. Os universitários de filosofia não conhecem a dialética.

 

 

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Terça-feira, 8 de Maio de 2007
O método filosófico é extrínseco aos métodos científicos? ( Crítica de Manuais Escolares - XX)

A grande maioria dos autores de manuais de filosofia e dos filósofos sustenta que o método filosófico é absolutamente distinto do método científico.

Eis um exemplo dessa concepção da filosofia expressa no manual «Pensar é preciso, Filosofia 10º ano» da Lisboa Editora:

 

«O método- Quanto aos procedimentos adoptados, para já, basta dizer que a filosofia é um empreendimento racional: quer compreender, quer compreender através da razão.

«Todavia, falar em razão neste contexto não é falar numa razão empírica que procura as suas provas na experiência, como acontece com as chamadas ciências da natureza que estudam fenómenos susceptíveis de ser observados e manipulados por instrumentos e técnicas laboratoriais.»

«Nem tão-pouco se trata de uma razão demonstrativa, como encontramos nas ciências matemáticas que demonstram, por meio de razões que se impõem pela sua coerência e necessidade lógica, de forma irrefutável, as afirmações que produzem partindo de determinados postulados e axiomas aceites por todos. Assim, por exemplo, na Geometria, as conclusões a que os processos demonstrativos conduzem são universalmente aceites.»

«A razão do filósofo é uma razão mais maleável, mas não deixa de ser razão; ele procura sempre a melhor, ou as melhores razões, que consegue apresentar em apoio das teses que defende, daquilo que hoje se designa por razão argumentativa».

(in «Pensar é preciso, Filosofia 10º ano» de Adília Maia Gaspar, Revisora Científica: Maria Luísa Ribeiro Ferreira, Lisboa Editora, 2007, pags. 9-10; o negrito é de nossa autoria).

 

Ao invés do que sustenta este texto, a filosofia deriva simultaneamente da razão empírica, da razão demonstrativa-teórica (na verdade, a razão empírica também se poderá designar como demonstrativa: demonstra através dos factos empíricos...) da razão argumentativa - e da razão especulativa que impregna subtilmente aquelas três. O texto de Adília Maia Gaspar, em consonância com o horizonte de degradação que a filosofia tem vindo a sofrer nas últimas décadas ao ser reduzida quase só a uma «arte de argumentar racionalmente», destaca, erradamente, como essência da filosofia a razão argumentativa.

 

A filosofia procura, em muitíssimos casos, as suas provas na experiência. A filosofia «hippie» do amor livre, do pacifismo e da recusa do trabalho na sociedade industrial procurou as suas provas na experiência: milhares de jovens abandonaram os seus estudos universitários ou os seus empregos, nos EUA e noutros países, agruparam-se em comunas, onde se fumava haxixe, praticava o amor livre e fazia meditação transcendental. Nunca haveria filosofia «hippie» sem razão empírica, sem experiência. E é nesta que a filosofia «hippie» busca as provas do seu grau de solidez.

 

O que distingue a filosofia da ciência não é aquela estar fora do campo da experiência e a ciência estar imersa no pântano da experiência. Não. Nem sequer se pode dizer que a ciência é mais rigorosa que a filosofia, em termos gerais. O que as distingue é o facto de a filosofia adicionar metafísica, interpretação imaginário-racional à experiência em que participa, e a ciência se limitar a uma racionalidade positiva, adstrita a leis empíricas e a factos de resultados práticos. É evidente que, hoje, há ciências filosóficas como a física cósmica teórica ou cosmologia que concebe o nascimento, ou não, do universo, um espaço a dez ou trinta dimensões, e é especulativa por excelência.

 

A filosofia é como um sol, uma estrela gigante em fusão, a crepitar em labaredas de pensamento vivo (interrogações, especulações) e as diferentes ciências são como que pedaços desse sol que se alienaram dele, arrefeceram e se tornaram planetas de linhas bem definidas, obedecendo ao determinismo da matéria sólida e líquida. Em cada ciência há uma filosofia adormecida, moribunda, que ao acordar ou ressuscitar, convulsiona em maior ou menor grau a solidez dessa ciência. Logo o método filosófico engloba os diversos métodos científicos adicionados do método especulativo, que pode subverter aqueles.

 

 

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