Quinta-feira, 28 de Novembro de 2013
Teste de Filosofia do 10º Ano B, final de Novembro de 2013

 

O presente teste de filosofia centra-se nas rubricas do programa de Filosofia do 10º ano de escolaridade «1.1 O que é a filosofia», «1.2. Quais são as questões da filosofia», do módulo I «Iniciação à Actividade Filosófica»- nas quais se incluem as leis da dialética (tríade, contradição principal, dois aspectos da contradição) as noções aristotélicas de hylé, eidos e proté ousía - e na rubrica 1.2 «Determinismo e liberdade na acção humana» do módulo II do programa «A acção humana e os valores - na qual se incluem os conceitos de indeterminismo biofísico com livre-arbítrio (designado "libertismo" por alguns) e e determinismo biofísico sem livre-arbítrio (determinismo "radical"), as noções de hierarquia e polaridade de valores, e a teoria das quatro modalidades ou esferas de valor de Max Scheler.

 

.Agrupamento de Escolas nº 1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA B
28 de Novembro de 2013. Professor: Francisco Queiroz

 

I

 

«.Deu-me prazer beber o batido de morango, e senti-me mais vigoroso, enquanto contemplava a beleza daquela rapariga. Senti ciúmes quando um rapaz se aproximou dela e pensei que a essência mulher está presente num número quase infinito de entes e que o amor de Cristo me pode salvar de qualquer desilusão e quebra no percurso da vida.»

 

1-A) Identifique a que esfera de valor, em Max Scheler, pertence cada um dos valores inerentes às expressões a negrito.

 

1-B)  Aplique a lei da contradição principal da dialéctica ao conjunto das quatro esferas de valores teorizadas por Max Scheler .

 

 

2) Relacione, justificando:

 

A) Acto e potência, em Aristóteles, e lei do salto qualitativo..
B) Hierarquia de valores e lei dos dois aspectos da contradição.

C) Indeterminismo biofísico com livre-arbítrio e determinismo biofísico sem livre-arbítrio ("determinismo duro").
D)  Mundo do Mesmo, Mundo do Semelhante, Noésis e Dianóia, em Platão. .
E) Hylé, Eidos e Proté Ousía, em Aristóteles, e lei da tríade..

 

 

CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 20 VALORES

 

 

1) a) Deu-me prazer beber é um valor da esfera sensível, do prazer e da dor instintivos; senti-me mais vigoroso, é um valor da esfera dos valores vitais; enquanto contemplava a beleza é um valor estético da esfera dos valores espirituais; senti ciúmes é um valor da esfera dos valores vitais; pensei que a essência mulher está presente é um valor do conhecimento da verdade (filosofia) da esfera dos valores espirituais; o amor de Cristo, é um valor da esfera do santo e do profano (VALE DOIS VALORES).

 

1) b) A lei da contradição principal, que estabelece que um sistema de muitas contradições se pode reduzir a uma só, composta por dois grandes blocos, deixando eventualmente de fora algumas na zona neutra, pode aplicar-se assim às quatro esferas de valor de Max Scheler:  de um lado, no mesmo polo, a esfera dos valores sensíveis (o prazer e a dor físicos; o útil e o inútil) e a esfera dos valores vitais e sentimentais (sentimento de juventude ou de velhice, de vitória ou de derrota, paixão amorosa, ciúme, vingança, sentimento do nobre, do vulgar, etc., ), porque derivam das emoções e sensações; do outro lado, no outro polo, a esfera dos valores espirituais (belo e feio; bom e mau, justo e injusto; verdadeiro e falso descoberto pela filosofia e ciências) e a esfera do santo e do profano (Deus, espaço e tempo sagrados; matéria eterna, inexistência de Deus) porque ambas se centram no intelecto dirigido ora para o campo físico-social ora para o metafísico. (VALE TRÊS VALORES).

 

2) A) Acto, é segundo Aristóteles, a realidade presente de algo. Potência é a possibilidade de vir a ser tal coisa em acto. A acumulação lenta e gradual, em quantidade, de sucessivos actos - exemplo: exercícios físicos em ginásio - faz com que um dia o corpo musculoso que cada um gostaria de ter e que só existe em potência, em perspectiva, se torne real, em acto, momento que constituirá um salto qualitativo (VALE TRÊS VALORES).

 

2) B)  Hierarquia de valores é uma escala de valores desde os superiores aos inferiores, passando pelos intermédios. A lei dos dois aspectos da contradição diz que nesta existem dois aspectos, em regra desigualmente desenvolvidos, o dominante e o dominado, que às vezes invertem as posições. Ora a hierarquia de valores implica contradição em que, por exemplo, o bem é aspecto dominante e o mal é aspecto dominado, a paz é valor dominante e a guerra valor dominado, o belo é valor dominante e o feio valor dominado (VALE DOIS VALORES).

 

2) C) Indeterminismo biofísico com livre-arbítrio é a teoria segundo a qual a natureza não tem leis constantes de causa-efeito (exemplo: a água dos rios congela no verão, a gravidade deixa de funcionar as vezes e os objectos flutuam no ar) e o homem dispõe de liberdade de escolha racional dos seus actos e valores. Determinismo biofísico sem livre-arbítrio é o oposto: a natureza fisica  tem leis fixas,  não é livre, e o homem também não, age por instinto, sem reflexão profunda. (VALE TRÊS VALORES).

 

 

2) D) O mundo do Mesmo é o mundo Inteligível dos arquétipos de Bem, Belo, Número, Triângulo, etc., essências imateriais que são sempre as mesmas, nunca mudam. É o Nous ou razão intuitiva  que através da Noese (intuição inteligível) apreende os arquétipos. O Mundo do Semelhante é o do céu visível, dos astros em movimento, dos números móveis, do tempo. É apreendido na sua totalidade pela Dianóia ou inteligência matemática e analítica que raciocina e realiza operações matemáticas. A Aisthesis ou Sensação só apreende, em parte, este mundo intermédio. (VALE TRÊS VALORES)

 

2) E) A lei da tríade estabelece que um processo dialéctico se divide em três fases: A hylé é a matéria-prima universal indeterminada - não é água, nem ar, nem fogo, nem terra, nem éter, etc., - que só existe em potência, pode ser classificada como tese; as formas eternas de cavalo, árvore, homem, montanha, isto é, aos diferentes eidos ou essências que existem algures na imanência podem ser consideradas a antítese, porque são a negação da hylé. A síntese é o composto (synolón) , nascido da união entre a hylé e o eidos (forma comum ou essência) e que é, em muitos casos, a proté ousía ou substância primeira, indivíduo concreto. Assim, cada um de nós é uma proté ousía, resultante da fusão da hylé com o eidos Homem. (VALE TRÊS VALORES)

 

 

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Quarta-feira, 11 de Setembro de 2013
José Reis e a «refutação» da teoria da potência, de Aristóteles

No seu livro «Nova Filosofia», José Reis, um catedrático de filosofia da universidade de Coimbra, tentou refutar a teoria do acto e da potência de Aristóteles. 

É sabido que Aristóteles definiu dois modos de cada ente: o acto , isto é, aquilo que o ente é no presente (por exemplo: este sobreiro é sobreiro desenvolvido em acto); a potência, isto é aquilo  que virá a ser, em princípio, no futuro ( exemplo: a semente de um sobreiro é o sobreiro, como árvore, em potência). José Reis argumenta que a potência já está contida no acto ou realidade presente e não extravasa esta e, por isso, «não existe». Escreve:

 

« E eis o que é a potência: as próprias coisas, que já aí estão , mas não se vêem, porque estão implicitadas nelas mesmas.

 

«§ 19  Destruição da potência

 

E eis porque não há a potência: porque essa implicitude, só é tal, verdadeiramente, quando for o nada.

É muito simples. A potência são as próprias coisas (as coisas que depois vão aparecer), nas suas determinações exactas, nem mais nem menos, não é verdade? Pois bem, então, ou essas determinações estão aí ou não estão. Se não estão, óptimo, não estão e acabou. Se estão, por pequeninas ou vagamente que se lá pensem, isso mesmo já é um acto, já é a explicitude, e não a potência, a implicitude que se queria; esta mesma só, rigorosamente, o nada.

É irremediável. A potência não passa de uma ambiguidade. Dizemos que já lá temos as coisas, mas em absoluto não as podemos ter porque, por minimamente que elas já lá estejam, que elas já lá estejam nas suas próprias determinações, elas já não são a potência, mas o acto. (...) Redondamente,não há potência.» ( José Reis, Nova Filosofia, páginas 47-48, Edições Afrontamento, Porto; o negrito é colocado por mim ).

 

 

Dizer que a potência não existe é negar o processo de transformação do ovo de galináceo em galo. As determinações do galo adulto já estão contidas, embrionariamente, no ovo mas este não é de modo nenhum, o galo adulto. Essa diferença entre ovo e galo adulto, esse processo de desenvolvimento por vir é a potência. As formas em potência estão no futuro. Potência significa forma futura . Dizer que a potência não existe é dizer que o futuro não existe. Isso pode ser um ponto de vista enviesado de filosofia analítica, fragmentadora, mas não é o ponto de vista da dialética, holística: o futuro existe em potência e desfaz-se a cada instante no acto presente.

 

José Reis não refutou em nada a teoria de Aristóteles do acto e da potência. Esta última, a potência, possui um pouco de acto (em todo o Yang há um pouco de Yin, diz a filosofia chinesa do Tao) e o que José Reis fez foi isolar esse aspecto estático de acto esquecendo o aspecto do devir dinâmico, do futuro, que é o aspecto principal da potência. Reis não possui aqui, como em outros domínios, um pensamento dialético, holístico e dinâmico.

 

A POTÊNCIA NÃO É NÚMENO, AO CONTRÁRIO DO QUE DIZ JOSÉ REIS

 

 E escreve ainda José Reis a propósito de haver um pinheirinho minúsculo contido em cada pinhão:

 

«Dirão: a potência não se pode observar. Certo, a potência é um númeno, algo só pensado, e não um fenómeno e, como tal, não se pode observar.Mas deveria poder sê-lo...» .(José Reis, Nova Filosofia, página 49) 

 

José Reis não domina o conceito kantiano de númeno. Não o distingue de conceito empírico. A ideia de pinheiro, só pensada, nunca é um númeno porque tem forma: tronco, ramagem, pinhas, etc. O númeno é um ente imaterial, fora do espaço e do tempo, incognoscível, que não tem forma, como por exemplo, Deus, liberdade, mundo como totalidade. A potência (dynamis, em grego) é um conceito empírico ou uma disposição dinâmica da natureza biofísica  a que corresponde uma sucessão de conceitos empíricos: o sobreiro em potência é um conceito mentalmente visualizado, a expectativa do que virá a ser esta semente de sobreiro que tenho na mão.

 
 

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Quinta-feira, 15 de Setembro de 2011
Aristóteles: o erro àcerca das essências só ocorre por acidente

 

Não há dúvida de que Aristóteles era um platónico «envergonhado». Postulava que as formas, como, por exemplo, azul, cavalo, homem, existiam desde a eternidade. Se existiam anteriormente às coisas materiais, constituíam um mundo inteligível similar ao de Platão - com a única diferença de que as formas em Platão eram singulares e únicas e em Aristóteles são singular-colectivas, anteriores aos objectos mas actualizáveis nestes. Senão atente-se nesta passagem:

 

«Mais exactamente, a verdade e a falsidade consistem nisto: a verdade em captar e enunciar a coisa (pois enunciar e afirmar não são o mesmo); enquanto que ignorá-la consiste em não a captar (já que não tem lugar o erro acerca do quê-é, a não ser acidentalmente) e o mesmo sobre as substâncias carentes de composição: não é possível, certamente, o erro acerca delas; e todas elas são em acto, não em potência, já que, se não fosse assim, gerar-se-iam e destruir-se-iam, mas o que é mesmo não se gera nem se destrói, pois teria que gerar-se a partir de outra coisa. Assim, pois, a respeito das coisas que são uma essência, e que são actos, não é possível errar, mas captá-las ou não» (Aristóteles, Metafísica, Livro IX, 1051 b, 20-30; o negrito é de minha autoria).

 

Que significa que o erro sobre a essência só pode ocorrer acidentalmente ? Vou dar um exemplo de como interpreto esta frase. Suponho que todos apreendem as essências de sete, dezanove e trinta e três. Mas, embora a generalidade das pessoas saiba que multiplicar o número-essência 7 pelo número-essência 19 dá como resultado o número-essência 153,  pode ocorrer que uma, por acidente, cometa o equívoco de considerar o número-essência 163 como resultado da multiplicação.

 

.As essências estão em acto em si mesmas e em potência para os objectos físicos que virão a surgir no tempo - esta é a leitura dialética da posição de Aristóteles. Ao dizer que «o que é mesmo não se gera nem se destrói» Aristóteles revela-se um platónico: a essência é eterna e imutável e tem de subsistir, em acto, fora dos objectos físicos, para além de existir nestes. No entanto, o Estagirita não crê no mundo inteligível de Platão acima do céu visível, com os arquétipos. Fez este mesmo mundo descer à imanência, imergir na matéria prima universal ou hylé.

 

 

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Quarta-feira, 20 de Julho de 2011
Tudo é matéria, física, infra-física ou supra-física

 

Desenvolvo aqui uma ideia que me ocorreu há meses e me parece algo inovadora na história da filosofia (será?): o ser é matéria, se por matéria se entende o conteúdo indeterminado de algo. Como os dois princípios fundamentais de todos os entes são forma e matéria, isto é, essência/determinação e ser/indeterminação até o próprio Deus tem uma forma e uma matéria: a matéria será o pensamento-sentimento e a forma o sistema de arquétipos e raciocínios que constituem o próprio ente divino.

 

Aristóteles considera o ser como um predicado. Mas uma matéria não é um predicado: é um substante universal (note-se que o substante universal é a argamassa da qual se formam as substâncias, ousíai, isto é as essências individuadas).

 

Nesta perspectiva, a hylé ou matéria-prima universal indeterminada que dá origem ao fogo, água, terra, ar, hylé que para Aristóteles é não-ser , em sentido relativo, - é ser, substrato de tudo, sujeito. Mas o ser que Aristóteles coloca como predicado é substante "por cima"  isto é, superestrato ou no meio, mesoestrato. Todas as coisas são, isto é existem. Existir é uma matéria subtil - que pode ser espírito, vida, luz, electromagnetismo, energia - ou uma matéria visível, densa e palpável, como a matéria física. O existir não é, portanto, algo separado da matéria física ou da forma. Até os erros existem no mundo da imaginação, esse oceano de plasticidade que ora comunica com o mundo real ora com os mundos irreais e absurdos que são os mundos da matéria inteligível no caos.

 

Aristóteles usou magnificamente os termos matéria inteligível e matéria sensível. Em vez de matéria inteligível poderia escrever ser inteligível. Ser é matéria, isto é, a textura indeterminada de qualquer coisa espiritual, vital, energética, física.

 

Uma outra questão é a da génese dos objectos a partir da matéria prima universal no aristotelismo: se esta é potência pura, isso significa que é uma espécie de matéria inteligível que não tem concreção, está fora da phisis (natureza biofísica móvel) . Seria a forma que lhe daria concreção. Mas isso não faz muito sentido: a meu ver, a forma não confere carácter ontológico mas apenas eidológico. A matéria prima, na minha perspectiva, não está no nada mas constitui uma espécie de ganga no caos da qual as formas extraem objectos ao plasmarem-se nela. A matéria-prima não pode estar em potência de modo absoluto - se assim fosse, era a criação ex nihil (a partir do nada) que repugna ao espírito grego. A matéria-prima está em acto enquanto algo informe que tem massa, densidade, impenetrabilidade. Aristóteles não afirma isto mas, a meu ver, a lógica seria essa. Não deve ser a forma a puxar ou explicitar as propriedades da matéria. Esta já tem de ser um em si que se entrecruza com outro em si, hierarquicamente superior: a forma. A forma limita-se a configurar uma matéria física já existente.

 

O equívoco na filosofia de Aristóteles é não considerar o ser como a verdadeira matéria universal - o substracto, mesoestrato e superestrato - absolutamente indeterminada, que origina a hylé e tudo o mais. No entanto, Aristóteles chega a formular a ideia de que o género - grupo mais vasto e sem forma perfeitamente definida - está para a espécie como a matéria está para a forma. Mas, ao que parece, não formulou a ideia do ser como matéria universal que estaria para os diferentes géneros como a matéria está para a forma, talvez por recear que o "ser" (predicado)  e a "hylé" (sujeito, substracto) se confundissem. De facto, a hylé é uma espécie dentro do género universal ser: é o ser material informe, inexistente segundo Aristóteles, existente em minha opinião, como matéria no caos.

 

A matéria, em sentido universal, expande, estende-se em campos infimitos e a forma, ao contrário, segmenta, corta em fatias e contrai. Logo o ser é essa matéria e não surpreende a máxima da escola eleática de que «tudo está cheio de ser.»

 

 

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Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2011
Confusão em Aristóteles ao separar figura de predicação e acto e potência dela

 

No riquíssimo livro, no plano filosófico, que é a "Metafísica", Aristóteles distingue as figuras da predicação do acto e da potência delas, revelando, pelo menos aparentemente, alguma falta de clareza. Escreveu o Estagirita:

 

 « Posto que "o que é" e "o que não é" se dizem, em um sentido segundo as figuras da predicação, em outro sentido segundo a potência ou o acto de estas, ou os seus contrários, e em outro sentido o que  é verdadeiro ou é falso no sentido mais fundamental, o qual tem lugar nas coisas segundo estejam unidas ou separadas, de modo que diz a verdade o que julga que o separado está separado e o que sendo unido está unido, e diz falsidade aquele cujo juízo está articulado ao contrário das coisas, (...) Desde logo, tu não és branco porque seja verdadeiro o nosso juízo de que és branco, mas, pelo contrário, porque tu és branco, dizemos algo verdadeiro ao afirmá-lo.»

 

(Aristóteles, Metafísica, Livro IX, 1051a 30-35, 1051 b, 1-10; in pags 389-390 da versão espanhola de "Metafísica" de Editorial Gredos, tradução de Tomás Calvo Martínez; o negrito é posto por mim).  

 

Qual é a diferença entre as figuras de predicação e a potência ou o acto de estas? Não existe diferença. Fora do acto -realidade actual- e da potência - realidade virtual futura- não há outro modo de as coisas, entre estas as figuras de predicação, serem. O acto e a potência incluem ambos a figura de predicação, esta ora está num, de certo modo, ora está noutro, não subsiste fora deles. Portanto, a formulação desta questão, por Aristóteles, no texto acima, é equivoca.

 

Um primeiro problema hermenêutico no texto acima é o de saber o que Aristóteles entende por figura de predicação (schêma tês kategorías). Se se tratasse das figuras do silogismo, teorizadas em «Analíticos Primeiros», estruturaria a resposta do modo que exponho a seguir. 

Vejamos a primeira figura de predicação, classificada, como as outras três, em função da posição do termo médio nas duas permissas do silogismo regular( sendo P o termo maior ou primeiro, M o termo médio, que está contido no primeiro, S o termo último ou menor). 

 

P-M

M-S

P-S

 

 Todos os europeus não são asiáticos.

 Alguns asiáticos são chineses de Macau.

 Alguns europeus não são chineses de Macau.

 

 

(Nesta figura de predicação, Europeu é o termo maior, Asiático o termo médio e  Chinês de Macau o termo menor)

 

Esta figura de predicação corresponde a uma realidade em acto. E a figura está em acto enquanto inferência lógica concreta, com referentes. A figura está em potência enquanto esquema abstracto P-M, M-S, P-S. 

 

No entanto, por figura de predicação pode entender-se outra coisa distinta da figura do silogismo, como se depreende das seguinte passagens da "Metafísica":

 

«Enfim, certas coisas são um numericamente, outras especificamente, outras genericamente e outras por analogia: numericamente são-no aquelas coisas cuja matéria é una, especificamente aquelas cuja definição é una, genericamente aquelas cuja figura de predicação é a mesma e, por fim, por analogia as que guardam entre si a mesma proporção que guardam entre si.» (Aristóteles, Metafísica, Livro V, 1016-b, 30-35).

 

«Assim, a forma e a matéria são heterogéneas e também o são os predicados que correspondem às diversas figuras de predicação de "o que é" ( uns, com efeito, significam quê-é ; outros que é de certa qualidade e outros segundo as distinções expostas anteriormente.»

(Aristóteles, Metafísica, Livro V, 1024-b, 10-15).

 

Neste caso, figura de predicação significa o género, a substância primeira ( o quê-é) e os seus acidentes, ou seja, as categorias do ente. Por exemplo, animal é o género de António Damásio (substância primeira).  

Aliás, Tomás Calvo Martínez, tradutor da Metafísica, escreveu em nota:

 

«27. A expressão "figura da predicação" (schêma tês kategoría) refere-se usual e tecnicamente às distintas categorias (géneros supremos). BONITZ (238-39) propõe que nesta ocasião se interprete no sentido mais amplo e menos técnico de "predicado", a fim de integrar na doutrina proposta a unidade genérica correspondente aos géneros intermédios. Pelo contrário, Ross (I, 304-305) propõe interpretar a expressão no seu sentido usual e técnico, o que nos daria uma referência à unidade genérica entendida como pertença à mesma categoria.» ( Aristóteles, Metafísica, pag 222, nota do tradutor, Editorial Gredos).

 

 Nesta outra interpretação de figura da predicação, como género (exemplo: animal) ou como substância primeira (exemplo: António Damásio), o argumento é o mesmo que expus acima: o género e a substância primeira, como outras figuras da predicação, não são distintos do acto e da potência de si mesmos, ou são acto ou potência. 

Portanto a frase de Aristóteles « Posto que "o que é" e "o que não é" se dizem, em um sentido segundo as figuras da predicação, em outro sentido segundo a potência ou o acto de estas, ou os seus contrários» encerra, em si, uma equívoca duplicação de entidades.

 

Aristóteles coloca, no texto citado no início deste artigo, um terceiro sentido da dicotomia «o que é/ o que não é»: o de as coisas estarem unidas na realidade - isso seria o verdadeiro - ou de estarem desunidas - isso seria o falso. Mas esse terceiro sentido não é afinal o segundo,  o acto e a potência da figura de predicação na realidade exterior ou os seus contrários? A meu ver, é.

 

A unidade não tem mais realidade que a pluralidade ou desunião. Ao dizer que "o que é" se exprime no que está unido, Aristóteles visava, talvez inconscientemente, dizer que a verdade é a unidade entre o captado ou inteligido e a realidade externa. Mas, na realidade exterior, no mundo das coisas, estar unido ou desunido possui, em ambos os casos, realidade ontológica, carácter de "o que é".

  

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Segunda-feira, 13 de Setembro de 2010
Dois significados no termo aristotélico Acto

O acto, (energeia) em Aristóteles, é simultaneamente duas coisas distintas e indissociáveis:  a forma ou figura de algo e o momento presente. Acto é, pois, forma espacial e instante presente, laço entre espaço figurado e fragmento do tempo.

 

O tempo, por si só, é acto, no presente. As formas e os compostos forma-matéria que subsistem neste instante são também acto. Duas coisas diferentes, a forma espacial e o instante presente assumem a condição de acto. Mas como determinar que o instante é presente se não intuirmos as formas (a inclinação da luz a uma dada hora, a côr das coisas, etc.)?  

 

E as essências eternas e imóveis - exemplo: a rosa, o triângulo, o pão - estão em acto perpétuo, não o acto do composto, do objecto físico, palpável - este está em potência, isto é, por vir a ser - mas o acto da forma, da figura-contorno.

 

Acto designa pois essência (forma espacial) e existência (tempo vazio, ou forma espacial no presente, isto é, essência exteriorizada). As formas passadas, desaparecidas, representam uma potência negativa, o inexistente que não pode voltar a existir. Mas nessa potência negativa está a essência-forma que foi acto. Está? Ou esteve? Quando falamos de Napoleão - uma forma humana, uma essência individual do século XIX - e da batalha de Waterloo - um acontecimento, uma essência militar fugaz - pomos em acto na imaginação algo que já foi acto real.

 

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Segunda-feira, 10 de Novembro de 2008
Aristóteles e a questão de quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?

A velha questão «Quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha?»  é respondida por Aristóteles da seguinte maneira: a galinha. Isto traduz-se no modo de este filósofo grego equacionar a polaridade acto-potência. O acto é a realidade presente de um ser, de uma coisa, a potência é a sua realidade virtual, o que deverá vir a ser. Exemplo: o ovo de galináceo é ovo em acto e galinha em potência.

Escreveu o filósofo grego:

 

«E sucede que o que está em acto gera-se sempre a partir do que é em potência pela acção do que é em acto, por exemplo, um homem pela acção de um homem, um músico pela acção de um músico, havendo sempre algo que produz o início do movimento.» (...)

«Mas sucede que, ademais, com esta argumentação patentiza-se que o acto é, também neste sentido, anterior à potência quanto à geração e ao tempo.»

«Mas é-o também quanto à substância (ousía). Em primeiro lugar, porque as coisas que são posteriores quanto à geração são anteriores quanto à forma específica, quer dizer, quanto à substância (assim, o adulto é anterior à criança e o homem ao esperma, pois um possui já a forma específica e o outro não)».  (Aristóteles, Metafísica, Livro IX, 1049 b-1050 a; o negrito é de nossa autoria).

 

Por conseguinte, a árvore é anterior à semente no tempo e na geração. Primeiro ter-se-á formado uma árvore, não a partir de semente, mas da forma específica (a forma de árvore adulta) e só depois a árvore gerou frutos contendo as sementes que constituem, em potência, novas árvores.

 

 

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Terça-feira, 29 de Maio de 2007
É o emotivismo um relativismo? (Crítica de Manuais Escolares-XXII)

O conceito de emotivismo dentro da axiologia está envolto na névoa da confusão, em particular nos manuais escolares de filosofia.

Um manual de filosofia do 10º ano de escolaridade português, da Santillana-Constância, afirma o seguinte:

 

«O emotivismo

 

«Esta teoria sobre os juízos de valor é, na verdade, um aperfeiçoamento ou radicalização do relativismo. Segundo ela, os juízos de valor nem sequer são verdadeiros juízos. Eles não fazem qualquer afirmação sobre o modo a realidade é, foi ou será. São apenas expressão de sentimentos ou reacções emotivas a certos objectos ou acontecimentos.»

«Por exemplo, o juízo «a pena de morte é injusta» parece uma afirmação sobre a propriedade (negativa) do acto de condenar alguém à pena de morte. Mas, para o emotivista, é algo comparável a um grito de dor ou desgosto, ou ao choro, que exprimem directamente emoções pessoais face ao acto ou ao conceito do acto, mas não afirmam propriamente nada. E expressões de emoção não podem ser verdadeiras nem falsas, mas apenas sinceras ou fingidas

«...Por vezes, defende-se, nesta linha, que  nós projectamos valores para o mundo, não sendo eles, na verdade, nada de natural fora de nós. Seja como for, toda a discussão sobre valores é vã, porque não há nem pode haver maneira de decidir o que é a verdade em matéria de valores.»

 

(in Logos,  de António Lopes e Paulo Ruas, consultor científico: António Pedro Mesquita, Santillana-Constância, Lisboa 2007, pag 93; o negrito é da nossa autoria).

 

Que confusões há aqui?

 

Em primeiro lugar, é erróneo dizer que «as expressões de emoção não podem ser verdadeiras nem falsas». É colocar a verdade exclusivamente ao nível do juízo, da operação intelectual de ligação entre conceitos. As emoções, tal como as sensações visuais, táteis e auditivas, comportam um certo grau de verdade. A emoção faz parte da verdade da vida de cada um e das sociedades em geral, quotidianamente, a cada instante. A verdade estrutura-se não apenas ao nível do juízo, mas também do conceito, e ao nível da percepção empírica e da emoção. Se as expressões de emoção se exprimem vocabularmente por meio de juízos (exemplo: «Detesto esta paisagem de prédios urbanos, comovo-me ao ler os versos que escreves)é óbvio que recebem um valor de verdade ou de falsidade. Ora o emotivismo limita-se a explicar a génese de juízos: a emoção. Mas explicar essa génese irracional não anula a forma racional, susceptível de receber valor de verdade, desses juízos.

 

Em segundo lugar, apresenta-se o emotivismo como uma «radicalização do relativismo», o que é também erróneo. Há um emotivismo (seria melhor dizer: um descritivismo de génese emotiva..) absolutista, não relativista, expresso, por exemplo, neste juízo: «O amor entre cônjugues é um sentimento maravilhoso, desde a mais remota Antiguidade até hoje e sempre assim será».

Presumivelmente, os autores do manual entendem relativismo como cepticismo, impossibilidade de conhecimento, tal como a generalidade dos actuais "filósofos analíticos". Mas relativismo não é isso: é variabilidade de valores ou de um mesmo conceito, segundo as épocas, as classes sociais, os lugares, podendo gerar cepticismo em alguns. O relativismo não é cepticismo. É um chão do qual pode brotar cepticismo.

 

Em terceiro lugar, não é verdade que o emotivismo em geral sustente a tese de que «não pode haver maneira de decidir o que é a verdade em matéria de valores.» Isto só é verdade para o emotivismo subjectivista timbrado de cepticismo, mas não para o emotivismo objectivista (exemplo: «Os primeiros dias após 25 de Abril de 1974, data do derrube do fascismo em Portugal, foram de júbilo para a grande maioria da população, os melhores dias da nossa vida colectiva») nem para o emotivismo subjectivista dogmático (Exemplo deste último: «Na minha opinião, sofre um traumatismo maior a criança de 13 anos abusada por um pedófilo do que a criança de 4 anos abusada pelo mesmo pedófilo, portanto, é mais horrível o primeiro caso do que o segundo»).

 

Emotivismo diz respeito à matéria-prima de que são forjados os valores - as emoções (amor-paixão, ódio, caridade, etc) - mas não significa a validade temporal ou geográfico-cultural limitada dos valores, isto é, o relativismo. São géneros distintos que se intersectam. Há emotivismo relativista e há emotivismo absoluto ou absolutista.

 

O Manual «A arte de Pensar» da Didáctica reza assim:

 

«O emotivismo partilha com o subjectivismo a ideia de que não existem verdades morais independentes dos sujeitos individuais e de que os juízos morais derivam dos sentimentos que cada pessoa possui àcerca de determinado assunto. Todavia, os emotivistas vão mais longe, pois afirmam que, quando usamos a linguagem moral, estamos apenas a expressar emoções e a tentar convencer os outros a agir de uma certa maneira»

 

(Aires Almeida, António Paulo Costa, Célia Teixeira, Desidério Murcho, Paula Mateus, Pedro Galvão, in A Arte de Pensar, Filosofia 10º ano, 1º volume, Didáctica Editora, Lisboa 2003, página 96; o negrito é nosso).

 

Também neste manual se interpreta erroneamente emotivismo como sujectivismo, ignorando que há um emotivismo objectivista, universalizado (exemplo: «É horrível se houver um planeta que choque com a superfície da Terra»; «Foi terrível o tsunami no Pacífico, na Ásia, em 26 de Dezembro de 2004, que matou no mínimo umas 220.000 pessoas»).

 

Aliás os autores da «Arte de Pensar», tributários de alguma filosofia norte-americana analítica, citam um autor da universidade de John Carroll em Cleveland, Harry Gensler, para definir erroneamente emotivismo:

 

«Supõe que dizes «Brrr!» quando tremes de frio. O teu «Brr!» não é literalmente verdadeiro nem falso; seria despropositado responder-lhe dizendo «Isso é verdade». Mas supõe que dizes: «Eu sinto frio». Neste caso, estás a dizer uma coisa verdadeira, uma vez que realmente sentes frio. Um juízo moral é (para o emotivista) como «Brrr!» (que expressa os teus sentimentos) e não como «Eu sinto frio» (que é uma afirmação verdadeira àcerca dos teus sentimentos).»

«Esta distinção permite-nos evitar alguns problemas que o cepticismo enfrenta. Supõe que Hitler, que gosta que se matem judeus, diz «A morte dos judeus é boa». De acordo com o subjectivismo a afirmação de Hitler é verdadeira (uma vez que significa apenas que ele gosta que se matem os judeus). Isto é bizarro. (Os emotivistas pensam) que a afirmação de Hitler é uma exclamação («Urra para a morte dos judeus!») e que por isso não é verdadeira nem falsa. Não se pode dizer que o juízo moral seja falso, mas pelo menos não temos de dizer que é verdadeiro.»  (Harry Gensler, Ethics, 1998, pag. 62, citado in «A arte de pensar, Filosofia 10º ano», volume 1, página 97).

 

A mediocridade de raciocínio de Harry Gensler, e dos seus epígonos,  é notável: classifica o emotivismo ou emocionalismo como um behaviorismo (doutrina da redução da inteligência e dos seus conceitos a respostas automáticas, psicofisiológicas, ante estímulos exteriores) axiologicamente neutro, céptico, esquecendo que há muito mais emocionalismo além dessa modalidade restrita. É de tal forma idiota a argumentação de Gensler que chega ao ponto de considerar que o behaviorismo emotivista (no caso: Urra para a morte dos judeus!) supera o subjectivismo de Hitler ( no exemplo: É bom matar judeus, vamos exterminá-los) só pelo facto de este último receber uma formulação lógica convencional e o primeiro ficar na linguagem emotiva abreviada. É o logicismo estreito de quem entende que «algo só é verdade ou mentira quando formulado como juízo, de forma lógica»...

 

Aliás, quando Gensler diz no texto acima «de acordo com o subjectivismo, a afirmação de Hitler é verdadeira» denota algum magma de confusão: a afirmação de Hitler é verdadeira.. para a subjectividade de Hitler. Há muito sujectivismo contrário ao subjectivismo nazi e anti semita de Hitler pelo que a afirmação de Gensler «de acordo com o sujectivismo, a afirmação de Hitler é verdadeira»  é errónea. Não há, uma noção unívoca de verdade, ainda que as várias noções de verdade possuam algo em comum. A incapacidade de descentrar o subjetivismo em infinitos polos (perspetivismo) é uma característica deste raciocínio de Gensler.

 

O emotivismo ou emocionalismo, formulado na época contemporânea por Stevenson e, antes dele, por  Max Scheler ( Os valores são «qualidades que se nos tornam presentes directamente no nosso "sentir intencional" (intentionales Fuhlen) do mesmo modo que as cores na visão»- Ethik, in Jarhbücher der Philosophie, 2º ano, Berlim, 1914, pag 91) é diferente desta medíocre definição que Gensler e os manuais «Arte de pensar» e «Logos» fornecem aos estudantes de filosofia.

 

O emotivismo não é senão uma das doutrinas àcerca da origem dos valores - o equivalente ao empirismo como doutrina sobre a origem do conhecimento. Contrapõe-se ao intelectualismo, facto que estes manuais que referimos e outros nem sequer se dão conta, falhos que estão de uma sistematização correcta de conceitos.

 

www.filosofar.blogs.sapo.pt

 

f.limpo.queiroz@sapo.pt

 


© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)



publicado por Francisco Limpo Queiroz às 20:33
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