Eis algumas notas de vida pessoal com reflexões avulsas que só interessarão a uma parte dos leitores deste blog.
NÃO HÁ O «FAZER AMOR»-O amor não se faz: sente-se, como contemplação estética de outrém ou como comunhão espiritual com outrém. Aquilo que se «faz» com uma parceira ou um parceiro é troca física de carícias, manipulação do corpo da/o outra/o de modo a atingir o orgasmo e isso não é fazer amor, mas fazer actos sexuais que são, sobretudo,amor-próprio
O AMOR É, DE CERTO MODO, UMA EXPLORAÇÃO DE ALGUÉM. Não «exploração» no sentido de descobrir ou percorrer o corpo ou a alma do ser amado. Exploração no sentido de apropriação do que não é nosso, da beleza, do corpo, da personalidade da outra pessoa, no sentido de extração de mais valia: amo-te mas quero que me sejas fiel, que me beijes e acaricies e ajudes na lida da casa, no prestígio social (estar casado dá estatuto) ou no aumento da conta bancária. Estou a desfrutar-te e a explorar-te subtilmente.
O VERDADEIRO AMOR É NÃO GOSTARES DE MIM MAS VIVERES COMIGO E EU TER DESEJO SEXUAL DE TI. E assim continuarmos pelos anos fora, deitando fora essas baboseiras do «amo-te muito». Eu amo o teu corpo - a ti não sei se amo porque és invisível. Onde está a tua alma? Mas sou-te leal e apoio-te sempre.
O QUE MAIS ME ATRAI NA MULHER? O rosto e os seios.
AMO-TE TANTO QUE O AMOR DESAPARECEU. O ser e o nada remetem um para o outro.
O DUPLO CARÁCTER DO CASAMENTO. Para as feministas, defensoras da mais radical liberdade individual, o casamento é uma capitulação da mulher face ao homem que, assim, a aprisiona e submete ao seu capricho (os homens são porcos, só pensam em sexo físico). Para os noivos apaixonados, o casamento é o alicerce de uma relação de «amor eterno» e não carece de ser alvo de ironia ou desmontagem - mas Saturno ou Cronos, senhor do tempo, acaba por enrugar a relação entre os cônjugues e introduzi-la no deserto da monotonia.
AS MULHERES BELAS SÃO COMO OS CASTELOS ALTANEIROS. Inconquistáveis. Podes conquistar-lhes o corpo mas nunca a alma, a não ser temporariamente, no momento do riso, do beijo ou do orgasmo. Elas são superiores a nós, homens, em engenho e arte de sedução. O Don Juan, o mais feminino dos homens, é capaz de conquistar muitas mas no final sai derrotado. As mulheres só se deixam conquistar por homens com algo de feminino na alma - e um orgão sexual masculino, claro.
QUANDO FORES VELHA E FEIA DEIXAREI DE AMAR-TE. Mas isso nunca acontecerá porque te escolhi, mulher, dezenas de anos mais nova que eu. Assim o amor não falhará porque o amor é sempre o amor da forma bela e da harmonia de carácter
É TÃO BOM TER UM CORPO JOVEM DE MULHER NA NOSSA CAMA. E quando não se tem? Há uma sensação de privação estética e orgástica. Mas isso não significa que valha a pena arrastar qualquer mulher para a cama. Afinal o acto sexual é anti higiénico e só pode levar-se a cabo mediante uma alta emoção estética, um encantamento. É por isso que rejeito sexo com mulheres da minha idade ou até 10-15 anos mais novas. A carne deve ser o mais espiritual possível e para isso o adequado é uma jovem de 25 a 30 anos de idade. Rejeito também comer carne: é um caldo de purinas e cadaverinas. Rejeito, na minha vida pessoal, qualquer acto homossexual entre homens, é repulsivo biologicamente - mas defendo os gays e as lésbicas, o direito a serem como são, felizes ou em busca da felicidade. Só gosto da mulher que me habita interiormente. E de algumas mulheres exteriores fisicamente. E hoje, às 7 horas da manhã, havia uma circunferência luminosa projectada na parede do meu quarto pela luz solar vinda da janela de um outro quarto..sinal de quê?
DOIS DIAS E MEIO NO PORTO POR CAUSA DO MEU FILME NO FANTASPORTO. À 1.40 da madrugada, de sexta feira, 4 de Março de 2016, chego ao Porto, após 8 horas de viagem desde Beja por autoestrada - eu guio a 80-90 km por hora, poupo o carro antigo e paro em locais diversos para comer algo, tomar café e descontrair. Na sexta de tarde, pelas 16 horas e pico entro no cineteatro Rivoli onde decorre, desde 26 de Fevereiro, o Festival Internacional de Cinema do Porto denominado Fantasporto. Um grande festival com mais de uma centena de filmes a ser exibidos ora no grande auditório ora no pequeno auditório.
A minha curta-metragem de 11 minutos «Adão Andrógino no Alentejo» feita com a magnífica equipa da Videoplanos ( Frederico e Nelson) é exibida cerca das 18 horas em competição com outras 10 curtas metragens portuguesas selecionadas: «O que é feito dos dias na cave», de Rafael Almeida ; «Quarto em Lisboa» de Francisco Carvalho ( vencedor; inclui a actriz conhecida Custódia Galego); «Cinestesias» de Luís Miranda; «A peça» de Bruno Canas; «Nature experiences» de Martin Dale; «São João» de Maria Nery; «Motorphobia», de Isabel Pina e Ricardo Figueira; «Senhor Jaime» de Cláudio Sá; «Esta noite vi dois marcianos de smoking» de Filipe Canêdo e «Palhaços» de Pedro Crispim. Fui chamado ao palco, frisei que nasci no Porto e sou mais de Beja onde vivo e trabalho há 28 anos. Ser selecionado já é uma vitória, um reconhecimento de qualidade.
No final da exibição, Josep C, fotógrafo do festival, intelectual catalão, do bairro de Graciá em Barcelona vem ter comigo e diz-me: «O teu filme encantou-me quando começas a cantar uma canção a Buenaventura Durruti, o grande líder anarquista espanhol, morto em 19 de Novembro de 1936, em Madrid. Durruti é venerado na Catalunha pelas esquerdas revolucionárias. Em Portugal ninguém o conhece». E falamos do Partido Obrero de Unificación Marxista (POUM), de que fui simpatizante, esmagado em Junho-Agosto de 1937 pelos estalinistas que assassinaram Andreu Nin, o líder poumista. Josep narra que na comemoração dos 60 anos da fundação do POUM, portanto em 1995, na sede do Parti Socialista de Catalunya, em Barcelona, um velho militante do POUM octogenário emocionou-se ao evocar um camarada e morreu de ataque cardíaco. Enfim, se há vidas anteriores eu creio que posso ter combatido nas fileiras da 83ª Brigada Mista do Exército Popular da República Espanhola , criada no sector Este da frente de Teruel, em 1937, com base nos batalhões anarquistas da antiga Coluna de Ferro saída de Valencia...
Janto em casa de um irmão, no Porto, e, já na madrugada de domingo, saio com o irmão e um primo e respetivas consortes para a zona dos Clérigos, na baixa do Porto, onde há centenas de bares abertos e milhares de pessoas a divertir-se, apesar do frio da noite. Entramos na «Galeria de Paris» e depois no grande bar «Destilaria», na Rua Cândido Reis, com dois grandes espelhos em duas paredes uma em frente da outra. Muito agradável estar ali. Ao fim de semana, o Porto supera Beja para quem precisa de música entre a multidão. Mas tudo é relativo. Ser jovem, audaz e optimista é que é bom. Os jovens é que beijam bem, não usam placas dentárias...Almoço com a filha, neste domingo, uma querida que põe reticências às incursões cinematográficas do pai, e volto a Beja às 16,30 horas, guiando, orando e cantando fados. Só nesta madrugada de 7 de Março entro em casa. Para levantar às 7.30 horas da manhã e voltar às aulas. Tudo correu bem
OS MACHOS LATINOS- Há pouco eu disse a uma amiga: os machos latinos sao apenas mulheres musculadas viradas do avesso. Mantenho esta tese.
GOSTAVA DE VIVER MARITALMENTE COM DUAS MULHERES JOVENS E BELAS (20-25 ANOS) NA MESMA CASA. Seria amor a três. Assim, o ciúme diminuiria. Seria possível um diálogo não asfixiante, a constituição de alianças táticas no plano afectivo. Seria a Trindade: a Mãe, a Filha e o Santo Espírito. E Deus proibe isto? Afinal amar duas mulheres ao mesmo tempo, uma em presença da outra, não é trair, nem cometer adultério. É sinceridade, generosidade no amor. A fidelidade exclusiva a uma parece ser demasiado egoísta. Somos gnósticos, não católicos romanos. Não cremos no papa Francisco mas sim nos Eóns do Pleroma, no Deus da Luz. A única lei divina é a Lei do Amor: ama como quiseres desde que não oprimas os seres a quem amas e lhes permitas devolver-te livremente o amor e ser feliz.
VIVER COM UMA «MIÚDA» DE 20 A 27 ANOS DE IDADE FAZ BEM. Porque ela está no auge da beleza física e esta corresponde, muitas vezes, a maior beleza espiritual. Porque não tem «pneus» nem teve muitos homens a conhecer-lhe o corpo. Porque não tem filhos. Porque acredita, moderadamente, no amor romântico, o amor de toda a vida. Porque ainda tem os pulmões pouco poluídos do fumo do tabaco. Porque é gentil e ardente a fazer amor. Porque usa sutiã que lhe realça os seios firmes. Porque a mãe dela critica; «Ai filha foste juntar te com um homem que podia ser teu pai, pela idade»
DEUS AMA MAIS AS PROSTITUTAS E OS TRAVESTIS DO QUE AS MULHERES CASADAS E OS HOMENS NÃO TRAVESTIS. Porque as prostitutas e os travestis correm riscos e são perseguidos por grupos violentos e homófobos ao passo que as mulheres casadas e os homens vestidos no masculino, como eu, estamos tranquilos no redil da normalidade dos costumes sociais felizes.
O PROBLEMA É O CORPO. Estive sentado na esplanada do «Luís da Rocha». Uma senhora de uns 70 anos, magra, muito enrugada senta-se na mesa ao lado. Era certamente bela, aos 20 ou 22 anos, as idades da B., da K., da M., etc. E penso: «O problema é o corpo, no amor conjugal. Um corpo de mulher jovem é sempre preferível ao de uma mulher velha. Isto é incontornável. Coitada ou coitado de quem transporta as marcas do envelhecimento visível e real. Já não pode amar como os jovens. Não me venham dizer que a idade não conta.»
NÓS, OS VIVOS, SOMOS UM BANDO DE REFUGIADOS que atravessamos o continente da existência para escapar à morte.
PARA QUE EXISTE A BELEZA? Para suportar a dureza, a crueldade sem limites da existência. A beleza é o véu de Maya, a deusa da ilusão das formas, como diria Nietzsche. A beleza do bebé e da criança dão alento e recompensa a quem cuida deles. A beleza da mulher jovem atrai os homens, leva-os a lutar por conquistá-la com um comportamento adequado, automóveis, jantares, bailes, idas ao cinema - onde a vida flui e palpita. A beleza é aliada da vida mas a desigualdade existe: há mulheres muito belas e há mulheres feias (as muito velhas em especial). As mulheres maquilham-se porque sabem que isso acrescenta beleza ao seu ser exterior.
UMA SIMPLES FOTO PODE DISSIPAR UMA PAIXÃO. Gostamos das mulheres por causa da sua beleza física, revestida de simpatia e graciosidade. Mas uma simples foto delas, desfavorável - sobretudo quando não conhecemos ao vivo essa mulher por quem nos apaixonamos idealmente - pode destruir a paixão. Porque esta obedece a estritos cânones de beleza
BEJA VERSUS LISBOA- Em Beja, há uma calma e uma qualidade ecológica superior a Lisboa. Encontro na rua a S. que me diz: «Agora trabalho em Lisboa. Não tem nada a ver com Beja. Nunca acontece nada em Beja, há um controlo social grande, as pessoas olham-nos como se estivessem a cobrar-nos algo. Em Lisboa, somos livres, ninguém nos conhece. Podemos ir aqui e ali, ter aventuras amorosas, ninguém nos vai pedir satisfações.» E não será verdade?
SUICÍDIO - 15 de Março de 2015. Em final de período, os alunos do 11º pedem-me um tema livre para discutir na aula inteira. Escolhem: o suicídio. O Miguel acha que suicidar-se é uma cobardia. Pergunto: e os samurais japoneses que, por se sentirem desonrados, espetam uma espada no seu próprio ventre, são cobardes? Falamos do suicídio por amor: «é uma estupidez» dizem os alunos, significa que «a pessoa se fechou obsessivamente no afeto a uma só pessoa». A Claire diz: «Bom é não estar preso amorosamente a ninguém e viver a adrenalina de se interessar, no momento, por esta ou por aquela pessoa»....Fora da escola, alguém me diz que num estabelecimento de ensino X, um aluno fala em suicidar-se por ter tido notas baixas e não se sentir bem tratado por alguém docente. Preocupante. Os adolescentes escolares são a nossa razão de ser enquanto professores. Temos de falar, sem culpar ninguém.
NICOLAU BREYNER E O AZAR DE CORAÇÃO EM SERPA-Em 13 de Março de 2016, discuti com uma mulher que amo, originária do concelho de SERPA, e ficamos um pouco «azedados» de CORAÇÂO (eu não, porque tenho sentimentos firmes de amor terno e eterno, já não sou adolescente). Em 14 de Março de 2016, o célebre ator Nicolau Breyner, originário de SERPA, morreu de ataque de CORAÇÂO. Fui eu ou ela quem matou telepaticamente Nicolau Breyner? Ou fomos ambos? Se não tivessemos discutido - ela uma SERPENSE - teria Nicolau (SERPENSE) morrido no dia seguinte?.
BEBER ALHO FERVIDO EM LEITE CURA. Uma amiga enviou-me a seguinte mensagem: «Venho informa-lo de um argumento para a sua tese de que os medicamentos não prestam. Como sabe, tenho estado doente e receitaram-me um xarope e um spray, que apenas me fizeram ficar pior. No entanto, soube de uma receita que é ferver alho em leite e beber tudo, incluindo o alho. Apenas bebi 3 vezes e melhorei quase que instantaneamente. O que acha?».
O que acho? Penso, de acordo com Ivan Ilich e outros, que a medicina oficial alopática é uma indústria do lucro, que mantém artificialmente a multiplicidade de doenças em toda a humanidade ao não proibir o consumo de carne, alcool, tabaco, açúcar refinado, fármacos iatrogénicos, vacinas, pão branco e cereais refinados.
ACREDITAR QUE UM VÍRUS ATENUADO OU UMA TOXINA INJECTADA NO CORPO ATRAVÉS DA VACINA ENSINA O CORPO A DEFENDER-SE CONTRA UMA DOENÇA É UMA ENORME INGENUIDADE... OU UMA ENORME ESTUPIDEZ. Um tóxico (vacina) introduzido no corpo só acrescenta mais toxicidade ao sangue e envenenamento lento aos orgãos internos. Mas a medicina oficial que temos, herdeira das «poções mágicas» de feiticeiros, acredita na imbecil doutrina da vacinação. Não vacines os teus filhos. Muita gente nos EUA se está a revoltar contra a vacinação que o Estado quer tornar obrigatória ou semi obrigatória.. Luta! O corpo é teu! Ninguém tem direito de o infectar com a picada mórbida da linfa de animais doentes.
SINCRONISMO CAVACO SILVA-PERDA DE RELÓGIO. Em 9 de Novembro de 1995, o candidato presidencial Aníbal CAVACO SILVA visitou a sua sede de candidatura na cidade de Beja. Eu passei no local com minha filha mais nova e peguei nela ao colo para ver, de entre a multidão, o político em causa. Ao chegar a casa, notei que PERDERA O RELÓGIO que tinha no pulso. Voltei ao local de onde a pequena multidão se evaporara e, perguntando, consegui que alguém me devolvesse o RELÓGIO.
Em 9 de Março de 2016, CAVACO SILVA foi substituído por Marcelo Rebelo de Sousa como presidente da República Portuguesa. Horas depois fui à pastelaria O RELÓGIO, na vila da Vidigueira, ver na TV o jogo de futebol Zenit-Benfica e a PULSEIRA METÀLICA DO MEU RELÓGIO DE PULSO quebrou.
Que significa este sincronismo entre destaques de CAVACO SILVA e PERDA OU DANO DO RELÓGIO que levo no pulso esquerdo? Que Cavaco Silva «é» um relógio, um autómato? Que acelera ou atrasa a marcha do tempo?
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Eis um teste de final de 3º período de uma turma que escolheu tratar os valores religiosos no programa de 10º ano de filosofia em Portugal. Um teste sem perguntas de escolha múltipla, que permite aos alunos exprimir uma opinião própria, relacionar criativamente conteúdos e mostrar que sabem filosofar.
Escola Secundária Diogo de Gouveia com 3º Ciclo, Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA C
3 de Junho de 2013. Professor: Francisco Queiroz
I
“A religião, segundo Freud, implica neurose e sublimação e terá tido origem num parricídio. Nietzshe, no século XIX, defendeu a teoria do eterno retorno e propôs a transmutação dos valores.»
1) Explique concretamente este texto.
II
2) Relacione, justificando:
A) As três fases da Ideia Absoluta na História segundo Hegel e o dualismo do Tao.
B) Os três estádios da existência segundo Kierkegaard, o existencialismo e o essencialismo.
III
3) Exponha, em síntese, os seguintes temas:
«Como a gnose resolveu filosoficamente o problema da existência do mal no mundo. Os dharmas e o nirvana no budismo. O argumento ontológico de Santo Anselmo para demonstrar Deus. O panteísmo, o teísmo e a metafísica.»
.
CORRECÇÃO DO TESTE (COTADO PARA 20 VALORES)
1) A religião, isto é, a veneração de deuses ou Deus, da natureza física como sagrada ou de anjos e almas metafísicas, implica a neurose, isto é, a tristeza ou frustração resultante da repressão da energia sexual e a sublimação ou seja espiritualização de instintos recalcados, em especial do instinto sexual. Exemplo: «Procura ser pura, abstém-te de práticas sexuais, imita a Virgem Maria». Segundo Freud, em tempos primordiais, no seio de um clã, os filhos, cansados da autoridade do pai que os proibia de possuir as mulheres que quisessem, mataram o pai (parricídio) e comeram o corpo em banquete. Depois, arrependeram-se imaginando que o espírito do Pai os perseguia desde o «Além» e aplacaram-no mediante preces e sacrifícios religiosos que, no caso do catolicismo, se exprimem no «comer o meu Corpo» (a hóstia na missa) e «beber o meu sangue» (o vinho no cálice). (VALE TRÊS VALORES). Nietzsche defendeu o eterno retorno: a história repete-se, o tempo gira em círculo. Aos «gloriosos» tempos dos valores nobres, em que a aristocracia, feliz e cruel, reinava (escravatura, feudalismo) sucedem-se os «tenebrosos» tempos da civilização dos escravos e da plebe, isto é, da democracia liberal, em que a burguesia, classe intermédia reina, ou do socialismo, do comunismo e do anarquismo, episódios em que o proletariado reina e que são o ponto «mais baixo» da escala de valores. Mas o regresso ao antigo é inevitável e para isso Nietzsche propõe a transmutação ou inversão dos valores: o bem, que para os cristãos era cuidar dos fracos, dos doentes e idosos, estabelecer a igualdade social, fazer a paz, passa a ser, na preferência de Nietzsche, esmagar os fracos, os velhos e os doentes e impor a desigualdade social, os direitos desiguais, com a ditadura dos nobres e fazer a guerra; o mal passa a ser a piedade cristã, a repressão dos instintos sexual e guerreiro, o sacrifício da cruz, o niilismo (reduzir a vida ao nada) em nome do «Além». (VALE TRÊS VALORES).
2) a) Para Hegel, a ideia absoluta ou Deus desenvolve-se em três fases: a primeira é o Ser em si, ou Deus espírito, sozinho, antes de criar o universo, o espaço, o tempo, a matéria e pode comparar-se ao Tao, a mãe do Universo, algo invisível e misterioso que circula por toda a parte; a segunda é o Ser fora de Si ou transformação de Deus no seu oposto (alienação), a matéria física, em astros, céus, montamnhas, oceanos, vulcões, plantas e animais e pode equiparar-se ao Yang, dilatação, sair fora de si, visto que Deus se exteriorizou em matéria; a terceira é o Ser para si ou transformação de Deus em humanidade que vai progredindo lentamente em direcção à liberdade - desde o mundo oriental, em que só um homem é livre, até ao cristianismo reformado por Lutero e completado pela revolução francesa de 1789, em que todos os homens são livres - que é o fim da história, fase que pode comparar-se ao Yin, isto é, à contracção ou movimento para dentro, uma vez que, através da humanidade, Deus volta a si mesmo.Yang-Yin, ou seja, dia-noite, sol-lua, alto-baixo, verão-inverno, expansão-contracção, são as duas partes da onda que perpetuamente agita o universo. (VALE TRÊS VALORES).
2) B) Segundo Kierkegaard, filósofo existencialista cristão, há três estádios na existência humana: estético, ético e religioso. No estádio estético, o protótipo é o Don Juan, insaciável conquistador de mulheres que vive apenas o prazer do instante, e sente angústia se está apaixonado por uma mulher e teme não a conquistar. O desespero é posterior à angústia: é a frustração sobre algo que já não tem remédio ou que se esgotou. Ao cabo de conquistar e deixar centenas de mulheres, o Don Juan cai no desespero: afinal nada tem, o prazer efémero esvaiu-se. Dá então o salto ao ético: casa-se. No estado ético, o paradigma é do homem casado, fiel à esposa, cumpridor dos seus deveres familiares e sociais. Este estado relaciona-se com o essencialismo, doutrina que afirma que a essência, o modelo do carácter ou do comportamento vem antes da existência e condiciona esta. A monotonia e a necessidade do eterno faz o homem saltar ao estádio religioso, em que Deus é o valor absoluto, apenas importa salvar a alma e os outros pouco ou nada contam. Abraão estava no estádio religioso, de puro misticismo, quando se dispunha a matar o filho Isaac porque «Deus lhe ordenou fazer isso». O estádio religioso é o do puro existencialismo, doutrina que afirma que a existência vive-se em liberdade e angústia sem fórmulas (essências) definidas, buscando um Deus que não está nas igrejas nem nos ritos oficiais. Neste estádio, o homem casado pode abandonar a mulher e os filhos se «Deus lhe exigir» retirar-se para um mosteiro a meditar ou para uma região subdesenvolvida a auxiliar gente esfomeada. A escolha a cada momento ante a alternativa é a pedra de toque do existencialismo. (VALE TRÊS VALORES).
3) A gnose é uma filosofia de carácter dualista que explica o mal no mundo através da existência da matéria e do seu criador, o demiurgo ou Satã ou Iavé, e o bem através da existência de um mundo espiritual, da Luz (o Pleroma) acima da sete esferas de planetas, mundo aquele onde vivem Cristo, Sofia e os Éons . Assim, o mal é intrinseco ao corpo, ao mundo material. Estes não são obra do verdadeiro deus da Luz. (VALE DOIS VALORES). Os dharmas são qualidades psíquicas e psicofísicas (inteligência, imaginação, memória, visão, audição, olfacto, tacto, etc) que existem por si mesmas no espaço e quando se reunem num feixe formam a personalidade de uma pessoa. Desaparecem ou dispersam-se com a morte corporal, restando apenas a consciência que pode estar, ou não, apta para atingir o nirvana, espaço vazio de repouso absoluto, sem desejos, segundo o budismo. (VALE DOIS VALORES). O argumento ontológico de Santo Anselmo diz o seguinte: Deus é um ser sumamente perfeito, é omnipotente, omnisciente, bondade, justiça e misericórdia absolutas, possui todas as perfeições, logo tem de ter a perfeição de existir (VALE DOIS VALORES). O panteísmo identifica a natureza biofísica com Deus ou deuses. O teísmo diz que Deus ou deuses são transcendentes à natureza biofísica, podendo ser os criadores desta. Ambas as correntes são metafísicas, isto é, doutrinas que descrevem o invisível, o impalpável, o transcendente, ainda que o teísmo seja, aparentemente, mais metafísico.(VALE DOIS VALORES).
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