Antes de mais, o que é o relativismo ? É a concepção segundo a qual a verdade, seja a realidade material ou as teorias sobre ela, é relativa, emite raios de diferentes dimensões para diversas áreas do ser ou do conhecimento ou mede estas áreas com raios de diferentes dimensões e valorações.
O relativismo não é, em si mesmo, cepticismo. Não é, em si mesmo, relativo. Relativismo é uma noção absoluta e como tal não varia, não se contradiz, obedece ao princípio da identidade. Representa variabilidade mas, em si mesmo, é invariável. É um dogma absoluto que toda a verdade moral, política, religiosa, científica, artística, é relativa à época, à sociedade, à classe social, à etnia - neste sentido o relativismo é inatacável e invariável na sua forma essencial. O que varia é a forma acidental, existencial, do relativismo. A forma acidental ou concreta do relativismo é um sair fora de si do absoluto da definição. E é verdade que as doutrinas ou verdades relativas, sectoriais - exemplo: o combate entre o ateísmo e a crença religiosa- se combatem entre si, se contradizem, mas isso não é o relativismo que se contradiz pois este constitui a sinopse, o quadro global dos diferentes matizes. O relativismo é como uma roda da bicicleta cujos raios estivessem todos pintados de tonalidades diferentes.
O absoluto do relativismo é a tese de que tudo varia e o relativo do relativismo são as formas concretas que ele assume: comunismo, liberalismo, social-democracia são expressões do relativismo sócio-económico; doutrina corpuscular da luz versus teoria ondulatória da luz são expressões do relativismo cosmofísico; teísmo, ateísmo, deísmo e panteísmo são expressões do relativismo (ar)religioso;
O cepticismo anda encostado ao relativismo mas não se confundem. O cepticismo nasce no interstício entre duas emanações dogmáticas diferentes no mesmo tema. Exemplo: o casamento monogâmico cristão, ao ser comparado com o casamento aberto dos swingers e com o casamento poligâmico faz nascer a dúvida (cepticismo) sobre qual será o melhor modelo de casamento. Estão próximos mas são distintos. O relativismo é ontognosiológico, o ceticismo é meramente gnosiológico. Assim, o relativismo é dogmático flexível.
No relativismo, a forma geral permanece a mesma - a verdade é um mosaico - o que muda é o conteúdo das partes.
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