Herbert Marcuse (Berlim, 19 de Julho de 1898; Starnberg, 29 de Julho de 1979) filósofo alemão naturalizado norte-americano, da escola de Frankfurt, que foi em dada fase assistente de Martin Heidegger na universidade alemã, escreveu sobre a incapacidade de a arte ser transformadora do mundo num sentido revolucionário:
«Pela alquimia da arte, a forma alcança realmente uma catarse - o terror e o prazer da realidade são purificados. Mas a satisfação é ilusória, falsa, fictícia: mantém-se apenas na esfera da arte como um efeito da arte; no dia-a-dia, o medo e a frustração continuam sem diminuir (como depois da breve catarse, no espírito). Esta é talvez a expressão mais notável da contradição, da autoderrota, construída dentro da arte; o domínio sobre a matéria e a transfiguração dos objectos mantêm-se irreais - tal como a revolução na percepção se conserva irreal. E este carácter substitutivo da arte põe, uma vez mais, o problema da sua justificação: foi o Parténon digno dos sofrimentos de um único escravo?»
(Herbert Marcuse, Um ensaio para a libertação, Livraria Bertrand, 1977, pag 65; o destaque a bold é posto por nós).
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