A hiper-análise é a criação de divisões artificiais e mal estruturadas entre conceitos e conteúdos do pensamento.
Eis um exemplo. A propósito da falácia ad hominem - um erro ou vício de raciocínio que inclui um ataque pessoal ao contraditor, denegrindo-o ou desprestigiando-o, a fim de refutar as suas teses - escreve J.Neves Vicente no manual português de filosofia do 11º ano «Razão e Diálogo»:
«Falácia ad hominem
Exemplo 1-ad hominem ofensivo
O Senhor A afirma que o Estado é rico.
O Senhor A é um corrupto que foge aos impostos.
Logo, o Estado não é rico.
Exemplo 2- ad hominem circunstancial
Sousa Cintra defende que os portugueses bebem pouca água mineral.
Sousa Cintra é o maior proprietário das explorações de águas minerais em Portugal.
Logo, é falso que os portugueses bebem pouca água mineral»
(J.Neves Vicente, «Razão e Diálogo» Porto Editora, pag 117).
A imperfeição destas definições ressalta: se é aceitável que à primeira se chame falácia ad hominen ofensivo, não se adequa chamar à segunda, circunstancial. Afinal o circunstancial não se opõe ao ofensivo, não constituem ramos distintos da mesma árvore: há um circunstancial ofensivo e um circunstancial não ofensivo. O termo circunstância designa tempo e o termo ofensivo designa uma certa qualidade na relação interpessoal. Colocá-los ao mesmo nível numa classificação dentro de um mesmo tipo de falácia é um erro.
f.limpo.queiroz@sapo.pt
(Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
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